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30 de outubro de 2007

Dependurados



Nos idos tempos das cavernas, mães podiam confiar no fato de que o período de amamentação não iria trazer novas surpresas: novos ciclos férteis e, como conseqüência, novos bebês.
Não é mais assim.
E por que?
Porque naquele tempo amamentação era, digamos assim, “pra valer”. Filhos andavam grudados nos peitos das mães noite e dia, fizesse chuva ou sol.
Hoje as mães têm outros afazeres. E, pelo menos em alguns períodos, deixam de amamentar (por exemplo, no período noturno – tem mãe de bebê pequeno que acha que tem direito de dormir, ora essa!). Como ensina o site da La Leche League (referência no assunto), isto faz com que a glândula hipófise* vá voltando a funcionar (voltando a produzir ciclos – sem ovulação no início, mas logo ovulatórios novamente).
Então só devem confiar na contracepção provocada pela amamentação mães à moda antiga, aquelas que não tiram seus bebês do peito (mesmo à noite) e olhe lá! (e ainda assim nos primeiros 6 meses)

* A hipófise (ou pituitária) está localizada na base do cérebro. Anatomicamente penso na hipófise como se fosse “a bolsa escrotal do cérebro” (talvez por isso mulheres ajam apenas com seus cérebros!).
Durante a lactação, a hipófise – responsável pela produção dos hormônios do ciclo menstrual – fica “ocupada demais” na produção de prolactina (o hormônio que induz à produção do leite), levando à cessação dos ciclos.

Ânus Dourados

Como saber se você anda tomando leite com água oxigenada?
Água oxigenada é aquela coisa que as mulheres usam pra deixar o cabelo loiro, não é?
Então.
Peça pra alguém examinar os pêlos do seu...
Bom, deixa pra lá! Não tem nada de científico nisso.

26 de outubro de 2007

Que &*$¤‡Ω de IMC é Esse?


No início, era apenas o gráfico de peso (idade na linha horizontal e peso na linha vertical). Baseado nele, dizíamos: olha, você está gordinho (ou magrinho). Seu peso está acima (ou abaixo) da média (para determinada idade).
Após algum tempo, alguém argumentou:
-Mas, espera... Como é que você pode me dizer que estou magrinho ou gordinho neste gráfico se você não está levando em consideração minha altura?
Claro! Alguém muito alto com um peso “X” é muito mais magro que alguém muito baixo com o mesmo peso!
Criou-se então a avaliação da massa corpórea, que, pode-se dizer, é a mescla do gráfico “peso x idade” e o gráfico “altura x idade”, numa tentativa de se eliminar as distorções provocadas por diferentes alturas na avaliação do peso. Além disso, a massa corpórea (dada pela continha chata do peso dividido pela altura vezes a altura) reflete com alguma confiabilidade a porcentagem de gordura corporal*. Pessoas com IMC (índice de massa corpórea, o resultado da continha chata) elevado são consideradas obesas (para crianças e adolescentes foi criado um outro gráfico para esta avaliação: idade na linha horizontal e IMC na linha vertical).
Parece complicado, eu sei, mas é como computador: quando se mexe um pouco, se aprende fácil, fácil.
*A porcentagem de gordura corporal (o quanto do peso de cada um é em “gordura”) pode ser medida de várias formas: com réguinha de medição das dobras da pele, com aparelhos de impedanciometria, com tomografia, etc.

23 de outubro de 2007

É Bom e Eu Gosto



-Como é que eu faço para que meus filhos me obedeçam, me respeitem?
Pra começar, sabendo que obediência e respeito são coisas diferentes.
Obediência se obtém muitas vezes com um tom de voz mais alto, com uma cara feia ou com ameaça de punição. É de curto prazo.
Respeito, não. Respeito é conquistado através do exemplo que você passa aos outros. Por isso, muito mais difícil, mais efetivo e de longa duração.
Existe, além disto, outro atributo. Um enorme degrau além: a admiração.
Consiga isto e saiba que você terá uma arma poderosíssima nas mãos: terá “escravos mentais”, onde um simples arqueamento de sobrancelhas será de uma loquacidade enorme.

19 de outubro de 2007

De Papo Cheio


Quando se quer que crianças – como, de resto, pessoas de qualquer idade – comam menos (ou menos “porcarias”) há que se ter muita psicologia para que o tiro não saia pela culatra.
Podem notar: assim como nas crianças que comem pouco, o “pegar no pé”, o forçar, o insistir, costumam ter efeito contrário, o mesmo acontece com os que têm o infeliz hábito de comer muito.
Táticas como: menosprezar os comilões (“Coma menos, olha como você está gordo!”), fazer dramas (“Ai, meu Deus, como você come...”) ou proibir que comam mais do que a gente gostaria que comessem quase nunca dão certo. Pior: costumam ter o efeito de aumentar a ansiedade em relação à comida.
O que fazer, então?
Muitas vezes o “não fazer” dá melhores resultados (principalmente quando se comparam grupos de pessoas em que se intervêm com grupos em que nada se faz). Sempre lembrando: um grande problema são as expectativas, é a cobrança de resultados. Muitas vezes um pequeno resultado – principalmente quando mantido – é melhor do que resultado nenhum ou resultado contrário (seja em relação ao peso ou a efeitos na saúde).
Em crianças, é melhor que a conscientização se dê com a maturidade, com a observação dos bons exemplos, ou mesmo com as “cacetadas” que elas mesmas levam de vez em quando.
Se já é doído para pessoas obesas se decepcionarem ao tentar comprar uma roupa “para magros”, por exemplo (ou ao ouvirem piadinhas ou comentários, ou ainda suportar olhares de reprovação), não há necessidade que as pessoas que realmente se preocupam com elas ponham mais “lenha na fogueira”!
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-Ah! – me disse um paciente – Pra que tanta preocupação com a saúde? Essa vida é uma roleta russa, mesmo!
Sim. Mas a gente pode jogar com um tambor maior.

