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29 de outubro de 2010

Eca-Libur


Tô aqui cansado de falar contra a noção de que bebês saudáveis apresentem dores de qualquer natureza (cólicas, principalmente).
Existem, entretanto, alguns lactentes que apresentam dores abdominais incômodas (aparentemente, porque eles não dizem) próximas à evacuação.
Sabem aquela imagem tradicional de filmes medievais (medievais no tema, claro, pois a invenção do cinema é meio recente) da tentativa de arrombar a porta do castelo com um enorme tronco?
É mais ou menos o que acontece com a disquesia, uma condição na qual o cocozinho pronto pra sair no canal anal (o equivalente ao tronco do arrombamento do castelo) encontra a “porta” fechada (o esfíncter anal, por imaturidade na coordenação dos movimentos intestinais), gerando sintomas como choro intenso, palidez, cianose (o bebê fica meio roxinho).
Só não se descabela porque ainda não aprendeu como fazê-lo (ou porque não tem cabelos!).
Não precisa tratamento. De resto, o bebê se apresenta saudável.
Melhora com a idade.

O que vou revelar aqui pode influenciar definitivamente os rumos do país, portanto não leve muito a sério:
Dilma não é um nome de verdade. É seu codinome do tempo de guerrilheira.
Significa “(I) am Lid” de trás pra frente (“Sou tampa”, em inglês).
Tampa de quê? Do caixão de seus inimigos políticos, segundo os próprios (aqueles que sobreviveram).
Outros significados têm sido sugeridos: “Tampão”, referindo-se ao seu mandato tampão de presidente petista, até que o Lula concorra novamente. (Mas aí o Big teria que ser incluído: “am Big Lid”, o que modificaria um pouco o nome: Dilgibma?).
Sei não. Nessa reta final tudo pode ser verdade.
Ou, como diria Caetano (que, aliás, apóia quem mesmo?): “Ou não!”.

26 de outubro de 2010

Patuá


“Depois da porta arrombada é que se compra o cadeado”.
Na saúde, também.
Medidas de tratamento ou de prevenção esbarram no “comigo não vai acontecer” o tempo todo (bem como no “ainda não estou precisando” e no “não há de ser nada de tão sério”).
Pegue-se o exemplo clássico da pressão alta:
Silenciosa até que danos – inicialmente microscópicos, nas estruturas dos vasos sangüíneos – apareçam.
E mesmo quando podemos demonstrá-los (a quantidade de albumina na urina é uma medida do dano renal progressivo da pressão alta nos vasos dos rins, por exemplo), a maioria ainda assim não se convence. Não se trata. Não se cuida. Não se mexe.
Somente algum acidente vascular cerebral, algum infarto do miocárdio é susto suficiente para convencer.
Somos construídos com algum chip para não entrarmos em pânico com nossa saúde a todo instante.
Somos mesmo na grande maioria resistentes ao constante ataque da mídia interessada em nos transformar em doentes de tudo e de qualquer coisa por interesses escusos.
Não nos culpem.
O problema é que a régua da prevenção algumas vezes precisa ser ajustada milímetros pra trás do primeiro e evitável desastre.

22 de outubro de 2010

Velho Bicho Novo no Pedaço


Sai de cena o vírus, entra uma nova bactéria nos noticiários.
Afinal, precisamos ser sempre assustados com ameaças microscópicas.
É a KPC, bactéria com nome de rádio difusora.
A KPC é a velha Klebsiella, tradicional habitante dos nossos “buracos sujos” (intestino, aparelho urinário), modernamente super-vitaminada pelo uso excessivo de antibióticos.
Certas bactérias possuem uma alta capacidade de informar suas descendentes sobre como resistir ao efeito de determinados antibióticos (no caso da KPC, à quase todos, mesmo!).
Ocorre que ela não anda por aí, atrás das portas ou embaixo da cama de pessoas indefesas. É bactéria hospitalar, aproveita-se de organismos baleados imunologicamente.
Mesmo assim, como essa população não é nada desprezível em termos numéricos, assusta.
Assusta porque mata.
Assusta também porque veio fazer sua casa no Brasil nos últimos tempos.
Assusta porque com essa não tem vacina, porque depende de tempo e consciência médica, da população e da indústria (consciência de indústria? Fii!) pra voltar pra trás na agressividade.

