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31 de janeiro de 2006

Vai e Vem


Dois detalhes, às vezes esquecidos, do refluxo gastroesofágico:
Em crianças novas (lactentes), pode provocar a chamada Síndrome de Sandifer: o ato de jogar-se para trás frequentemente (esticando o pescoço) para, com isso, tentar aumentar a pressão de dentro do esôfago, propiciando alguma melhora dos sintomas (porém, é bom lembrar que muitas crianças têm este hábito por outras causas, como problemas cardíacos, ou sem nenhuma causa evidente).
Em crianças mais velhas (quando a dentição está presente): é uma das causas a se pensar quando há “estragos” no esmalte dentário (principalmente se há boa higiene e quando há outros sintomas), pela volta (refluxo) do conteúdo ácido do estômago.

Páscoa o Ano Todo

ilustração"roubada" de http://www.strangecosmos.com/images/content/16365.JPG

Ovinhos escondidos pelos tapetes, em meio à mobília, nos brinquedos...
Não é somente na Páscoa que a brincadeira acontece.
Em países tropicais, pelo menos uma em cada cinco pessoas são portadoras de um vermezinho bem pequeno que gosta de passear pelas proximidades da região anal.
O oxiúro (ou enteróbio), apesar de incômodo pra muitas crianças (provocam coceira ou sensação de “mordida” na região anal, além de vaginites por germes comuns nas meninas, pelo fato de coçarem a região), não apresenta maiores riscos.
Muitas vezes a criança toma o remédio para vermes e, em curto espaço de tempo, volta a se contaminar (com os tais ovinhos, invisíveis a olho nu, que podem estar em toda parte – no próprio ânus da criança, inclusive - ou através da larva nascida dos ovos da região anal, que fazem “caminho contrário” para dentro do intestino).
Portanto, se o tratamento (recomendado para a família toda, pois adultos costumam albergar os vermes também) com mebendazol, albendazol, ou pirvínio não resolver o problema de forma definitiva em um ou dois ciclos, o melhor é relaxar mesmo (e aguardar uma oportunidade próxima – meses – para uma nova tentativa).
(observação: as larvas – do tamanho de pequenos pedaços de fio - são muitas vezes achadas ao se vistoriar a região anal das crianças nas primeiras horas do sono, à noite, mas... deixe pra lá, afinal, você não iria querer que fossem fazer isso com você também, não é mesmo?)

29 de janeiro de 2006

Elevador


Para os pais que já esqueceram, é bom lembrar. Para os que não sabem, é bom que se esclareça.
Para que serve a bolsa escrotal?
Como um elevador (sem ascensorista) a bolsa escrotal passa o dia inteiro num sobe e desce. Com apenas dois “passageiros”: os testículos.
E pra que?
Pra que mantenham a temperatura testicular dentro de limites estreitos.
O desenvolvimento (e o funcionamento) dos testículos depende de uma temperatura ótima que, em dias de calor, pode ser de até 5º C abaixo da temperatura do resto do corpo. Por isto, em dias quentes, o testículo desce e, em dias frios, sobe para mais perto do calor.
Pena que pra “cabeça quente” o mesmo fenômeno (a separação do corpo) não acontece...

27 de janeiro de 2006

Um AAS Antes e Um Depois ?

Um “AAS zinho” antes de dormir.
É um costume (absurdo, é bom que se diga logo) na região onde trabalho, para lactentes (isto mesmo, inocentes lactentes que não podem fechar peremptoriamente suas queridas boquinhas!) dormirem melhor !
Costumes como estes levam anos para serem corrigidos (sabem como pesa um conselho da vovó, né?).
Como nos mostra um artigo dos poucos que se pode chamar de definitivo sobre o assunto no Pediatrics de 1998, após quase trinta anos de polêmicas científicas, ficou provada a relação do uso do AAS em doenças virais com a chamada Síndrome de Reye (doença muito grave, ainda cercada de incertezas, que já era relativamente rara, mas que teve sua incidência aumentada na década de 80 nitidamente relacionada com o uso freqüente de ácido acetilsalicílico (AAS).
Temos, hoje em dia, melhores e mais seguras opções do que o “velho” (não se pode dizer “velho e bom” – talvez nenhum remédio mereça o epíteto) AAS, a não ser para poucas exceções.
Mas não, “pelo amor dos meus – seus, na verdade – filhinhos”, para dormir melhor !

Psi

Um inconveniente intransponível nas medicações de atuação nos meandros da mente (antidepressivos, antipsicóticos, psicoestimulantes, etc.) é o fato de, como bem salientou Milan Kundera em seu “A Insustentável Leveza do Ser”, não se trilha o mesmo caminho duas vezes.
Emoções não são vividas da mesma forma, com o mesmo “background” de outrora (mesmo que esse “outrora” seja de 10 minutos atrás), não importa o quanto as situações que disparam estas emoções possam ser parecidas.
Fica um pouco difícil, portanto, se obter um “controle” objetivo do efeito medicamentoso: se eu não tivesse tomado, estaria igual (ou melhor, ou pior)?

26 de janeiro de 2006

Mina



-Afinal, o que é uma sinusite, mesmo?
Primeiro, é bom saber que nem mesmo os médicos se entendem muito quanto à questão da sinusite.
Por quê?
Porque a sinusite costuma ter sintomas muito variáveis (que vão desde secreção nasal prolongada até dores de cabeça, perda do olfato e tosse; isto quando não complicada). Além disso, o diagnóstico, no caso da sinusite aguda, é clínico, ou seja, não
precisa de exames radiológicos e de laboratório na maioria dos casos. E por fim, há vários outros problemas de saúde que “simulam” sintomas de sinusite.
Sinusite, então, para definir de forma simplificada, é uma “infecção de dentro da(s) cavidade(s) do(s) osso(s) da face”.
Os ossos da face apresentam cavidades (“buracos”) no meio deles, para torná-los mais leves. Estas cavidades (os chamados seios da face - que, é claro, não são cavidades secas, são revestidos por uma grossa camada de células) muitas vezes “se entopem”, pois a secreção que se forma dentro delas drena para dentro do nariz por meio de um “furo” (óstio) no final de um pequeno “canal” (meato). Este entupimento favorece a multiplicação de germes, resultando nos sintomas de infecção.
Ei, acorda!
Meio complicado, né?
Vamos, então, para uma... Comparação esdrúxula!
Imagina uma mina (seio da face). Nesta mina, mineiros (bactérias) entram e saem tranquilamente. Agora, imagina que houve um acidente na entrada da mina, que fez com que a entrada fosse bloqueada.
Até que os mineiros consigam sair (digamos que eles vão sair), a pressão dentro da mina será enorme. Começará a faltar oxigênio dentro do ambiente, ânimos ficarão exaltados... Este “ambiente conturbado” (irritação, dor, “sujeira” acumulada, etc.) de dentro da mina é o equivalente da inflamação dentro do seio da face.

