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31 de dezembro de 2010

Éks


Mãe:

Escrevo para avisar que neste ano talvez não vá poder passar o réveillon com a senhora.
Motivo?
Adivinha. Essa porcaria de metrô Curitiba-Paris, sempre com passagens se esgotando pra quem deixa pra última hora.
E por que deixamos pra última hora?
Ora, de novo por conta da Nandinha, que fez cocô no seu tradutor. E você sabe, tradutor borrado troca todo o significado das palavras. Agora teremos que passar dois dias inteiros a base de “Gu-gú, da-dá”, mesmo. Imagina isso numa viagem, que inferno?
Mas não se preocupe: mandaremos um X (éks) para você na hora da virada. Se o gosto estiver um pouco ácido, cobre da Recycle Inc., que anda cometendo sérios erros no teletransporte de materiais que contenham quaisquer traços de estanho.
Ah, seus 23 genros (são 23 agora, me separei do Giba e me casei com o LL e com o Pedroca da oxigenaria da esquina, numa cerimônia linda) mandam lembrança.
Narizes, e

Feliz 3011 !

28 de dezembro de 2010

Entressafra de Presentes e Ovos


Papai Noel acaba de se retirar da chaminé e a sua pequena criatura aí do lado já começa a desobedecer, a ter crises de “meu-mundo-e-nada-mais”, a mexer no controle remoto da sua LCD PIP surround superwoofer, a se recusar a escovar mesmo os dentes incisivos (que são os que irão importar para conseguir um bom emprego no futuro), a querer dormir às 4 da manhã, a voltar a usar chupeta e meia com brilho dos tempos do Dancing Days, a não observar as leis de Murphy, a não apertar a descarga do penico, não é mesmo?
E agora, bom velhinho só no ano que vem e coelhinho ainda longe, é apenas com vocês, pais e mães cheios de decisão e força de vontade para colocar ordem na casa, pra voltar pros trilhos sem ajuda de mitos e lendas, pra mostrar de verdade quem é que manda?
Pois é! Tempos difíceis esses de entressafra de presentes e ovos, quando o que vale é uma boa conversa séria, um olho no olho, uma mão no popô (ôpa! – estou ouvindo a sirene do Conselho Tutelar?), uma coragem de – quando apenas amor não é suficiente - não dar nada ou deixar de castigo.

24 de dezembro de 2010

Saco


Olha, me enchi dessa história de Natal – em dezembro.
Aqui em casa é dia 26 de outubro.
Lojas vazias, pinheirinho em conta, papais Noel suplicando emprego.
Nessa época, ainda é possível ouvir as músicas natalinas só em casa, sem crise de enxaqueca.
É mais fácil trocar a camiseta GG que você ganhou porque te acharam gordo. Além disso, por falar em gordo, dá pra fazer dieta entre o peru e o tender.
Já não se acha mais neve, mas é menos improvável que no final do ano.
Só espero que você não me imite. Fiquem aí, você e todo mundo, com essa sua datazinha-padrão, esperando aprovações do cartão de débito, em rodoviárias e aeroportos empilhados com parentes dos outros.
Não vem me inflacionar o meu Natal não, hein?

21 de dezembro de 2010

Fim de Ano, Amenidades


Como no final de ano ninguém mais lembra de mim (falo enquanto blog, não enquanto pessoa - embora enquanto pessoa seja a mesma coisa), é hora de trazer para estas páginas um pouco de amenidade:

Para lembrar de uma pequena paciente consultada no Posto de Saúde (hoje com o pomposo nome de Núcleo Materno Infantil) que, imediatamente após adentrar ao consultório e perceber a figura patética do pediatra instalado na sua cadeira, faz cara de limão azedo, vira o rosto para a parede numa manifestação de evidente desgosto, retira a chupeta da boca (chupeta daquelas duras, de acrílico ou de plástico duro, sei lá) e... pá! Direto na cabeça do desprevenido. Pontaria perfeita!
Não doeu nada. E foi engraçadinho. Ainda que eu tivesse que ter desaprovado o ato agressivo da “moça”.
No final da consulta, ela ainda puxou uma mini-piranha dos cabelinhos desgrenhados e tentou de novo.
Mas aí errou feio.

É só.

17 de dezembro de 2010

O Mil Por Um Milhão


Por que a gente é assim?
(Parece o Cazuza, né?)
Do que estou falando? Da nossa tendência a querer novidade, de achar que o que é novo é melhor.
Está difícil ir contra esta corrente, principalmente em tempos de pressão comercial, de patrocínio de tudo o que lemos e ouvimos por aí.
De novo, do que estou falando?
Mais especificamente dos novos medicamentos chamados biológicos.
Cuidado com eles!
Não são bons?
Não é bem isso.
São um acréscimo no chamado arsenal terapêutico.
O problema é que laboratórios têm se associado escandalosamente aos centros universitários – que são quem em última análise ditam comportamentos terapêuticos – para empurrar este tipo de tratamento (excepcionalmente mais caros e perigosamente associados a efeitos colaterais mais raros e severos) a pacientes que provavelmente se beneficiariam igualmente de remédios mais velhinhos e mais conhecidos (e muito mais baratos).
E daí fica aquela coisa perversa do médico que não os prescreve estar “desatualizado”, “fora de moda”, quando pode estar apenas pensando no benefício e no bolso dos seus pacientes e do sistema de saúde.
Mas...
Quem acredita nisso?

14 de dezembro de 2010

Escola Viral Germezinho Feliz


Precisávamos de um estudo para isso?
Não, mas foi feito.
É o que a gente sempre diz para os pais angustiados com as infecções (banais na maioria dos casos) dos seus filhos em creches:
A desvantagem de agora vai se transformar na vantagem de amanhã.
Quem cai na creche cedo na vida paga um preço relativamente alto de infecções pelo contato freqüente com vírus e bactérias dos outros (a incidência das viroses pode aumentar em até 10 vezes).
Mas quando chegam à escola, já estão justamente “escolados” em termos de sistema imunológico e, na comparação dos que entram mais tarde, vão sofrer muito menos.

10 de dezembro de 2010

Não Saia Sem Proteção


Fim de ano de novo, praia, sol, guarda-sol, areia, baldinho...
E aí, pais perguntando qual é a melhor proteção para a pele dos seus pequenos filhos.
E quando são realmente pequenos (os filhos), a resposta deve ser:
Casa. Telhado. Sombra e água fresca!
Proteção física, em suma.
Quem tem criança muito pequena deveria fazer férias de fim de ano em Teresópolis, em Londres, em qualquer lugar pouco ensolarado.
Sem praia, sol, guarda-sol, areia ou baldinho.
E em momentos de exposição solar inevitável (onde a roupa não cobre), aí sim, um pouco de proteção solar química (FPS em torno de 15 a 20 é suficiente – proteção pesada demais não protege a mais, é mais caro e carregado de “química”).

