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14 de janeiro de 2006

Chororô


Choro. Nada mais angustiante, quando num bebê. Ainda mais um choro intenso. Ainda mais um choro prolongado. Ainda mais um choro intenso e prolongado. Ainda mais um choro intenso e prolongado naquele serzinho tão frágil... (mas com uma goela!) Ainda mais...
Bem. Choro de bebê novinho é algo para o qual ninguém consegue ficar indiferente. Será que dói alguma coisa? Tá sofrendo, o coitado? Por que chora esta criatura?
Se você leu até aqui e ainda não pensou em cólica ou dor de ouvido, deve ser de outro planeta.
Cólica e dor de ouvido: dois diagnósticos óbvios no lactente de poucos meses. Pergunte pra qualquer vovó e ela lhe dirá. É claro! Se não é uma coisa, é outra!
Mas... Quem disse?
Baseado em quê?
Quem disse que o bebê tem que ter dor quando chora? Ou mesmo que sofre?
- É lógico, não é o teu, né?
Calma, mamãe, também não precisa partir pra agressão, tá?
É óbvio que quando vemos alguém frágil - e que além de tudo não pode se comunicar – chorando, nosso instinto nos faz pensar em dor, sofrimento. Mas, acredite, não é bem assim com os bebês, pelo menos na maioria deles.
Choro é uma forma primitiva de comunicação (felizmente outras formas virão com o passar do tempo, no caso dos bebês). Mas é também, como todos nós sabemos, uma excelente “válvula de escape” para nossas frustrações, medos (racionais e irracionais) e, por que não, até para situações incômodas.
E, assim como em adultos há aqueles “bocudos” (“maria-moles”, “manteigas derretidas”, “Bebetos”, ou como queiram chamar os que choram muito), nos lactentes de poucos meses também há aqueles que necessitam chorar mais do que os outros. Apenas que nos bebês, um “terrível incômodo” pode ser, por exemplo:
• um irmão barulhento
• um irmão muito carinhoso
• uma TV ligada no Domingão
• um cachorro do vizinho
• dois cachorros no vizinho
• uma batida de porta
E, fundamentalmente,
• uma mãe (ou uma família inteira) ansiosa
Agora, faça uma experiência:
Leia o mais rápido que puder, em voz alta e mais de uma vez, os fatores acima.
E aí, percebeu?
Porque é muito provavelmente assim que um cérebrozinho imaturo percebe as coisas a sua volta! Nós, os seres vivos, vivemos de estímulos. Sejam eles visuais, sonoros, auditivos, tácteis, gustativos, olfativos...
Agora, paremos pra pensar: já nascemos com capacidade para separá-los adequadamente, não nos assustarmos com alguns destes estímulos (principalmente porque muitos vêm associados e “em rajadas” para cima do bebê), e mais, compreendermos o que cada um destes estímulos significam?
Espere, não responda, deixe-me responder:
É CLARO QUE NÃO!!!
(desculpe a ênfase, foi mal, pense você...)
Então, pra terminar, vou fazer a pergunta que eu ouço após explicar tudo isso para os pais de bebê que chora:
- E aí, doutor, pode ser cólica (ou dor de ouvido)?
(música de Enia no fundo, por favor, que eu estou meditando um segundo...)
Claro que pode! MAS, principalmente se o bebê está mamando bem (nos intervalos do choro, é claro), dorme bem (nos intervalos do choro, é claro), não tem febre (com ou sem choro, claro), e não está com “carinha de doente” (esta última é melhor perguntar pra alguém “de fora” da casa, pois pais são pais, já viu, né?), provavelmente não tem dor e não sofre no choro (pelo contrário, chora “buscando” se acalmar).
Alguém poderia dizer:
- Engraçado, eu nunca li isso na propaganda do remédio pra cólica!...
Pois é...

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