25 de janeiro de 2006

"No Comets ..."

Conta a história que povos primitivos acreditavam em qualquer coisa.
Se um fenômeno natural qualquer coincidisse com algum outro fenômeno natural, os dois seriam relacionados.
Assim se, por exemplo, um cometa orbitasse a Terra e houvesse alguma epidemia, ou um exército fosse derrotado em alguma batalha, a “culpa” seria do cometa.
Mas nós, não. Felizmente deixamos para trás estas crendices. Não fica bem, no início do século o quê? Vinte e um já, né?
Imagina você que também naquele tempo (o tal do primitivo) tinha gente que achava que febre ou diarréia em criança pequena poderia estar relacionada com a erupção dos dentes!...

24 de janeiro de 2006

Não Faça Teatro !


Cena 1:
Suponha que você, um(a) adulto(a) saudável, de plena posse de suas faculdades mentais (aquelas que, segundo diria Juca Kfouri, não te reprovam nunca), adore comer batatas fritas. Ou então, um ovinho frito. Com bastante sal, é claro.
Agora suponha também que você não deva mais comer estes alimentos com sal. Por forte recomendação médica, por exemplo.
Você quem sabe dirá, pelo menos no início:
-Ah, mas sem sal não dá. Perde toda a graça!
Verdade, provavelmente. Pelo menos pra você.
Corta.
Cena 2:
Entra na cozinha (ou na copa) aquele seu querido filhinho de 4 anos de idade.
Você põe à mesa um belo prato de, digamos, legumes e vegetais (uma sopinha deliciosa, vai).
E o “pestinha” não quer comer !
O que você (o que é formado nas faculdades mentais, lembra?) faz?
Não tente convencê-lo das propriedades maravilhosas das vitaminas A e B 6, por exemplo. Não dará certo.
Nem olhe pra ele daquele seu jeito costumeiro (ele já conhece). Nem o force a comer. Nem grite. Nem saia correndo. Nem pule numa perna só...
Agora, volte à cena anterior.
Se nem você, que entende os motivos de uma dieta saudável, vai se adaptar com facilidade ao “novo” (uma dieta insossa), não exija isso do seu pimpolhinho, vai.
Para uma criança da idade do seu filho (4 anos, neste caso) todos os alimentos são mais ou menos novos.
E ele tem todo o direito de estranhar certos alimentos, de não gostar de outros, até de ter nojinho de muitos deles!
Com o tempo é provável que o gosto dele vá mudando. Desde que:
Você não se mostre tão (como é costume) ansioso (a) com a atitude dele, dê exemplo (comendo os alimentos mais saudáveis com freqüência), lembre que isto costuma ser apenas uma fase, exponha o seu filho a alimentos diferentes várias vezes (expor é diferente de forçá-lo a comer, pode ser apenas brincar – brincar mesmo! – falando nisto, qual foi a última vez que você entregou uma banana ou um tomate na mão do seu filho e deixou que ele brincasse com aquilo à vontade?), não o critique por não comer certos alimentos (e o elogie quando come), associe (às vezes) alimentos menos palatáveis com outros mais (cenoura com ketchup, por exemplo). E, fundamentalmente:
Não pule mais numa perna só (fica ridículo!)
(o Ministério da Saúde deveria advertir: as orientações acima são válidas somente quando acompanhadas das devidas avaliações médicas, é claro)

23 de janeiro de 2006

Cabeça a Cabeça



-Fala aí, Cabeça!
O apelidinho carregado de preconceito dá uma idéia do que formatos ou tamanhos de cabeça podem criar de estigma para a vida toda.
Com a orientação dos últimos anos, de se colocar os lactentes para dormir de “barriga pra cima”, os casos de plagiocefalia (terceira na figura, na "vista aérea", com a parte de trás - occipital - achatada) aumentaram muito.
Foi o preço que se pagou para diminuir os casos de SIDS (um preço que certamente vale a pena, pois com o passar do tempo, a maioria tem melhora espontânea).
Já a dolicocefalia (segunda na figura, cabeça alongada de trás para frente) é comum em recém-nascidos prematuros que ficam muito tempo com a cabeça de lado (recebendo cuidados intensivos, normalmente).
A braquicefalia (primeira na figura, parte de trás mais ampla do que a "testa") costuma ser benigna, mais como característica física, mesmo.
Como já vimos, cabeças de bebês são moldáveis, ou seja, tendem a assumir determinado formato, de acordo com a posição que adotam nos berços.
Além disto, cabeças “tortinhas” (ao nascimento ou nos primeiros meses) necessitam da avaliação médica (principalmente para afastar a possibilidade de má-formação, chamada de sinostose, mais rara e mais séria, e muitas vezes de tratamento cirúrgico).
Quando, porém, as cabeças são “tortas” por causa da posição assumida no berço ou no ato de mamar, mais freqüentes como dissemos, orientações são dadas para se tentar corrigi-las, como por exemplo, a mudança freqüente de orientação do berço, os estímulos para mudar de lado, exercícios passivos, etc.

22 de janeiro de 2006

Põe no Sol ou Tira do Sol ?



