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28 de março de 2008

Perfumantes


Se é pela fixação na fase oral, chame a turma para assoprar uma língua-de-sogra.
Se é por causa do gosto pelo exótico, que tal dançarem hula-hula?
Se a intenção é o “barato” que dá... Bom, aí, sei lá, que tal um vício solitário (que também pode ser praticado de forma menos solitária, mas ainda envolve certos riscos)?
Gosto pelo novo? Atração pelo objeto de arte? Mais uma típica transgressão juvenil?
São suposições na tentativa de entender a onda do narguilé (ou narguile ou narghile ou arguile ou hookah, aquela espécie de lustre de origem árabe com mangueira na ponta que os adolescentes do ocidente agora inventaram de usar).
E, menos por ignorância e mais por justificativa, dizem que faz menos mal que os cigarros (meia hora de narghile equivale a uma carteira de cigarro com seus monóxido de carbono, metais pesados e agentes cancerígenos, numa “sentada”).
Além disso, representa excelente porta de entrada para o vício na nicotina (as concentrações sangüíneas costumam ser maiores no uso da geringonça).
Sem falar no acréscimo do álcool e de haxixe em algumas das sessões mais animadas.
(como parece que o ser humano nunca vai deixar de conjugar o verbo fumar, está vindo aí o cigarro eletrônico, mais uma nova bossa).

Obs.: ficou com preguiça de ler isso (já leu? doeu?), veja então a reportagem do jornal Hoje do ano passado.

25 de março de 2008

Que É Que Eu Faço Com Isso?


Há provavelmente uma grande quantidade de crianças e adolescentes por aí com níveis elevados de lipídeos (colesterol e/ou LDL-colesterol e/ou triglicerídeos). Ponto.
A partir daí, tudo o mais é dúvida (como mostram as recomendações da USPSTF - pequena sigla da entidade americana responsável pelas recomendações para prevenção em saúde).
Deve-se triar quaisquer crianças saudáveis para anormalidades nas gorduras? Quase com certeza, não. Muito exame desnecessário, dentre outros problemas.
Algum grupo de risco deve ser triado?
Segundo a Academia Americana de Pediatria, apenas crianças com:
•história de doença cardiovascular prematura na família e
•pelo menos um dos pais com níveis de colesterol acima de 240mg/dl,
Com a opção da triagem em crianças com sobrepeso ou obesidade e aquelas com dietas muito ricas em gordura (peraí, mas aí não é todo mundo?)
Outro dilema é: o que fazer com crianças e adolescentes com lipídeos (=gorduras) alterados? Também nenhum consenso aqui.
A menor parte das crianças vai manter as alterações na idade adulta (não é bom, porém, contar com isso). Mesmo em crianças que baixam os níveis com medicação (alimentação correta e exercícios, infelizmente, não são, aparentemente, suficientes) podem, ainda assim, ter maiores riscos cardiovasculares. Efeitos colaterais de medicações com a finalidade de redução das gorduras são, além disso, outra enorme preocupação. Não há estudos de longo prazo que comprovem vantagens e a segurança do uso.
Como se vê, como em muitas questões relativas à saúde, há ainda muito mais perguntas que respostas. Vai se vivendo do jeito que dá, tentando achá-las com o tempo.
Ou, como diz Caetano: “Ou não...”.
Obs.: matéria do British Medical Journal, no entanto, já tem recomendado screening universal das crianças (nos moldes do teste do pezinho) para o aumento familiar do colesterol (cerca de 2 casos em mil nascidos, com risco de morte por causa cardiovascular 100 vezes maior que na população geral).

