Procure por assunto (ex.: vacinas, febre, etc.) no ícone da "lupinha" no canto superior esquerdo

28 de fevereiro de 2006

Sambas e Tragédias


Há um interessante paralelo entre os desfiles das escolas de samba e o chamado “analfabetismo funcional”, não por acaso dois produtos tipicamente nacionais:
Quantos dos que vêem o espetáculo na avenida* se dão ao trabalho de entender os enredos? Até porque são uma Torre de Babel, na maioria dos casos. Eu já desisti faz algum tempo.
Assim também muitos dos supostos alfabetizados vêem um texto: um belíssimo desfile de letras e símbolos, sem que consigam “se dar ao trabalho” de tentar entender tudo aquilo que deve estar escrito.


*Esse “espetáculo”, claro, se resume ao Rio de Janeiro ou, no máximo, a São Paulo. No polaco Paraná a turma se sacode ao ritmo de uma tal – acredite - “Caiobanda”, na praia de Caiobá, um provável jogo de palavras eufemístico: quando, um dia, a banda direita se unir à esquerda, provavelmente teremos a “Caiabunda”.

27 de fevereiro de 2006

Quebra-Coco


Dores de cabeça chamadas de primárias (não provocadas por doenças como sinusite, problemas visuais, tumores, etc.) respondem por cerca de 90% dos casos em crianças.
As enxaquecas, ao contrário dos que muitos pais costumam imaginar, são causas freqüentes de dor de cabeça em crianças (aproximadamente 5% das crianças e 10% dos adolescentes sofrem do problema).
Costumam ter outros casos na família, são dores normalmente com característica pulsátil (muitas vezes referidas como “marteladas” na cabeça pelas crianças), muitas vezes de um lado só da cabeça, podem se acompanhar de incômodos com luz ou sons, podem apresentar pródromos (sintomas preliminares como cansaço, bocejos, modificações no comportamento, vertigem, etc.), podem apresentar aura (alterações visuais próximas à crise de dor como pontos brilhantes, distorções no tamanho dos objetos) em 20% dos casos, podem durar até 48 horas, aproximadamente.
Digno de nota é o fato de que crianças muitas vezes apresentam somente sintomas abdominais (náuseas, vômitos, dores na parte superior do abdome, acompanhados muitas vezes de palidez, sem dor de cabeça) nas crises enxaquecosas.
Outra causa pouco menos freqüente, mas que pode estar associada com as enxaquecas, é a cefaléia (dor de cabeça) tensional (que há algum tempo atrás se imaginava que fosse mais comum que as enxaquecas), de localização nos dois lados da cabeça, quase nunca acompanhada de náusea ou vômitos, caracterizada mais como sensação de “aperto” na cabeça do que as “marteladas”.

26 de fevereiro de 2006

Fieira


Um fio de cabelo na cama: acaso.
Dois fios de cabelo: fim de caso.
Três fios de cabelo: fim do casamento.
Quatro fios: fim da casa na praia.
Cinco fios: uma peruca agora, é?



Reinvindicar autoria de alguma coisa na Internet é como você dizer que saiu com a Fernanda Lima: mesmo sendo verdade, deixa pra lá, ninguém vai acreditar mesmo...

25 de fevereiro de 2006

Tsunami



Cada célula do cérebro (neurônio) pode ser comparada a uma árvore. São parecidos na forma: a célula (o tronco da árvore, neste caso) se ramifica, dando origem aos dendritos (os galhos). Estes se encostam em outros galhos (as sinapses, onde a comunicação entre as células acontece).
Da infância até o início da adolescência, estes galhos crescem de forma inacreditável (e, portanto, criam mais conexões rapidamente): é a hora de grandes, enormes, aprendizados (aprende-se rapidamente a cultura toda de um povo).
Com a “enxurrada” de hormônios da adolescência, inicia-se a “poda” das árvores (é, cedo assim!), que prossegue pelo resto da vida. Os efeitos dos hormônios - os níveis de testosterona nos meninos sobem 26 vezes, por exemplo - poderiam ser comparados a uma verdadeira tsunami cerebral, devastando milhões de conexões. Ficam apenas as conexões mais fortes, que não são poucas (da ordem dos quatrilhões).
Esse fenômeno (da poda) cumpre uma finalidade:
O cérebro precisa “jogar fora” o excesso de conexões entre os galhos (senão correria o risco de ser mais atrapalhado do que ajudado por este excesso – tudo que é demais, faz mal).
Agora, o que nos deixa a pensar é:
De que forma se investe neste precioso período prévio à “poda” (infância)?
Assistindo ao Caldeirão do Huck? Reaprendendo todos os dias a dancinha da...
Tudo bem, precisa-se também de certas (ou muitas) bobagens, até para a construção de um emocional “legal”, mas...
O que mais? (se possível, adicione um eco aqui)

