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28 de abril de 2009

Valem Quanto Pesam?

Progesterona é o hormônio feminino essencialmente relacionado com a gravidez (progesterona, “pro-gestação”), ou seja, é o hormônio que mensalmente “prepara” a mulher para engravidar (não engravidou, caem os níveis de progesterona, vem a menstruação para iniciar novo ciclo).
Células gordurosas (no tecido adiposo, os depósitos de gordura do corpo) concentram e estocam o hormônio progesterona na mulher (e inclusive no homem – que por sorte não têm útero!).
Por este motivo, mulheres obesas não têm a queda esperada da concentração da progesterona quando o filho nasce (quando a gravidez acaba, com a retirada da placenta - a placenta é a outra “fonte” produtora de progesterona, além do ovário), pois mantêm a concentração alta ainda, dada pelas células gordurosas.
Tudo isso pra dizer que mães obesas ou com sobrepeso (justamente aquelas que costumam ter “peitões”, mas com mais gordura do que tecido glandular) têm mais dificuldades iniciais para amamentar seus filhos (além de outros fatores como a alta concentração de outro hormônio, a leptina, que inibe a liberação do leite pelas glândulas mamárias).
E aí, um possível ciclo vicioso para a obesidade familiar (além da genética):
Mãe obesa › menos tempo de amamentação dos seus filhos › filhos que vão para “leite de lata” (leite de vaca) mais cedo › filhos mais facilmente obesos (e com maiores fatores de risco para a saúde futura, pela menor proteção dada pelo leite materno).
E, pior: menor perda de peso materno (a amamentação “rouba” cerca de 500 calorias/dia da nutriz*), dificultando o retorno do peso aos níveis prévios à gravidez.

* Só lembrando: nutriz é a mulher que amamenta, não uma atriz que faz filmes nua.

24 de abril de 2009

Zustificassiva


Tem muita coisa no mundo de hoje.
Tem muita ciência.
Mas também tem muita “Deus, dai-me pa-ciência”.
Como nesse estudo recém-saído de fábrica.
Essa preocupação obsessiva com a densidade óssea das pessoas. É densidade óssea isso, densidade óssea aquilo.
Então inventaram um estudo comparando a tal da densidade óssea de consumidores habituais de pequenas quantidades de bebida alcoólica com abstêmios.
E aí, adivinhem, quem bebe um pouquinho todo dia tem maior densidade óssea.
Oh!
Grande descoberta!
Não precisa muita inteligência pra se perceber que quem bebe diariamente tem maior tendência a um peso maior. Conseqüentemente, maior massa corpórea. Conseqüentemente, maior densidade óssea (mais carga para carregar = maior densidade do esqueleto).
Nada a ver com efeitos benéficos de etanóis ou resveratróis ou o que quer que se impute como causa do “benefício”.
Quer dar um tapa na cascavel, ótimo. Mas não me venham com pseudociência querendo justificar benefícios pra saúde.
Ora essa!
(claro que estudos assim – como este – têm custeio da indústria de bebidas. Mas quem liga pra isso?)

21 de abril de 2009

Tecla "Ops!"


Em dias fracos nos Pronto-Atendimentos médicos é freqüente vermos médicos plantados - pois de plantão – em frente aos televisores.
Só torça pra que não estejam assistindo ao “Plantão Médico”.
Professores do Hospital Universitário de Alberta, nos Estados Unidos, ao questionarem sobre o aprendizado incorreto da entubação traqueal (a colocação de tubo dentro da traquéia que permite o suporte respiratório de pacientes graves) por parte de seus alunos e médicos residentes, obtiveram a assustadora resposta:
- Aprendemos na televisão!
Isso mesmo: na série “E.R.”, onde segundo se apurou posteriormente, dos 22 procedimentos exibidos desde a sua estréia, em todos eles os pacientes-atores tinham suas cabeças posicionadas incorretamente.
Isso me fez lembrar (dentre outros erros crassos) das “bombinhas” de inalação usadas pelos atores em filmes e séries televisivas. Não sei se por “medo” do remédio, alguns apertam o frasco do spray a quase meio metro de distância. E nem se dignam a inspirar depois!

17 de abril de 2009

A Indústria da Hipocondria (Carta Aberta aos Neuróticos)


Imagine que você, uma pessoa saudável, durante um exame de rotina, descobre que tem apenas mais dois anos de vida:
Você:
a) viverá os próximos dois anos plácida e sabiamente, contemplando jardins e entardeceres, revendo relações, aproveitando cada minuto do resto da sua vida
ou
b) perderá o restante das noites de sono, angustiado, preocupando-se com seu calvário daqui pra frente.
O que te parece? Você está mais para a resposta (a) ou (b)? E a humanidade como um todo (pelo menos os que têm um razoável acesso aos sistemas de saúde)?
Eu sou inclinado a imaginar que a grande maioria (honestamente, ou na prática) responderia a letra (b) – ou, na melhor hipótese, uma combinação das duas respostas.
Pois então. A resposta a esta pergunta deveria nortear a ação de médicos e – principalmente – pacientes nas suas visitas aos consultórios médicos.
A “indústria do check-up” está aí para ficar. Com seus escusos interesses a nos ditar normas de prevenção e tratamentos em saúde.
Obedecemo-la quase cegamente.
Poucos (ainda) têm tido a ousadia/visão/independência para questioná-la.
Muitos dos tratamentos precoces, milagrosos, salvadores que vimos e ouvimos por aí não são tão bem assim.
Para dar poucos exemplos, pipocam na mídia médica notícias de tumores cancerígenos que involuem sem tratamento, de oclusões coronarianas que não influenciariam a vida dos seus portadores, de hipercolesterolêmicos que estariam muito bem sem conferir seus níveis semestralmente.
Alguns destes iriam adoecer, morrer?
Mas claro!
Mas possivelmente numa sociedade mais feliz, menos hipocondríaca, deixando de repassar vultuosos recursos à indústria médica, menos alienada do que realmente importa.

