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28 de novembro de 2008

Caia Em Mais Esta


O que é que os fabricantes de aparelhos de ginástica estavam esperando?
Pais já se sentiam culpados há muito tempo. Vendo seus filhos se transformarem em peças do mobiliário, em frente à TV ou ao computador. Comprando tudo quanto é bobagem para eles comerem, à disposição, fácil, na despensa. Com muito pouco tempo para o parque, a praça, o passeio, com ou sem cachorro.
Então estava tudo montado para a nova atração a ser colocada na sala de ginástica:
Os aparelhos de fitness para criancinhas!
Chega de ar livre. Chega de sol. Ao inferno com imprevistos como caca de cachorro ou semáforos demorados.
Agora você não precisa mais disso.
Ajuste seu pequeno na geringonça, aperte bem os cintos e...
vá trabalhar tranqüilo, certo de que você é um(a) excelente pai (mãe).

25 de novembro de 2008

Viação Uru Bus


Olha a idéia de certos burocratas em cargos de direção escolar:
Alguns pais de uma determinada escola da região começaram a aparecer com pedidos de tipagem sangüínea.
Para quê?
Porque (segundo os pais foram informados pela direção) seus filhos irão fazer uma excursão escolar e, no caso de algum acidente com o ônibus que os levará, já estarão todas as futuras vítimas ali, devidamente fichadas, tipadas, esperando pela provável transfusão sangüínea, que deverá salvar suas vidas.
Não sei quanto a você, mas eu já por precaução não deixaria meus filhos irem.
Se nem em viagens internacionais para destinos tão perigosos quanto, sei lá, o Iraque por exemplo, se pede coisa assim...
É muita urubulinização!
Ou falta do que fazer.
Só para esclarecer:
Tipagem sangüínea não serve para nada “de véspera”.
Em caso de uma fatalidade como a que a escola já foi preparando os pais (“ribanceira abaixo, mas devidamente tipado” poderia ser o mote da viagem) as vítimas devem ser tipadas na hora (se há laboratório para transfusão de sangue há também para a tipagem e a prova cruzada: a verificação de compatibilidade entre sangue de doador e de receptor), mas...
Quanto pessimismo para uma excursão, hein?
Já pensou se a moda pega?
(Uma outra idéia seria a de cada aluno já levar sua bolsa de sangue de casa, na lancheira).

Qual a semelhança (e a diferença) entre o pediatra e o psiquiatra?
Os dois, de vez em quando, apanham de seus pacientes.
Só que no caso do pediatra, a surra costuma ser menor.

20 de novembro de 2008

Foie Gras "Voluntário"


Ouvimos, muitas vezes, sobre “doenças novas”.
Claro que na maioria das vezes as doenças não são propriamente novas. Já existiam. Apenas o conhecimento apareceu com o desenvolvimento científico.
Não é o que ocorre com uma condição (não necessariamente uma doença) chamada esteatose hepática.
A esteatose hepática – ou fígado gorduroso - é o resultado “visível” da ingestão excessiva de alimentos, típica da vida moderna.
Curiosamente, é o equivalente humano do famoso patê foie gras, obtido pela cruel engorda forçada do ganso, como explica o endocrinologista Henrique Suplicy na página da ABESO.
O fígado é um órgão essencial para o metabolismo humano. É mais importante do que se costuma imaginar para várias das funções orgânicas. Então, como se pode deduzir, muitos desses fígados transformados em verdadeiros patês vão deixando de funcionar, com conseqüências que vão da piora da diabete tipo 2 – associada aos indivíduos obesos - ao grave câncer do fígado.
E, ainda que possa parecer uma entidade rara, apenas mais uma curiosidade, o número de pessoas afetadas poderia chegar a alarmantes 30% da população adulta. Os fatores complicadores são o diagnóstico difícil (não há um exame único específico para a esteatose e os sintomas iniciais são muito vagos) e o tratamento controverso e igualmente difícil (visto que é uma condição justamente “nova”).
Obs.: já há na literatura médica relatos freqüentes da esteatose mesmo em crianças.

