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30 de junho de 2009

Contando Carneirinhos


Também vou brincar de

Pergunte ao Doutor:

“Meu filho pequeno tem tido dificuldades para dormir à noite. Eu e meu marido chegamos em casa do trabalho cansados nesse período e o pestinha não quer saber de dormir!...”

Maria da Conceição – Cafundó

Embora a Maria acima não exista realmente – pelo menos não em Cafundó – a situação é muito comum.
E, em primeiro lugar, me pergunto por que é que pais tão ocupados e trabalhadores que não terão tempo para seus filhos têm filhos, para depois se queixarem dos incômodos do mesmo! (claro que a maioria dos filhos de um casal ainda é fruto de “escape”).
Bom, o pestinha já existe mesmo, e agora, faz o que?
Não tem jeito. Ou se tenta fazer pouca baderna no horário noturno (televisão ausente ou com baixo volume, pouca luminosidade nos ambientes, menos gritos, menos “festa” pro filhinho) ou vai se pagar o preço de acendê-lo no horário.
Os próprios pais é que devem decidir.

*Uma pequena lembrança, no entanto: algumas crianças com muitas dificuldades para conciliar o sono já podem estar dando mostras precoces de transtornos psiquiátricos que irão aparecer de forma completa na adolescência ou idade adulta.

Abraço Dona Maria!

26 de junho de 2009

Gripping

“As escolas em que haja casos de gripe A devem ser fechadas? Deve-se chamar o SAMU em casos suspeitos? As pessoas afetadas devem ser sistematicamente hospitalizadas?” pergunta o jornal francês Le Fígaro desta semana, mostrando a barafunda em que se encontra a política de saúde pública frente à nova epidemia.
Algumas respostas:
Esta “nova gripe” não é mais letal do que outras gripes de todos os anos (média de 4 óbitos por 1000 afetados), apenas tem se mostrado mais contagiosa. Então a grande mortalidade mundial pode se dever à facilidade de transmissão, e não à maior gravidade da doença.
Uma coisa é pensar em epidemia no mundo atual, pesadamente informado. Outra é a prática, com exígua capacidade hospitalar, médicos despreparados, medicamentos insuficientes – e possivelmente ineficazes a partir de certo momento.
Então está assim: continuamos esperando claras políticas públicas no mundo inteiro, continuamos torcendo para que essa epidemia ainda seja um exagero de cobertura jornalística.

(tristeza de antigos fãs à parte, já paira uma dúvida para o funeral de Michael Jackson: “Wear Black or White? Yeah, yeah, yeah...”)

23 de junho de 2009

1,2,3 e... Espere!


Estudos recentes têm mostrado que uma característica comportamental da infância possivelmente vai refletir em quanto a criança ganha de peso.
É a dificuldade do controle dos impulsos.
Crianças tão pequenas quanto as de 3 anos já costumam mostrar diferenças nesta capacidade e serão as mais impulsivas (com maior dificuldade de se controlarem) que terão maior tendência a se tornarem mais gordinhas.
É meio óbvio (e provavelmente por motivos mais orgânicos do que propriamente por motivos puramente comportamentais).
Quando estamos com conhecidos à mesa, quem costuma “atacar” a comida primeiro (sem nem mesmo rezar um “Pai-nosso”*), gordos ou magros?
Mas... é culpa deles serem assim?
A avidez pela comida já se mostra ao seio materno. Normalmente bebês mais fofinhos e que têm ganho de peso acima da média.
Alguém vai querer ensiná-los a se controlarem?
Também aqui, passemos para os próximos capítulos na tentativa de buscarmos a “cura”.

(*Mas, olha, uma das sugestões – é sério! – seria voltarmos a adotar a oração diante dos pratos deliciosamente fumegantes com as crianças. Talvez menos por motivos religiosos, mas mais por motivos didáticos, ensinando-as a “retardar” a gratificação, a comerem com menos pressa).