7 de dezembro de 2010

Cacetadas


Flávio Gikovate é um dos caras.
Tem aquela perigosa expressão de quem sabe tudo justamente por querer passar a impressão de quem não sabe lá grande coisa.
E é hiper-exposto na mídia (até novela anda fazendo). Ainda assim passa muita clareza no que escreve e fala.
Reafirmou em recente entrevista que a humanidade não deve ter volta no caminho do individualismo e da tecnologia e que isso não é necessariamente ruim, a partir do momento em que o ser humano souber se utilizar de ambos.
O problema é que até agora não aprendeu, e vai tomar muita cacetada até aprender.
Uso crescente de drogas as mais variadas, abuso de antidepressivos, ansiolíticos e álcool são alguns flagrantes indícios de que o ser humano encontra-se perdido.
(Muita gente nessa hora apita: religião! – deixemo-los de lado nas suas crentes certezas, mais uma espécie de droga, segundo alguns).
O tempo ensina. Há e haverá mortos e feridos. O preço é alto (e se o preço é alto, há muita gente que lucra).
Mas a humanidade aprenderá. Ah, se aprenderá!...

3 de dezembro de 2010

O Incerto Vir A Ser


Um dos perigosos subprodutos da vida moderna é essa história de tratar fetos, embriões (e daqui a pouco óvulos e espermatozóides?) como se fossem gente (com “gente” quero dizer gente pronta, nascida, vinda ao mundo, com selo de garantia e tudo o mais que têm direito)!
Uma das últimas modinhas esquisitas é o aplicativo para iPhone chamado Baby Bump, sucesso garantido para a próxima década que informa aos parentes, amigos e outros possíveis interessados do passo-a-passo do futuro bebê, desde o momento... da concepção (ou quase).
Mas, espera!
Essa gravidez vai mesmo vingar?
Todo mundo precisa tanto assim estar a par de sangramentos do primeiro trimestre, exames pré-natais, circunferências, diâmetros, tamanhos uterinos e etc.?
Não é melhor ir devagar com o andor (até porque embora não seja de barro, o futuro herdeiro pode não ser esse santinho todo que tanto se espera)?
Gravidezes estão ficando mais populares porque – pelo menos nas classes mais altas, as que se utilizam desses gadgets todos – estão se tornando mais raras, basta olhar o número de filhos de nossos avós.
Mas continuam sendo eventos incertos.
Obstetras têm histórias tristes de expectativas frustradas para contar.
Portanto, melhor seria dar novidades do pimpolho pronto, e não do projeto.

30 de novembro de 2010

O Pior Cego


O povo haitiano, na sua desgraça, está dando uma amostra em escala nacional do que a miséria aliada à desinformação e às crendices (umas conseqüências das outras) podem fazer a quem precisa de ajuda.
Culpam pelo surto de cólera não a pobreza, o terremoto ou caos sanitário.
Foram, segundo eles, os inimigos vizinhos dominicanos associados aos que dão ajuda humanitária os responsáveis pelo desembarque da bactéria.
E aí hostilizam - xingam, expulsam e até matam - quem tenta dar a mão.
É triste, mas faz-se o quê? Põe-se na escola, deixa-se pra lá, trata-se toda uma população na marra, veias e goelas abaixo?
Todo profissional de saúde já passou por isso. Não há nada mais frustrante que povo, que paciente deseducado. Aquele que teima que a causa dos seus problemas está em qualquer um. Menos nele.

26 de novembro de 2010

Sem Ar


O bombardeio à pretensa regulamentação publicitária do Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária – auto-regulamentação significa “eu infrinjo, eu me puno”, interessante, não?) é diária, sabemos.
E a cada dia pérolas são lançadas, como esta da querida dupla dos que têm perto de 30 anos de idade:



Dizer que é ótimo para a sua saúde sem nada que comprove (exceto a crença ingênua e difundida de que “se é vitamina, é bom, quanto mais, melhor”) já é errado.
Mas o fim da picada é a porção feminina da dupla dizer: “Ôpa, então me dá logo essa meleca que eu também quero!” (não foi dito assim, é claro).
Gente, vitamina pode não parecer, mas também é medicamento. E um alfabeto inteiro vitaminoso terá certamente seus efeitos colaterais, tomados sem indicação.
Exagero?
Deixemos como está e um dia veremos:
“Esse Gardenal me deixa muito cool. Êba! Também quero!”

Comentários?

23 de novembro de 2010

Bolinhas das Galinhas


A história prometida: da galinha da figura da postagem anterior.
Curiosamente, o apelido da varicela no inglês (assim como a nossa catapora) é “chickenpox”.
“Chicken” de galinha, mesmo, e “pox” de “marca na pele” (assim como a da acne, por exemplo).
Agora...
Por que “marca da galinha”, hein?
Galinha tem varicela?
-Não!!
Galinha passa varicela?
-Não!!
Galinha tem lesão de pele que se assemelha à varicela?
-Não!! (que eu saiba).
Aí é que está: ninguém parece saber ao certo.
Uma das teorias é a de que o termo “chickenpox” se parece com “chickpeas” (grão-de-bico). Ah, tá!... Então as lesões de pele da varicela se assemelham ao grão-de-bico! (conta outra vai!).
Bom, não interessa! É “chickenpox” (marca de pele de galinácea, mesmo!).
Quem quiser que escolha a sua teoria...

-E catapora, hein?
Como muita coisa nossa, vem do tupi, claro: “tatapora” inicialmente (“tatá” significa “fogo”, “pora” algo como “que nos habita”).
E aí, pergunta o outro, como é que as índias reclamavam que estavam sentindo um “fogo por dentro”, catapora também?

19 de novembro de 2010

Bolinhas Meia-Bomba


Diz lá nos livros-texto sobre a varicela:
"A re-exposição ao vírus da varicela em contatos posteriores (após a infecção neste caso, e não no caso da vacina) parece exercer um papel fundamental na manutenção da imunidade contra o vírus da varicela e na prevenção do herpes zoster".
O que isso quer dizer? (Traduza, por favor!)
Quer dizer que se - a partir de certo momento - todo mundo for vacinado e/ou imunizado contra a varicela, não vão mais existir vírus circulantes (por aí, na comunidade). Não existindo mais vírus, não haverá chance de um novo contato do organismo com os vírus, claro (a não ser com os da própria vacina).
Sem novo contato, sem manutenção da imunidade (as células de defesa vão "se esquecendo" de como lutar contra o vírus.
E daí?
Daí que (como já tem acontecido em algumas áreas onde a vacinação é extensamente realizada) quando surge algum foco de vírus (algum doente), pronto: todo mundo (vacinado ou imunizado pela doença no passado) vai estar novamente susceptível de ter a doença e suas complicações.
Qual a opção?
Revacinações (com novos custos) a cada período (ainda não definido, talvez a cada 10 anos, por exemplo) ou a erradicação total (como no caso da varíola), com o mundo inteiro se vacinando.
O problema é que isso é decisão mundial e no caso da varíola a situação era muito mais urgente (bem como no caso do "quase erradicado" sarampo).
A varicela...
É por enquanto só uma varicela!
Por isso acho que vamos continuar nessa situação meia-bomba.

(na próxima postagem eu conto o porquê da galinha da figura acima)

16 de novembro de 2010

Não Confie em Mais Nada


Uma das fontes nas quais pediatras do mundo inteiro mais bebem é o jornal da Sociedade Americana de Pediatria (o Pediatrics).
E nos últimos tempos (tempos em que só o que manda é o dinheiro) vêm à tona estudos tão rabos-presos (além de extemporâneo) como este:
Estudo pra verificar a melhora ou não de sintomas de crianças resfriadas com o uso de Vicky Vaporub!
Desculpem-me, mas:
Ó céus!
Quando não há estudos decentes para serem feitos, não façam(assim como quando não há remédios decentes para serem usados não se use nada)!
O dito artigo cita, claro, a melhora dos sintomas,“apesar dos leves efeitos irritantes” (irritante é... bom, deixa pra lá!) na avaliação feita pelos próprios pais.
Artigo – precisava ser dito? – totalmente patrocinado pela poderosa indústria (holding é o termo mais correto) Procter & Gamble, que tem uma renda anual equivalente ao PIB do Uruguai, detentora da marca Vicky, assim como outros produtinhos muito úteis à nossa saúde.
Metodologias à parte (pois quem é que vai realmente se preocupar com isso?) o que interessa, o que brilha nas manchetes internéticas é a conclusão, que se lê em menos de 10 segundos.
Pois é. Sigo dando murro em pontas de facas...

