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31 de março de 2009

Dor nos 1/4


Quando alguma coisa acontece com quase todo mundo, passa a ser considerada “normal”.
É o que sucede com as dores nas costas em adolescentes. Estudo espanhol recente mostrou que 40% dos pacientes desta faixa etária queixam-se de dores pelo menos uma vez ao mês. E em 90% dos casos estas dores têm quase nenhuma repercussão.
Ou seja, “normal”.
Pouca necessidade de investigação adicional, como raios xizes ou tomos, pouca de necessidade de tratamento, na grande maioria dos casos.

Tinha aquele ortopedista que encaminhava toda dor nas costas. Por que? – perguntaram.
-Casos assim não pertencem à minha ossada.

27 de março de 2009

Atitude Avestruz


Visão crítica de si e do mundo se aprende de forma intuitiva, com as pauladas que a maturidade inflige.
Mas também se pode ensinar.
A exposição das crianças e adolescentes a materiais eróticos (e mesmo pornográficos) a pegam “na raiz”. Transformam valores de maneira fácil e lucrativa para uma crescente e maldosa indústria, como bem mostrou reportagem recente no canal canadense TV 5.
Pais precisam reconhecer – ressaltam os educadores entrevistados – que, assim como a exposição a alimentos de má qualidade, as crianças de hoje inevitavelmente se expõem a este tipo de material.
Então não há como evitar totalmente, como escondê-los.
O que deve ser feito é tentar ensiná-los a ter a visão crítica desde bastante cedo, a entender o que está por trás da erotização, da pornografização da sociedade, que sugere poder às pessoas, mas as escraviza.
Nada é pior do que ficar de braços cruzados, de boca fechada.

A este respeito, é curioso (e engraçado) o comentário do Luis Fernando Veríssimo. Escreveu ele que na sua época de adolescente a visão de uma canela feminina exposta (que era quase só o que havia de elemento erótico) o levava à loucura.

24 de março de 2009

Hugo!


Para a grande maioria das crianças que – anteriormente saudáveis – se apresentam com vômitos (em gastroenterites leves, intoxicações alimentares sem maior gravidade, etc.) estes terão relativamente curta duração (cerca de 24 horas, quando muito).
O que fazer, então?
Primeiro, não se impressionar muito com a palidez que se associa à fase aguda (algumas vezes até cianose – pele e mucosas arroxeadas). Vômitos costumam fazer isso.
Segundo, mais do que medicar (pelo menos num primeiro momento), dar ao pequeno paciente água ou líquidos de fácil digestão (sucos não muito adoçados, chás – se estes forem agradáveis para a criança, etc.) geladinhos* (de preferência colocados em congelador) e em pequenos volumes (a quantidade de um copo de cafezinho, por exemplo).
O líquido gelado em pequenas quantidades favorece o trânsito em direção ao intestino. Líquidos mornos (a famosa sopinha ou canjinha, por exemplo) fazem o caminho contrário muito mais facilmente (ou seja, mais vômitos!).
(* Ah, mas gelado faz mal pra garganta!
Você ainda está nessa?)

20 de março de 2009

De Nada


Você já conhece a tremenda capacidade que nosso cérebro tem de completar espaços, distorcer significados, pular conteúdos (para seu próprio benefício, pensa ele, o cérebro).
Por isso, uma das frases mais ouvidas pelos médicos no final das consultas é:
-Então não é nada, né, doutor?
Péra! Quem falou isso?
Alguns (ou em algumas situações) até falam. Mas no mais das vezes essa história do “não é nada” foi criada pelo cérebro do paciente na tentativa de se tranqüilizar duma vez.
Ocorre que – infelizmente – as coisas não são tão simples assim.
Há que se considerar diferentes evoluções dos mesmos problemas, múltiplas diferenças individuais ao sermos acometidos pelos (aparentes) mesmos problemas e por aí vai.
É fácil para o paciente querer uma frase assim. Não é fácil (ou seria leviano) para o médico dá-la.

17 de março de 2009

Sensaboroso


Olha, essa vale a pena tentar (depois me contem aqui se tem funcionado, OK ?):
Estudo americano descobriu que quando se oferece comidas “meio sem graça” (aquilo tudo que os pais querem que seus filhos comam, sabe? – tomates, cenouras, brócolis, etc.) à criançada na fase pré-escolar* com nomes mirabolantes, terão maior sucesso na empreitada.
Tipo:
“Olha aqui, hoje a mamãe trouxe cenouras de visão de raio X”!
“Me passa um pouco das árvores de dinossauros (brócolis)”.
“O que temos hoje: ervilhas super-power?”
É a tentativa do mesmo marketing que nos engambela nos restaurantes chiques. “Congrio À Belle Menière”, “Camarões ao Triplo Funghi”, “Fettuccine All’arrabiata”, “Spaghetti Aglio Olio” são nomes que nos fazem salivar a medida que vamos (lambendo) lendo o cardápio. E aí às vezes quando o prato vem é aquela decepção (mas pagaremos a conta mesmo assim)!
É também o mesmo princípio que eu utilizo pra tentar te fazer ler estes textos chatos (ponho uns titulozinhos diferentes, percebeu?).
O que precisa é apenas um mínimo de criatividade. Não vá dar aquela de “pepino do Homem-Aranha”, “abóbora do Homem-Aranha”, “abacate do...” que não vai dar certo!
* Também não vá tentar isso com seu filhinho de 26 anos, valeu?

