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31 de agosto de 2007

Olha a Obesidade!


O fenômeno mundial da incidência da obesidade está se parecendo muito com a famosa assombração do ditado popular: quanto mais nela se fala, mais ela aparece.
A todo o momento vem nova notícia - embora algumas fontes contradigam – sobre o crescimento na epidemia, isto a despeito dos esforços nacionais de conscientização sobre o problema.
Três detalhes me parecem muito importantes:
O primeiro é o de que não adianta apenas informação. Assim como em outras situações médicas, muita informação não garante resultados (fosse assim, por exemplo, ninguém mais fumaria – claro que uma coisa tem muito a pouco a ver com a outra).
O segundo detalhe diz respeito ao provável “tiro pela culatra” que significa o muito se falar e se preocupar com algo tão essencial como comer. Está ficando claro que preocupação excessiva deve ser pior do que preocupação nenhuma com a alimentação.
E, terceiro, precisamos entender que a equação “comer mais e se exercitar menos” é cada vez mais apenas uma pequena parte do problema. Pessoas – notadamente crianças - têm se transformado em obesas pela somatória de estilos de vida, realmente difíceis de se “consertar”.
A qualidade dos alimentos – que se compra sem se pensar muito em termos nutricionais, até porque grande parte da indústria alimentícia precisa vender os mesmos alimentos com várias “caras” - a dificuldade em se manter relacionamentos de amizade (onde se possa esquecer da comida por bons instantes ou lembrar dela com naturalidade), a transformação do cérebro das crianças em “máquinas de gratificação instantânea”, fenômeno danoso mas cada vez mais comum, são, dentre outros, grandes nós do enorme novelo responsável pela epidemia.

28 de agosto de 2007

Crescer Forte ou Saudável


Uma molécula sobre a qual vale a pena alguns comentários é a tal da somatomedina C (hoje em dia mais conhecida pela sigla universal IGF-1, insulin-like growth factor).
Um peptídeo (menor que uma proteína) que tem ajudado a desvendar muitos dos segredos sobre crescimento, efeitos da alimentação e doenças como o câncer.
A IGF-1 é a molécula que, dentre vários outros efeitos, “executa as ordens” do hormônio do crescimento nos mais diversos tecidos humanos, como os ossos e os músculos. É ela que faz estes órgãos crescerem fortes, desde a vida intra-uterina até a velhice.
Sua concentração é afetada pelo tipo de alimentação (uma quantidade maior de proteínas na dieta, basicamente, aumenta a sua produção). Vários estudos mostram que crianças crescem mais, adultos têm massa muscular mais preservada (além de menor risco cardiovascular), velhos têm função cerebral melhor preservada quando a IGF-1 é mais elevada.
Oba! Então, vamos todos comer mais alimentos ricos em proteína!..
Espera!
Como sempre, em saúde, notícias boas vêm acompanhadas de notícias ruins. Um dos efeitos mais conhecidos dos altos níveis de IGF-1 (sejam devidos a fatores genéticos ou alimentares, ou ambos) é o risco aumentado de vários tipos de câncer (tanto em jovens como em idosos).
A eterna lição vem à mente. Não temos escolha: tudo o que fazemos na vida deve ser equilibrado. Pouca proteína faz mal. Muita proteína faz mal também (basicamente pela interferência na IGF-1, mas também porque é difícil aumentar ingestão protéica sem aumentar o total de calorias ingeridas no longo prazo).


Avanço?


A Nissan acaba de criar um carro que detecta quando o motorista está bêbado e se recusa a sair do lugar.

Ainda não é a revolução tecnológica.

A verdadeira revolução vai ser quando se conseguir parar os outros carros embriagados que dividem a rua com a gente.