12 de novembro de 2010

Vitamina S

O que é botulismo?
Ainda que seja uma doença rara, pode ser muito grave, e o que é pior, de difícil diagnóstico.
Sabe aquela brincadeira da “vitamina S” (de “sujeira”), de quando dizemos para as mães não se preocuparem quando seus filhos brincam no chão, de que não há perigo?
Não é 100% verdade (ainda que não se deva ser paranóico), dentre outros motivos pelo perigo da presença da bactéria Clostridium, causadora do botulismo, que vive no solo (e é resistente às condições ambientais, pois se encapsula, o que confere essa resistência).
A doença é súbita, com sintomas que vão desde a dificuldade de alimentação e intestino preso (causa rara desses sintomas) até hipotonia (“bebê mole”) e paralisia de músculos respiratórios, com risco de morte.
Não há exames fáceis de serem feitos (a cultura de fezes é um dos exames, mas pouco confiável quando negativo), por isso o diagnóstico se baseia na suspeita clínica.
Outras fontes de Clostridium são o mel (em crianças abaixo de 1 ano, pela menor defesa), xarope de milho (tipo Karo), alimentos preparados em restaurantes como maioneses e tortas e alimentos enlatados.

9 de novembro de 2010

Kid Anti-Furto


Tudo bem que a sua pequena mercadoria, seu pacotinho de açúcar com sua cara impressa na embalagem seja algo de muito precioso.
Mas aí o pessoal já exagera.
Inventaram agora, em algumas maternidades pelo mundo, o chip-segurança, aquela mesma geringonça que serve para detectar os mãos-ligeiras em lojas de departamentos, shoppings e supermercados.
Pregados ao coto umbilical ou à perna dos recém-nascidos, disparam escandalosos alarmes e travam portas de acesso aos meliantes que se atreverem a querer levar seu novo integrante da família, mesmo que a intenção seja um inocente banho de sol.
Ah, é. É realmente muito necessário! Devem ser o que? Uns 200 raptos. Por ano. No mundo inteiro! Principalmente nas maternidades que podem lançar mão de aparatos dessa natureza.
E depois, os novos papais têm muitas coisas para fazer quando estão 24 horas na maternidade, exceto prestar atenção na cria...
Vem cá: trava nos berços ninguém pensou em pôr não, né?

5 de novembro de 2010

Leis Duras Para Pais "Moles"


É só sentar na praça de alimentação de qualquer shopping e observar (eu já fiz isso várias vezes): quem daquelas pequenas criaturas ali presentes aceita comer outra coisa na presença de brinquedinhos associados ao “lanche feliz”?
Dá pra contar nos dedos: um! No máximo, dois! (normalmente filhos educadíssimos de pais super-zelosos não somente com a nutrição dos filhos, mas com toda uma filosofia anti-entreguista às multinacionais).
Mas que não deixam de olhar com olhos de gato de Shrek pras miniaturas de... Shrek, por exemplo, da mesa ao lado.
Uma novíssima lei aprovada em São Francisco (EUA) proíbe a vinculação dos tais brinquedinhos aos lanches pouco saudáveis (a lei cita: mais de 600 calorias, que não contenham frutas ou vegetais ou que incluam bebidas excessivamente açucaradas ou gordurosas – tradução: Mc Lanche!).
Pelo jeito vai ser assim (como na questão dos cigarros): nossos doentes têm nos custado muito caro, por aqui proibimos. O resto do mundo que se vire (afinal, via de regra, multinacional manda mais do que governos)!
A lei entra em vigor em dezembro de 2011.
Até lá, muita gritaria (de pais, inclusive!). E tempo para as grandes lanchonetes pensarem nas próximas cartadas...

2 de novembro de 2010

Tempo Gordo, Corpo Magro


Você sempre ouviu pedidos insistentes da sua mãe para que comesse devagar, para que olhasse para a comida ao invés da televisão, para que descansasse talheres entre as garfadas, não é mesmo?
Estas orientações têm o seu motivo de existirem.
Taí mais um estudo para comprovar os benefícios no controle do peso:
Pessoas que mastigam mais lentamente têm maiores picos sanguíneos dos hormônios intestinais responsáveis pela saciedade (a saciedade é definida como o aviso do aparelho digestivo ao cérebro de : “Êpa, já foi o suficiente!”).
É quase uma equação de 2º. grau, matemática básica: maior o número de mastigações (mais tempo comendo a mesma quantidade de alimento), menor o número de garfadas necessárias para se atingir a saciedade.

29 de outubro de 2010

Eca-Libur


Tô aqui cansado de falar contra a noção de que bebês saudáveis apresentem dores de qualquer natureza (cólicas, principalmente).
Existem, entretanto, alguns lactentes que apresentam dores abdominais incômodas (aparentemente, porque eles não dizem) próximas à evacuação.
Sabem aquela imagem tradicional de filmes medievais (medievais no tema, claro, pois a invenção do cinema é meio recente) da tentativa de arrombar a porta do castelo com um enorme tronco?
É mais ou menos o que acontece com a disquesia, uma condição na qual o cocozinho pronto pra sair no canal anal (o equivalente ao tronco do arrombamento do castelo) encontra a “porta” fechada (o esfíncter anal, por imaturidade na coordenação dos movimentos intestinais), gerando sintomas como choro intenso, palidez, cianose (o bebê fica meio roxinho).
Só não se descabela porque ainda não aprendeu como fazê-lo (ou porque não tem cabelos!).
Não precisa tratamento. De resto, o bebê se apresenta saudável.
Melhora com a idade.

O que vou revelar aqui pode influenciar definitivamente os rumos do país, portanto não leve muito a sério:
Dilma não é um nome de verdade. É seu codinome do tempo de guerrilheira.
Significa “(I) am Lid” de trás pra frente (“Sou tampa”, em inglês).
Tampa de quê? Do caixão de seus inimigos políticos, segundo os próprios (aqueles que sobreviveram).
Outros significados têm sido sugeridos: “Tampão”, referindo-se ao seu mandato tampão de presidente petista, até que o Lula concorra novamente. (Mas aí o Big teria que ser incluído: “am Big Lid”, o que modificaria um pouco o nome: Dilgibma?).
Sei não. Nessa reta final tudo pode ser verdade.
Ou, como diria Caetano (que, aliás, apóia quem mesmo?): “Ou não!”.