Até muito recentemente, as orientações quanto às necessidades de vitamina D eram mais ou menos as seguintes:
-Estamos num país tropical (abençoado por Deus...). Então, mesmo que não se queira, a exposição ao sol (acidental, inclusive) se faz na intensidade suficiente para garantir a absorção de vitamina D pela pele.
Mudou.
Primeiro, porque a “neura” (justificada!) em relação aos efeitos nocivos da radiação solar fizeram com que as crianças quase parassem de tomar sol ou, quando tomam, o fazem protegidas. Filtro solar dificulta muito a absorção da vitamina D pela pele.
Segundo, porque se verificou que mesmo nas crianças que se expõem mais ao sol, em muitas delas ainda há baixo nível sangüíneo de vitamina D, criando risco para raquitismo na infância (ou osteomalácia – rarefação óssea – na idade adulta, até porque a ingestão de cálcio também costuma ser inadequada).
Então? Põe no sol ou tira do sol?
Tira do sol, basicamente (ou, em crianças mais velhas, deixa um pouco de sol – nos horários recomendados e sem abuso – e passa protetor solar).
E, como no Brasil não há obrigatoriedade de enriquecimento do leite com vitamina D (exceto fórmulas infantis), há a provável necessidade de suplementação medicamentosa de vitamina D, talvez até à adolescência, como mostram dois artigos recentes do Pediatrics, um de 2001, e outro de 2003.
(Só lembrando: fontes de vitamina D na dieta são muito escassas, quase impossíveis de garantir a quantidade mínima diária. Por isto, ou sol ou vitamina D na forma de suplemento)

Lenha na Velha Fogueira



Pergunte à maioria dos médicos americanos (especialmente os mais novos) o que é uma “dipirona”.
Pode dar opções, tipo: a) uma alga, b) uma espécie de cancela, c) ou um medicamento.
Muito poucos acertarão.
Há muito tempo que o FDA (departamento que controla medicações e alimentos nos Estados Unidos) baniu a medicação (oficialmente desde 1979).
Motivo:
Como alerta (alerta mesmo!) o artigo do Pediatrics de 2002, a medicação é associada ao risco de um problema potencialmente grave (e algumas vezes fatal): a agranulocitose (diminuição importante no número de neutrófilos, células de defesa contra infecções).
Os dados, no entanto, são extremamente controversos: vão de uma freqüência de 1 para cada 3000 doses até 1 para cada 1.000.000 (um milhão de doses!).
Brincando um pouco com os números (e não com a saúde!), dá para pensar: não é assim “que a banda toca”, mas imaginemos, por exemplo:
No mundo inteiro, a estimativa (e tudo sempre nesses casos são “somente” estimativas) do número de casos de agranulocitose por dipirona é de 7000 casos/ano.
Parece muito, mas pensemos um pouco: na pior hipótese de 1 caso para cada 3000, 3000 x 7000= 21 milhões de doses (uma estimativa complicada, temos que admitir) de dipirona foram usadas para aparecerem 7000 casos* que, além do mais, podem não ter sidos totalmente comprovados como causados pela dipirona! (Agora, imagina se a conta for com 1 milhão! Escuta: quantas pessoas neste mundo tomam dipirona??) O próprio caso relatado no artigo reconhece que o problema pode ter tido outra origem.
Pra terminar, deve se entender que problemas como agranulocitose costumam aparecer em quem tem predisposição genética para tal (como foi também o caso relatado, em que a mãe da criança padeceu – não faleceu ! – do mesmo problema cinco meses antes).
* Claro que há uma provável sub-notificação para complicar a conta.

21 de janeiro de 2006

Exames, Eu Quero um Doutor!


-Doutor, eu trouxe o Luis Alfredo* aqui pra que o senhor me pedisse aí uns exames dele...
(* o nome é inverídico, a história, nem tanto)
-Exames?
-É. Queria que o senhor fizesse um “Ketchup” do menino.
-Check-up?
-Isso!
-Sei. Mas o que é que ele tá sentindo?
-Nada, doutor.
-Nada? Mas então...
-Não, doutor, sabe o que é? O senhor nunca faz uns exames nele, né? Quem sabe se ele não pode tá aí com alguma coisa, sei lá.
-Mas... Ele não tá bem?
-Tá, claro que tá.
-Não corre pra lá e pra cá, não pula, brinca o tempo todo?
-Brinca, brinca sim. Não é isso.
-Não é inteligente, vai bem na escola?
-É...
-Tem história familiar de alguma coisa?
-Não, que eu saiba, não.
-Mas então pra que é que a senhora quer exames?
-Não sei. O colega dele já fez um monte de exame até hoje...
-É doente?
-Não sei, mas o menino vive indo no laboratório.
-E a senhora acha que é bom?
-Sei lá, né doutor. Sabe o que é? O convênio paga, né?
(-Uma histerossalpingografia para a senhora o convênio também paga – pensou o doutor – mas não é por isso que eu vou lhe pedir.)
-Tá bom, tá bom. Vamos ver, então... Exame de sangue?
-É, pode ser... De urina e de fezes, também.
-O que mais?
-Não sei, doutor, o senhor que é o doutor, né?
(ah, é... tinha me esquecido)
-Então de sangue, de fezes, e... de urina. Pronto! Mais alguma coisa?
-Não vai examinar o menino?
-Vou. Tem alguma coisa, ele?
-Tem. Anda se queixando muito de dor de cabeça, ultimamente...
-Dor de cabeça?
-É. Fala aí, menino!
(não fala)
-Mas então por que é que a senhora não me disse desde o começo, quando chegou aqui?
-Não, é que senão o senhor ia fazer de novo esse negócio de conversar, conversar, ia examinar o menino todo dos pés à cabeça, e podia ser que nem pedisse exame do menino, né, doutor?

20 de janeiro de 2006

Crânio-Tour


O crânio do recém-nascido não vem “pronto de fábrica”.
Ainda bem, dizem as mães, ao dar à luz.
O crânio todo é moldável na tenra idade (e não “moldáviu”, seu Creisson, nem Moldávia, pitoresco país da Europa – acho que é pitoresco, nunca estive lá...). Por isto, a passagem da cabeça pelo canal do parto é facilitada (ou, como querem algumas mães, menos dificultada).
Podemos compará-lo à “ilhas” de osso que vão se unindo aos poucos após o nascimento.
Se, então, as placas ósseas são “ilhas”, o “oceano” são as suturas (onde as placas se juntam) , e onde se alargam, são as fontanelas (“moleiras” anterior e posterior, esta última fechando mais cedo).
Se você tem um bebê novo, experimente! Faça um “tour” pela cabeça do bichinho. Imprima a figura e vá palpando tudo isto (antes que os dentes apareçam e ele lhe tasque uma mordida).