24 de agosto de 2007

Só Pensando "Naquilo"


Ao ler a tentativa de correlação do conteúdo (letra e mensagem) das músicas ouvidas pelos jovens e o aumento na probabilidade de iniciação sexual precoce, fiquei louco para me imiscuir na discussão. Rende boas conversas.
Fatos:
• Jovens que ouvem mais músicas com conteúdo sexista (sexo retratado de forma “degradante”*, segundo o próprio estudo) tendem a iniciar atividades sexuais mais precocemente (e já aí uma grande dúvida: causa ou conseqüência?). Mesmo quando fatores como religiosidade, controle dos pais, associação com desvios de conduta e outros são considerados.
• Conteúdo sexual tem sido mais freqüente em músicas ouvidas pelos jovens do que em outras mídias.
• Cerca de 40% das músicas ouvidas pela juventude americana tem tal conteúdo (por aqui não deve ser melhor).
• Não são só as músicas. Clips, DVDs das próprias músicas e mesmo o estilo de vida dos artistas preferidos ajudam a moldar comportamentos.
Estudos assim (antropológicos ou sociológicos, essencialmente) dão pistas, apenas. Pois não levam em consideração variáveis biológicas importantíssimas.
Com os famosos hormônios pululantes da pré-adolescência, fica complicado imputar a iniciação sexual apenas à mídia. Além disso, no grosso dos daqui de aquém mar, deseducação, desesperança, ócio e violência ainda devem ser preponderantes.
Aqui, de novo, a maior arma contra os efeitos nocivos (pelo menos 1 em cada 4 jovem ativo sexualmente adquire DST, metade dos novos casos de infecção por HIV nos E.U.A. são em jovens) é a participação dos pais no processo, discutindo e participando, atuando de forma crítica, sem exageros.
* O padrão de comportamento neste tipo de música é o rapaz ser retratado como o garanhão insaciável e conquistador e a moça como um belo (deve ser belo, e aí outro problema) objeto sexual descartável.
Aprofundando na assunção (exagerada? Talvez não): quantos jovens não vivem de forma diferente do que viveriam por terem que agir de acordo com estes padrões (muitas vezes mesmo depois da adolescência)?


E, por falar em adolescente, se você é um, já foi um dia, ou ainda planeja sê-lo, tente resolver a minha, a sua, a nossa...

Sharada:

Curioso
Começa com pai
Mas é a mãe de todo o vício
Te faz sentir vivo
Improdutivo, também
E enquanto não o deixa
O deixa no...
xão

(donde se conclui que estamos nesse mundo pra sofrer mesmo. Inda quando muito bom, sofremos. Tentemos não perder o bom humor, no entanto)

21 de agosto de 2007

Vacinas Off-Free*


(* “Fora das de graça”, seguindo tendência da americanização. Ou seja, pagas, mas a gente gosta de complicar)

Não olhem, pais, com raiva pra gente, e sim:
Primeiro, pra esse “filho da Tuta” de germe.
Segundo (mas muito menos) pro fabricante da vacina que, somadas as quatro doses (aos 2, 4 e 6 meses e reforço aos 12 a 15 meses) tiram de vocês o equivalente a quase um computador (ainda que daqueles bem porcaria, sem Uh, Hebe cã)...
...quando recomendamos que façam a vacina contra o pneumococo*.
É para privilegiados (ainda não está no calendário vacinal oficial, gratuito), mas dentre todas as vacinas que se pode fazer em crianças nos consultórios, é seguramente a mais interessante.
E por que?
Porque desde a introdução da vacina anti-hemófilo (Hib) – outra bacteriazinha filha da mesma Tuta, também causadora de meningite, que anda sumida de circulação desde que entrou pro calendário vacinal oficial – ainda andam “de bobeira” por aí dois tipos de germes causadores de meningites bacterianas, geralmente mais graves: os meningococos (para os quais ainda não se dispõe de grandes proteções vacinais**) e eles, os pneumococos (cuja incidência de meningite cai a menos de 80% na população vacinada).
* O nome pode gerar confusão: embora o pneumococo também possa causar pneumonia, provoca muitos casos de meningites em crianças.
** A vacina contra meningococo C tem sua validade muito questionada por: ter duração de imunidade curta (sua proteção dura poucos anos) e não ser o C o sorotipo mais frequentemente encontrado. Além disso, a vacina poderia induzir mudanças no perfil de germes da população (a vacina contra o meningo C poderia apenas mudar a cara das meningites menigocócicas: geraria proporcionalmente mais casos de B, para os quais há quase três décadas se tenta criar uma vacina sem sucesso).
Obs: há esforço mundial de certas ONGs junto aos laboratórios fabricantes para incluir a vacina contra pneumococo no calendário oficial (já não será sem tempo).