19 de junho de 2009

Ritalina Spray


Que o esporte – e o futebol, particularmente – nos ensina muitas coisas para a vida, não é novidade: o saber perder, o espírito de equipe, a obstinação para se conseguir resultados, etc.
Agora, na atual Copa das Confederações da África do Sul – sede da próxima Copa do Mundo – um ensinamento vem de fora do campo, mais especificamente da torcida africana.
Lá, quase que a regra é fazer festa o tempo todo. Não como no Brasil ou em outras partes do mundo. Eles pulam, tocam cornetas barulhentas, dançam de costas para o jogo, se abraçam, vibram com tudo (menos com o próprio jogo!).
E aí o ensinamento:
Comparado com torcedores europeus, sul-americanos e mesmo com os já exóticos asiáticos, poderia essa torcida ser rotulada pelo resto do mundo como “hiperativos em massa”.
Tratamento pra eles: Ritalina em spray, jateada diretamente na arquibancada!
Sossega gente! Senta aí e presta atenção, que coisa, isso lá é jeito de se comportar?
Pessoas são diferentes. Raças são diferentes. Torcedores têm – embora possamos não gostar – o direito de fazer a festa que quiserem. Mas que incomodam quem é acostumado a ficar sentado bonitinho assistindo um espetáculo, incomodam.
Nas salas de aula é a mesma coisa.
(A propósito, o Jornal Nacional de ontem noticiou: nos últimos oito anos, a prescrição de Ritalina no Brasil aumentou 1.600%, muito por conta duma noção do que deve ser um comportamento “adequado” em salas de aula – numa re-edição do que já acontece em larga escala nos Estados Unidos. Sugestão: leva esses estudantes todos pra África do Sul!).

16 de junho de 2009

Muleta de Bebê


Todos os dias, pediatras do mundo inteiro brigam com pais e avós por causa do tal do andador.
Andador queima etapa de desenvolvimento. O bebê deve aprender (minimamente, pelo menos) a engatinhar. É engatinhando, nas “quatro patas” que ele aprende os movimentos de membros alternados – complicado para o cerebrozinho imaturo - com equilíbrio suficiente para se sentir seguro, pois já está no chão (“do chão não passa”, lembra dessa?).
Quer dar “muletinhas” para que ele aprenda a andar, economize seu rico dinheiro: coloque os próprios móveis da casa na sua proximidade para que ele se levante e se apóie quando sentir necessidade (se ele ainda não faz isso é porque seu cérebro ainda não maturou o suficiente para fazê-lo, espere!*).
Andadores são campeoníssimos em acidentes. Uma beleza quando acham qualquer obstáculo no chão (mesmo pequenas mudanças de nível). Conto sempre a história dum paciente (com fiel anjo da guarda, felizmente) que “desceu” um andar inteiro do prédio pelas escadas, rolando, enquanto seu pai fechava a porta do apartamento. Esteja com a câmera ligada para as videocassetadas.

* Crianças cujos pais apressam o aprendizado do andar costumam ser extremamente desajeitados, andam com pernas muito abertas, em suma, estão pouco à vontade com a missão a eles precocemente outorgada.

12 de junho de 2009

Alimentus Vulgaris


A pergunta que a gente ouve há pelo menos vinte anos:
-Afinal, a alimentação interfere ou não interfere na presença das “espinhas” (acne)?
Do jeito que a alimentação é importante, eu não me surpreenderia que influenciasse em tudo na gente, da cor dos cabelos à maneira que amarramos nosso cadarço.
Então parece que a resposta é sim.
E de que maneira?
Mais provavelmente pelo estímulo da secreção da insulina pelo pâncreas em resposta a uma alimentação mais rica em carboidratos de “tiro curto”, rapidamente metabolizados (alimentação ocidental padrão, manja?).
Mais insulina, maior estímulo à ação dos hormônios androgênicos (testosterona), que fazem “brotar” espinhas com facilidade.

9 de junho de 2009

O Nanismo É Pecado?