13 de março de 2009

Peitudo


“Somos uma nação de tristes criaturas obesas, hipercolesterolêmicas, hipertensas, diabéticas, osteopênicas e deprimidas à beira de um precipício a espreitar urubus: cânceres, ataques cardíacos, derrames, demência, fraturas e tudo o mais de pior. Tememos pelo nosso futuro. Ensinamos nossas crianças a também viver com medo”.
“Precisamos de toda nossa coragem ao confrontar as dificuldades de mobilização, dores no peito, azia, dores de cabeça, dores na barriga, constipação ou diarréia, impotência, falta de sono e mesmo pernas irrequietas. Nenhuma criança nova pode ser simplesmente irritável, nenhuma criança maior pode ser simplesmente ativa, desafiadora ou abaixo da média em suas performances. Nos é dito que estas coisas são sintomas, ou pelo menos indícios de doença. Somos uma sociedade vigilante”.
“Somos também pessoas modernas abençoadas pelos remédios. Para nós, a mortalidade é uma abstração, uma besta amorfa que podemos domar pela aplicação dos mais recentes insights científicos. Todas as temerárias e imprevistas ameaças ao nosso bem-estar devem ceder à correta escolha do tratamento a ser ministrado”.
...
“Estar bem não é a ausência de doenças. Estar bem é sentir-se invencível: nada, ou nada mais deverá acontecer a mim que eu não possa dominar. Rara é a pessoa cuja sensação de invencibilidade não possa ser perturbada – quando não pulverizada – pela voz da autoridade.
Quando esta autoridade calha de ser um médico e há pouco ou nenhum motivo para alarme, trata-se do que se chama medicalização. (...) Quando você deveria ser tranqüilizado mas, ao invés disso, você é ensinado a temer, isto é algo que se chama disease mongering”.

Estes são trechos do excelente livro “Worried Sick” (“Doentes de Preocupação”) do médico americano professor da Universidade da Carolina do Norte, Nortin Hadler, ainda sem tradução no Brasil (obs.: é um livro de leitura um pouco “pesada”, pois excessivamente técnico para leigos, ainda que não incompreensível).
Dentre outras “verdades estabelecidas”, Dr. Hadler destroça o abuso de medicações perigosas para situações triviais (quando deveríamos ser ensinados – coisa difícil - a suportá-las), a proliferação de exames com resultados discutíveis como a mamografia de rotina, o toque retal para câncer de próstata, a densitometria óssea (e os tratamentos que ela origina), o tratamento cirúrgico (as famosas “pontes de safena”) para muitos dos males coronarianos, etc.
Dr. Hadler, é claro, não tem saído ileso desta queda de braço com grupos médicos, indústria farmacêutica e de materiais cirúrgicos. Foi e tem sido perseguido por estes grupos. Entretanto, não se cala.
Se não por nada, seu livro nos serve para adquirirmos um posicionamento mais crítico em relação às decisões médicas que nos são apresentadas como “únicas soluções” para nossos problemas.
(Ah! Claro que ele bate também em outras modalidades terapêuticas: osteopatas, homeopatas, e demais “patas”...)

10 de março de 2009

Ameixas no Pé


Para que se entenda como a hérnia inguinal da criança se forma vou tentar recorrer a uma boba metáfora:
Acho que todo mundo aqui já comprou frutas no supermercado, não é mesmo?
(Siiiim!)
Então:
Imagina que você está comprando duas ameixas, bem vermelhinhas. São os dois testículos!
Imagina também que você pegou por engano dois (em vez de apenas um) daqueles saquinhos plásticos que vêm em rolos na seção de frutas. Posicionou os dois sacos ainda fechados (desenrolados) um ao lado do outro e colocou as ameixas em apenas um deles.
(um detalhe: para a metáfora valer, você está levando os dois sacos, um com as ameixas penduradas e o outro “colado” ao primeiro, segurando pelas aberturas).
Feito isto, pagou pelas ameixas no caixa e ensacou novamente estes dois sacos (um vazio, “de comprido”, e um com as ameixas-testículos) dentro da sacola do supermercado.
A sacola do supermercado é a bolsa escrotal.
O saco vazio (“de comprido”, paralelo ao saco com as ameixas-testículos) é o processo vaginal, que vai se fechando após o nascimento na maioria das crianças, mas que quando fica aberto por “defeito de fábrica” seria o equivalente à hérnia inguinal.
A hérnia inguinal só se torna visível ou palpável – e por conseguinte só precisa ser operada – quando há outras “frutas” (neste caso, alças intestinais ou às vezes o ovário no sexo feminino) dentro dela.