24 de fevereiro de 2006

A Importância de Um Nome


Isto deveria ter status de uma campanha de saúde pública:
Não chamemos nossa vacina contra meningococo C de “vacina contra meningite”!
-Por quê?
Porque há basicamente 5 tipos de sorogrupos que causam esta doença tão temida: A, B, C, Y e W-135.
Como podemos ver na figura, a doença meningocócica (meningite, na maioria das vezes, mas outras formas também) tem como causa diferentes sorogrupos em épocas diferentes.
Veja que, nos Estados Unidos (tomado como exemplo pelo fato de ser um país onde os registros são mais confiáveis), para o final dos anos 80, a vacina contra meningococo C preveniria quase que 50% dos casos. Esta mesma vacina, no início do ano 2000, serviria apenas para ¼ dos casos (interessante notar que o meningococo B, importante causa de doença na faixa etária pediátrica, não dispõe ainda de vacina – e provavelmente ainda demorará um pouco).
-Ah, então não adianta fazer a vacina?
Claro que adianta! É um germe a mais que tentamos “excluir da lista”, e dos mais perigosos. Além disso, como mostra uma recente pesquisa do BMJ (British Medical Journal), os adolescentes, pelos seus hábitos “festeiros” (gostam de beijar muito!), estão em risco aumentado de contrair a doença meningocócica.
Então já sabe: o nome da vacina é “contra meningococo C” (chato de falar, né?). Só poderia ser chamada “vacina contra a meningite” se fosse contra todos os sorogrupos de meningococo (além de outros germes que causam meningite, como Hemófilo, pneumococo, alguns tipos de vírus, etc.). E mais: a importância do nome correto não é para ser chato (sei que sou!): é para não dar a impressão que a criança está totalmente imunizada, portanto livre do risco de qualquer meningite!

23 de fevereiro de 2006

Camelo


“É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha (desde que esse camelo seja pequeno e o buraco da agulha, grandinho*) do que uma criança amamentada ao seio apresentar desidratação por diarréia”.
Mas, raramente – por um germe muito agressivo, por exemplo – pode acontecer.
* Aos neófitos bíblicos: este “buraco da agulha” não tem nada a ver com agulha de costura! (São Marcos 10:25, olha lá.)

22 de fevereiro de 2006

Que Saquinho!

O consumo de sal (e sódio de outras formas, como citrato e benzoato em sucos e refrigerantes, por exemplo) tem estado muito acima do recomendado para a maioria das crianças e adolescentes (estes últimos em especial).
Como até hoje não existe nenhum método sensível para se prever que crianças e adolescentes irão apresentar pressão alta no futuro – com todas as suas conseqüências – devido, entre outras coisas, à ingestão de sódio elevada, devemos estar atentos também a este nutriente*.
-Ah, mas em casa nós não usamos sal nos alimentos à mesa...
Que bom, mas ao contrário do que se pensa, não é esta a maior fonte de sal (e sódio) da dieta da maioria das crianças (principalmente crianças que vivem nas cidades).
Cerca de 80% (!) do sódio da dieta nestas crianças vem do preparo e fabricação dos alimentos.
Agora, uma pergunta:
Como saber quais alimentos industrializados têm teor de sódio elevado?
-Essa é fácil (Dãr !!). São aqueles que são salgados!
Não está errado (mas valeu só meio ponto essa).
Muitos dos alimentos do dia-a-dia não são salgados, mas têm grande quantidade de sódio. Peguei uma fatia de pão de forma como exemplo: 110 mg de sódio! (para o dia inteiro, não deveríamos consumir mais que 2400 mg).
Assim também os biscoitos, cereais, chocolates, etc. Não esquecendo, novamente, “refris” e sucos.
Então, não tem jeito. É mais uma coisa para a qual devemos estar atentos (principalmente nos alimentos que dispõem de rótulos de informação nutricional).
* Além da hipertensão, outras doenças estão relacionadas com alta ingestão de sódio, como alguns tipos de câncer e osteoporose.

21 de fevereiro de 2006

Sofá-Mesa


Uma das muitas (mas importantíssima) causas para os níveis atuais de obesidade na infância foi a perda do ritual alimentar.
“A hora da refeição é hora sagrada”. Não sei quantas vezes ouvi isto na vida, mas é a mais pura verdade.
Pode ser difícil de se entender a importância de arrumar a mesa, parar outras atividades para se alimentar, reunir as pessoas, criar um clima mais agradável possível, “ritualizar” o momento, enfim. Até porque, com a tal correria do dia-a-dia (precisamos correr, mesmo quando não sabemos muito bem por quê), tem ficado cada vez mais difícil pôr essa teoria em prática.
Alimentos “devorados” não costumam ser registrados pelo nosso cérebro da mesma forma que alimentos, digamos assim, ingeridos (notou a sutileza léxica? não? seu cérebro, que é mais esperto que você – desculpe a franqueza – nota!).
- Viu, Nivaldo Roberto Tolentino da Costa Moraes? * Desliga já essa televisão e vem pra mesa!
(* este nome é somente um N.R.T.C.M., um Nome Representativo de Todas as Crianças do Mundo).