19 de janeiro de 2006

Mais Cálcio


Como já vimos, cálcio é fundamental na alimentação da criança e adolescente.
É tão importante, que na Itália tem até torneio!
“Scherzos” à parte...
Quais são os alimentos ricos em cálcio?
Para se atingir o mínimo recomendado diariamente (800mg/dia), é necessário a incorporação do hábito de se tomar leite ou comer derivados, como queijo ou iogurtes.
Outras fontes menos importantes são os vegetais verde-escuros como brócolis ou espinafre, sardinhas, salmão e milho.
Não se deve, no entanto, “forçar” os filhos a beber leite ou comer derivados, pois como no caso de outros alimentos, o “tiro pode sair pela culatra”. O que pode funcionar é o exemplo dos pais ou colegas.
Por que o leite é tão superior?
Porque, além de ter a absorção facilitada por outros nutrientes, é também fonte de vitamina D (mais nos fortificados), magnésio, fósforo, potássio, etc.
E os que digerem mal o leite, como ficam?
Quem tem pouca lactase (a enzima que digere o leite) pode ter incômodos, como excesso de gases, cólicas, etc. Mas absolutamente não tem contra-indicação de tomar leite.
Há a opção dos derivados como iogurtes, ou leites com baixo teor de lactose (mais comumente disponíveis, atualmente). Outro detalhe é que o consumo habitual tende a aumentar a capacidade de digeri-lo.

18 de janeiro de 2006

Doença Temida




Nosso cérebro (bem como a sua continuação, a medula, de onde partem os comandos para todas as ações do nosso corpo) é tão importante que já vem “encapado”.
Esta capa é a chamada meninge (na verdade, deve ser usado o termo no plural, visto que são três camadas).
É das meninges inflamadas que aparecem alguns dos sintomas da meningite (como rigidez da nuca – o “pescoço duro” - e a dor de cabeça, visto que o cérebro não dói).
Outros sintomas, como as alterações no comportamento (sonolência, confusão mental), as convulsões, a cianose (coloração azulada da pele), e a “moleira saltada” (nas crianças pequenas) são causados pelo aumento da pressão provocado pela inflamação (o sistema nervoso – cérebro, medula, etc. – tem relativamente pouco espaço para expandir).
Somente febre, então, não é suficiente para se pensar em meningite. Os sintomas acima descritos (e outros, como manchas arroxeadas que não embranquecem quando apertadas, como no caso da meningite por meningococo, a mais fatal delas) costumam aparecer num continuum, ou seja, à medida que a doença progride vai ficando mais clara a possibilidade da doença.
Contudo, o diagnóstico e tratamento precoce são fundamentais. Por isto, pais e médicos devem estar atentos à evolução da criança febril.

Osso duro de...




Uma história típica: uma adolescente, tentando emagrecer (ou se manter magra) consome pouco leite e derivados (“engordam” - diz ela), poucos vegetais verde-escuros, como brócolis, por exemplo (“não gosto”- diz ela), e, além disso, bebe muito refrigerante (“disso, eu gosto”- diz ela, satisfeita).
De onde essa moça vai “arrumar” cálcio?
A massa óssea é comparada a uma “poupança”. Aos 17 anos, cerca de 90% do conteúdo mineral ósseo já está formado! E, quando essa poupança não foi feita, as chances de essa moça apresentar osteoporose mais à frente são enormes (claro que a genética, como sempre, também influencia).
Com o consumo cada vez maior de refrigerantes e cada vez menor de leite a partir de certa idade (veja o gráfico americano de 50 anos de consumo, até 1995 - a linha "que sobe" é do consumo de refri, e a "que desce" é a do leite), muitas moças (e moços também, lógico – estes, no entanto, têm risco pouco menor) estão na “alça de mira” da osteoporose.
O cálcio da dieta (presente em leite e derivados), ao contrário do que se costuma pensar, não engorda (há sugestão até de que possa ajudar a emagrecer). Além disso, ajuda na prevenção de doenças como a hipertensão, câncer de cólon (intestino), e talvez na melhoria da síndrome pré-menstrual, ovários policísticos e doenças periodontais, como revela o artigo do Journal of the American College of Nutrition de 2001.

17 de janeiro de 2006

Casa de Ferreiro...



Já pensou se o oxigênio entrasse nos pulmões com uma pressão parecida com aquela dos misturadores do gás com o xarope da Coca-Cola?
(como a Coca não quis me dar patrocínio, pus a foto da Pepsi, só de raiva).
É, mas não é assim.
Por isto, apenas uma pequena parte do oxigênio que as células precisam diluem-se no sangue.
A maior parte do oxigênio é “carregada” pelas hemácias (glóbulos vermelhos do sangue) até as células que precisam dele.
Quando o número de hemácias é reduzido ou há pequena quantidade de hemoglobina (a molécula de dentro das hemácias, a verdadeira “carregadora” do oxigênio), temos a anemia.
E o que causa esta diminuição?
No caso das crianças, a causa mais comum é a diminuição do ferro na dieta, ou a sua perda (a chamada anemia ferropriva), como acontece no caso de crianças que se alimentam quase o dia inteiro de leite (o leite de vaca em excesso tanto é pobre fonte de ferro como causa pequenos “sangramentos”, não visíveis normalmente, que fazem uma pequena – mas importante – perda sanguínea com o passar do tempo).
O ferro faz parte da molécula da hemoglobina (então, se a hemoglobina é a molécula que “carrega” o oxigênio, o ferro poderia ser comparado ao “braço” da hemoglobina).
Portanto, o tratamento deste tipo de anemia visa à correção na alimentação (e às vezes somente isso é suficiente) e/ou a administração de ferro na forma de medicação, na maioria dos casos.
(Além da pesquisa de vermes que se alimentam do sangue do intestino).

15 de janeiro de 2006

Tô Nem Aí...