(obs.: a hidrocele é quando apenas líquido da cavidade abdominal se acumula dentro do processo vaginal. Na prática às vezes é difícil diferenciar uma coisa da outra e o tratamento quase sempre é o mesmo – cirúrgico).

6 de março de 2009

Margem de Segurança


Continuando o assunto da postagem anterior:

Qual é o número mínimo de calorias que se deve consumir para perder peso (ou para sua manutenção)?

Dietas malucas à parte, a experiência com a contagem de carboidratos nos ensina que o mais prático é esquecermos as calorias (pelo menos no começo) e nos focarmos no conteúdo dos carboidratos de cada refeição.
São praticamente dois números para termos em conta:
1) Nosso peso (em Kg) de carboidratos nas três principais refeições do dia (café da manhã, almoço e janta).
Por exemplo:
Tenho 80 Kg. No almoço (somados sólidos e líquidos) devo ingerir perto de 80 gramas de carboidratos. A mesma coisa para café da manhã e janta.
2) Nas outras pequenas refeições (lanches, lembrando que o intervalo ideal entre refeições deve ser de cerca de 3 horas, nunca se devendo fazer grandes intervalos): 30 gramas.
Pronto!
No início dá um pouco de trabalho descobrir a quantidade de carboidratos presentes nos alimentos (principalmente naqueles que não dispõem de informações nutricionais – aliás, os mais importantes – mas há tabelas para isso e, com o passar do tempo, o conhecimento torna-se instintivo).
As importantes exceções são:
Para as atividades físicas, a quantidade de carboidratos do lanche anterior à atividade deve ser duplicado (atividades leves a moderadas) ou triplicado (atividades intensas). Por exemplo: futebol durante 1 a 2 horas (intensa): ± 90 gramas (3 x 30 gramas).
*Nos diabéticos há necessidade de orientação bem mais detalhada (!).
Os carboidratos, ao serem digeridos, se transformam em glicose. A manutenção de um nível sangüíneo seguro de glicose para o funcionamento do cérebro (e músculos) é o que - em última análise - determina a quantidade mínima segura de carboidratos ingeridos (e não exatamente as calorias).
É claro que – como já falamos - nesta regra não se leva em consideração o prazer do ato de se alimentar, importantíssimo. Justamente por isso não se deve levar a regra ao pé da letra sempre, mas na medida do possível.
- É, mas e as gorduras?
Há necessidade de se cuidar delas, também. Mas como uma segunda etapa. Até porque ninguém consegue comer toucinho toda hora, por exemplo.
Mas nunca tente ficar com menos do que esta quantidade mínima de carboidratos!

3 de março de 2009

Norte


Em termos de norteamento dietético para a perda ou manutenção de peso, existe um método digno de ser explanado: é a “contagem de carboidratos”.
Criado para tratamento dietético da diabete (e recomendado por muitos especialistas principalmente para este fim) é um método extremamente didático. Mas também “furado”.
Didático porque nos mostra o quanto tendemos a judiar do nosso aparelho digestivo em termos de calorias ingeridas (e principalmente em termos de carboidratos totais ingeridos) quando não prestamos atenção a nada disso (ou seja, em situações ditas normais).
Furado porque não leva em consideração todas as variáveis presentes no ato alimentar (prazer à mesa, estado emocional, metabolismo individual, temperatura, idade, viabilidade a dieta, etc.), além do que carboidratos não são todos iguais (e não vêm isolados na maioria dos alimentos). Outro furo é a necessidade de dedicação e disciplina e um mínimo de inteligência para entendê-lo.
Além disso, um dos perigos do método (como, aliás, da maioria das estratégias de emagrecimento) é o excessivo foco no que se ingere (interferindo sobremaneira com o prazer, além de poder induzir a transtornos alimentares).
Ainda assim, novamente pela parte didática da coisa, acho que – como o aprendizado da raiz quadrada, que quase ninguém vai usar depois, mas é bom ter uma idéia – deveria ser ensinado a magros e gordos, saudáveis e doentes, para prevenir de maneira quase instintiva certos exageros.
Explicarei o método (de uma forma mais sucinta e menos “assustadora” do que a apresentada no site da SBD) na próxima postagem. Até lá.

Expiração

- Cê vê - disse o outro - o Oscar Niemeyer, com cem anos de idade, dando entrevista fumando...
- Pois é. Chegou aos cem, fumando. Imagina se não tivesse fumado...
- Sei lá. Vai ver não teria projetado Brasilía...