Gente, eu sei:
Vacina é assunto tão chato que um congresso minimamente animado cabe num banheiro.

Além do mais, como vi escrito num pára-choque de carrinho de bebê:
“Se vacina fosse boa, não se aplicava num lugar que vive cheio de m...”

17 de agosto de 2007

Alta Tensão




Dois “interessantes” (não para as vítimas) acidentes reportados recentemente na literatura médica:
No primeiro deles, uma daquelas moças a que chamam de corajosa – prefiro parafusos a menos – se atirou do precipício atada a uma corda (é, bungee jumping, mesmo!). Tudo aparentemente bem após o salto, exceto que estava enxergando menos do olho esquerdo. Diagnóstico: hemorragia da mácula, a parte da retina responsável pela visão detalhada (e de cores também). Motivo: ao se contrair no final da queda (uma situação chamada de manobra de Valsalva, esforço parecido com aquele relacionado ao parto, evacuação, tosse, etc., só que neste caso um pouco mais intenso), os vasos sangüíneos da região não resistiram. Felizmente para ela, a cirurgia corrigiu o problema.
No outro, um – digamos assim – “desavisado” corria sob a chuva num parque ouvindo tranquilamente o seu iPod quando, adivinhem, um raio caiu numa árvore ao seu lado. Embora o raio não o tenha atingido em cheio, o distinto cavalheiro foi arremessado a mais de dois metros de distância. E, pior: com todos os músculos do corpo em violenta contração pela descarga elétrica (uma cena muito parecida com a de um peixe recém-retirado da água). A contração muscular foi tão violenta que fraturou a sua mandíbula!
Sem headphones, teria sido isso. Ocorre que, ao combinar suor e aparelho metálico na cabeça, a carga elétrica que teria tendência a “correr por fora” do seu corpo (fenômeno chamado de “flashover”, ainda assim com algum estrago) penetrou a vítima, causando ruptura bilateral das membranas timpânicas e fratura dos ossículos do ouvido médio. Literalmente, um tremendo estrago, também devidamente reparado.
Da próxima vez, ambos poderiam combinar o programa completo: pular de bungee-jumping de headphone na chuva.

14 de agosto de 2007

Fórmula Perfeita


Quando se trata de hidratação, nada melhor do que água.
Uma ficha que devagarzinho parece estar caindo para consumidores dos países desenvolvidos, dada a queda nas vendas.
Talvez por isso, a PepsiCo, fabricante da bebida “esportiva” Gatorade estará lançando no mercado americano no final do ano uma aproximação - ainda imperfeita - da bebida original. É o Gatorade Light (ou seja lá como se chamará a bobagem).
O mote: bebida energética para os atletas “menos ativos”!
É, acredite: de agora em diante, os atletas de fim-de-semana ou os enroladores de academia também poderão se re-hidratar. Com menos calorias do que maratonistas ou ratos de academia, por exemplo.
Não há mesmo limites para a capacidade criativa dos fabricantes. Tudo parece ser vendável, desde que se disponha de boa publicidade e um público ávido pela última “onda”.
Já estamos engolindo água com sabor (light, lógico – e tome edulcorante!), refris nas mais variadas versões (há quem jure que Coca Light e Zero possuem sabores completamente diferentes!). Americanos estão comprando águas vitaminadas (o que é que há de errado com o velho suco de laranja?). E agora mais essa:
“É, você realmente se mexe muito pouco. Mas ainda assim achamos que você merece uma dose adicional diária dos nossos saborosos e coloridos sais. Com menos carboidratos, claro, pois nossa prioridade é a sua saúde!”


Na mesma linha (a das fórmulas mágicas), um outro estudo concluiu: probióticos (micróbios “do bem” contidos em alimentos) não afetam a performance atlética. Não acredito! É mesmo? Puxa, eu contava com um ou dois Yakults ao dia para, deitado na poltrona da minha casa, bater o recorde mundial de salto em altura!
Esses produtos não estão mesmo cumprindo com o que prometem...