16 de outubro de 2007

Morfeu Atrapalhado



Duas revisões recentes sobre problemas de sono em crianças pequenas mostram que:
A maioria das situações encontradas (as parassonias, como o terror noturno – crises de choro e/ou gritos durante o sono, o sonilóquio – falar dormindo, o sonambulismo, o bruxismo – ranger de dentes dormindo, a enurese noturna – ato de molhar a cama durante o sono em crianças acima dos 5 anos de idade e os movimentos rítmicos, como a movimentação da cabeça para os lados durante o sono, bem como as insônias – dificuldade para iniciar ou manter o sono) são de caráter benigno e de desaparecimento gradual.
São também, no entanto, muito dependentes do comportamento dos pais em pelo menos dois sentidos:
Quando a criança é insegura quanto à ligação (“attachment”) materna, tende a persistir por mais tempo com despertares freqüentes. (Um dado curioso: todas as crianças despertam algumas vezes durante a noite. A diferença é que as mais seguras tendem a não precisar dos pais para voltar a dormir. Esta segurança costuma ser conseqüência da própria atitude dos pais).
As insônias e a enurese noturna precisam de pais pacientes e que saibam entender e lidar com o problema. No caso da insônia, existem várias técnicas para resolver a situação: todas enfatizam a tranquilização da criança - porém associada a algum grau de firmeza em relação à obediência da permanência no leito.
Apenas uma minoria dos casos (principalmente situações persistentes) precisará de intervenção especializada (psicólogos, psiquiatras ou neurologistas).

12 de outubro de 2007

Pit Stop


Começa assim.
Um razoável atendimento por um razoável preço.
Após algum tempo, mais pessoas procuram por este atendimento. É quando o tempo de espera aumenta, a qualidade cai. Problemas mais sérios começam a acontecer: infrações éticas graves – a maioria devidamente encoberta – erros de diagnóstico, algumas mortes (mas, espera: mortes acontecem em todo lugar!).
Nos Estados Unidos, um serviço novo tem chamado a atenção. É a Drugstore Clinic (ou “Clínica das Farmácias”). Isso mesmo. Clínicas médicas (se é que se pode macular o termo dessa forma) instaladas em farmácias, lojas de conveniência, e supermercados.
Sem tempo para uma consulta “padrão”? Seu médico anda ficando muito difícil? Pois nós temos a solução para seus problemas!
A publicidade lista os problemas que serão mais rápida e eficientemente atendidos pela rede. Vão desde um simples entorse a crises de bronquite de menor importância. Em muitas destas clínicas, o atendimento é realizado por simpáticas enfermeiras (claro, supervisionadas por médicos que poderão ser chamados em caso de alguma dificuldade).
Interessante.
E assim como no caso do álcool combustível, poderíamos nós, brasileiros, exportar tecnologia. Afinal, há quanto tempo nossas farmácias – totalmente desvinculadas de interesses comerciais - já são locais de consultas?

FDA

-Cara, cê viu o vocalista do Guns & Cloves, como tá gordo?
-O que será? Drugs?
-Não. Foods, mesmo!