19 de outubro de 2010

Na Tal Idade, Como Controlar?


Sem dúvida o aborto é um assunto importante o suficiente para virar motivo de desempate de segundo turno de eleição presidencial.
A eleição do tema – quase como tema único da área da saúde - mostra a seriedade de ambos os candidatos.
Tudo vai bem na saúde. Assim como de resto em todas as demais áreas, quer fazer crer nosso ainda presidente.
Por isso só resta resolver: “aborto, sim ou não?”. E, pronto! Vamos pro recreio!
Planejamento “familiar” (aqui com aspas porque o termo familiar perdeu o sentido há muito tempo) depende de estrutura, real vontade política e educação.
E educação de qualidade vai continuar sendo palavra vazia, destituída de significado onde elegemos como presidente um iletrado atrás do outro (não que o letrado seja garantia de qualquer coisa).
E outra: com planejamento, com efetiva limitação do número de filhos, diminui o ciclo “família numerosa, pobreza, família numerosa”.
E sem pobres, fica difícil fazer campanha de nível: “... é coisa de pobre, ... é coisa de rico...”!

A Matemática do Aborto

A discussão partidária deve se dar mais ou menos assim:
Sendo contra, agradamos religiosos, católicos, evangélicos, vovós e afins. Total de x %.
Sendo contra, agradamos intelectuais, libertinos e libertários, donos de mídia (exceto as dominadas por evangélicos), publicitários e afins. Total de y %.
Se X > Y, então somos contra! Se Y> X, então somos a favor!
Mas, espere, o que faremos se ganharmos?
Nada, bobinho, a eleição está logo ali!

15 de outubro de 2010

A Absolvição do Picolé


Vira, vira, vira homem, vira, vira,
Vira, vira lobisomem, vira, vira, vira
...”

Lembrança difícil para quem tem menos de 40, nessa musiquinha dos antigos Secos e Molhados (conjunto do ainda atuante Ney Matogrosso) a possibilidade de transformação duma coisa em outra parecia poder existir.
Já a transformação de resfriados, roncos (o barulho da presença do catarro no peito) e gripes leves em alguma outra coisa é fenômeno quase tão raro quanto se enxergar algum lobisomem andando pela rua (exceto nas meias-noites – credo!).
Pneumonias são, via de regra, as algumas outras coisas que as mães tanto temem (temem tanto que muitas vezes evitam mesmo mencionar a “coisa ruim”!).
Mas pneumonias na grande maioria das vezes surgem do nada, pode-se dizer. São uma infeliz combinação de transitória baixa imunidade associada a algum germe mais agressivo – mas algumas vezes nem tanto.
Não foram evolução de catarrinhos no peito, de inofensivos ronquinhos, de pouca tosse de quadros virais comuns.
Nem foram culpa de ventos, de andar sem touca, de sorvetes, picolés ou bananas split.

Obs.: às vezes vê-se, infelizmente, alguns diagnósticos Mandrake de pneumonias. Crianças brincando ativamente, sem febre ou com muito pouca febre, com sintomas estáveis nos últimos dias muito dificilmente têm pneumonia (não importa o que raios xizes digam!).

12 de outubro de 2010

Só uma Olhadinha


O comediante Marcelo Adnet comentou em entrevista ao programa da Fernanda Young que se irrita com pessoas que no aeroporto pedem pra fazer imitação ou piadas:
- Imita um passageiro atrasado aí, Adnet!
E reclama:
- Seria o mesmo que ver um engenheiro civil por aí e pedir: “Faz um projetinho pra mim?”.
No que Fernanda Young retorquiu:
- A minha exceção é com médico. Eu vou mesmo e peço: “Dá uma olhadinha nessa verruga aqui!”.
Então. Se cobrássemos por todas as “olhadinhas”, as “só uma pergunta”, as “aproveitando que você está aqui”, as - no caso dos pediatras - “pode ver esse outro também?”, as “posso dar o mesmo remédio pro outro?” e os “pode assinar pra mim?” (exames médicos), aquele apartamento à beira do Sena não seria um sonho assim tão distante.