14 de abril de 2009

Calor Humano


Um médico radiologista norte-americano andava muito triste ao ter que analisar radiografias e tomografias diariamente.
Sua reclamação: não fazia idéia de quem eram os donos daqueles ossos, músculos, gorduras e vasos sangüíneos. Queria mais emoção, queria envolvimento com os pacientes.
Criou então um protocolo que incluía a foto dos pacientes anexada ao exame radiológico.
Mais felizes, mais envolvidos, os radiologistas do seu serviço têm inclusive acertado mais seus diagnósticos!
Ué? Imaginava que nossos nomes, idade, dados clínicos e, principalmente, nosso convênio fossem informação suficiente...
Estuda-se agora a adoção da medida pelo país afora.
Já pensou se a moda pega?
Pra exame radiológico ainda vá lá.
Mas e se os bioquímicos também quiserem?
Potinho de exame de fezes com a nossa foto? Vai ser uma emoção só.

10 de abril de 2009

Olho no Que Sai D'Outr"Olho"!


Dor abdominal (dor na barriga) é uma causa extremamente comum de consulta das crianças, principalmente na faixa etária pré-escolar e escolar.
Mas é impressionante a quantidade de pais que, ao serem questionados sobre a presença ou não do intestino preso (a causa mais comum de dor), não sabem precisar se a criança tem ou não o problema.
E por que?
Algumas vezes porque os pais simplesmente “não têm tempo” de verificar hábito intestinal dos seus filhos.
Em outras vezes porque ignoram o fato de que o intestino preso em crianças pode estar “disfarçado”:
Há crianças que evacuam bastante (até 3 vezes por dia), mas com volume de fezes muito pequeno a cada vez.
Há outras que passam um tempão evacuando, o que demonstra a dificuldade.
Na questão do volume, há crianças que evacuam muito pouco, mas com fezes de consistência branda ou até líquida. São, portanto, também classificadas como constipadas (intestino preso).
Então pais: olho no cocô dos seus filhinhos!

7 de abril de 2009

Todos Sabem, Mas Freqüentemente Esquecem


Com freqüência vemos pessoas se queixando de que malham e não vêem resultados.
A mesma freqüência com que vemos as pessoas se preocuparem com uma “pisada na bola” na alimentação (estilo “Estou comendo o terceiro bombom, olha aí minha barriga aumentando!”).
Calma!
Tanto os resultados duma malhação não vão aparecer em prazos curtos quanto uma escorregadela ou outra à mesa não nos farão mais gordinhos.
Vale a pena lembrarmos disso quando somos convidados para um churrasco.
Vale a pena não esquecermos quando voltamos da academia e encontramos a mesma pessoa no espelho.

Falando em persistência:

"Não é porque uma coisa deu errado 5.478 vezes que ela não vai dar certo da próxima vez".

3 de abril de 2009

Quando A Luz dos Olhos Meus...


Se você, como eu, às vezes se pergunta por que ficamos míopes, deveria dar uma lida no fascinante estudo dinamarquês publicado há cinco anos.
A resposta, ainda difícil, é bem mais completa do que nossos oftalmologistas teriam paciência para nos dar (eu já tentei).
Algumas conclusões:
◊ miopia, como não poderia deixar de ser, é “parcialmente” genética. O que causa espécie é o fato de que diferimos (embora pouco) o grau de miopia de um olho para outro (que também dividem, curiosamente, as mesmas influências ambientais). Escassos estudos com gêmeos mostram grande concordância na presença de miopia entre eles.
◊ a ocupação, sem dúvida, é fator importante no aparecimento de miopia. Curiosos estudos com populações asiáticas mostram incidência bem maior de miopia, mesmo em crianças pequenas, nas quais a incidência deveria ser pequena. Por quê? Provavelmente pela carga escolar e por terem que lidar com aquela infinidade de pequenos símbolos gráficos desde cedo. Além disso, certos tipos de trabalhadores têxteis exibem quase 100% de miopia com o passar do tempo (miopização).
O “acréscimo de grau” provocado por fatores ambientais, no entanto, deve ser pequeno (até 2 dioptrias).
◊ dieta (também aqui?) tem sido sugerida como importante fator causal de miopia, ainda que de difícil comprovação (principalmente dietas com excesso de calorias ou carboidratos, pela influência da insulina nos hormônios que regulam o crescimento do humor vítreo*).

* Humor vítreo não é, como se poderia pensar, um estado emocional meio paradão, com “jeitão de vidro”. É a parte do olho que quando aumentada causa a miopia – embora haja erros refrativos de outras causas, como a alteração retinal da prematuridade.