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30 de abril de 2010

Picardia


Pica.
Sempre tive algum pudor de anotar esse sintoma em prontuários de pacientes que outras pessoas pudessem ver.
Poderiam estar confundindo com – sei lá – alguma mal humorada interjeição por parte do consultante.
Mas o fato é que a pica é sintoma relativamente comum, principalmente na infância.
A pica é o desejo fora do comum de comer ou “mascar” substâncias não-nutritivas como gelo (pagofagia), terra (geofagia), isopor, massas secas (amilofagia), giz, pastas de dentes, guimba de cigarro, cabeça de fósforo queimada, espuma, etc.
Deu fome?
Aí é que está. Se você apresentar uma deficiência de ferro (mesmo sem anemia clínica), seja por menor aporte nutricional ou por perdas (como tumores de intestino ou uterinos) pode estar neste momento “lambendo os beiços”. Procure seu médico e não tenha vergonha de relatar o fato. Ele deve buscar os motivos.
Detalhe: há casos em que mesmo com uma busca ativa por deficiência de ferro ou suplementação, os pacientes mantêm o hábito. Uma das propostas é de que possa haver uma base psiquiátrica para tal.
(Lembro-me duma moça que durante a gravidez comeu três sandálias Havaianas! Isso porque era magrinha... Vai ver é por isso que anda tão cara!)

27 de abril de 2010

Gripe A: Segundo Ato


Não quero dar uma de metido, mas pulei de exaltação ao ver o programa “Questions à la Une” com o tema “Vacina da Gripe A: A Grande Farsa”, no canal canadense TV Monde na semana passada.
Por que?
Porque saio do consultório de um dia inteiro respondendo à mesma pergunta:
-Devo “procurar” a vacina contra a gripe A para meu filho que está fora da faixa etária recomendada?
Ouvi as mesmas frases que tenho falado há meses (mas deveria ser assim sempre, não deveria?):
Vacinas têm muito menor custo de fabricação para os laboratórios farmacêuticos do que os remédios tradicionais. Uma “simples” molécula de fluoxetina (Prozac) levou 15 anos para ser desenvolvida e liberada para o mercado consumidor. Esta vacina foi fabricada em poucos meses.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) elevou de maneira suspeita o risco pandêmico nos últimos meses. Os responsáveis? Pessoas que trabalham para a OMS e para os próprios laboratórios fabricantes (mas, espera: não estamos vendo pessoas caindo doentes nas ruas, estamos?).
Não há (e deveríamos desafiar autoridades sanitárias para esfregar nas nossas caras) qualquer estudo que comprove algum efeito da vacina em termos de saúde do indivíduo ou comunitária.
Na reportagem, porta-vozes das quatro principais indústrias fabricantes da vacina se recusaram a falar (é mais fácil falar com governos, claro, são mais “compreensivos”!).
O mesmo programa mostrou relatos de óbitos com a vacina “varridos para baixo do tapete”.
O grande mal dessa história toda (e aí, a frase que tenho repetido incansavelmente):
Há vacinas e vacinas. São inegáveis os progressos na área da saúde devidos às vacinas como coqueluche, sarampo, paralisia infantil, etc.
Essa pixotada em relação à gripe A pode fazer as pessoas deixarem de dar crédito às vacinas “sérias”, desenvolvidas com anos de experiência.

A coisa funciona mais ou menos assim:
“Olha, há uma doença grave grassando por aí. É a esculhambose sistêmica aguda”, que já fez 50 óbitos (sendo que 49 na Conchinchina do Sul). Mas não se preocupem, que nós (das Organizações Tabajara?) criamos uma vacina “massa” pra todos vocês, OK?
No ano seguinte, poucos casos de esculhambose. Graças a pouca freqüência da doença? Aos números inflados do ano anterior? Não, graças à salvadora vacina. População, governos e laboratórios farmacêuticos satisfeitos.
Até a próxima epidemídia.

-É, mas e se vier uma verdadeira epidemia?
Péssimo. Mas nos tragam uma vacina provada, transparente, garantida. Façam-nos acreditar nisso.