20 de fevereiro de 2006

Ou Virão


Tem gente que pega infecção antes mesmo de nascer.
Dentre os “bichinhos” que as causam, o mais comum é o citomegalovírus (que apesar disso, não tem tanto “ibope” quanto o vírus da rubéola, por exemplo – pelo menos por enquanto).
Cerca de 1 a 2% dos bebês nascem infectados, o que não é pouco.
Destes, porém, somente 10% vão ter sintomas, que vão desde icterícia (uma causa pouco comum de cor amarelada da pele) até calcificações no cérebro.
Dos 90% restantes, alguns irão apresentar como único sintoma uma diminuição importante da audição (1/4 dos casos de deficiência auditiva ao nascer são devido ao CMV) ou retardo mental de aparecimento mais tardio.
O diagnóstico não é muito fácil, justamente pelo fato de que a maioria das crianças infectadas não têm sintomas, e também porque sintomas desta doença são comuns à outras situações (como as seqüelas da prematuridade, que podem incluir a perda auditiva, por exemplo), o que dificulta a comprovação do vírus como causa dos problemas.
Os tratamentos ainda são mais dirigidos às seqüelas.
A prevenção também é complicada pela grande disseminação do vírus em todas as faixas etárias (os adultos, como a maioria das crianças, normalmente não apresentam sintomas).
Mas as coisas (como sempre) estão mudando.
Ouviremos (sem trocadilho) falar mais e veremos novidades a respeito do CMV.

19 de fevereiro de 2006

Folga


Domingo é dia de folga pro órgão que nos dá maior prazer: o cérebro! (pensaram que era o que?)
__________________
__________
Eu, que estudo tudo isso, sei tão pouco
Tampouco o bastante me basta
Vê? adianta ver adiante
Se o tudo, o bastante
Me arrasta
Numa guinada
Pro Nada?
____________
-----------------
Camões? perguntou um desavisado
Cumassó! respondi, ensimesmado

18 de fevereiro de 2006

Uma Imprê Sobre a Deprê


Um artigo do PlosMedicine chama a atenção para o fato de que, a partir do sucesso dos antidepressivos modernos (os chamados “inibidores seletivos de recaptação da serotonina", que aumentam a quantidade de serotonina disponível nas células nervosas) como a fluoxetina, a paroxetina, a sertralina e outros, que sem dúvida melhoram muitos dos pacientes com sintomas depressivos, a idéia vendida pela indústria farmacêutica (sempre muito boazinha e dedicada apenas a bons propósitos) é a de que subitamente nos tornamos “deficientes de serotonina”.
Como bem compara o autor, é como se o paciente que sofresse de dor de cabeça e melhorasse com o ácido acetilsalicílico fosse “deficiente de AAS”. Trata-se de um raciocínio inverso (ex juvantibus , para os que gostam do latim). É a tal da “base biológica” para doenças psiquiátricas – meu cérebro me comanda – verdadeira, mas até certo ponto (ou a partir de certo ponto).
O fato de muito dos sintomas reverterem com a medicação não prova a diminuição da serotonina (um dos muitos neurotransmissores, substâncias químicas que fazem a “comunicação” entre as células do sistema nervoso).
Dois detalhes interessantes: condições tão diferentes como a ansiedade, os transtornos obsessivo-compulsivos e o transtorno disfórico pré-menstrual também mostram resposta à medicação. Além disso, cerca de 80% dos sintomas depressivos mostram melhora com placebo (“falsa medicação”), quando comparados com os ISRS!
Depressões graves vão certamente necessitar deste tipo (e provavelmente outros) de medicação. O disparate é a generalização (estimulada pela propaganda) do uso dos ISRS.
Quadros depressivos leves (ou sintomas, ou simplesmente pensamentos depressivos) podem muito bem ser controlados (como também enfatiza o autor do artigo) com terapia (notadamente a cognitiva-comportamental).
O problema está no fato de que é muito mais fácil achar uma farmácia do que um bom terapeuta cognitivo-comportamental.

17 de fevereiro de 2006

"Desburacada"


A criança não nasce com os seios da face prontos.
Eles se formam até o final da adolescência (ou seja, a maioria das crianças não tem sinusite até porque “não podem” ter).
O primeiro seio da face a se formar (normalmente até o final do primeiro ano de vida) é o maxilar (dentro da “maçã” do rosto).
Os outros (etmoidal, esfenoidal e frontal) vão completar a formação muito mais tarde (isto quando se formam – cerca de 15% da população não chega a formar o seio frontal, o “buraco” de dentro do osso da testa).
Portanto, sinusite em criança é muito mais freqüente no seio maxilar do que em qualquer outra localização. Além disso, como já salientamos, sinusite é diagnóstico muito mais freqüente em adultos do que em crianças.