Isole mais de 300 adultos saudáveis (divididos apenas pelas características emocionais em “estilo emocional positivo” – a metade – e “estilo emocional negativo” - a outra metade). Após um período de observação (quarentena), inocule uma carga de vírus causador de resfriados (rinovírus) em todos eles. Meça os resultados.
Foi o que fez um grupo de pediatras e psicólogos da Pensilvânia.
Os resultados deste estudo nos mostram que as pessoas com características emocionais “positivas” (como os “animados”, os “vigorosos” e os “felizes”), apesar de apresentarem a mesma quantidade de infecções virais, têm muito menos sintomas relacionados (tanto sintomas subjetivos, como dor de cabeça, dor de garganta, dor no corpo, etc., como sintomas objetivos como quantidade de secreção ou função dos cílios da árvore respiratória).
Os pesquisadores sugerem que assim como aconteceu em relação aos resfriados, a possibilidade de que outras doenças sofram a mesma variação com o estado de humor é muito grande.
Profissionais de saúde vêem isso todo santo dia. Esse fato não é “culpa”de ninguém, é claro. Pessoas com certas características emocionais podem pelo menos tentar mudar, principalmente se aprenderem a reconhecer que “talvez tenham mesmo algumas dificuldades emocionais”.
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"Falei pro senhor:
Essa coisa de sempre botar O2
pra dentro e CO2 pra fora
não podia mesmo acabar
muito bem..."

14 de janeiro de 2006

Raios!


Apesar das fortes evidências (como duas revisões extensas recentes, uma do Pediatrics, e outra do British Medical Journal) a respeito da pouca ou nenhuma eficiência – ou dos riscos - dos “remédios para cólica”, muitas vezes, quando confrontados com o choro intenso dos seus bebês, qualquer resquício de razão se evapora da cabeça dos pais.
No desespero do choro, muitas vezes eles recorrem a remédios perigosos (p. ex, diciclomina, que pode causar convulsões, apnéia ou coma, escopolamina, que muitas vezes piora a “cólica”, além dos efeitos no sistema nervoso), ou, com medo destes, aos remédios “naturais”.
Estes são muito usados justamente pelo apelo de que algo natural não faça mal algum.
Muitos dos chás usados normalmente para tratar problemas de saúde têm mais de cem componentes potencialmente ativos. Muitos deles interferem com a absorção de nutrientes ou medicamentos, além de a maioria destes componentes não terem seus efeitos no organismo conhecidos (mas, certamente, alguns componentes são tóxicos, cancerígenos ou “indutores”de manifestações alérgicas).
Além disto, assim como ocorrem com os medicamentos, volta e meia lemos algo a respeito dos problemas deste tipo de “remédio”, como o publicado no site do WebMD: sete bebês intoxicados pelo chá de anis estrelada (Ilicium), com sintomas como vômitos, movimentos anormais e convulsões.
Como diz um amigo meu, raio também é “natural”, e mata!

Chororô


Choro. Nada mais angustiante, quando num bebê. Ainda mais um choro intenso. Ainda mais um choro prolongado. Ainda mais um choro intenso e prolongado. Ainda mais um choro intenso e prolongado naquele serzinho tão frágil... (mas com uma goela!) Ainda mais...
Bem. Choro de bebê novinho é algo para o qual ninguém consegue ficar indiferente. Será que dói alguma coisa? Tá sofrendo, o coitado? Por que chora esta criatura?
Se você leu até aqui e ainda não pensou em cólica ou dor de ouvido, deve ser de outro planeta.
Cólica e dor de ouvido: dois diagnósticos óbvios no lactente de poucos meses. Pergunte pra qualquer vovó e ela lhe dirá. É claro! Se não é uma coisa, é outra!
Mas... Quem disse?
Baseado em quê?
Quem disse que o bebê tem que ter dor quando chora? Ou mesmo que sofre?
- É lógico, não é o teu, né?
Calma, mamãe, também não precisa partir pra agressão, tá?
É óbvio que quando vemos alguém frágil - e que além de tudo não pode se comunicar – chorando, nosso instinto nos faz pensar em dor, sofrimento. Mas, acredite, não é bem assim com os bebês, pelo menos na maioria deles.
Choro é uma forma primitiva de comunicação (felizmente outras formas virão com o passar do tempo, no caso dos bebês). Mas é também, como todos nós sabemos, uma excelente “válvula de escape” para nossas frustrações, medos (racionais e irracionais) e, por que não, até para situações incômodas.
E, assim como em adultos há aqueles “bocudos” (“maria-moles”, “manteigas derretidas”, “Bebetos”, ou como queiram chamar os que choram muito), nos lactentes de poucos meses também há aqueles que necessitam chorar mais do que os outros. Apenas que nos bebês, um “terrível incômodo” pode ser, por exemplo:
• um irmão barulhento
• um irmão muito carinhoso
• uma TV ligada no Domingão
• um cachorro do vizinho
• dois cachorros no vizinho
• uma batida de porta
E, fundamentalmente,
• uma mãe (ou uma família inteira) ansiosa
Agora, faça uma experiência:
Leia o mais rápido que puder, em voz alta e mais de uma vez, os fatores acima.
E aí, percebeu?
Porque é muito provavelmente assim que um cérebrozinho imaturo percebe as coisas a sua volta! Nós, os seres vivos, vivemos de estímulos. Sejam eles visuais, sonoros, auditivos, tácteis, gustativos, olfativos...
Agora, paremos pra pensar: já nascemos com capacidade para separá-los adequadamente, não nos assustarmos com alguns destes estímulos (principalmente porque muitos vêm associados e “em rajadas” para cima do bebê), e mais, compreendermos o que cada um destes estímulos significam?
Espere, não responda, deixe-me responder:
É CLARO QUE NÃO!!!
(desculpe a ênfase, foi mal, pense você...)
Então, pra terminar, vou fazer a pergunta que eu ouço após explicar tudo isso para os pais de bebê que chora:
- E aí, doutor, pode ser cólica (ou dor de ouvido)?
(música de Enia no fundo, por favor, que eu estou meditando um segundo...)
Claro que pode! MAS, principalmente se o bebê está mamando bem (nos intervalos do choro, é claro), dorme bem (nos intervalos do choro, é claro), não tem febre (com ou sem choro, claro), e não está com “carinha de doente” (esta última é melhor perguntar pra alguém “de fora” da casa, pois pais são pais, já viu, né?), provavelmente não tem dor e não sofre no choro (pelo contrário, chora “buscando” se acalmar).
Alguém poderia dizer:
- Engraçado, eu nunca li isso na propaganda do remédio pra cólica!...
Pois é...