23 de abril de 2010

Meio Amargo


Os pais resolveram, por algum motivo, fazer um exame de glicemia de jejum no seu filho que estava lá, sossegado no seu canto, tentando se transformar num dos monstros do Ben 10, e aí apareceu o valor:
-Glicemia: 95,4 mg/dl
E agora? Faz o que com isso? Não é diabético, mas é “quase diabético”? Precisa fazer alguma coisa?
Em primeiro lugar, devemos de novo nos perguntar se em uma criança assintomática (sem qualquer sintoma) há necessidade de se fazer uma glicemia “só por fazer”. Eu desaconselharia fortemente (mas eu costumo ser voto vencido, fazer o que?).
Então, fez-se. O valor citado – freqüente, aliás - situa-se próximo do limite superior do que é considerado normal.
Os significados:
1) pode ser um valor aleatoriamente alto, valor que possivelmente não se repetiria novamente. Não esquecer que o próprio stress da coleta do exame (ou das horas que antecedem, principalmente nas crianças medrosas) pode elevar o valor da glicemia, sem qualquer relação com diabete.
2) um valor limítrofe pode significar uma propensão a um aparecimento posterior de uma diabete (uma glicemia mais alta pode já estar significando uma menor capacidade da insulina produzida pela criança em lidar com cargas glicêmicas).
Se esse fato servir para certos pais criarem maior consciência de bons hábitos alimentares e de atividades físicas, ótimo! O problema é que pode criar muita “neura”, isso sim (até porque pais que capturam seus filhos saudáveis para fazerem exames costumam ser mais “neuróticos”).
3) glicemias elevadas (mas aí, quase sempre com sintomas) podem significar outras doenças endócrinas
4) pode ser um jejum “meio burlado”
5) pode ser erro do laboratório (hipótese com a qual devemos sempre lidar)
Mas, por favor, não vão fazer carteirinha de sócio dos laboratórios pra ter uma média da glicemia de todos os meses, OK?

Beyond C

Quer dar uma boa risada?
Então, se ainda não viu, veja a decepção do menino americano quando seu pai o informa que suas irmãs sim, mas ele não poderia ser um “single lady” (uma “moça solteira”, da famosa “música” da Beyoncé).




Comentários?

20 de abril de 2010

Oração Aos Pais Medrosos

Pai e Mãe,
tende coragem
Coragem para usardes soro fisiológico nasal na quantidade e da forma correta
Coragem para irdes contra as determinações das Vovós quando não vos parecerdes corretas
Coragem para enfrentares vacinas sem que pareçam cirurgias sem anestesia
Coragem, até, para enfrentardes cirurgias (claro, com anestesia)
Coragem para dares remédio
Coragem para recusardes salgadinhos
Coragem para não comprardes sapatinhos da apresentadora sempre que aparecerem nos comerciais
Coragem, enfim, para mostrardes que ao dizer não também se diz que se ama
Coragem
Pois só ao observarem pais corajosos é que crianças terão chance de crescer para a vida de peito aberto e... corajosas.

16 de abril de 2010

Pidonas


Dentre as 1001 vantagens do leite materno, está uma situação que pode parecer uma desvantagem:
A criança que se mantém durante um período mais prolongado sendo amamentada (normalmente acima de 1 ano), vai se tornando “porrinha”, chata mesmo, muito mais na visão dos outros do que na visão das próprias mães (mas curiosamente é um medo que as mães assumem ter).
A “chatice” aqui está muito relacionada com a “folga” de querer mamar a qualquer hora, de ser “pidona” do seio materno, seja no restaurante ou no supermercado, além do vínculo aparentemente exagerado com a mãe, na comparação com aquelas que fizeram um desmame mais precoce.
Na verdade, essa “chatice” e esse “grude” parecem estar mais relacionados com dois fatores (observação minha):
1) o estilo materno: mães que amamentam mais tempo costumam ser mais “maternais”, no sentido protetor da palavra, o que dificulta o rompimento do vínculo exagerado dos filhos.
Nada de mais com isso. Ou você costuma ver soldados servindo a pátria mais “vinculados à mãe” porque mamaram mais tempo? (daria um bom trabalho científico – lembrar-me mais tarde!)
2) o aproveitamento da situação pelo filho: crianças pequenas são espertas. A mãe está ali de bobeira, com os peitos à espreita, vamos aproveitá-lo! (o que dá a sensação aos outros de que é muito chatinha com essa coisa de querer mamar o tempo todo).
Mas sem a menor dúvida é muito melhor isso (o tempo prolongado de amamentação) para a saúde da criança do que o desmame precoce.