16 de fevereiro de 2006

Obebeso


Esta é para as mães que comemoram o ganho de peso dos seus bebês como se fossem notas da escola: quanto maior, melhor.
Estudos a respeito da relação entre o ganho de peso no início da vida e a obesidade anos após têm pipocado na imprensa médica (na Circulation on-line, por exemplo).
Ainda não há cálculos ou tabelas que possam mostram o quanto de ganho de peso é preocupante, mas existem algumas hipóteses bem plausíveis a respeito:
O organismo da criança nascida com baixo peso (mais do que os prematuros) percebe o ambiente intra-uterino como um local onde alimentos são escassos (daí o baixo peso, em muitos casos). Isto faz com que mecanismos compensatórios – que durarão a vida toda, pois se formam num momento crucial – “programem” a criança para “retirar tudo o que pode” dos alimentos. Quando iniciam a alimentação após o nascimento, seu ganho de peso já revela esta “programação”. Isto ocorreria inclusive nas mães que ganham muito pouco peso durante a gravidez (até mesmo de forma voluntária, devido a preocupações estéticas!).
Outra forma seria o ganho de peso “pré-programado” geneticamente independente de fatores intra-uterinos (herança).
Este padrão de ganho de peso, quando verificado, serviria para estabelecer medidas de prevenção para a obesidade. Dentre elas, a única reconhecidamente eficaz é o estímulo ao aleitamento materno exclusivo até o sexto mês (outro benefício destes estudos será desestimular medidas como a complementação com fórmulas para aqueles bebês que “tadinhos, estão ganhando pouco peso!”).

15 de fevereiro de 2006

Carece Não


Então você foi à Disney, hein?
Que bom, que bom...
Fez o que? Se mijou no elevador que despenca? Pegou na mão do Pateta? Que mãozão, né? “Andou” de submarino vendo cavalo-marinho de plástico pendurado no anzol?
Legal!
Trouxe fotos?
Não??
Não tem importância... Foto desses lugares é tudo igual, né?
(só muda o fotografado)
Então:
Com a febre do filhote é a mesma coisa: falou, a gente acredita!
Não faça mais essa maldade de deixar a pobre criancinha com febre “só pro doutor vê qu’eu tô falando a verdade” ou “pra não pensar que eu vim aqui consultar à toa” ou seja lá por que motivo for!
Como dizia um antigo professor: “Delegado é pago pra não acreditar em nada e pediatra é pago pra acreditar em tudo que os pais dizem”.
Criança sem febre, medicada previamente ao exame, fica muito mais tranqüila, colabora com o exame com mais facilidade, ou seja, facilita tudo para todos.

14 de fevereiro de 2006

Farinha Pouca



Primeiro, as más notícias:
O que era considerada uma doença relativamente rara, a Doença Celíaca (uma espécie de “auto-agressão” das células de defesa contra um componente da dieta – a gliadina contida no glúten, constituinte das farinhas e alimentos derivados), é tida hoje em dia como uma doença freqüente (cerca de 1% da população).
Os sintomas clássicos que os médicos buscavam em crianças (diarréia, desnutrição, abdômen globoso, etc.) são talvez menos comuns do que os sintomas sutis (como baixa estatura isolada, anemia, sintomas digestivos, leves deformidades ósseas, etc.).
O diagnóstico de certeza (a biópsia intestinal) pode se revelar normal durante algum tempo ou de tempos em tempos (“escondendo” a doença).
A associação com algumas condições (como diabete tipo 1, Síndrome de Down, tireoidites, artrite reumatóide) tem se mostrado freqüente.
Agora, as boas notícias:
Um exame de sangue (dosagem de anticorpos) transformou-se numa ótima opção de “triagem” dos possíveis portadores da doença (que, quando positivo, devem ainda assim fazer a biópsia intestinal).
A indústria tem avançado (ainda que lentamente) nas informações sobre a presença do glúten nas embalagens.
O diagnóstico mais precoce tem sido importante para evitar maiores danos à saúde (infelizmente não em todos os casos – parece haver alguns casos “resistentes” à dieta).
As associações para celíacos (como a Acelbra) estão disponíveis na Internet, o que tem auxiliado muito o trabalho dos médicos e nutricionistas.