Não provoca o aparecimento de pêlos nas mãos, como já pudemos extensamente constatar (escapamos de termos mãos de lobisomem!).
Mas jovens que passam muito tempo fechados em quartos e banheiros sonhando com a Luana Piovani têm, aparentemente, maior risco de câncer de próstata – pelo menos enquanto jovens.
A explicação seria o excesso do hormônio testosterona que, além do maior impulso sexual, seria um indutor de crescimento celular (tumor maligno é basicamente provocado por crescimento celular exagerado e todo hormônio anabolizante por natureza – aquele que te deixa maior, mais forte, com a pele mais bonita pela renovação celular mais eficiente, e etc. – também estimula células a multiplicarem-se mais do que devem).
Já nos homens acima dos 50 anos, por algum motivo, o efeito seria protetor (embora o exagero nos maduros seja uma freqüência muito menor do que nos jovens).
Conselho dos cientistas responsáveis pela pesquisa: exercite-se, mas com alguma moderação.
(Curiosamente não foi o ato sexual em si o diferencial na incidência dos tumores prostáticos, e sim o “vício solitário”, como os padres do meu antigo colégio interno costumavam se referir).

5 de junho de 2009

Baixa Imunidade = Alta Ignorância?


Todo inverno é a mesma lengalenga (mas pediatra é pago pra ouvir lengalengas sem direito a subir nas tamancas):
O filhote pequeno toma antibiótico a torto e à direita, toma antibiótico até pra espirro, e aí, duma hora pra outra, vem a conversa:
“Tá com baixa imunidade!”.
Já falamos aqui que essa história de baixa imunidade não é (nada) assim. Não é peixe pequeno. É baleia, coisa séria. E rara, felizmente.
Essa tal ““baixa imunidade”” (cheia de aspas, notou, né?) costuma significar um pequeno coitado por demais exposto às banais infecções da infância (olha a creche aí, gente!) somado ao uso desnecessário de antibióticos e pais ansiosos para que o médico lhes diga que aquele menino (realmente) tem algo de anormal, não é possível!
Pronto: criadas as condições para o uso “heróico” de medicamentos sem nenhuma comprovação científica, os tais “imunomoduladores” (também, com um nome pomposo desses dá até vontade de passar agora mesmo na farmácia mais próxima!...)

2 de junho de 2009

Simples Como Um Ponto


Mães ansiosas com a correta alimentação dos seus filhos (quase todas), respondam:
Qual é o melhor exame (laboratorial ou outro qualquer) que indica que seu filho está bem nutrido?
Exame de sangue (hemograma)?
Não. No máximo, o hemograma pode diagnosticar anemias por deficiências específicas como a anemia por deficiência alimentar do ferro ou outras anemias que, ao aparecerem como conseqüência da má-nutrição, várias outras pistas de uma nutrição incorreta já apareceram.
Dosagem de algum nutriente? Albumina? Proteínas outras, como as globulinas?
Não. Também porque ao prestar alguma informação nutricional (serviria apenas para uma desnutrição instalada), o paciente já deu muitas informações ao exame físico de que não anda lá muito bem nutrido.
Sei lá... Algum exame de imagem, então?
Até daria. Por exemplo, uma tomografia. Não fosse, primeiro, exagerado, segundo, muito caro, e, terceiro, não isento de riscos.
Então diga logo, vai!
Quando o pediatra (ou mesmo a agente de saúde) plota (localiza o ponto no gráfico) a altura (muito mais do que o peso, mais sujeito a variações de curto prazo) do seu filho, a grande, a principal informação que ele está obtendo é sobre a adequada nutrição do seu filho.
Significa o seguinte:
Esse danadinho - mesmo aquele que come muito pouco, segundo os padrões esperados pelos pais - está crescendo o suficiente com o que come, levando-se em conta o padrão de crescimento familiar?
Se a resposta é sim, taí! Não há melhor exame (simples, barato, indolor, etc.) para desencucar pais e parentes quanto à adequada nutrição!
No entanto, sempre vai ter alguém que vai querer mesmo é uma “boa” tomografia, uma interessante dosagem de albumina, etc.

Obs.: avaliação de crescimento sempre tem que levar em consideração tamanho ao nascimento e estatura familiar.