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31 de outubro de 2008

Exagerado


Lembra da música do Cazuza:
“Nossos destinos foram traçados na maternidade”?...
Pois é.
Ao que parece, mesmo antes disso.
É o que mostra um estudo do ano passado sobre a relação entre a idade da menarca (1ª. menstruação) materna e peso do seu recém-nascido.
Quanto mais cedo a mãe menstrua, mais pesado deve ser seu filho nos primeiros anos de vida (veja o gráfico: linha de cima, peso dos recém-nascidos cujas mães tiveram menarca aos 11 anos ou menos; linha de baixo, peso dos recém-nascidos de mães com menarca dos 15 anos para frente: metade do tamanho, em média).
E mais: normalmente o traço genético de desenvolvimento sexual (menstruação) precoce passa de mãe para filhos. Então não é só peso maior. É também maturação sexual mais precoce dos filhos.
Maturação sexual precoce quase sempre significa tamanho maior na infância e altura final menor no final do crescimento (pelo “fechamento” mais precoce das placas de crescimento ósseo).
(não puxe briga com essa tal de genética!)

28 de outubro de 2008

Feiiinho... Mas com Saúde


Mais uma diversão para quem não tem nada mais para fazer:
Juntar traços fenotípicos (a cara, vai! – mania de médico falar difícil) de duas pessoas que estão pensando em expandir a família (expandir a família não é passar a semana comendo pizza – é, segundo consta nas escrituras, ter filhos). No virtual, antes do “ao vivo”. É o programa MakeMeBabies, disponível na Internet.
E, assim como nos fantásticos mistérios da genética (que muitas vezes combina pais que brincaram de foice no escuro – eufemismo para pais feios que fizeram amor – e tiveram como resultado belos pimpolhinhos), aqui também a brincadeira pode produzir frutos inesperados. Com a vantagem de – ao contrário do que acontece na maternidade – ainda render boas gargalhadas.
Tentei, por exemplo, um filho com a Angelina Jolie e... sabe que eu emprestei belas características pro nosso baby (quem sabe ela não se empolga?).

24 de outubro de 2008

O Dito pelo Contradito


Interrompa o seu café e preste atenção na seguinte notícia:

“Tomar café tira, em média, 15 anos da sua expectativa de vida”.

Calma! Não se engasgue ainda.
Agora leia outra:

“Você irá viver o quanto tiver que viver, beba montes de café ou não”.

Tem dúvida de qual a notícia mais impactante? A que irá vender mais revistas? A que fará o cientista que relatou a descoberta mais famoso e conhecido?
Então. Pouco importam as intenções ou falhas metodológicas. O que tem importado é, antes de tudo, vender, criar polêmica, vender, criar status, vender, chamar a atenção, vender...
Não é à toa que vemos a cada semana bobagens e mais bobagens sendo ditas sobre ciência e saúde.
E o incrível é que, ao contrário dos políticos - de quem não acreditamos em nada do que nos dizem - quando se lê ou ouve sobre “novidades” na área científica tendemos a ser extremamente crédulos (mesmo que a novidade da semana desminta a novidade da semana passada).
Artigo recente do (até onde se sabe) independente site PLoS Medicine cita a incoerência: dos 49 artigos médicos mais citados de 1990 a 2004, em ¼ dos randomizados (a metodologia menos sujeita a erros) e 5/6 dos não-randomizados foram ou contraditos ou considerados exagerados.
É muito papel rasgado.

21 de outubro de 2008

Primeiro: Pique (Depois, Verifique)