10 de agosto de 2007

Por Que Ver Shrek Pela Tricentésima Vez


A situação é bem conhecida dos pais: há novos DVDs no mercado, há novos DVDs em casa, mas o filhote quer, mais uma vez, rever aquele desenho que já sabe de cor.
Por que isso acontece?
Em primeiro lugar, porque assim como nós, os adultos, as crianças gostam, sentem certo prazer em saber que seu cérebro está OK, está realmente funcionando. Agora vem a seqüência do gato... Viu, só? Daqui a pouco, entra o burro. Ah, aí está ele! E etc.
Depois – e talvez seja o motivo mais importante – porque (como novamente mostra o psicólogo americano Mihaly Csikszentmihalyi) nosso cérebro, quando deixado em repouso, tende ao caos. Um caos necessário, criativo, mas que de certa forma incomoda. E incomoda principalmente quem vive bombardeado por informações desencontradas, incoerentes, informações do mundo dos adultos.
Portanto, quando estão ali quietinhos, atentos aos movimentos dos personagens (muitos ficam antecipando o texto do filme em voz baixa, interessante notar), os pequenos cinéfilos têm uma relaxante impressão de estar no comando da coisa, sensação esta que eles raramente experimentam em outros momentos.
Também nós temos nossos “Shreks”: afinal, também não preferimos muitas vezes ouvir aquela velha música conhecida, pela milésima vez? Não têm as mães certo prazer em ver a “nova” Carolina ficar com o “novo” Diego na nova novela das oito? Não ficam os pais relaxados no sofá ouvindo sempre os mesmos comentários sobre novos campeonatos de futebol?
* Outro fenômeno curioso é a chamada dualidade da consciência: enquanto prestamos atenção nestas distrações da mente temos capacidade de ao mesmo tempo – justamente porque o cérebro está no piloto automático - sair dali, de pensar em outras coisas. É quando o menino, que está absolutamente concentrado no filme, pergunta: “Mãe, põe o Shrek preu ver?”


Ponto com Nó

Espertinhos esses pequineses (os da China, não os cachorros): fizeram uma abertura de olimpíadas com um ano de antecedência. Duas enormes propagandas para o mundo ao preço de uma só. Falando em mundo, belíssima mensagem a de “One World, One Dream” (uma das músicas-tema, um sonho de um mundo único – John Lennon deve ter se revirado no túmulo: “Ei, essa idéia era minha!”). Logo ela, a China, panteão da deMaocracia, que está acabando com empregos no mundo todo (desenvolvido e subdesenvolvido), com sua mão-de-obra escrava...

7 de agosto de 2007

Fat Connection - Obesidade "Pega"?


Intrincado.
Prolongado.
Meio complicado.
Mas muito interessante.
Foi o estudo publicado em julho passado no New England Journal of Medicine sobre a importância das relações pessoais na disseminação da obesidade.
A amostra foi muito grande (mais de 38 mil pessoas entre “casos”, amigos e familiares, o que deu maior interesse e credibilidade aos resultados) e o tempo de seguimento foi muito longo (32 anos!).
O estudo mostrou que a grande influência para determinado indivíduo se tornar obeso é a amizade com alguém que foi se tornando obeso.
O curioso é que para que a obesidade do amigo se tornasse um estímulo para a obesidade do indivíduo estudado (digamos, do João) só foi importante – e muito importante – quando era o próprio João que considerava o amigo como amigo. Quando a situação era a contrária (ou seja, quando era o amigo que considerava o João seu amigo, mas não ele próprio) o efeito da obesidade do amigo (nesse caso nem tão amigo) no João era nula.
Parece óbvio: se eu te admiro e você se torna obeso, provavelmente – se a admiração chegar a esse ponto – eu também não vou ligar muito se eu também ficar obeso. Essa, aliás, parece ser a grande conclusão do estudo: a de que o grande “motivador” social – descontados efeitos genéticos - para se engordar é enxergar a gordura do outro como algo menos feio, mais naturalmente aceitável (ou até, quem sabe, invejável!).
Outra obviedade diz respeito ao sexo dos participantes: apenas amigos do mesmo sexo influenciaram as modificações no peso (amigo do homem engorda, ele vai atrás – quando é a amiga que engorda, não).
Mais uma curiosidade: a relação marital – diferentemente do que se costuma dizer - foi muito menor influência para se tornar obeso do que a amizade.
-Ah, mas e o efeito do meio, não foi o principal fator?
Vizinhos (sim, foram incluídos!) não compartilharam a tendência para engordar. Já amigos com grande distância geográfica, sim! Além do mais, a direcionalidade da influência (é apenas o que considera o amigo como amigo que engorda algum tempo depois) comprova o efeito da amizade e também fala contra a influência do meio em que ambos vivem. Não se esqueça também de que esposos – pelo menos teoricamente – compartilham muito mais ambientes de alimentação do que amigos. E estes não seguiram pelo mesmo caminho.
- Ah, mas alguns já não eram obesos (ou mostravam a tendência) antes do estudo?
Houve o cuidado de se excluir participantes nesta situação.
E veja como isso tudo parece plausível:
Quem (gordinho ou gordinha) nunca mandou às favas seu regime quando cercado dos amigos que estavam “mandando ver” na comida?
Quantos gordinhos ou gordinhas não foram várias vezes influenciados pela preguiça dos amigos quando iam malhar (“Ah, antevéspera do dia das Mães, tempo nublado, hoje não, né?”)? E manda a pipoca!