13 de abril de 2010

O Que Freud Não Explicou


Para mim que vivo sempre no mundo da lua (eu e o Guilherme Arantes), com a cabeça nas nuvens, sonhando mais do que acordado de dia e lendo textos imaginários em pleno sono, esta reportagem da New Scientist vem como um alento:
Cita a reportagem o fato de que o imaginado limite entre sono e estado alerta não é tão claro assim (pelo menos não o tempo todo e para muitas pessoas saudáveis).
Dentre outras curiosidades, pessoas com privação de sono mostram com freqüência o que se chama micro-sono (pequenas “apagadas gerais”), em estado de aparente alerta, com comprometimento de memória e funcionamento cerebral global.
Outra: quanto mais se priva as pessoas do sono, maiores as diferenças nas respostas individuais: uns caem fácil quando se permite dormir, outros permanecem duros na queda. Imagina isso em soldados no meio duma guerra – coitado do fácil! (bom só pra soldado, porque em tempos de paz o duro na queda paga preço alto com a saúde).
E mais: pessoas que passaram uma noite acordadas, ao se permitirem apenas repousos curtos, costumam ter algumas horas de “pane” cerebral (trocam bolas com dados de memória, diminuem a capacidade cognitiva – em resumo, ficam meio “dãrs” por algumas horas após acordarem).

9 de abril de 2010

Sufoco


Responda sem pestanejar:
-O que causa mais episódios de sufocação em crianças, brinquedos ou alimentos?
Brinquedos. Talvez porque, ainda que crianças sejam vítimas de engasgos por falta dos dentes molares, incoordenação da deglutição e menor diâmetro das vias aéreas, fomos feitos para lidar com alimentos. Já brinquedos são invenções humanas, muitas vezes desconsiderando as fragilidades das suas próprias proles.
-Dentre os brinquedos, qual causa mais episódios de sufocação fatais?
Balões de gás (“bexigas”), vazias ou pedaços deles quando estourados.
-Dentre os alimentos, quais são os vilões?
Salsichas e doces gelatinosos, por se adaptarem e ficarem presos nas vias aéreas das crianças.
Um último detalhe lembrado sobre o assunto numa revisão da Academia Americana de Pediatria é sobre a dificuldade de se dar brinquedos para crianças maiores, mas que possuem irmãos menores em casa. São estes com freqüência vítimas de engasgos com os brinquedos dos irmãos mais velhos.

Engasgos?
Ah, isso não aconteceria comigo!...
Não esqueça! Até o ex-presidente americano já quase passou daquela para melhor assim!

6 de abril de 2010

Quadrado Redondinho


Isto não é baseado em nenhum estudo científico.
Presunçosamente vou tentar eleger os quatros fatores extrínsecos (não relacionados à genética) responsáveis pelo aumento de peso em crianças pequenas (pré-escolares):
1) transição alimentar com alimentos inadequados: aos 6 meses de idade – ou até antes - a introdução de alimentos industrializados precocemente, em detrimento de alimentos naturais (espere: estou ouvindo um zumbido: Danoninho, inho, inho...)
2) uma despensa “rica” (cheia de pacotinhos dotados de pequenas mãozinhas dizendo “Por favor, venha me comer” – com todo respeito!). Despensas pobres normalmente direcionam a criança para a fruteira mais próxima
3) um ambiente emocional “complicado”, nas suas mais variadas nuances. Crianças pequenas, assim como os adultos, frequentemente afogam suas mágoas (e ansiedades, e temores, etc.) em comidas
4) uma vovó (acharam que iam escapar, hein?) muito bondosa e generosa por perto (morando junto, principalmente). Vovós cheias de boas intenções são grandes boicotadoras de regimes alimentares dos seus netos, com raras e honrosas exceções

2 de abril de 2010

As Cores da Intimidade


E as tais “pulseirinhas do sexo”, hein?
Confesso que estou sabendo meio tarde da história, já rolando há algum tempo.
Pais e responsáveis, o que fazer?
“Sei lá” não serve como resposta, não é mesmo?
Mas às vezes a gente tem que fazer uma força danada pra se colocar na cabeça das gerações mais novas pra saber qual é a deles.
Tenho ouvido desde o “deeeixe que transem!” até o horror total com a coisa.
O problema é que não são adultos com casa, salário e planos de saúde que as estão vestindo.
São na maioria das vezes menores de idade bobinhos(as) se achando muito espertos(as), ignorantes dos riscos que correm.
Dentre outros, o estímulo à violência sexual, induzida pelas pulseiras de códigos mais ousados, provavelmente as mais interessantes pra galera.
Nenhuma pulseira – que eu saiba – significa: me estupre, me mate de forma violenta e me jogue na vala comum. Mas vá confiar na tradução correta de certas mentes doentes...