18 de novembro de 2008

Na Moral


O problema da violência escolar é daqueles que parecem não ter solução à vista até que a sociedade repense todo um sistema.
Da experiência de longos anos em bancos de escola, acho particularmente que para que eu prestasse atenção em qualquer tipo de aula precisava:
● estar saudável (fisica e psiquicamente) e bem alimentado (o que já tem sido muito, muito complicado em muitas áreas do nosso país)
● ser tratado com respeito
● saber o que é uma mínima disciplina* (e isso já deve vir de casa)
● achar o assunto abordado minimamente interessante ou, pelo menos, com alguma importância para a minha vida pessoal ou profissional
Um grande busílis (gosto de palavra, ué!) é que não deveria ser só eu a preciso preencher estes requisitos. Meus colegas também. Alunos conscienciosos, educados e interessados têm tido necessidade crescente de conviver com outros provenientes de lares menos, digamos, ajustados. É quando problema do outro passa a ser também meu.

* Para quê serve uma escola nos dias de hoje? Para:
a) aprendizado. Para isto há veículos mais modernos e tão ou mais eficientes (televisão educativa, internet, livros, etc.)
b) convívio social. Tampouco, também. Muito melhor um banco da praça, um banquinho dum bar, ou o sofá da sala.
c) disciplina e respeito às regras sociais. Alternativa correta. Não a disciplina exagerada, militar. Mas uma disciplina saudável, de aprendizado de convívio pacífico em sociedade. Por isso vejo com reservas o movimento do homeschooling.

13 de novembro de 2008

A Doença Afetou o Meu Cérebro


Muitas vezes, quando caímos de cama, o que na realidade pode estar acontecendo é uma clara mensagem do nosso organismo:
“Ei, cara! Diminua aí esse seu ritmo! Relaxe!”
Muitas das doenças com a chamada base psicossomática, ou seja, doenças em que o componente emocional está de alguma forma envolvido (você conhece muitas em que o emocional fique de fora?) nos pegam pelo contrapé, quando estamos na famosa “roda viva”.
E uma das coisas que estas enfermidades nos forçam a fazer é diminuir o ritmo: doentes, temos que nos alimentar devagar, repousar mais, curtir o colinho dos que nos são importantes.
Convalescentes, temos duas opções: entender o recado* e manter o ritmo desacelerado ou esperar pela próxima pane na máquina (que, em alguns casos, pode ser até a definitiva – cruzes!)
* E por que costumamos, passado algum tempo, cair nos velhos maus hábitos?
Porque fomos construídos pra esquecer as más experiências. Temos inata – embora nem sempre admitamos - a capacidade de pensar positivamente, de achar: “Foi só daquela vez, mas agora tá tudo bem!”.

11 de novembro de 2008

Olhos Abertos vs. Rabos Presos


Qual é o método padrão de atualização médica?
Duas são as formas principais: 1) congressos e correlatos (simpósios, jornadas, etc.) e 2) revistas ou jornais médicos.
Se você já viu algum congresso médico em algum lugar, certamente reparou que ali tudo é patrocinado: do cafezinho à caneta, da pasta aos professores convidados (muitos deles constantemente viajando dum congresso a outro).
Quanto aos jornais e revistas (incluindo-se aí os da Internet), mesmo nas publicações mais respeitadas por médicos do mundo todo, mais de 80% dos artigos são diretamente subvencionados pelas grandes indústrias farmacêuticas (ou por indústrias de materiais médicos).
É uma realidade que parece não ter mais volta. É aquela história de colocar o vampiro pra tomar conta do banco de sangue.
E em meio a esse imbrólio de médicos e pesquisadores profundamente comprometidos com propostas terapêuticas que puxam a brasa para a sardinha de seus respectivos patrocinadores (empregadores) e pacientes vítimas de tratamentos, exames, medicamentos, cirurgias “da moda” estão os clínicos que ou cedem à pressão da mídia médica (fortemente apoiada pela mídia leiga, também ela frequentemente comprometida) ou tentam se manter de consciência limpa enquanto mantêm os olhos bem abertos para os chamados “conflitos de interesses” de toda turma citada acima.
Por essas e outras (e como há outras!) é que, por exemplo, o preenchimento de vagas para médicos de família recém-formados nos Estados Unidos caiu para menos da metade nos últimos 8 anos.