12 de janeiro de 2006

Pro Lado, Pra Cima, Pra Baixo?


SIDS. Sigla em inglês que significa “Síndrome da Morte Súbita Infantil”. Um verdadeiro pesadelo, só de se pensar, para os pais de crianças até um ano de idade.
É, em países desenvolvidos, a causa mais comum de morte em crianças desta faixa etária.
A criança vai dormir bem e é tragicamente encontrada morta, sem causa anterior aparente para isto.
Apesar de muito estudada, não há certezas a respeito do motivo. Mas costuma acontecer mais frequentemente em crianças filhas de mãe fumante, em meses frios, em crianças que foram prematuras ou em famílias que já tiveram casos semelhantes. E, talvez o principal fator, dormir de barriga para baixo!
A maior incidência é, ao contrário do que poderia se pensar, dos 2 aos 4 meses. Aparentemente, nesta idade, a criança está numa fase de “transição”de aprendizado para se livrar de situações que provocam a falta de ar.
Uma pesquisa recente do Pediatrics sugere que os pais devam, além de cuidar do ambiente (como colocar sempre a criança para dormir de costas, evitar colchões, cobertores e travesseiros muito macios, evitar super-agasalhar as crianças, evitar fumar dentro de casa ou durante a gravidez, evitar ambientes muito frios ou super-aquecidos), “treinar” (somente sob supervisão!) os bebês, a partir de bem cedo, a evitarem situações de sufocação.
Como? Colocando seus bebês de bruços por algum tempo durante o dia (o que os americanos chamam de “tummy time”, algo como “tempo de barriguinha para baixo”) e, somente quando estão olhando as crianças dormirem, deixar que durmam alguns momentos de bruço, para acostumarem a “se defender”. *
*Quando a criança vira acidentalmente "de cabeça para baixo" ou puxa roupa de cama para cima dela durante o sono, os movimentos mais efetivos de defesa são, em primeiro lugar, virar a cabeça de lado e, em segundo lugar, levantar a cabeça. O menos efetivo é o "nuzzling" ("fuçar" com o rosto).

Lágrimas de Crocodilo



Durante algum tempo falou-se da imagem da santa que chorava por um olho só.
Somente meses depois se descobriu que o padre, solitário, carregava a santa pra cozinha ao descascar cebola. Pizza portuguesa, sua especialidade. Milagre explicado.
Quando é, porém, o seu anjinho que parece “chorar por um olho só”, provavelmente trata-se de um caso de dacrioestenose (ou obstrução do canal lacrimal).
O canal lacrimal de crianças pequenas (figura - da direita, lógico), por ser menos desenvolvido, “entope” com facilidade maior, o que faz parecer que a criança está “sempre chorando” daquele lado, além de impedir a circulação normal da lágrima, provocando a presença de secreção (algumas vezes evoluindo para uma conjuntivite).
Costuma ter melhora espontânea com o tempo. Entretanto, a massagem suave da região com a ponta do dedo pode “acelerar”a melhora, além da limpeza freqüente da pálpebra.
Agora, o que é chato mesmo, é ficar respondendo aos outros:
-O que é que a criança tem no olhinho?
Mas isso também passa.

11 de janeiro de 2006

-Mas Isto é Uma "Picassada" !


“Compartimentalização”.
Não vá ao dicionário, provavelmente a palavra não existe. Ainda. Mas se não existe, vai existir.
A Medicina, recentemente, meteu-se numa encruzilhada.
Quanto mais os conhecimentos se aprofundam, mais o ser humano tem sido tratado como compartimentos estanques. E não é exatamente por “culpa” dos médicos, não. Se há alguém para ser culpado, esse alguém é o “sistema”.
Sistema de ensino médico, sim. Mas também o sistema adotado pela própria sociedade. E pelo sistema de saúde, e pela mídia, etc...
Então é aquela história do sujeito ter uma dor no peito e ir buscar um cardiologista. Que faz todos os exames, nada constata, e encaminha para o pneumologista. Que também não identifica a causa (após vários exames), e manda para o reumatologista. Este, caso decida ser o penúltimo da lista, decide que o paciente talvez precise mesmo é de um psiquiatra. E por aí vai...
Os pacientes, desta forma, ficam sendo tratados como um quadro de Picasso (e muitas vezes, seus organismos – ou mentes - se transformam em algo parecido com as suas obras!).
Com isso, buscam-se cada vez mais os bons serviços da chamada “medicina alternativa” (não vou citá-las aqui por não querer ter minha página na Internet apedrejada!), que, desprezando conceitos “pouco importantes” como a fisiologia, bioquímica, biofísica, etc., tratam o ser humano intuitivamente, mas com o mérito inegável da estima pela sua essência.
Saída? A busca pela equação: conhecimento + individualização no atendimento (esta última requer tempo, valorização profissional, etc., cada vez mais difíceis hoje em dia).

10 de janeiro de 2006

Batalha Microscópica


Imagine uma super-bactéria.
Imaginou?
Agora imagine que esta super-bactéria está doidinha para invadir a sua corrente circulatória e fazer a festa (na visão dela) ou um estrago (na sua visão) em alguma parte do seu organismo.
Quem vai impedi-la?
-Ah, claro, as minhas defesas! Essa é fácil.
E quem são suas defesas?
-Bem, tem os anticorpos, hã...
Sim, os anticorpos, certamente. Na luz (por dentro) do intestino, por dentro da camada de células do intestino também. Além disso, células de defesa (macrófagos, linfócitos que matam, linfócitos que produzem mais anticorpos, etc.). E mais: moléculas (de montão) que inibem a multiplicação, outras que dificultam a fixação da super-bactéria. Outras ainda, impedem que ela se alimente para se tornar ainda mais “super”.
Os chamados probióticos* já invadiram o mercado. Não tem jeito: a indústria é assim mesmo. Você diz: “acho que”... e eles já vendem isso como uma certeza. E é bem provável que funcionem, mesmo. O que não se sabe ainda é exatamente como e para quê (e se há algum risco).
Prevenção de infecção, tratamento de infecção, prevenção e tratamento de doenças ligadas a uma imunidade muito baixa ou imunidade extraviada (doenças auto-imunes), etc. São várias as possibilidades para este conhecimento nascente.
Agora (última pergunta, prometo), adivinha quem é a grande “fonte inspiradora” destas pesquisas? Hein, hein?
Uma bala (de bicho de goiaba) para quem respondeu: leite materno!
Isto mesmo. Décadas de estudo de benefícios do leite materno foram permitindo o entendimento dos mecanismos pelos quais ele protege as crianças de doenças.
E agora, veja você, é mais ou menos como se estivéssemos tentando tratar gente de todas as idades com leitinho materno! É ou não é a glória? (ops! perguntei de novo!)
* probióticos: “bichinhos” como as bifidobactérias e lactobacilos (e seus produtos), originalmente presentes em grande quantidade no leite materno, que competem com germes agressivos no nosso organismo.