13 de fevereiro de 2006

Caldo de Galinha


Alguns medicamentos, quando aparecem, prometem uma “revolução” no tratamento de algumas patologias.
Assim tem sido com o tacrolimo.
Indicado principalmente para o tratamento da dermatite atópica, seu uso tem se estendido para outras situações como o vitiligo, com bons resultados.
O tacrolimo atua diminuindo a resposta imunológica local da pele, que no caso da dermatite atópica, encontra-se muito aumentada.
Precisamos, no entanto, ter cautela com as tais “revoluções” (um exemplo de medicação que a causou foi a talidomida, nos anos 60, com as conseqüências bem conhecidas).
No estudo que mostra a segurança do uso na edição de setembro do Pediatrics, algumas críticas devem ser feitas:
Muitos pacientes retiraram-se do estudo (alguns sem dar motivo, o que faz pensar que a ausência de efeito ou piora dos sintomas possa ter sido a causa), enfraquecendo seu poder.
Embora feito com casos leves e moderados de dermatite, 36% dos pacientes relatou reações adversas (que foram da piora das lesões até infecção de pele).
A comparação de efeito não foi realizada com o “grande concorrente” do tacrolimo, que são os corticosteróides, que, apesar dos riscos, continua sendo medicação importante no controle dos sintomas.
E por fim:
Mesmo com a recomendação do estudo de que a segurança é grande no uso em crianças, há relato de casos de câncer de pele e visceral com o seu uso (perigo mínimo com o corticóide – tópico, pelo menos).
Não deixa, com isso, de ser um avanço no tratamento desta dermatose, desde que usado com cautela.
(Uma boa lembrança do estudo é o alerta de que pomadas são preferidas em relação aos cremes nestes casos, pois a pomada impede a perda de líquido através da pele e não tem excipientes que podem ser mais um fator irritante).
Merchã Póstumo:
(para se ler cantando)
O tempo passa...
O tempo voa...
E a poupança Bamerindus
Só conhece quem é coroa
É a poupança Bamerindus!

12 de fevereiro de 2006

Aguaria


Com a crescente onda de adulterações da jijiva, a cerveja típica da Polinésia, proprietários das minstki, os bares locais, não tiveram melhor idéia para assegurar o consumo da bebida do que grudar as garçonetes nas mesas dos fregueses incautos.
-Totomba pitomomba? – pergunta a moça.
-Pitomomba, pitomomba... – respondo entre os dentes, meio cabisbaixo, sem a menor noção se a resposta será suficiente para afastá-la dali.
Deu certo. A mesma angulação no sorriso, presente em todas as nativas desde que eu cheguei à ilha, ela se afasta para ir perturbar o outro freguês, um irlandês, este muito à vontade com a vigilância, tentando abraçar as roliças pernas da moça (boa tática, a moça desvia na hora, sem abandonar o sorrisinho).
Seus pequenos olhos, no entanto, continuam grudados nos copos, meu e do irlandês safado.
Tento esquecer das vítimas da bebida: soube que foram cinco no total, duas fatais.
Tento pensar nos possíveis sintomas duma intoxicação por jijiva :taquicardia, decerto. Vômitos incoercíveis, provavelmente. Terríveis dores de cabeça rasgando a metade do cérebro, talvez.
Decido pôr fim à agonia. Fecho os olhos (comprimo, seria o termo mais adequado) e, no curto espaço de tempo em que o tormento cede ao prazer do trago – seja lá que álcoois ou fenóis ou que outros compostos de nomes assustadores aquela deliciosa bebida possa conter – uma imagem vem à minha mente: a do montanhoso e suarento fiscal da vigilância sanitária da ilha Fifi, gargalhando encostado aos pés do balcão.
Já seria isso um sintoma?

11 de fevereiro de 2006

Engolir Sapo Dói (Mas Precisa)


A partir de hoje, quem vai mandar em casa são os seus filhos. Eles é que decidirão o que vocês vão comer, que roupas eles vão usar (se é que vão usar!), quais são as prioridades de compra...
-É, mas pensando bem, na minha casa já é mais ou menos assim.
Pois é...
Tolerância à frustração. Isto é tão importante que deveria ser ensinado na escola (é certamente mais importante do que dissecar um sapo ou aprender a medir o ângulo de uma tangente – pelo menos vai se precisar muito mais no dia-a-dia). Mais: deveria ser ensinado desde o berço.
Acredite, a saúde mental (e a física também, visto que são inseparáveis), como mostrado num artigo recente do jornal Psychosomatic Medicine, depende do nosso aprendizado em conviver com a frustração.
Na sociedade atual, em que recompensas fáceis são oferecidas (por um preço caro, mas “invisível”) a toda hora (compramos pelo prazer de comprar, comemos demais pelo prazer de comer, temos uma variedade de prazeres disponíveis na televisão e na Internet), vamos aprendendo a não tolerar frustrações.
Então, se eu me sinto frustrado, busco refúgio nos meus prazeres. Até certo ponto, nada de anormal. Devemos mesmo ter algumas válvulas de escape para as pressões. O problema vem quando isto se torna muito freqüente.
É o que estamos presenciando nas mais diversas faixas etárias. Comportamentos compulsivos, obsessivos, agressivos. Em grande parte por não termos aprendido a lidar com frustrações.
Devemos aprender que “eu tenho que” é muito diferente de “que bom seria se”. Com uma regra simples como essa (claro, não só essa!) poderíamos conseguir viver muito melhor.
Esse exercício tem que ser repetido, para que possa ser incorporado.
-É fácil?
Ninguém falou que é fácil...