7 de novembro de 2008

Pés Lisinhos? Pulmão de Fumante

Nós, médicos (os chatos), e pediatras principalmente (mais chatos ainda) costumamos ficar indignados ao ver jovens fumando.
Informação sobre os malefícios é o que não falta (ou não faltaria) para que não fumassem.
Mas... tão lá eles! Louquinhos para encurtar suas vidas, cheios de informação.
Cabe a pergunta: por que não param (ou por que começam, em primeiro lugar)?
Pelo menos parte da resposta é sugerida pelo editorial recente do jornal médico British Medical Journal:
De acordo com os autores, os jovens não costumam se enxergar como fumantes vitalícios, para a vida toda. Por isso, parar de fumar não é uma prioridade para eles. Resulta daí que programas objetivando o abandono do vício são vistos como algo para os mais velhos, os “verdadeiros viciados”.
Embora não apresentem soluções que sabidamente funcionem, recomendam o respeito e a ausência de pressão como medidas mais sensatas para lidar com a moçada.
Minha impressão pessoal é a de que muitos jovens com tendências à liderança nos grupos são por natureza transgressores (“mandam no próprio nariz”, não dão tanta importância à autoridades). E nisso tentam ser copiados pelos outros, criando um ciclo de transgressões e desafios aos conselhos e advertências.

(pra mim, funcionou: ver de pertinho – e palpar – na faculdade, a diferença entre os pulmões de fumantes e não-fumantes. Visualmente já impressiona. Na consistência, então... Os dos não-fumantes dão a impressão duma esponja, com pouco de água nela, ricamente aerados. Os dos fumantes, pelo depósito de alcatrão – muito bom pras rodovias – têm consistência pétrea. Isso mesmo: pedras-pome tentando absorver oxigênio!)

3 de novembro de 2008

Vaca Preta


Ainda na questão “preocupação materna com leite de transição – ou de complemento - após o desmame (após o sexto mês)”:
As notícias recentes sobre adulteração do leite têm preocupado as mães.
Embora o que acontece nas indústrias seja para nós, mortais, uma verdadeira “caixa preta”, aparentemente não corremos grandes riscos.
Duas substâncias têm sido comentadas
1ª) Água Oxigenada (H2O2): não que queiramos que as indústrias deliberadamente mexam na composição do nosso bom e velho leitinho, principalmente com a nada nobre intenção do lucro inescrupuloso. Mas, interessante, água oxigenada (não contem a ninguém), em pequena quantidade deve até fazer mais bem do que mal!
Nossas células de defesa produzem água oxigenada como arma química para destruir agentes invasores (vírus, bactérias e fungos). Aquelas borbulhas que você vê se formando quando se aplica água oxigenada em feridas contaminadas vêm da destruição das bactérias (com eliminação do O2).
Além disso, bactérias “do bem” (bacilos) presentes no intestino e na vagina produzem água oxigenada com o propósito de destruírem bactérias “do mal”, causadoras de doenças.
Oba! Então vamos tomar água oxigenada 10 volumes!
Calma! Tudo depende de proporção (ou quantidade), tá?
A quantidade adicionada nas adulterações (garante a Anvisa) não tem como fazer mal, justamente porque se a proporção fosse muito grande, daria para notar no gosto do leite.
2ª) Soda Cáustica (NaOH): De novo, não se empolguem, soda cáustica é extremamente corrosiva para mucosas (revestimento do aparelho digestivo), por isso deixem ela lá, guardadinha no fundo do armário trancada a sete chaves.
Na proporção em que se usa para adulteração (claro, crime!), entretanto, não causa nenhum problema (o que pode, sim, é criar um bom sabão – veja a experiência).
Portanto, mamães:
-Salute!