21 de março de 2008

Desde Adão



De “o olhar do dono é que engorda o gado” não entendo nada.
Até porque o único pedaço de gado que eu possuo é uma latinha de Swift * na pequena despensa da cozinha.
Agora, de outro ditado eu entendo:
“É o olhar da mãe que emagrece o filho”.
Sim, porque basta o filhote cair doente – de gripe a gastroenterite, de bronquite a resfriado – que lá vêm as mães com “Olha, até as costelinhas já estão aparecendo!”.
As costelinhas já estavam lá, no mesmo lugar. E do mesmo tamanho. Peso? Quase sempre o mesmo, ou pequena diferença. Mas, a partir da doença, lá estão as costelinhas. Enormes, monstruosamente aparentes.
É, claro, natural. Um processo instintivo. E é para isso que as mães servem mesmo. Para se preocuparem com as costelinhas e seus devidos frágeis proprietários.
E é para isso também que nós servimos (ou deveríamos servir): para fazer o contraponto Visão do Médico (fria e calculista, acham eles) vs. Visão dos Pais (excessivamente preocupada, achamos nós, na maioria das vezes).
* merchã totalmente gratuito

18 de março de 2008

Chuva Ácida



Saúde perfeita, crescimento satisfatório, boa higiene, vacinas em dia, roupas da Ripilica, mas os dentes... naquele estado!
E muitas vezes não sabíamos explicar o porquê.
Recentemente a noção de erosão ácida tem se expandido, inclusive para nós, leigos em odontologia.
Suquinhos de frutas, refris, bebidas “energéticas”. Todas elas culpadas, principalmente pelo baixo pH (acidez)*
Quanto mais, pior. Quanto mais perto da hora de dormir, pior. E, ainda pior, a escovação, tão importante, aumenta a erosão quando muito próxima à ingestão (pela ação abrasiva, adicionada ao “estrago” ácido). Especialistas recomendam o enxágüe apenas dos dentes até após algum tempo e, mais tarde, a escovação com pastas não-abrasivas (especialmente as em gel).
Pessoas em maior risco são os portadores de refluxo gastro-esofágico, os que produzem pouca saliva e os praticantes de esportes (quando ingerido proximamente, pela diminuição do fluxo salivar).
Além disso, além do pH, algumas variações na composição das bebidas parecem ser importantes (a quantidade de cálcio presente, por exemplo).
* Veja alguns exemplos de pH (quanto menor, maior a acidez):
◊ Coca Cola, Pepsi: 2,7
◊ Sukita: 2,0 - 4,0
◊ Sucos de fruta: 2,9 - 3,4
◊ Café: 2,4 – 3,3
◊ Chá: 4,2

14 de março de 2008

Termômetro



“Um homem tem a idade dos seus vasos sangüíneos”
(eu)

Uma reportagem curiosa do New York Times mostra que quando o homem começa a sofrer um declínio importante na função sexual (o que o pessoal do Casseta e Planeta maldosamente chama de pau-molescência) de causa orgânica (ou seja, quando não devido à causas psicológicas) suas chances de apresentar um evento cardiovascular – como um infarto do miocárdio, por exemplo – em cinco anos são muito maiores.
Isso vem reforçar a tese de que o estado de saúde dos vasos sangüíneos – e o pênis não é muito mais do que um “pacote de vasos sangüíneos”* que se engurgita quando excitado – reflete a saúde do indivíduo como um todo.
Atividade física, níveis de colesterol, presença ou ausência de fumo, níveis hormonais, alimentação equilibrada. Tudo vai influenciar a resposta de vasodilatação do órgão sexual masculino.
E quando esta vai mal, mais do que recorrer prontamente a pilulazinhas azuis ou de qualquer cor, melhor seria tentar buscar e corrigir os fatores que levaram à condição, pois mais más notícias poderão vir por aí.

* Tem muita gente boa que, na prova de conhecimentos gerais, crava lá: pênis é basicamente um músculo ou um osso. É fluxo de sangue, gente!