3 de agosto de 2007

Uma Imagem Versus Mil Palavras


“Quando as noites eram silenciosas, guiava seu sono pelo ritmo da respiração de Darlene. Hoje vagueia nas noites barulhentas provocadas pela baderna dos jovens da vizinhança por detrás das cortinas de seu pequeno apartamento, entre imprecações e calorosas conversas com o fantasma da ex-amada...”

Trecho de Romance Nenhum, do autor de araque que vos escreve.

Canso de ter convicções que se mostram erradas, mas lá vai mais uma:
Acredito que num futuro próximo a humanidade vai estar dividida em dois grandes grupos: os LL (Leitores de Livros), mais calmos, concatenados, centrados e esperançosos, e os LOQEI (Livro, o Que É Isso?), naturalmente mais ansiosos, e por vezes até auto-destrutivos.
E por que serão grupos distintos?
Porque neste mundo cada vez mais imediatista, somente aqueles que sabem o que é ler um livro serão capazes de se manter focados em metas que podem ser chamadas de “longo prazo”, essenciais para o crescimento individual e da coletividade*.
Porque uma das milhares de coisas que os livros nos ensinam é a qualidade da paciência, do esperar pela página ou capítulo seguinte sem que se tenha que morrer de ansiedade. Páginas e páginas em que domamos a vontade de pular pro fim, de abandonar um projeto pelo outro, possivelmente mais atraente, ou de desistir de qualquer nova empreitada.
Até hoje há os que acham que poderá haver líderes, profissionais minimamente competentes ou histórias de sucesso entre os LOQEI.
Preconceito contra eles da minha parte?
Pode até parecer. Mas é que me preocupo com eles, tento chamar sua atenção. Uma característica deles, no entanto, é a de sempre responder:
-Não estou nem aí...
* O computador, embora lide essencialmente com linguagem, permite ao usuário que “fuja” dos textos formais, o que frequentemente ocorre, principalmente nas novas gerações, “cibernéticas”. Daí a importância dos velhos livros.

Uma conhecida minha disse, orgulhosa de sua filha:
-Ela acabou de completar 6 anos e já leu um livro do Paulo Coelho!
Minha resposta, meio maldosa:
-Ótimo! Agora que ela já se alfabetizou, compre livros de verdade pra ela...

Pan de Azúcar

Não sei quanto a você, mas para mim, ganhar medalhas em Pans (“Sub-Olimpíadas”, segundo as más línguas) não me faz sentir nem um milímetro mais orgulhoso de ser brasileiro.
São louváveis os feitos dos atletas medalhados, mas o estímulo à ufania é fruto de uma mídia maliciosa, mal-intencionada até, que, na falta de coisas melhores para comemorarmos, quer nos impor um orgulho ingênuo por quase coisa nenhuma.
Assim continuamos fazendo de conta que o país funciona. Assim continuamos consumindo, que é só o que a muitos importa.