9 de janeiro de 2006

Da Série: "Monstrinhos do Dia-a-Dia"




Os “monstrinhos” daí de cima (para quem não os reconheceu, são piolhos, em fotos ampliadas, não se preocupe) são seres que provocam, além de coceira, muita confusão.


Fatos a respeito deles:
•vivem de 3 a 4 semanas
• as fêmeas põem cerca de 10 ovos por dia
• quem “choca” estes ovos somos nós, infelizmente (calor da cabeça)
• mais infelizmente ainda, somos nós quem os alimenta (sangue do couro cabeludo, olha a boquinha da gracinha!)
• piolhos não sobrevivem mais do que um dia fora das nossas cabeças
• piolhos não voam nem pulam (rastejam, com a espantosa velocidade de até 30 cm – uma régua comum – por dia!)
• detestam deixar nossas cabeças (por isto, a grande forma de contágio é através do contato cabeça com cabeça e, muito mais raramente através de escovas, roupas, etc.)
• muitos dos “ovos” (lêndeas) que encontramos na cabeça são, na verdade, “casulos” vazios (estes, são, inclusive os mais fáceis de serem achados, por serem branquinhos ; as lêndeas “vivas” são como camaleões, coram-se da cor dos nossos cabelos, sem precisar pagar o olho da cara no coiffeur)
• muitas crianças com “casulos” vazios não têm mais piolhos na cabeça (principalmente se já foram tratadas). A remoção destes tem mais finalidade estética (e para prevenir dos preconceitos)
• por isto, discriminação da criança não é estratégia válida para controle dos “bichinhos” (não devem faltar à escola, pela presença de “lêndeas”, que como vimos, podem ser casulos, apenas)
• os pais devem ser os maiores responsáveis pelo controle, e não a escola
• o tratamento mais aceito atualmente é a permetrina a 1% shampoo, que deve ser deixada por cerca de 10 minutos e, após, enxaguada (e repetida 7 a 10 dias após, para matar os novos piolhos que nasceram das lêndeas). Casos de resistência, no entanto, têm aparecido. Casos estes que devem ser solucionados pelo médico.

8 de janeiro de 2006

Demais!


A ciência tem comprovado diariamente uma verdade que Platão, já na sua época* havia intuído: não fomos programados geneticamente para o exagero.
Platão (não participou de nenhum Big Brother, por isso é pouco conhecido atualmente) pregava a moderação como forma de obter uma vida saudável.
E moderação é, justamente, algo do qual cada vez mais nos distanciamos. Vejamos:
Temos: •comido demais
•malhado demais
•feito sexo demais (não, não sou padre, isto
não tem a ver com religião)
•visto TV demais
•(espaço para você completar com os seus “demais”)
•etc. demais
E, com tudo isso, queremos a cada dia, novos (e rápidos, por favor, que eu tenho mais o que fazer, pensa que o quê?) “métodos” para nos manter jovens e saudáveis!
Dá?
Pense você (só não pense “demais”!)

*Platão, caso fosse vivo, estaria completando hoje 2422 anos, mas com corpinho de 2421.

7 de janeiro de 2006


Das profundezas:

Sem a menor sombra de dúvidas,
Me tostei sob o sol das minhas certezas.

Sem Medo



Febre acelera o coração.
Emoções aceleram o coração.
Exercícios aceleram o coração.
Broncodilatadores (Berotec, Bricanyl, Aerolin) também...
Aceleram o coração!
Portanto, quando há necessidade, na dose correta, sem outras doenças que contra-indiquem o uso, não há necessidade de se temer tanto o seu uso (não viciam, não “secam o pulmão”, não provocam “ataque cardíaco” – provocam, sim, a taquicardia, que significa, justamente,
o aceleramento do coração!)


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6 de janeiro de 2006

Mão de Sapo


-Vó, acho que eu tô virando um sapo!
Pequenas bolhinhas transparentes nos dedos e palmas das mãos (às vezes na sola dos pés), que coçam muito. É a chamada ponfólige, também conhecida (erroneamente, mas significa a mesma coisa) por desidrose.
Vão e voltam, normalmente. São tratadas como qualquer outra alergia de pele: com antialérgicos, para tomar, e corticóides, para passar na pele.
Costumam melhorar espontaneamente, com o passar do tempo.
Deve-se estar atento, porém, para micoses de pele à distância, ou seja, em outra parte da pele (a ponfólige seria neste caso como um "aviso" da presença da micose).
_______________
E a avó, na hora de provar o queijo, disse:
-Engraçado, este queijo parece que tá salgado!
O avô respondeu:
-É que a vaca é hipertensa...

5 de janeiro de 2006

"Camão", Baby. Pra Caminha !


Nunca a palavra “higiene do sono” foi tão importante.
Recordo-me do tempo em que eu era criança (mais de trinta anos, infelizmente) em que a televisão tinha hora pra começar (talvez o programa que eu mais tenha assistido na infância tenha sido uma tela parada com a figura de um indiozinho na abertura da TV Tupi) e pra acabar.
Hoje em dia, não. É TV (inclusive a cabo ou satélite) 24 horas, Internet, videogames, livros e revistas de todo tipo.
É informação que não acaba mais.
E informações são poderosos estímulos à atividade cerebral (e “viciam” também!).
E, muito por causa do excesso de informações (mas também por fatores como hereditariedade, tipos de alimentos ingeridos, etc.), vem a ansiedade associada. E ansiedade em seres “cheios de gás” como as crianças e adolescentes resulta em atividades físicas exageradas, muitas vezes no período noturno (próximo ao horário de ir para a cama).
O resultado disto tudo pode ser constatado facilmente: dificuldade para conciliar o sono, crianças irritadas facilmente, pais muito cansados (e também irritados).
O ato de dormir não é um ato passivo. Condições devem ser criadas para se permitir o relaxamento. Dentre outras: criação de ambientes mais calmos no período noturno (mesmo que meio “forçado”); restrição do uso de TV, videogames e Internet; limitação no uso de alimentos ou bebidas estimulantes (como a cafeína ou alimentos muito ricos em carboidratos simples); adoção de hábitos relaxantes (como agarrar-se a um boneco, no caso de crianças pequenas); e regularidade de horário.
Boa noite!

