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29 de junho de 2010

Por Um Punhado de Dólares


Alguns números que eu achei na Internet:
62 milhões de pessoas morrem no mundo todo ano.
17.700 pessoas morreram devido ao vírus da gripe A desde o início da epidemia (casos confirmados), curiosamente, muito menos que nas gripes sazonais de anos anteriores.
Diarréia? Mais de 1 milhão (2009).
Tuberculose? Perto de 3 milhões/ano!
Diabete? Quase 4 milhões/ano!
Comparativamente, no caso da tuberculose versus gripe A é equivalente à população de uma Belo Horizonte contra a de Água Boa (MG).
Então, como passei esses últimos meses todos falando:
Ô dinheirinho para prevenção de doenças (esse das vacinas da gripe A) bem aplicado, sô!

Travalingua da Copa (repita rapidinho comigo):
“O Messi mexe com o médico do México”.

25 de junho de 2010

Adubando Dá

(propaganda antiguinha, do tempo das "bisa")
Já andei falando aqui sobre a roubada de se usar o Vick Vaporub em crianças com sintomas respiratórios.
Mas nessa época do ano, com gripes, resfriados, bronquites e asmas abundando é interessante comparar a estratégia furada de se usar uma meleca dessas no peitinho das crianças.
Então, comprar Vick Vaporub é tão produtivo como:
□ vender agulha de crochê pra balonista
□ distribuir âncora na entrada da piscina
□ anunciar camisinha pra eunuco
□ pilotar pula-pula em pântano
□ ou, então, vender pula-pula na piscina, anunciar âncora na entrada do pântano, distribuir camisinha pra agulha de crochê...
Bom, acho que já fiz valer meu ponto de vista.
Mas, de novo, esse ano, Vicky será um campeão de vendas. Graças à capacidade das agências publicitárias em transformar cocô em adubo orgânico.

22 de junho de 2010

Neurônio de Bêbado Não Tem Dono


Já fomos menos caras-de-pau no quis respeito à preservação dos jovens quando se trata de bebida alcoólica.
Estamos agora numa época em que “se abre as pernas” para a publicidade inclusive num evento esportivo de alcance global como a Copa do Mundo (esta é a primeira copa com patrocínio oficial de uma cerveja no Brasil, onde os “guerreiros” brasileiros dão a vida pelo seu país no futebol e acalentam uma crescente geração de bebuns).
Enquanto isso os chatos dos estudos continuam comprovando – não sabemos pra que – os danos causados.
Como esse de agora mostrando alterações no número de neurônios da região hipocampal (o hipocampo é uma região do cérebro com funções específicas em relação às emoções e à memória) de jovens* que tem o supostamente inofensivo hábito de tomar alguns porres.
Mais porres, menos neurônios. Até que “póc!”, o hipocampo se transforma numa bolinha de gude monocromática, inútil e apagada, daquelas de menor valor no joguinho de búlica.

(*nesse caso, jovens macacos, visto que pais humanos não aceitariam a análise necropsial dos cérebros dos seus filhinhos tão facilmente quanto nossos parentes aceitaram).

-Ei, você que tá me lendo aí! Algum poblema? Ah, bom, achei que tinha!

18 de junho de 2010

Abundância


Já se achou que as proteínas (basicamente presentes nas carnes, ovos, leites e derivados) poderiam ser a solução da obesidade.
Não são.
Dietas famosas como a de Atkins nelas se basearam, ao mesmo tempo em que demonizavam os carboidratos (presentes em massas, doces, bolos, arroz, frutas e legumes).
Mas ainda que não sejam salvadoras, as proteínas têm assumido um papel muito importante no manejo dietético da obesidade infantil, visto que crianças e adolescentes obesos de causa mais ambiental (não genética, portanto) costumam “abusar” de carboidratos, em detrimento dos alimentos protéicos clássicos.
Esse fator nutricional se associa aos altos índices de inatividade (ou “sub-atividade”) como duas das causas mais importantes da chamada “epidemia do século”.
Pais e filhos costumam ter dificuldade em perceber, mas quando se incluem fontes protéicas nas principais refeições (ou, de preferência, em quase todas elas), a sensação de saciedade muda (a, digamos assim, autonomia entre uma refeição e outra aumenta), come-se menos (em termos de volume calórico), a relação da massa magra (muscular)/massa gorda melhora.
O que não se pode é fanatizar.
Carboidratos são importantes, são o combustível básico diário do qual não podemos abrir mão. Só que vivemos atualmente num mundo em que estamos afogados neles!

15 de junho de 2010

Olhos Pra Que?


Certos tipos de problemas infantis de origem emocional – e como os há – muitas vezes não se resolvem (criando uma série de despesas, incômodos, dores, etc.) simplesmente porque pais e familiares insistem em buscar soluções e tratamentos nos outros (ou dos outros) ao invés de tentarem buscar neles próprios o que pode estar havendo de errado.
Por exemplo: vejo com alguma freqüência em crianças mais velhas com intestino preso (às vezes com a associação vexatória do escape fecal, que é a perda do controle da evacuação) uma via sacra dos pais em médicos, psicólogos, laboratórios e encaminhamentos, quando na verdade faltaria se olharem, se questionarem em relação aos papéis que cada membro da família tem representado para o problema da criança.
Não raramente observamos pais autoritários, mães impacientes, vovós superprotetoras e menos raramente ainda a combinação disso tudo.