11 de março de 2008

Ledo Engano



Por que algumas das indústrias farmacêuticas que mais lucram são as que fabricam “remedinhos” que levamos para casa quase como um troco, nas cestinhas e potes das farmácias?
Muito provavelmente porque, há muito tempo, descobriram o filão:
Há um grande percentual de pessoas que detestam tomar remédio.
Temem se sentirem vulneráveis, por qualquer motivo.
Pessoas assim (não é culpa delas, são características próprias de algumas personalidades, como os perfeccionistas, por exemplo, que enxergam certos acontecimentos com um “foco um pouco distorcido”) só recorrerão aos medicamentos em duas situações:
1) Quando não há mais jeito. Ou seja, quando seus problemas de saúde tornaram-se insuportáveis.
2) Quando não “enxergam” o que estão tomando como um medicamento, na verdadeira acepção da palavra.
Ocorre que muitos dos “remedinhos”, “pastilhinhas”, “chazinhos” que se toma por aí caem em duas categorias:
Ou são substâncias inócuas (não fazem nenhum efeito) em termos terapêuticos (mas que podem muitas vezes ter efeitos colaterais), ou são remédios “disfarçados”, vendidos sem necessidade de receita ou como indicação do balconista da farmácia.
Há cada vez mais remédios sendo liberados por órgãos oficiais (o FDA, Foods and Drugs Administration, órgão americano que regula a liberação e venda de medicamentos é o exemplo supremo) com cara de “OTC” (over-the-counter, termo usado para aqueles remédios dos quais nos servimos como quem compra balas no supermercado)!

7 de março de 2008

Sacolejo


-Mas que coisa, esse bebê, quando dorme, fica pulando o tempo todo, parece que engoliu um grilo!
Exceto nos casos em que tenham realmente engolido algum grilo, bebês “pulam” mesmo, principalmente nos primeiros 3 meses.
O motivo disto é a imaturidade de um conjunto de neurônios (células nervosas) localizados no tronco cerebral (a área que liga o cérebro à medula): a formação reticular.
Estes neurônios disparam freqüentes estímulos para, digamos assim, manter o cérebro “ligadão” (principalmente em final de expediente, quando ele vai querendo dormir antes do dono).
Como nos bebês qualquer conversa chata é desculpa pra ir pra cama, essa área “trabalha” bastante. É mais ou menos assim: “Ops! Acorda aí, ô!” (ou, talvez seja mais para: “Pode dormir, mas deixa alguns neurônios em stand-by”). E aí vai o bebê, pulando mais que filhote de canguru.
Curiosamente, o mecanismo é o mesmo que nos faz parecer que estamos caindo em algumas fases do sono.
(Não à toa, a figura da formação reticular ao se ativar se parece com fogos de artifício. Os estímulos se dão de baixo para cima, se espalhando por todo o cérebro).

4 de março de 2008

Galisteu Galistei


Alguém me falou que ouviu
Ou alguém me falou que leu
Numa dessas Caras, ou numa dessas Veja
Algo que disse Adriana, Adriana Galisteu!
Tipo lição - lição de vida - por que não?
Embora ela não esteja
À altura de Platão
Mas vamos logo à frase,
vamos logo à citação
Que esse pequeno poeminha
Coisa de falar rimado
Já anda a dar nos nervos
“Coisa de ...”
(Bom, deixa pra lá!)

Mas o assunto é sério. Disse ela mais ou menos assim: “Não podemos deixar que a perda dos que nos são importantes leve junto pedaços de nós mesmos”.
Outras frases de menor interesse – algumas pouco brilhantes – foram proferidos pela... apresentadora(?). Talvez essa nem mesmo seja dela (a idéia original certamente não é).
Mas ela provavelmente sabe do que está falando (até onde sei, teve que lidar com muitas e importantes perdas desde pequena, e não podemos negar que nesse aspecto tem se saído muito bem).
A capacidade de elaborar perdas depende de muitos fatores como personalidade, crenças, cultura, suporte familiar e experiências de vida. Tecle “deal” + “grief” (“lidar” e “pesar”) no Google e aparecerão centenas de sites dedicados ao assunto, principalmente de aconselhamento. Adiantam pouco.
Mas uma coisa é certa: quem segue o conselho Galestênico costuma ir mais longe (só isso).

(P.S.: não estou fazendo julgamentos sobre a moça, acho que ela não é grande exemplo de muita coisa. Na próxima vez vou pedir outra espécie de revista ao meu cabeleireiro enquanto o espero).