Sustado

Esta semana, de novo, vou ter que ir ao banco sustar meu cheque. Desta vez, com o IPTU. Semana passada foi o IPVA. É cada susto!

10 de fevereiro de 2006

Cabeleira


Por mais estranho que possa parecer, a tricotilomania (o hábito de arrancar cabelos com o propósito de aliviar tensões) é relativamente comum (chega a mais de 1% da população), e nem sempre é facilmente descoberto (muitas pessoas disfarçam espalhando a retirada).
Dos que arrancam cabelos desta forma, apenas 30% têm o hábito de ingeri-los (tricotilofagia) e, destes, em torno de 1% vão precisar operar o estômago para a retirada (Síndrome de Rapunzel).
Há duas classes de “arrancadores de cabelo”: os que o fazem por puro automatismo (distração) e os que buscam alívio da ansiedade (“focados”). Apenas o segundo caso é incluído na definição de problema psiquiátrico.
Há também duas idades mais freqüentes de início: na infância (a maioria são por automatismo, também chamados de sedentários, mais benignos) e na adolescência, onde costumam estar associados com problemas psiquiátricos. Nos casos em crianças, muitas vezes a história já mostra especial interesse por cabelos desde cedo (hábito de mastigar cabelo da mãe ou de bonecas, por exemplo).
Num interessante caso relatado no American Journal of Psychiatry de 2005 (vale a pena o link, senão pelo texto de onde resumi as informações, pelo menos pelas fotos), a criança, de 7 anos de idade, com problemas familiares, ingeria não somente o seu cabelo mas também o da mãe (que, por ser muito comprido, espalhava pela casa), descoberto pela diferença capilar na microscopia eletrônica.

9 de fevereiro de 2006

Aguardada


Uma vacina que quando chegar já chega tarde é a vacina contra o HPV (papilomavírus).
Por que?
Porque o mundo inteiro (principalmente a juventude) está muito exposto ao vírus, porque a incidência de infectados só faz aumentar, porque a infecção na grande maioria das pessoas não dá sintomas (mas as predispõe de forma importante a cânceres muito freqüentes, principalmente os cânceres de colo uterino e do pênis), porque o vírus é altamente atraído pela mucosa vaginal, porque o HPV é apenas parcialmente prevenido pelo uso da camisinha (a transmissão pode, por exemplo, ocorrer por contato sexual diferente da penetração), porque em populações onde não há tradição da circuncisão o vírus “se espalha” mais rápido, porque a presença de outras infecções sexualmente transmissíveis comuns como o herpes e a Clamídia aumentam as chances de câncer de colo uterino (bem como o fumo e o uso de anticoncepcional), porque o câncer aparece muitas vezes de forma “súbita” (com exames ginecológicos prévios normais!), porque as vacinas em teste vão ter uma eficácia próxima a 100%, etc (ainda tem etc!). (veja o gráfico do risco da infecção que aumenta com o aumento do número de parceiros sexuais)
Um detalhe chato é que a indicação maior vai para pré-adolescentes que ainda não entraram na fase de atividade sexual (pais terão que ser convencidos que, mesmo que esperem que seus filhos não se comportem como pessoas “de risco”, deverão ainda assim ser protegidos).
Portanto, gente, vão preparando os bumbumzinhos (na verdade, ainda não se sabe em que parte do corpo deverá ser aplicada)!

8 de fevereiro de 2006

À Maneira de Gibran


Nestes tempos de intolerância, pus uma foto do Zé Ramalho (qualquer semelhança...) para não me complicar.
E então, o homem que estava febril, aproximou-se e disse:
-Mestre, fale-me sobre o ibuprofeno...
Ao que o mestre respondeu:
-“Pouco sei sobre o ibuprofeno, pois de introdução recente no nosso mercado. É, até onde meu parco conhecimento deixa saber, uma medicação que tem sido usada como antitérmico, mas que pertence à categoria dos antiinflamatórios, não se iludam...
E como todo antiinflamatório (dos chamados não-hormonais) pode causar uma gama grande de efeitos colaterais, que vão desde dor de cabeça, tontura, nervosismo, até úlceras, exacerbações de bronquites e problemas renais.
Como em tudo, noto um bom tanto de “modismo”, recentemente, na sua prescrição.
Não deixa, mesmo assim, de ser opção de antitérmico, mesmo em crianças.
O que é importante, como sempre, é a avaliação de cada caso, suas indicações e restrições, bem como a lembrança de que todo remédio deve ser usado quando realmente necessário”.
Dito isto, o mestre procurou pelo seu discípulo.
Mas ele já havia ido embora (segurando sua folha de couve na testa) havia muito tempo...