26 de outubro de 2010

Patuá


“Depois da porta arrombada é que se compra o cadeado”.
Na saúde, também.
Medidas de tratamento ou de prevenção esbarram no “comigo não vai acontecer” o tempo todo (bem como no “ainda não estou precisando” e no “não há de ser nada de tão sério”).
Pegue-se o exemplo clássico da pressão alta:
Silenciosa até que danos – inicialmente microscópicos, nas estruturas dos vasos sangüíneos – apareçam.
E mesmo quando podemos demonstrá-los (a quantidade de albumina na urina é uma medida do dano renal progressivo da pressão alta nos vasos dos rins, por exemplo), a maioria ainda assim não se convence. Não se trata. Não se cuida. Não se mexe.
Somente algum acidente vascular cerebral, algum infarto do miocárdio é susto suficiente para convencer.
Somos construídos com algum chip para não entrarmos em pânico com nossa saúde a todo instante.
Somos mesmo na grande maioria resistentes ao constante ataque da mídia interessada em nos transformar em doentes de tudo e de qualquer coisa por interesses escusos.
Não nos culpem.
O problema é que a régua da prevenção algumas vezes precisa ser ajustada milímetros pra trás do primeiro e evitável desastre.

22 de outubro de 2010

Velho Bicho Novo no Pedaço


Sai de cena o vírus, entra uma nova bactéria nos noticiários.
Afinal, precisamos ser sempre assustados com ameaças microscópicas.
É a KPC, bactéria com nome de rádio difusora.
A KPC é a velha Klebsiella, tradicional habitante dos nossos “buracos sujos” (intestino, aparelho urinário), modernamente super-vitaminada pelo uso excessivo de antibióticos.
Certas bactérias possuem uma alta capacidade de informar suas descendentes sobre como resistir ao efeito de determinados antibióticos (no caso da KPC, à quase todos, mesmo!).
Ocorre que ela não anda por aí, atrás das portas ou embaixo da cama de pessoas indefesas. É bactéria hospitalar, aproveita-se de organismos baleados imunologicamente.
Mesmo assim, como essa população não é nada desprezível em termos numéricos, assusta.
Assusta porque mata.
Assusta também porque veio fazer sua casa no Brasil nos últimos tempos.
Assusta porque com essa não tem vacina, porque depende de tempo e consciência médica, da população e da indústria (consciência de indústria? Fii!) pra voltar pra trás na agressividade.

19 de outubro de 2010

Na Tal Idade, Como Controlar?


Sem dúvida o aborto é um assunto importante o suficiente para virar motivo de desempate de segundo turno de eleição presidencial.
A eleição do tema – quase como tema único da área da saúde - mostra a seriedade de ambos os candidatos.
Tudo vai bem na saúde. Assim como de resto em todas as demais áreas, quer fazer crer nosso ainda presidente.
Por isso só resta resolver: “aborto, sim ou não?”. E, pronto! Vamos pro recreio!
Planejamento “familiar” (aqui com aspas porque o termo familiar perdeu o sentido há muito tempo) depende de estrutura, real vontade política e educação.
E educação de qualidade vai continuar sendo palavra vazia, destituída de significado onde elegemos como presidente um iletrado atrás do outro (não que o letrado seja garantia de qualquer coisa).
E outra: com planejamento, com efetiva limitação do número de filhos, diminui o ciclo “família numerosa, pobreza, família numerosa”.
E sem pobres, fica difícil fazer campanha de nível: “... é coisa de pobre, ... é coisa de rico...”!

A Matemática do Aborto

A discussão partidária deve se dar mais ou menos assim:
Sendo contra, agradamos religiosos, católicos, evangélicos, vovós e afins. Total de x %.
Sendo contra, agradamos intelectuais, libertinos e libertários, donos de mídia (exceto as dominadas por evangélicos), publicitários e afins. Total de y %.
Se X > Y, então somos contra! Se Y> X, então somos a favor!
Mas, espere, o que faremos se ganharmos?
Nada, bobinho, a eleição está logo ali!

15 de outubro de 2010

A Absolvição do Picolé


Vira, vira, vira homem, vira, vira,
Vira, vira lobisomem, vira, vira, vira
...”

Lembrança difícil para quem tem menos de 40, nessa musiquinha dos antigos Secos e Molhados (conjunto do ainda atuante Ney Matogrosso) a possibilidade de transformação duma coisa em outra parecia poder existir.
Já a transformação de resfriados, roncos (o barulho da presença do catarro no peito) e gripes leves em alguma outra coisa é fenômeno quase tão raro quanto se enxergar algum lobisomem andando pela rua (exceto nas meias-noites – credo!).
Pneumonias são, via de regra, as algumas outras coisas que as mães tanto temem (temem tanto que muitas vezes evitam mesmo mencionar a “coisa ruim”!).
Mas pneumonias na grande maioria das vezes surgem do nada, pode-se dizer. São uma infeliz combinação de transitória baixa imunidade associada a algum germe mais agressivo – mas algumas vezes nem tanto.
Não foram evolução de catarrinhos no peito, de inofensivos ronquinhos, de pouca tosse de quadros virais comuns.
Nem foram culpa de ventos, de andar sem touca, de sorvetes, picolés ou bananas split.

Obs.: às vezes vê-se, infelizmente, alguns diagnósticos Mandrake de pneumonias. Crianças brincando ativamente, sem febre ou com muito pouca febre, com sintomas estáveis nos últimos dias muito dificilmente têm pneumonia (não importa o que raios xizes digam!).

12 de outubro de 2010

Só uma Olhadinha


O comediante Marcelo Adnet comentou em entrevista ao programa da Fernanda Young que se irrita com pessoas que no aeroporto pedem pra fazer imitação ou piadas:
- Imita um passageiro atrasado aí, Adnet!
E reclama:
- Seria o mesmo que ver um engenheiro civil por aí e pedir: “Faz um projetinho pra mim?”.
No que Fernanda Young retorquiu:
- A minha exceção é com médico. Eu vou mesmo e peço: “Dá uma olhadinha nessa verruga aqui!”.
Então. Se cobrássemos por todas as “olhadinhas”, as “só uma pergunta”, as “aproveitando que você está aqui”, as - no caso dos pediatras - “pode ver esse outro também?”, as “posso dar o mesmo remédio pro outro?” e os “pode assinar pra mim?” (exames médicos), aquele apartamento à beira do Sena não seria um sonho assim tão distante.

Vibrei (uma leve vibradinha porque o prêmio não é meu, mas vibrei mesmo assim) com o Nobel de literatura dado a Mario Vargas Llosa. São imperdíveis “A Guerra do Fim do Mundo”, “A Festa do Bode”, “A Cidade e os Cachorros”, só pra citar alguns. Por causa dele, há anos que já me sinto meio peruano (veja, por exemplo, minha intimidade com um lhama, bicho literalmente do Perú...).



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8 de outubro de 2010

Espelho sem Aço


Um dos maiores fabricantes de computadores do final dos anos 1970 conta que podia sentir o valor de tudo: monitores, teclados, etc.
Só não conseguia dar importância para algo tão intangível quanto um software, um mero e invisível sistema operacional. Desprezava então um rapaz com cara de nerd chamado “Bill”, que queria fazer valer o seu produto.
Se deu mal, como sabemos hoje.
A sinusite é uma causa “palpável” de dor de cabeça. É entendida como causada por algum germe dentro de algum buraco (seio) dos ossos da face. Vê-se no Rx (ainda que a maioria dos Rx “positivos” para sinusite não tenham qualquer valor diagnóstico), toma-se algum antibiótico, e fim de papo.
Até a próxima dor de cabeça. Até o próximo diagnóstico de sinusite.
A enxaqueca, não. Como um sistema operacional, é impalpável desde seu diagnóstico (baseia-se na história do paciente, e não em exames). Não aparece em Rx. Tem suas explicações causais “nebulosas”. É, portanto, um alvo mais difícil de ser acertado, causando insatisfação e ansiedade ao diagnosticado.
Ocorre que é, na verdade, bem mais freqüente. E se ignorada causa abuso de antibiótico, exames desnecessários. Sem falar no desperdício de medidas preventivas muitas vezes muito eficazes.