Vibrei (uma leve vibradinha porque o prêmio não é meu, mas vibrei mesmo assim) com o Nobel de literatura dado a Mario Vargas Llosa. São imperdíveis “A Guerra do Fim do Mundo”, “A Festa do Bode”, “A Cidade e os Cachorros”, só pra citar alguns. Por causa dele, há anos que já me sinto meio peruano (veja, por exemplo, minha intimidade com um lhama, bicho literalmente do Perú...).



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8 de outubro de 2010

Espelho sem Aço


Um dos maiores fabricantes de computadores do final dos anos 1970 conta que podia sentir o valor de tudo: monitores, teclados, etc.
Só não conseguia dar importância para algo tão intangível quanto um software, um mero e invisível sistema operacional. Desprezava então um rapaz com cara de nerd chamado “Bill”, que queria fazer valer o seu produto.
Se deu mal, como sabemos hoje.
A sinusite é uma causa “palpável” de dor de cabeça. É entendida como causada por algum germe dentro de algum buraco (seio) dos ossos da face. Vê-se no Rx (ainda que a maioria dos Rx “positivos” para sinusite não tenham qualquer valor diagnóstico), toma-se algum antibiótico, e fim de papo.
Até a próxima dor de cabeça. Até o próximo diagnóstico de sinusite.
A enxaqueca, não. Como um sistema operacional, é impalpável desde seu diagnóstico (baseia-se na história do paciente, e não em exames). Não aparece em Rx. Tem suas explicações causais “nebulosas”. É, portanto, um alvo mais difícil de ser acertado, causando insatisfação e ansiedade ao diagnosticado.
Ocorre que é, na verdade, bem mais freqüente. E se ignorada causa abuso de antibiótico, exames desnecessários. Sem falar no desperdício de medidas preventivas muitas vezes muito eficazes.

5 de outubro de 2010

Regra do Gotozinho


Não precisamos ser experts em nutrição. Não precisamos deixar de nos alimentar com coisas gostosas aqui e ali.
Mas alguns pais e avós quando pensam em alimentar seus filhotes e netos seguem apenas uma regra:
A regra do gotozinho.
É gotozinho, dá! De preferência, de montão.
Não importa a idade da criança. Não importa o mínimo balanço de nutrientes. Não importa se é industrializado, acrescido de mil e um ingredientes artificiais, se é excessivamente colorido, gorduroso ou açucarado.
Ah, é tão gotozinho!...
O problema é que as conseqüências não são imediatas.
Ninguém explode comendo gotozinho.
Ninguém fica verde, como o Hulk (pelo menos não na mesma hora).
Não cresce a cabeça, não cai cabelo – mas com alguma freqüência incha alguma orelha!
Diabete, doença celíaca, hipertensão, osteopenia. São indubitavelmente provocados – entre outras causas – por excesso de gotozinho, numa infância ou numa vida inteira.
Ah, mas a vida é curta!...
Sem dúvida.
Curta e repleta de coisa gotozinha.

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1 de outubro de 2010

Trem se Espera na Estação


Retardo de Crescimento Intra-Uterino (ou RCIU).
É o termo médico para dizer que o bebê parou de crescer o quanto dele se esperava a partir de certo momento da gestação.
E é uma das mais citadas justificativas para se interromper a gestação antes do tempo (através normalmente de cesarianas).
Ocorre que nos últimos anos, com todo o acompanhamento de ultrassonografias e medidas do fluxo sangüíneo umbilical (através do Doppler), constatou-se que o melhor – para a grande maioria das crianças – é “deixar como está”.
Bebês retirados precocemente porque “não têm espaço para crescerem” (ou qualquer outra justificativa que se dê) ganhariam muito mais esperando um maior amadurecimento intra-útero do que fora dele (especialmente em crianças com menos de 7 meses de idade gestacional, em que os riscos da prematuridade somam-se aos do pequeno crescimento).
Não há o que se faça aqui fora que se compare com o tratamento que a natureza oferece dentro das suas originais casinhas.
O duro, muitas vezes, é ir contra a palavra do obstetra. Ou da sua agenda.

(entenda-se: o RCIU já é, certamente, um problema. O que não dá o direito de ser piorado pela prematuridade)