Estranho...

Lá da terra de onde eu venho, talvez pela (ainda) desinserção tecnológica, quando digo "Vou lhe dar o endereço do meu Blog", é como se estivesse dizendo: "Quer dar uma olhada no meu pipi?".
Mas eu pipi, digo, persisto...

7 de fevereiro de 2006

Desabafo


Tenho o firme (como uma maria-mole) propósito de quase não falar de política neste espaço, mas às vezes não dá.
Políticas públicas têm (em nome do “benefício” da população) conseguido transformar cada vez mais o profissional de saúde em um artigo “razoavelmente bom e baratinho” (claramente uma utopia, e não um sonho, do qual talvez um dia acordaremos).
Quando se fala em beneficiar maiorias, os olhos tornam-se cegos para as possíveis conseqüências.
Médicos sempre foram considerados como uma elite pensante no seu setor, isto é um fato. Mas se ainda somos (o que tenho duvidado), logo deixaremos de sê-lo.
As indústrias farmacêuticas especializaram-se, nas últimas décadas, em criar pontos fracos no elo da corrente que as ligam ao consumidor final de seus produtos.
Como mostra um excelente artigo publicado no PlosMedicine, a tarefa editorial das revistas médicas têm sido cruel (além de hercúlea): ou fazem vistas grossas aos deslizes éticos de trabalhos que são patrocinados pela indústria farmacêutica ou arriscam desaparecer pelos altos custos das publicações.
Quanto aos médicos, a indústria farmacêutica já os pega “amaciados”. Há duas classes básicas de médicos: os “empobrecidos”, a grande maioria, que pela falta do senso crítico quase inerente à sua “pobreza”, sujeitam-se a todo tipo de pressão (de políticas públicas de saúde e da propaganda da indústria farmacêutica) e os “da elite”, com suas agendas lotadas (nem sempre pelos méritos da profissão, algumas vezes apenas por “mistérios do mister”), que pouco se importam com considerações éticas de ordem mais profunda (visto que “em time que está ganhando não se mexe”).
Claro que há exceções. Mas que, infelizmente, como se sabe, só servem para confirmar a regra.

Constatação

Quando se é pequeno, pode-se falar de tudo: ninguém vai ouvi-lo mesmo...

6 de fevereiro de 2006

Fantasmão



A anemia é uma preocupação muito freqüente (um dos maiores “fantasmas”, eu diria) de pais de crianças pequenas.
Por isto, algumas observações são importantes para diminuir estes fantasmas (no máximo, deixá-los do tamanho de um Gasparzinho, que, aliás, é bem palidozinho):
Quando uma criança vem ao consultório com boa saúde (a maioria dos casos) e os pais querem saber se ela pode estar com anemia, há apenas a necessidade de (além dos óbvios história e exame físico) dois exames bem básicos (ainda mais em tempos de “grana curta”, isto é, quase sempre):
• hemograma e
• ferritina.
O hemograma, pela quantidade de hemoglobina (atenção: a tabela de normalidade varia com a idade!) já diz se há ou não anemia.
Então, anemia será (os valores – em g/dl - podem variar um pouco, dependendo da fonte consultada):
•Em recém-nascidos: menor que 14
•Dos 0-2 meses: menor que 12
•Dos 2-6 meses: menor que 10
•Dos 6m- 6 anos: menor que 9,5
•Dos 6a-18 anos: menor que 10.
O “ferro baixo” no organismo vem antes da anemia (e já pode causar alguns sintomas, como cansaço, mau rendimento escolar, etc.). Por isto, a ferritina é importante.
-Mas, o que é a ferritina?
O “macete” é pensar na ferritina como uma “tina com ferro dentro”: se o estoque de ferro no organismo é baixo, o valor da ferritina (uma proteína que estoca ferro) vai ser baixo (abaixo de 20 ng/ml em crianças mais novas e abaixo de 10 ng/ml em crianças mais velhas).
Dessa forma, em crianças de resto saudáveis (sem doenças inflamatórias importantes ou câncer, que alteraria a ferritina, por exemplo) com hemoglobina e ferritina (que diminui antes da dosagem do ferro diminuir) normais, damos um “xeque-mate” na possibilidade de anemia ferropriva (a causa de longe mais comum de anemia).
Obs.: outras formas de anemia – são muitas – costumam ter sintomas diferenciados (tanto nas causas quanto nas conseqüências), além de história familiar.