5 de outubro de 2010

Regra do Gotozinho


Não precisamos ser experts em nutrição. Não precisamos deixar de nos alimentar com coisas gostosas aqui e ali.
Mas alguns pais e avós quando pensam em alimentar seus filhotes e netos seguem apenas uma regra:
A regra do gotozinho.
É gotozinho, dá! De preferência, de montão.
Não importa a idade da criança. Não importa o mínimo balanço de nutrientes. Não importa se é industrializado, acrescido de mil e um ingredientes artificiais, se é excessivamente colorido, gorduroso ou açucarado.
Ah, é tão gotozinho!...
O problema é que as conseqüências não são imediatas.
Ninguém explode comendo gotozinho.
Ninguém fica verde, como o Hulk (pelo menos não na mesma hora).
Não cresce a cabeça, não cai cabelo – mas com alguma freqüência incha alguma orelha!
Diabete, doença celíaca, hipertensão, osteopenia. São indubitavelmente provocados – entre outras causas – por excesso de gotozinho, numa infância ou numa vida inteira.
Ah, mas a vida é curta!...
Sem dúvida.
Curta e repleta de coisa gotozinha.

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1 de outubro de 2010

Trem se Espera na Estação


Retardo de Crescimento Intra-Uterino (ou RCIU).
É o termo médico para dizer que o bebê parou de crescer o quanto dele se esperava a partir de certo momento da gestação.
E é uma das mais citadas justificativas para se interromper a gestação antes do tempo (através normalmente de cesarianas).
Ocorre que nos últimos anos, com todo o acompanhamento de ultrassonografias e medidas do fluxo sangüíneo umbilical (através do Doppler), constatou-se que o melhor – para a grande maioria das crianças – é “deixar como está”.
Bebês retirados precocemente porque “não têm espaço para crescerem” (ou qualquer outra justificativa que se dê) ganhariam muito mais esperando um maior amadurecimento intra-útero do que fora dele (especialmente em crianças com menos de 7 meses de idade gestacional, em que os riscos da prematuridade somam-se aos do pequeno crescimento).
Não há o que se faça aqui fora que se compare com o tratamento que a natureza oferece dentro das suas originais casinhas.
O duro, muitas vezes, é ir contra a palavra do obstetra. Ou da sua agenda.

(entenda-se: o RCIU já é, certamente, um problema. O que não dá o direito de ser piorado pela prematuridade)

28 de setembro de 2010

No Olho do Vulcão


O livro Freakonomics é uma interessante análise original mais social do que econômica, tanto é que a continuação já foi lançada.
Sobre a influência da televisão no nível educacional das crianças, cita um dado interessante:

Na Finlândia, um dos países com melhor nível educacional, a maioria das crianças não vai pra escola antes dos 7 anos de idade, mas eles freqüentemente aprendem a ler assistindo aos programas de televisão americanos legendados em finlandês.”

Como no caso da brincadeira com armas, a questão é onde essa criança está inserida.
Na maioria dos lares brasileiros, é televisão de montão e depois... nada mais (diferente da Finlândia*)!
Quem sabe deveríamos ter mais programas legendados?

O que me faz lembrar que mesmo entre universitários brasileiros a maioria dos alunos nas salas de aulas exige que, ao se exibir algum filme com finalidades didáticas, o professor escolha a opção “dublado” (por pura preguiça mental de ler legenda)!
Chegará o dia em que os alunos dirão: “Mestre, manda o original, sem legenda?”

* Finlândia é aquele país que exporta fumaça de vulcão pro mundo. São tão letrados que o próprio nome do vulcão é uma aula de ortografia: Eyjafjallajoekull !

24 de setembro de 2010

Realidade (Apenas) Virtual


Supostamente nós, adultos, cheios de bagagem de vida (ai!) percebemos a diferença de algo real e algo totalmente fantasioso, não é mesmo?
Tenho sérias dúvidas...
Mas crianças e adolescentes podem ser muito mais facilmente fisgados pelo que enxergam – e principalmente pelo que fantasiam. É próprio da idade (ainda que o mundo adulto esteja progressivamente se infantilizando).
Esse papo todo é pra falar das propostas mundo afora (a Inglaterra e a Austrália estão na vanguarda) de se colocar um freio nas fotochopagens (Photoshop, você sabe, é o processo digital de transformar a Fera na Bela num clique de mouse, eliminando barrigas, culotes, estrias, celulites e joanetes).
Psiquiatras britânicos afirmam que a exposição a imagens perfeitas da mídia levam com freqüência a alterações do humor, relacionadas a insatisfações com o próprio corpo, o que nas pessoas predispostas pode acarretar transtornos alimentares.
A alteração das imagens virou moeda corrente em jornais e revistas. E não é somente na área da estética feminina. Personagens e paisagens são acrescentados e suprimidos, proporções são modificadas, cores são realçadas. Não há volta.
O que se pede é pelo menos alguma espécie de “selo de autenticidade” das fotos, para que possamos ter certeza que aquilo que se vê não é a realidade.

21 de setembro de 2010

Alimentos que... Emburrecem!


Daquelas coisas que muito irritam, mas que a gente vê na TV todos os dias (e ontem foi só mais um dia, assim como anteontem):
- Açaí baixa o colesterol.
- Duas maçãs por dia evitam o diabete.
- O tomate...
Enche, não enche?
Como é que um determinado alimento vai mostrar esses efeitos?
Pega-se um turma com colesterol alto (ou com glicemia alta, ou com qualquer outro parâmetro alto ou baixo) e diz-se:
-Aí galera, a partir de agora, pra vocês, é só melancia, OK? Por 6 meses!
E mesmo que isso fosse possível, e mesmo que fizesse realmente baixar o colesterol (ou a glicemia, ou o que quer que seja), como ter certeza que foi a melancia (ou o açaí, ou a maçã) que fez a moçada melhorar?
Há centenas de outras variáveis envolvidas na melhora ou não dos parâmetros. Há quase sempre uma ridícula margem estatística de melhora para se tentar justificar a tal fruta (ou o legume ou a castanha-do-pará)!
Grupos testados já são previamente mais ou menos saudáveis e sujeitos a melhores ou piores respostas (haverá certamente grupos que melhorarão seu colesterol com Sonhos de Valsa).
A gente já sabe que um abacate deve ser mais saudável que um Danoninho. Imagina-se que uma pêra provoque menos problemas para o colesterol do que um hambúrguer. Mangas devem ser na melhor das hipóteses inofensivas (exceto quando caem nas nossas cabeças).
Mas se alguém espera ficar mais saudável numa dieta de mangas (ou de pêras ou de abacates) já sofre de pelo menos dois problemas:
Credulidade e ignorância.