Nós com nossa desesperada mania de tentar tratar ou prevenir tudo, continuamos vendo bumbunzinhos sendo espetados anualmente para prevenir gripes.
O resultado dessa “espetança”?
Como mostra recentíssimo artigo de um dos jornais de pediatria mais conhecidos, talvez esteja servindo para pouca coisa (além de engordar cofres de laboratórios farmacêuticos).
O que o artigo mostra em primeiro lugar é a baita dificuldade de se comprovar a eficácia da vacina (neste estudo, foram incluídas 150.000 crianças, mas o diagnóstico laboratorial da gripe – infecção pelo vírus influenza – foi de apenas 400 casos em 2 anos, entre vacinados e não vacinados; ou seja, ainda com um número tão grande de crianças estudadas, imprestável para qualquer análise estatística definitiva).
O que chama a atenção (quase que de forma escandalosa) é a não coincidência de cepas (tipos de vírus) contidos nas vacinas e dos casos diagnosticados: num ano, apenas 11%, noutro, 36%. É muito pouco!
Além disso, uma outra grande dificuldade é a grande variabilidade geográfica do vírus (não esqueça que o vírus da gripe – como muitos tipos de vírus - é altamente mutante).
Uma das conclusões do artigo: “Há a possibilidade de que a vacina seja menos efetiva em crianças”.
Ah, tá!...
Então por que continua sendo feita?
Particularmente acho que mais pela sensação de “consciência tranqüila” dos pais e médicos (aquela coisa do “já que tem, deve servir pra alguma coisa, vamos fazer”).

16 de outubro de 2008

Conspiração


A queixa de muitos pacientes obesos é:
-Mas eu “me mato” de tanto malhar, e continuo obeso!
Em muitos casos pode ser mesmo uma verdade.
Vamos tentar esclarecer um pouco do busílis do gasto calórico do obeso:
O gasto de energia (calorias) de qualquer pessoa que se exercite (em qualquer idade) é dado pela somatória do gasto do exercício formal (como andar, por exemplo), que corresponde a cerca de 1/3 (é isso mesmo, apenas um terço!) das calorias gastas em atividade no dia mais 2/3 de outras atividades que mal são percebidas pelo indivíduo (como estar de pé ou sentado – o que gera gasto energético pela simples manutenção da postura – ou atividades rotineiras de casa ou do trabalho).
A “maldade” com o obeso é que nesta parte dos 2/3 restantes (exercício “não-percebido”, digamos) o componente genético é que é quase o único responsável pela diferença.
Não adiantaria muito o sujeito obeso tentar ser mais “agitado” nas atividades rotineiras. Só serviria para criar mais ansiedade (em pessoas que já têm tendência a se defrontar com situações criadoras de ansiedade). Além do mais, é o gasto metabólico (“programado” pelo organismo desde o nascimento) com estas pequenas atividades que faz a diferença, não as atividades em si.
Qual é a “saída”?
Claro: mais exercício formal (andar, bicicleta, natação, etc.). Embora se saiba que em muitos obesos haja certa aversão natural - ou menor aptidão - aos exercícios. São poucos os que conseguem ter ânimo suficiente para – entendendo e aceitando esta chamada “conspiração metabólica genética” – aumentar a carga dos exercícios (sem “descontar na comida” e dentro dos limites da saúde) para compensar estas diferenças.
Complicado, não?

14 de outubro de 2008

Uníssono


Não vamos pôr mais lenha na fogueira da já laboriosa maternidade. Melhor ficar ao lado da mãe nos seus temores e apreensões.
Mas uma pesquisa mostrou a relação freqüente entre a alteração do humor (neste caso, a depressão) materna e a quantidade/qualidade do sono dos seus lactentes: mães depressivas (antes da gravidez ou mesmo naquelas em que a depressão é “gestacional”) costumam ver seus bebês com dificuldades para dormir – e com menos horas de sono.
Filhos dormindo pouco, menos sono por parte das mães. Mães dormindo pouco, maior tendência às suas alterações de humor.
Eleitas

Caminhando cabisbaixo (hábito dos circunspectos) pelas ruas do centro de Curitiba, noto pequenos “santinhos” espalhados pela calçada. Saltam aos olhos não a cara do político (nem seu coração, visto que raramente o têm). Mas um par de vistosas nádegas em calcinhas rendadas. Abaixo um telefone da fulana – que provavelmente usou dublê: também elas não devem cumprir o que prometem.
Como chamar esta nova instituição? “Putinhos”? “Santinhas-do-pau-ôco”? (Sem ofensa...)