9 de outubro de 2007

Corredor das Inflamações


Imagine um corredor (fictício, claro, se você o está imaginando).
Após algum tempo percorrendo este corredor, chega-se a uma bifurcação. Dois novos corredores, fechados por portas.
O primeiro corredor leva a um quarto com um nome na porta: Prostaglandina (é o quarto das inflamações comuns).
O segundo corredor leva a outro quarto, chamado Leucotrieno (é o quarto das bronquites e asmas, também inflamações, mas um pouquinho diferentes das aqui chamadas de “comuns”).
Ao se entrar no corredor inicial, antes da bifurcação (chamado de Corredor do Ácido Araquidônico – mas pode esquecer o nome), não há mais volta: ou se vai ao quarto Prostaglandina ou se vai ao quarto Leucotrieno. A porta da Prostaglandina (das inflamações comuns) já está meio entreaberta, é a porta pela qual se entra com mais facilidade. Quanto está chaveada (os antiinflamatórios são as chaves que impedem a entrada), não há outra saída a não ser chegar ao quarto do Leucotrieno (das bronquites e asmas).
Você que é esperto, já deve ter percebido:
Quando se usam antiinflamatórios para pacientes com asma ou bronquite (ou mesmo para os que apresentam asma ou bronquites “disfarçadas”, apenas com tosse), fecha-se a porta da inflamação comum (seja qual for a intenção original de quem prescreveu ou usou o produto). Mas abre-se a porta para a piora dos sintomas asmáticos (ou “bronquíticos”): menor produção de prostaglandinas, maior produção de leucotrienos.
Não esquecendo que medicações com este efeito (antiinflamatório) vão desde o antiguinho ácido acetil-salicílico, ou AAS, (hoje em dia menos usado, mas ainda muito do gosto das vovós, até pelo fato que muitas delas mesmas usam para prevenção de problemas cardiovasculares) até o da modinha ibuprofeno, o diclofenaco (ainda muito usado) e a nimesulida.
E adivinha qual a medicação que está sendo cada vez mais usada – com razoável sucesso - para tratamento profilático das bronquites e asmas?
Acertou. Anti-leucotrienos.

Parodiando o Augusto, aquele, o dos Anjos:

“Toma uma agulha
Fura o teu bornal
A boca que elogia
é a mesma que mete o pau”.

5 de outubro de 2007

Danosinho



Ele apareceu, já há algum tempo atrás, “valendo por um bifinho”. Pela quantidade de proteínas nele presente.
Mas aí, com a história da gordura saturada, do mal que a fritura do bifinho faz, teve sua imagem desvinculada do alimento bovino. Embora naquela época, provavelmente as mães diziam: “Ah, é? Vale por um bifinho? E o queco?”
Mães eram mais disponíveis, e menos influenciadas pela mídia – até porque havia muito menos mídia.
Danoninhos, como outros alimentos industrializados, têm se valido do modismo de se buscar heróis e vilões presentes nos alimentos. Então, agora, veja que ótimo, têm cálcio (para os ossos dos seus filhinhos crescerem fortes), proteínas (para um crescimento adequado), têm ferro, zinco, têm isso e aquilo e outras baboseiras mais.
Então não têm?
Têm. Que dirá se não tivesse.
Mas também têm o outro lado da moeda:
São alimentos excessivamente gordurosos (a indústria alimentícia chegou à “fórmula” do Danoninho acrescentando o máximo de gordura tolerada – gordura “pega” inocentes glândulas salivares pela raiz, induzindo a um efeito que se pode chamar de aditivo).
São adoçados artificialmente. O que, na crítica fase de introdução de novos alimentos (lactentes), acaba por privilegiar este tipo de alimento em detrimento dos naturais, saudáveis por definição.
São também coloridos artificialmente. Você sabe: aquela cor do morango tem muito pouco do próprio morango.
Some-se a isso tudo a nova e maldosa “aura científica” da publicidade.
Então não é pra dar?
A própria “indicação” contida no site oficial da empresa (que, claro, quase ninguém lê) recomenda a oferta para crianças acima dos 4 anos de idade.
Idade que, se pensarmos bem, também já não seria hora dos marmanjinhos ficaram comendo Danoninho a todo o momento.
(PS.: a crítica não é exatamente ao próprio, e sim ao que ele tem representado em termos de subversão dos hábitos alimentares mais saudáveis, principalmente para crianças pequenas. )

2 de outubro de 2007

A Quem Interessar Possa (Grandes Reflexos)


Certa vez comentei com alguém o fato de que estas postagens periódicas poderiam servir ao diagnóstico da minha progressiva loucura. Na medida em que se avançasse cronologicamente na leitura, as pessoas perceberiam a degradação mental deste autor que vos escreve.
Mas a questão é:
A quem realmente interessa isto?
Que diferença faz a você que me lê agora, se antes de sentar ao computador estive balançando minha bunda na janela do andar onde moro? Seria, certamente, uma curiosa atração aos vizinhos - embora por pouco tempo. Em poucos dias, serviria apenas como marco de logradouro (“Vira na segunda esquina, depois do prédio da bunda na janela”).
E de verdade, a quem tem interessado se você ou qualquer outra pessoa comete maiores ou menores atos de insanidade, desde que pague seus impostos (e, por exemplo, no caso das diaristas, deixem o chão brilhando e as meias cor com cor)?
Estamos todos muito ocupados. Estamos vendo a novela, não temos tempo para emoções, sofrimentos ou angústias dos outros. São verdadeiros demais.
Uma coisa é saber detalhes picantes da vida do ganhador do Big Brother, outra totalmente diferente é ter que ouvir a vizinha falar das preocupações com a irmã doente dela.
-É mesmo? Me desculpe, mas tô cum pouco de pres... (Cada qual que se vire, oras!)
E sai da frente da TV, senão ainda vou perder esse gol!

Comemorando os 10.000 clicks (ou cleck-clecks, ou clonks – porrada – ou, ainda: glubs – mouses submarinos).
Bia, Zelão, Mané, Eulália e Palmito: já deu, obrigado!
Deixa que daqui pra frente eu assumo.
(É bom ter amigos...)