17 de setembro de 2010

Sangue de Barata


Pode ser mais uma maluquice, mas acho essas idéias bem interessantes.
Um determinado cientista matutou:
“Visto que as baratas são bichos que vivem impunemente nos locais mais sujos (e conseqüentemente infectados), que tal achar alguma molécula responsável por essa impunidade (ou imunidade)”?
E a procura dá-se no cérebro das bichinhas (talvez porque dali seja mais fácil se extrair alguma coisa), com algumas coletas de moléculas potencialmente úteis para a fabricação de novos antibióticos.
Segue-se roubando idéias da natureza.
Afinal, não foi exatamente assim com o primeiro antibiótico (a penicilina, extraída de cultura de fungos por Alexander Fleming)?
O que também me pôs a matutar:
Espera! E se alguém achar que o seu querido vira-latas também anda fuçando muito lixo por aí? Esconda-o dos cientistas!

14 de setembro de 2010

Entre o Pau e a Espada


Você tem percebido como os sites de poker online têm aumentado – e gradativamente assumindo um maior espaço em comerciais (principalmente nos intervalos de eventos esportivos televisionados)?
Para estes sites, a possibilidade do jogo online junta sua fome com a vontade de comer.
Jogos pela internet são fáceis de acessar, são uma natural fuga da vida real e permitem aos neófitos o jogo gratuito – até que os que tenham tendência ao vício sejam fisgados para o jogo a dinheiro.
Para os donos de site, basta jogar a rede (na rede!).
Quem vicia perde tempo, perde amizades, perde até o emprego, mas principalmente pode perder muito dinheiro (afinal, jogar sem apostar dinheiro parece muito com dançar com irmão ou comer chuchu, tem muito pouca graça!).
Além disso o poker tem cara de algo de status (filmes e livros sobre o tema sempre abundaram, como The Sting, com Paul Newman e Música do Azar, de Paul Auster – isso pra só ficar nos Paul!), o que tem levado muitos universitários “descolados” a caírem mais facilmente nesta perigosa rede.

10 de setembro de 2010

Vovô Viu o Ovo


Uma pergunta freqüente:
-Comer ovos aumenta o colesterol?
Objetivamente, um estudo de uma década atrás publicado no NEJM (New England Journal of Medicine) considerou a média de um ovo por dia como um limite absolutamente seguro para os níveis de colesterol.
Acontece que...
A equação “comer colesterol, aumentar colesterol” não funciona dessa forma simplista.
O colesterol sangüíneo é resultado de uma interação complexa de nutrientes.
As gorduras saturadas da dieta, por exemplo, aumentam mais o colesterol total do que a ingestão do próprio. O “pecado” dietético atual (excesso de carboidratos) também influencia – e muito – o colesterol total.
Então, deixa o ovo quieto! (como culpado dos níveis de colesterol).
Outro detalhe: estudos como os citados acima, além de serem muito difíceis de serem feitos, não levam em consideração dietas com excesso de tudo (excesso de sódio, por exemplo), o que termina por elevar colesterol, glicemia e influencia o risco cardiovascular de forma importante.

(há a propósito no mesmo NEJM o relato de um senhorzinho de 88 anos de idade comedor compulsivo de 25 ovos por cerca de 15 anos com níveis normais de colesterol. A explicação provável? O organismo se adapta!)

Vale a reflexão:
Eu preferiria dar uma boa quantidade de alimento quase tão antigo quanto o homem na Terra do que um “chips” diário para um meu pimpolhinho.

7 de setembro de 2010

Atitude Imperdoável


Vou contar um segredo pra vocês, mas não espalhem.
Pediatra – assim como obstetra, ortopedista, etc. – cansa.
E também precisa dormir.
E descansar.
E viver outras coisas que não a sua profissão.
Ao se decidirem pelo ofício, pediatras têm (ou deveriam ter) como pré-requisito o gosto, o amor pelas crianças.
Mas não o ódio, a aversão ao travesseiro. Nem ao passeio com o cachorro, a pelada do final de semana, o chope, o shopping, o cinema.
Conheço vários colegas (a maioria, e pro seu próprio bem) que ao se ausentarem dos seus eternos postos de vigilantes da saúde ou ao desligarem celulares vão inventar mil desculpas, menos dizer que estão cansados, que acordaram indispostos ou que estavam – imagina! – dormindo!
Sério, já ouvi mais de uma vez a pergunta em algum restaurante:
-Ué! Pediatra come?

2 de setembro de 2010

O Mico do Pó


Dentre as histórias que ouvimos em consultórios que dá vontade de apoiar o cotovelo na mesa e discretamente começar a chorar está a tal da “alergia” respiratória das crianças pequenas.
Alergia respiratória em crianças pequenas (principalmente aquelas menores de 3 anos) é como cometa: a gente até sabe que existe, mas é muito menos visto do que se poderia esperar.
Tosses, narizes entupidos, corizas, chios no peito e etc. têm um grande e principal culpado: vírus (e no plural, muito no plural!).
Bebês e pré-escolares são virgens de viroses e funcionam como verdadeiras esponjas dos vírus das pessoas que por perto deles passam (e, notem bem, mesmo que não estejam resfriados ou gripados).
Acontece que...
Acontece que tratar, medicar, indicar exames para doenças virais comuns não dá Ibope, deixa pais – e mesmo alguns médicos – frustrados.
Por isso é mais chique, mais interessante, mais tchan (e totalmente errado) vir com essa de “alergia”! (há remédios para alergia, há exames pra alergia).
Alergia nasal e brônquica precisam – além de genética – de tempo para se “criarem”, tempo de exposição dos alérgenos comuns para anticorpos de alergia (as imunoglobulinas E) se formarem, não vão já se manifestando no berço.
Pais não precisam saber disso. Mas não devem ser iludidos do contrário.

31 de agosto de 2010

Guarda Baixa


Você, que além de levar o calendário vacinal super a sério, com aquelas datas decoradas para as próximas agulhadas do querido bumbum do seu bebê, ainda gasta os tubos para tê-lo imunizado com as vacinas extras, pagas, imagina que ele está livre das ameaças microbiológicas, não é?
Não é!
Volta e meia aparecem notícias de novos perigos (como a da emergência de sorotipos de pneumococos que não estão contidos na cara vacina atual).
E por que isso acontece?
Para se entender o motivo, é preciso se ter uma idéia do chamado disco de distribuição (clique aqui, é fácil, não se assuste!).
Quando se faz uma vacina com vários sorotipos de um germe (como no caso da vacina pneumocócica), esses sorotipos (“espécies”) tendem a ir desaparecendo (é pra isso que serve vacina!).
E embora o número total de doentes caia muito, quando a doença aparece aqui ou ali, a proporção maior de bactérias nestes poucos casos começa a ser por sorotipos que não estão contidos nas vacinas.
Como você é muito inteligente (senão não estaria lendo Olho Pimpolho, claro), deve estar se fazendo duas perguntas:
1) Por que não incluem todos os sorotipos das bactérias nas nossas caras vacinas?
Pelo simples fato de que isso ainda é muito difícil de fazer (as bactérias até então mais raras “escapam” da preocupação dos laboratórios fabricantes, dentre outros motivos por serem, justamente, mais raras – até que dêem as caras).
E, a pergunta mais perigosa:
2) Então vamos deixar de fazer essas vacinas?
Claro que não! Não é por aí.
O recado (“Por que não falou logo?”) é que os pais tendem a se sentir seguros, com o dever cumprido, pelo fato de terem carteirinhas de vacinas todas carimbadas, achando que “agora nada nos pega” e – infelizmente – a coisa não é assim...