4 de janeiro de 2006

Socorro!


Qual o melhor remédio para crianças birrentas ?
" Santa ignorância "!
Não, não é de você que eu estou falando... ( Imagine! Desejo ardentemente que você continue frequentando meu blog).
É do remédio para a birra.
Poucas vezes a beatificação da ignorância é recomendada. Mas nada mais efetivo para crianças pequenas cheias de "temperamentos" !
Se você tem enfrentado o problema, faça o teste.
Desligue seu aparelho auditivo, dê férias para seu "aparelho visual" (olhos), e faça a cara mais parecida com aquela de quando você ganhou uma máquina de lavar roupas no Natal (no caso dos homens, um par de meias). Não, não era cara de raiva, lembra? É cara de: "Ah, tudo bem, que bom, né?"
Então. Se o seu pequeno temperamental aí do seu lado for percebendo (isso leva mais do que um ou dois dias, tá?) que você "não está nem aí" para as crises dele, é pouco provável que o comportamento persista (e caso persista por muito mais tempo, não deixe de procurar atenção especializada).
Quanto ao seu comportamento em relação aos presentes de Natal, francamente! Não seja tão mal-agradecida(o)!

3 de janeiro de 2006

Das Tripas, Coração


Hiperativação autonômica.
Nome complicado.
Não é doença. É um fenômeno, muito interessante, freqüente em crianças (bem como em adultos).
O sistema nervoso autônomo é, poderíamos dizer, o "controlador" do funcionamento dos nossos órgãos internos (coração, vasos sangüíneos, vísceras). São nervos que atuam de forma praticamente independente da nossa vontade (daí o termo autônomo).
É ele, por exemplo, que faz nosso coração bater mais rápido e mais forte quando nos emocionamos. É ele também que faz algumas pessoas "se urinarem de tanto rir"!
Em muitas crianças com queixas de dores abdominais (ou dores musculares ou outras queixas) freqüentes, o funcionamento exagerado do sistema nervoso autônomo gera (ou piora) estes sintomas.
Ainda não existem exames para diagonsticar esta condição. Por isto muitas vezes estas crianças vão de médico em médico (e fazendo exames, alguns deles caros ou dolorosos) tentando comprovar algo que está "errado"!
Como fazer os pais entenderem o que está acontecendo?
É o desafio que os médicos muitas vezes enfrentam (com pouco sucesso, infelizmente).
Mais um detalhe: vários estudos mostram que um grande número destas crianças são "candidatas" a problemas de ordem psiquiátrica (depressão, transtornos de ansiedade, transtornos de personalidade) mais tarde. Deve-se, portanto, estar mais atento à elas.

2 de janeiro de 2006

Afinal, é asma ou bronquite?


Afinal, que importância realmente tem um nome?
Chame de "espirolirolite", que tal?
Agora, falando mais sério, por algum motivo, quando se diz para muitos pais que o seu filho tem
asma (ao invés de bronquite), parece que o diagnóstico "pesa mais". Muitas vezes é como se os pais, no mesmo instante que ouvem o diagnóstico, estivessem vendo sua criança inválida para as atividades físicas corriqueiras, frequentando emergências de hospitais, seguidamente "presa" a aparelhos de nebulização ou necessitando de remédios por boa parte da vida.
Isto é decorrência de estereótipos. A palavra asma não significa nada disso (pelo menos não para a maioria das crianças).
A asma é, entretanto, uma doença de múltiplas causas. E com evolução muito diferente para cada causa, faixa etária, condições de vida e tipos de tratamento.
Portanto, não se assuste com o termo.
E saiba que se o seu filho tem sintomas de bronquite repetidamente, o que ele deve ter mesmo é asma (exceto nos casos menos freqüentes de doenças como fibrose cística, discinesia ciliar ou imunodeficiências).

Ainda, há tempo:
Feliz 2006
E, nestes tempos de "quanto mais, melhor", desejo a todos o suficiente.

1 de janeiro de 2006

Envelhecimento


-Ih, errei de blog!
Não, é aqui mesmo. Desculpe se usei de golpe baixo pra chamar sua atenção.
Vivemos um interessante paradoxo.
Enquanto anuncia-se o tão desejado aumento na expectativa de vida (velhos vivendo mais), as crianças envelhecem cada vez mais cedo.
Senão, como explicar a maturidade precoce (física e psíquica, se bem que não em todos os aspectos) de tantas crianças e adolescentes e a incidência crescente de doenças degenerativas como o diabetes tipo 2 e mesmo a arteriosclerose?
Basta existirmos para estarmos envelhecendo. Quanto mais respiramos, comemos, nos exercitamos, mais consumimos oxigênio. Este mesmo oxigênio gera, como subproduto, radicais livres, que em excesso causam dano e envelhecimento das células (e do organismo como um todo).
Nunca o ser humano produziu tanto radical livre desde tão cedo. O mesmo progresso que nos faz viver tanto, nos transforma em ávidos consumidores (de alimentos a medicamentos, de novidades tecnológicas a tratamentos "alternativos" para males do corpo e da mente).
Onde chegaremos?
Não há como responder, mas há lucros incessantes de um lado (indústria farmacêutica, por exemplo) e prejuízos tremendos de outro (o próprio encurtamento da infância, só para citar algo mais pertinente aos nossos assuntos).
Obviamente não se pode advogar uma impossível e indesejável volta ao passado, mas talvez o melhor seria sabermos conciliar o tão difícil melhor dos dois mundos.
O que faz pensar na escolha do compositor Cazuza:
"Prefiro viver dez anos a mil do que mil anos a dez".
Cada um que reflita na sua escolha (e na dos seus filhos).