10 de outubro de 2008

No Nosso


-E aí, doutor, é menino ou menina?
-Nem um nem outro. Dessa vez foi só uma vesícula.

O que poderia parecer piada é a nova modalidade cirúrgica que está provocando salivação nas grandes indústrias de materiais endoscópicos (a poderosa japonesa Olympus é uma delas) e nos cirurgiões ávidos por novidades – nem sempre em benefício do paciente.
Ainda em fase experimental, a cirurgia chamada de transluminal por orifícios naturais (NOTES, sigla em inglês) quer reparar (ou retirar) quase todos nossos problemas através dos nossos, digamos, “buracos” (boca, ânus e – acredite – vagina!).
Já há relatos de biópsia de fígado, retirada do baço, de apêndice, de ovário e de vesícula em animais (cães). Claro que um ou outro morreu logo em seguida. Detalhe. Até agora nenhuma família canina processou os médicos envolvidos.
Mas (pasmem!): seres humanos têm se submetido. Awilda Sanches, fisioterapeuta americana teve sua vesícula biliar retirada via vaginal (difícil imaginar por que caminhos, não é?) com a nobre finalidade de “usar um biquíni sem ter que se preocupar com a cicatriz”(!).
Gente, é claro que a nova modalidade deverá ser útil (por exemplo, em pacientes muito obesos, nos quais os cortes e cicatrizes são um grande atrapalho para cirurgias convencionais).
Mas cirurgias convencionais são feitas pelo menos desde os tempos napoleônicos e, embora devamos nos modernizar, procedimentos cirúrgicos envolvem riscos. Neste caso, riscos novos e desconhecidos (e pior, não estudados).
Portanto, você que me lê neste momento, seria muito sensato em não se submeter a nada parecido neste seu resto de vida.

7 de outubro de 2008

Na Alergia e Na Tristeza


Um detalhe descoberto recentemente sobre alergias:
Digamos que você tenha, por exemplo, alergia a amendoins (comum).
Num determinado dia, você come o amendoim e... nada.
Noutro dia, você come o mesmo amendoim (não, na verdade o mesmo não, pois aquele você já tinha comido) e depois, digamos, sai para fazer um jogging ("jogging" é horroroso, termo derivado do inglês, prefiro "cooper").
Neste dia, você (é só um exemplo, espero que não seja você) tem uma reação anafilática (reação anafilática é basicamente um reação alérgica grave, com risco de morte).
Isto porque alguns fatores orgânicos facilitadores de processos alérgicos (como a atividade física mais intensa, que redistribui toda a circulação sangüínea) se somam para causarem seus efeitos.
Além da atividade física, outros possíveis fatores são:
● combinação com outros alergenos (alimentares, medicamentosos, etc.)
● infecções
● stress
● ingestão alcoólica
● menstruação
etc.

3 de outubro de 2008

Mar de Bolhas


Vou acabar com um ganha-pão (ou pelo menos, um ganha-biscoito, ou um ganha-cafezinho) pediátrico:
-Afinal, estas “bolhinhas” que eu estou vendo na pele do meu filho são ou não lesões de catapora?
A varicela (ca-ta-po-ra para os índios) tem como característica marcante a presença de lesões centrífugas, ou seja, iniciam-se no centro do corpo (tórax e abdome) e pouco mais tarde aparecem nas extremidades (braços, pernas, face).
Além disso, já no início das lesões (que aparecem rapidamente*) há vários estágios evolutivos: em algumas áreas são “feridas”, em outras pequenas bolhas (vesículas) translúcidas.
Outra dica: quando há lesões em couro cabeludo – em áreas de muito cabelo (coçando muito) - associadas a outras partes do corpo, quase sempre é sim, varicela.
O problema mais confundido com a varicela são as picadas de inseto, que normalmente aparecem em áreas expostas do corpo da criança (punhos, mãos, “canelas”, face e região da cintura – áreas que a criança descobre quando se mexe durante o sono).
* Quando os pais ligam perguntando se as poucas bolhinhas são de varicela, além das características acima, costumo dizer: “Espere cerca de 12 horas. Se o número de lesões aumentar muito, quase com certeza é varicela”.