27 de agosto de 2010

A Angústia do Bem Estar


À medida que o país vai melhorando, vemos um fenômeno cada vez mais freqüente – e, de certa forma, aborrecedor – nos consultórios médicos:
É a história do check up, do “vim para ver se está tudo bem”.
Quem despertou para a relação da condição social com este tipo de consulta foi o ex-médico de família (agora escritor) francês Marc Zaffran no seu blog.
Zaffran sempre se incomodou com este tipo de consulta (afinal, se você está bem, pra que ficar procurando chifre em cabeça de cavalo?). E, meditando sobre o assunto, teorizou sobre suas causas.
Dentre outros motivos, cita o fato de que a moçada que está por aí (nascidos a partir dos anos 50-60) nunca viveu períodos de fome, não conheceu guerras, não passou por epidemias importantes.
Vai daí que o presenciar uma morte a nossa volta virou um fato relativamente raro. Então nos angustiamos com nossa “quase imortalidade”, e quase só somos lembrados de que um dia morreremos pela mídia, pelo marketing dos “cuidadores da saúde” como empresas seguradoras, indústria farmacêutica e, mais recentemente, clínicas e hospitais.
E tome exame! E tome consulta de check up! E tome mobilização da infra-estrutura da saúde por bobagens, em detrimento dos que precisam...

24 de agosto de 2010

No Meio do Caminho


De tudo o que comemos e bebemos, o que não é aproveitado – e não é pouco, principalmente quando há excessos – é eliminado basicamente por duas vias: urinária (“xixi”) e digestiva (“cocô”).
Até aí o Neves bateu as botas.
Os excessos eliminados “via xixi” percorrem um caminho intrincado dos rins até a uretra. E nesse caminho, alguns elementos de sobra podem causar estragos, como os cálculos urinários.
Pesquisas recentes têm mostrado um aumento considerável na incidência de litíase (cálculos) nos rins da crianças nos últimos anos.
Adivinha de quem é (de novo) a culpa?
Menos atividade física, sim. Vasos pulsando menos rapidamente depositam seus resíduos com mais facilidade pelo caminho, e rins são feitos de vasos sanguíneos.
Mas principalmente da dieta. Menos cálcio, mais sódio alimentar, mais proteínas, mais frutose e citrato (estes últimos presentes em refrigerantes, os mesmos refrigerantes que roubam espaço do leite na dieta de crianças e adolescentes), mais cálculos!

20 de agosto de 2010

Cabo de Guerra


Quanto se trata de comer, trava-se um intenso diálogo entre os diversos órgãos do corpo, cada qual com seus próprios interesses.
Quando, por exemplo, você exagerou no almoço, seu intestino (através de uma substância chamada colecistoquinina) “avisa” seu cérebro que nas próximas boas horas você não mais necessitará ingerir outros alimentos (calorias).
Ocorre que se você passar pela frente de uma soberba confeitaria pode ser que seus olhos (enviando impulsos nervosos) contrabalancem – e vençam – o aviso gerado pelo intestino.
No caso da padaria, somam-se estímulos olfativos (o cheirinho de pães assando).
Auditivos também, se você ouvir um “crunch” do freguês ao lado mordendo a deliciosa casquinha.
Mas você quer perder peso. Então seus neurônios “pensantes” (córtex cerebral) se aliam aos estímulos impeditivos do intestino.
Quem vence essa interna (e intensa) discussão?
Depende, claro, da intensidade da puxada da corda de cada um. Se, por exemplo, você se afasta da tentação evitando passar pela padaria (ou pela confeitaria), é provável que o estímulo intestinal vença.
É esse tipo de “forçinha” que podemos dar a nós mesmos quando se trata de controle de peso.
Pensando, calculando riscos, mas sem obsessão.

17 de agosto de 2010

Sucesso de Público Sem Crítica


Se você fosse criar uma grande indústria que fosse aposta certa num país de maioria jovem essencialmente pobre, desesperançosa e deseducada, o que você fabricaria?
Roupas de grife? Carros? Computadores? Móveis?
Ou bebida alcoólica?
E se a escolha certa fosse por bebida alcoólica, que estratégia publicitária você usaria para que a aposta fosse mais certeira ainda?
Claro, transformar o encher a cara em algo bonito, associado à rebeldia juvenil, essencial até para quem se considera parte integrante da sociedade.
O que naturalmente fecha o ciclo vicioso de jovens consumidores ainda mais pobres, desesperançosos e deseducados, visto que a bebida não ajuda às mudanças da sua condição.
Basta percorrer as ruas das nossas pequenas e grandes cidades para perceber esse sucesso empresarial e publicitário.

13 de agosto de 2010

Mal de Limpinho


A chamada “teoria da higiene”, certa ou não, tem tentado há algum tempo explicar a grande freqüência de doenças alérgicas na população.
A mesma teoria vem agora explicar a crescente incidência de uma importante doença metabólica, a diabete tipo 1, de início na infância, quase sempre.
Funciona (mal e porcamente explicada) mais ou menos assim:
Quando a pequena criança vive em ambientes mais protegidos das infecções banais (como gripes e resfriados), seu sistema imunológico “ocioso”, preparado para trabalhar muito nos primeiros anos de vida, se ocupa agredindo células do próprio organismo (a chamada auto-imunidade) ao invés de agredir os germes faltantes. Dentre outras células agredidas, estão as células do pâncreas, produtoras de insulina, gerando então a diabete.
Não explica tudo (a maior sobrevida de mulheres diabéticas em idade de procriação gerando bebês com genética para diabete pode ser outra explicação), mas é uma boa teoria.

10 de agosto de 2010

Não Está Fácil Ser Professor


Seguindo a séria série “Não está fácil...”, e professor então, hein?
É pressão da escola, é pressão dos pais (que esperam que os professores dêem a educação que muitas vezes eles falham em dar), é desafio da sua autoridade por parte dos alunos (isso sem falar nos sabidinhos que descobrem facilmente na Internet que o que os professores têm não falado não é nada daquilo...).
Inda bem que o salário permite longas férias em Paris ou Acapulco!


6 de agosto de 2010

Não Está Fácil Ser Pais


Os tempos do politicamente correto têm transformado em tormento situações que no passado eram mais prazerosas.
Uma delas é a criação dos filhos.
Filhos hoje em dia não podem isso, têm que ser aquilo, não devem fazer aquilo outro, e por aí vai.
E nisso tudo os pais são cobrados socialmente. Pela escola, pelos familiares, pela mídia.
Sentem-se então com muito pouca voz ativa e muito direcionados pelos outros para caminhos que nem sempre seriam os por eles desejados.
Some-se a isso a progressiva sensação de falta de tempo (paradoxalmente provocada por invenções que servem justamente para nos poupar tempo) e o costumeiro prolongamento da adolescência de pais e mães, estimulado pela mídia – que por sua vez responde aos interesses das indústrias.
Olha o caldo!
Melado caldo, prato cheio para acentuados conflitos de gerações, para confusão de papéis, para o deixa-que-eu-deixo, para o “a culpa é dele(a)” vivenciado por todos nós.