5 de fevereiro de 2006

Cuspida no Prato

Não gosto de "meter o pau" no meu hospedeiro, mas o Blogger anda brincando de esconde-esconde com minhas postagens. Se houver interesse, favor digitar "fungos" e "chupetas" no retangulozinho acima, irão ver que eu "dou duro" todos os dias.
E se mais eu falar, vão dar um jeito de me
"Ouvida" na Internet:

Uma criança diz à outra:
-Quando crescer, não vou querer ter filhos.
A outra:
-Por quê?
-Ouvi falar que leva 9 meses pra fazer um "download"...

Do Alto do Monte Sori


Não sei se você já parou para observar:
(“Parar para observar”? O que é isto?” é uma pergunta comum hoje em dia, só menos comum que: “Que ... é essa?”)
Mas, continuando...
Já observou o que as crianças costumam fazer nos dias de mudança (de casa)?
Elas brincam, brincam, e brincam. Exaustivamente. Investigam tudo, relembram velhas brincadeiras delas, inventam novas. Até caírem em algum canto, exaustas.
Por que será?
Citando Maria Montessori (médica e educadora italiana, criadora de um método educacional inovador na sua época):
“A fuga para a brincadeira ou para o mundo da fantasia normalmente esconde uma energia dividida. Representa uma defesa subconsciente do ego, que foge do sofrimento ou do perigo e se esconde atrás de uma máscara”.
(“O Segredo da Infância”)
O que estão demonstrando, embora muitas vezes não entendamos, é a ansiedade do novo, do que virá pela frente (pra melhor ou pra pior), refletida nestas “simples brincadeiras de criança”.
Entendia alguma coisa de criança, esta mulher, ou não?
Se ainda acha que não, veja o que ela tinha a dizer sobre a “normalidade”:
“Criança “normal” é aquela que:
• é precocemente inteligente,
• aprendeu a controlar impulsos e a viver em paz, e
• prefere a disciplina ao simplesmente “não fazer nada”.
Crianças assim deveriam ser chamadas de convertidas, e não de normais ”.
(mesma fonte)

2 de fevereiro de 2006

Devagar com o Andor


O aumento da quantidade de soja na dieta tem vantagens e desvantagens. As vantagens são: a diminuição nos níveis de colesterol e a prevenção de alguns tipos de câncer. As desvantagens até o momento diziam respeito a um aumento nos níveis de hormônios masculinos (mesmo nas mulheres) e alterações na função da tireóide.
Um estudo atual evidenciou um problema novo: ratos com problemas cardíacos (cardiopatia hipertrófica) apresentam piora evidente da condição ao se alimentarem com soja.
O efeito é muito mais intenso em ratos machos.
Os “culpados” por esta piora são os chamados fitoestrógenos da soja (isoflavonas, principalmente), componentes da dieta com ação semelhante aos hormônios femininos (estradiol). Teriam o efeito de induzir a um tempo de vida mais curto da célula cardíaca, além de provocar uma “desorganização” celular.
O efeito mais pronunciado em machos se deve provavelmente ao fato das fêmeas já terem seus organismos adaptados aos níveis maiores de estrogênio.
Soja é alimento, e não remédio. A importância de estudos como este, porém, está em evidenciar os nítidos efeitos que mudanças na dieta provocam na saúde.
Por conta dos decantados benefícios, a indústria de alimentos a base de soja tem se tornado cada vez maior e mais poderosa.
Mesmo o consumo moderado de alimentos com soja, entretanto, tem reflexo na ação estrogênica. Devemos ter isso em mente quando nos deixamos levar por notícias auspiciosas sobre os benefícios de certos alimentos.

1 de fevereiro de 2006

Bilbo o Quê ?


Numa recente edição da Veja (11/01/06), na reportagem de capa ("Ginástica para o cérebro"), argumentou-se – com muita propriedade – que as n0vas gerações estão ficando mais espertas por estarem expostas à “brinquedos” como videogames, computadores, DVDs, etc.
É evidente para todos o aumento na capacidade cognitiva das crianças e adolescentes.
Também é evidente (e provavelmente não por coincidência) o aumento na incidência de problemas de ordem neuropsiquiátrica como os déficits de atenção e hiperatividade, transtornos bipolares, depressões, comportamentos obsessivos e compulsivos, etc.
Uma coisa pode não estar grandemente vinculada à outra, mas estudos a este respeito ainda são escassos.
Crianças de outrora eram “craques” no bilboquê. Peça para alguma criança que joga videogame o dia inteiro para ver como ela se sai no bilboquê (difícil vai ser achar um).
A conclusão óbvia é que no aspecto que nesta etapa evolutiva interessa a elas, as crianças estão muito bem servidas. Justamente porque é assim que a evolução deve “funcionar” (embora uma corrente evolucionista moderna defenda a tese da alternância fenotípica independente de circunstâncias externas, mas deixa pra lá).
Que o futuro da humanidade, então, não dependa da capacidade de se encaixar uma bola de madeira presa por um cordel numa haste, senão estaremos “fritos”!