Se nesses dias de Copa, você, pobre mulher, quiser falar com algum representante do sexo masculino, é só esperar acabarem os jogos. E os “bate-bolas”. E as “mesas redondas”. E as “redondas na mesa”. E os “bola-dentro”. E os “bola-fora”. E os “bolas na mesa” e os “bolas quadradas”, e os “pisada na bola”...
Olha, vai direto na carteira e faz a linguagem de gestos que é melhor!

-E aí, Kaká, tá bem pra jogar?
-Olha, fiz de tudo pra tá bem e...
-Mas você tá em condições, mesmo?
-Tô, tô...
-Jura por Deus?
-Ih, f...deu!

11 de junho de 2010

Palpites Infelizes


Copa do Mundo aí, é hora de falar da grande paixão do brasileiro:
Futebol?
Não. Falar mal dos filhos dos outros!
Porque é impressionante o que os pais ouvem de comentários (cornetagens) de parentes, vizinhos e até de desconhecidos sobre o seus filhos!
-Tá magrinho!
-É tão pequenininho!
-Nossa, como tá pálido, tadinho!
Ora, vão à...
Bom, devemos tentar ser educados. Mas é que às vezes a paciência enche, mesmo.
Há dois grandes responsáveis diretos pelo bem-estar das crianças: seus pais (“os donos” delas, podemos assim dizer) e seus médicos, que são as pessoas com suposta competência técnica para opinar (ainda que estes últimos vez ou outra também falem grandes bobagens, infelizmente...).
Então, é bola pra frente! E rolhas no ouvido, um conselho que não canso de dar para novos papais.

8 de junho de 2010

Fragilidade Oculta


Existem poucas situações em que a Medicina se perde tanto quanto na questão do pré-adolescente e do adolescente obesos.
São pacientes mal tratados em todos os sentidos.
São normalmente vistos com preconceito por todos: colegas de escola (improváveis paqueras incluídos), familiares (pais incluídos com muita freqüência – exceto os familiares que “tomam suas dores”, às vezes com prejuízo ainda maior pela superproteção) e, ainda, médicos e nutricionistas em geral.
Há muita culpa, muita auto-estima afetada, muita dinâmica familiar torta, muito caminhar no sentido contrário em termos de orientação terapêutica (como por exemplo, e principalmente, tentar proibir o paciente de fazer aquilo que ele mais gosta – seja por alterações herdadas, ambientais ou por ansiedade em relação à sua própria condição de vida: comer!).
Há poucas situações médicas em que a noção de primo non nocere (“inicialmente não causar dano”, expressão latina usada para frear o ímpeto do tratamento que possa fazer mais mal do que bem) deva ser tão cuidadosamente aplicada.

4 de junho de 2010

Chupetudas e Chupetudos


É expressionante (expressionante, como você já deve saber, é algo impressionante só que mais expressivo, mais voltado pra fora) como para satisfazerem prazeres instantâneos de seus pimpolhinhos pais relegam as conseqüências de longo prazo.
Tô falando da chupeta. Mas poderia estar falando de certos tipos de alimentos, do abuso de video games, da frouxidão nos horários, etc.
Não sou dos pediatras radicais em relação ao uso da chupeta. É mais ou menos como se esperar que um adolescente nunca tome um porre na vida, por exemplo. Há certa hipocrisia nessa conduta, pois a grande maioria dos filhos de pediatras as usam ou usaram.
Entretanto, o que os pais devem lembrar é que para muitas crianças “chupetudas” as conseqüências podem ser nefastas como alterações faciais, de fala, problemas dentários, problemas psicológicos (até relacionados com os anteriores).
Então vale mais certa peninha na hora de retirar a chupeta de vez do que arcar com penas maiores no futuro.

1 de junho de 2010

Se Ficar o Bicho Pega...


Coisas boas e coisas ruins sobre a toxoplasmose na gravidez:
Coisas boas:
● Apenas na minoria dos casos em que a mãe pega a toxoplasmose durante a gravidez ela tem o seu filho infectado (cerca de 1/3 dos casos, o que mesmo assim não é um número desprezível).
● A incidência da toxoplasmose tem diminuído de forma consistente nas últimas décadas (não se sabe exatamente por que).
Coisas ruins:
● Há controvérsias, mas aparentemente o tratamento da gestante ajuda nada ou quase nada na prevenção de problemas fetais!
● O exame ecográfico também ajuda muito pouco no diagnóstico dos problemas fetais!
Por essas e por outras, o diagnóstico e tratamento gestacional têm muito pouco efeito na “loteria” da toxoplasmose congênita, infelizmente.
Resta então, a gestante ficar atenta à prevenção:
Se ela tem o exame (IgG, feito no início da gravidez) negativo, significa que tem chances de pegar toxoplasmose durante a gravidez, com riscos para o feto. Então deve:
◊ Evitar comer carnes (vaca, porco, carneiro) que não sejam bem cozidas (evitar grelhados e defumados)
◊ Evitar comer verduras ou vegetais que não sejam muito bem lavados ou cozidos
◊ Nem pensar em mexer com jardinagem!
◊ Talvez, livrar-se de gatos (gatos e gestantes não combinam – ainda que hajam estudos mostrando que ter gato dentro de casa não aumenta a chance da dona ser afetada na gestação)!

Desmascarado

Não sei donde essa pequena gente tira isso, mas o menino de 3 anos recém feitos, adentra no meu consultório (pela primeira vez) após a mãe ter entrado, faz cara de mau para a minha pessoa e manda:
- Olha aqui, você não me engana!