3 de agosto de 2010

Não Está Fácil Ser Criança


Um trenzinho avariado para quem adivinhar qual o brinquedo que faz mais sucesso no meu consultório.
Oops! Já dei a resposta!
É isso. Uma porcaria dum trenzinho (ou uma patrola, ou um trator, dependendo da imaginação do brincando). Quebrado, sem pintura (pelo bem da rusticidade, manja?), sem os principais componentes, mas ainda rodando.
Os olhos de muitos dos pimpolhos brilham quando o vê.
Nada de alta tecnologia. Barato (na verdade, me foi dado de graça), inquebrável no que agora resta dele. Dá pra fazer de tudo com ele: inventar mil histórias de personagens viajando, atropelar bonecos, até sair voando.
Ou não fazer nada. Olhá-lo, apenas – pensando na vida.
Esse trenzinho é para mim um símbolo (ou uma metáfora) da infância de tempos atrás: um dolce fare niente, um feliz ócio criativo.
Criança hoje tem que acordar cedo, tem que fazer jazz, sapateado, capoeira, tem que saber tudo de informática, tem que comer pouco senão fica obesa, tem que mandar MSN, tem que namorar, não pode namorar, tem que saber inglês, tem que falar no celular, tem que tirar 10 porque senão não passa no vestibular, tem que ser ecologicamente correta, politicamente correta, racialmente correta, não pode gastar, é pressionada pra gastar, tem que saber do desenho da moda, tem que andar na moda, tem que se preocupar com a briga dos pais, tem que visitar o pai separado, tem que dar uma força para os pais meio instáveis.
Aí começam a aparecer: falta de ar, dor de barriga, dor no peito, bola que sobe e desce na garganta, coceira na pele, aumento de peso, aumento de apetite, dor de cabeça, cansaço, desespero...
“Coisas” que também se viam tempos atrás, mas com muito menos freqüência.

30 de julho de 2010

GPS, Uma Invenção Antiga


O badalado aparelhinho que só agora estamos usando nos nossos carros pra achar a próxima pizzaria já é uma invenção muito antiga.
Tem a idade mais ou menos do próprio Homem na Terra.
Somos embutidos do mesmo aparelho na substância branca (parte mais interna) do cérebro chamada hipocampo, área relacionada à memória e às emoções.
Estudos recentes com eletrodos registrando a atividade cerebral durante o sono mostram que o hipocampo é ativado enquanto – sem que na maioria das vezes nos demos consciência – revisamos nossos caminhos feitos durante o dia.
Prédios, árvores, ruas, postos e as próprias pizzarias vão sendo marcados no nosso mapa interno enquanto dormimos.
Mais duas curiosidades:
Taxistas já demonstraram há anos (antes do GPS eletrônico, característica que talvez se perca com o tempo) hipocampos significativamente maiores que o de outros profissionais, prova indireta da sua função.
E, pra variar (é aqui que eu apanho, mas não sou eu que estou dizendo, é o mesmo estudo), mulheres também mostram menor função hipocampal.
Maridos, aparelhinhos pra elas!
(Obs.: deve ser por isso que eu, que tenho um sono tranqüilo como motor de ar-condicionado velho, muitas vezes tenho dificuldade para achar o caminho do banheiro numa casa de seis peças!)

27 de julho de 2010

Cores Trocadas


Filmes belgas não aparecem por aí a toda hora.
Mas um filme de alguns anos atrás (“Ma Vie en Rose”, ou “Minha Vida em Cor-de-Rosa”) toca num ponto muito interessante, motivo de preocupação de alguns pais.
O menino protagonista, na faixa dos 7 a 8 anos, é um menino saudável, bonito, aparentemente muito bem cuidado. Teria tudo para ser muito feliz.
Exceto por um fato: quer ser menina! Só se interessa por bonecas, é totalmente desajeitado para as brincadeiras de menino e fantasia casar com seu melhor amigo. Chega mesmo a encenar o casamento, para desespero de seus pais, que surpreendem a cena.
Será certamente homossexual? Pode ser mudado nos seus gostos pelas atitudes dos pais? É fruto de algum “erro” na educação?
São perguntas que seus pais se fazem. São perguntas que todos nós nos fazemos em situações como essas.
O que não adianta (e aí o filme é enfático) é apelar para atitudes extremas, como broncas, surras ou castigos.
É difícil de achar o filme, mas para pais e educadores vale à pena.

Sobre o mesmo assunto, o engraçadíssimo comercial das camisinhas Tulipan mostra o quanto podemos nos enganar com as aparências:





Comentários?

23 de julho de 2010

Pés Atrás


Desconfie do médico que pede muito exame para ser realizado por ele mesmo (ou por sua clínica).
Desconfie do médico que prescreve muito medicamento “de última geração”.
Desconfie do médico que não o examina (ou, em alguns casos, do que o examina meio demais).
Desconfie do médico que não o encara.
Desconfie do médico que não explica nada.
Desconfie do médico que enriquece rápido demais.
Desconfie do médico que faz propaganda (ainda vivemos num mundo em que isso é antiético, mesmo que muita gente já não perceba).
Desconfie do médico.
Desconfie.

(já consegui ouvir alguns murmúrios: “Rá! Desconfie do médico que escreve em blogs!)

A Copa veio, a Copa foi, se falou de Mandela e Tutu, prêmios Nobel da Paz. Mas acho que ninguém lembrou que lá também é terra de Coetzee, Nobel de Literatura. Quer ter idéia da tensão racial que ainda grassa naquelas terras? Leia “Desonra” (ou veja o filme).

20 de julho de 2010

Ainda Pulsa


Por outro lado (do assunto abaixo: Medicina Para Leigos) nós, pediatras, vivenciamos hoje uma situação mais ou menos engraçada:
Há algum tempo atrás, saíamos dos consultórios ou ambulatórios a cada dia com uma letra nova para a famosa música dos Titãs. Era mais ou menos assim:
“Glomerulonefrite
Dor de cabeça
Hepatite
Eczema
Micose
Empiema...”
Arnaldo Antunes deve ter ouvido algum médico na saída do trabalho, não tenho dúvida.
Agora, não. Doenças, doenças mesmo, têm rareado (a não ser, claro, nos ambulatórios de referência), por vários motivos (dentre eles: vacinas, melhora de condições sanitárias, informação, descentralização do sistema de saúde, etc.).
Então, o que vemos muito são ou pequenas doenças (comparadas ao que se via antes) ou gente se imaginando – ou até querendo estar – doentes. Estes abundam (com o perdão da palavra)!
Imagino o dia em que algum repórter de algum canal de televisão vá dar a notícia:
- Estamos aqui direto de Quixeramodá com uma criança apresentando o que pode ser um caso grave de diarréia. E atenção: lá vem mais uma evacuação!... Ah, não, era apenas um punzinho!

16 de julho de 2010

Águas Paradas


Com freqüência os pais perguntam o que pode ter causado a infecção urinária de seus filhos.
Nem sempre há exatamente uma causa (infecção nem sempre tem uma causa outra que um germe se aproveitando de alguma brecha de imunidade, mesmo que pequena).
Mas duas causas comuns devem ser lembradas em crianças:
1) O intestino preso. Como o assoalho muscular pélvico engloba função vesical (do esvaziamento da bexiga) e intestinal (a evacuação), crianças com constipação “seguram” muito a urina como reflexo do medo de evacuar. Urina parada (na bexiga) é um facilitador da multiplicação de germes que de outra forma seriam rapidamente eliminados com a micção.
2) O famoso T.C.M.P.F. (não confundir com a C.P.M.F!), ou seja, “Ter Coisas Melhores Para Fazer”. Como crianças pequenas vivem tendo C.M.P.F., “esquecem-se” de urinar! É muito comum, e é também um grande fator a predispor as crianças às infecções urinárias.