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30 de novembro de 2010

O Pior Cego


O povo haitiano, na sua desgraça, está dando uma amostra em escala nacional do que a miséria aliada à desinformação e às crendices (umas conseqüências das outras) podem fazer a quem precisa de ajuda.
Culpam pelo surto de cólera não a pobreza, o terremoto ou caos sanitário.
Foram, segundo eles, os inimigos vizinhos dominicanos associados aos que dão ajuda humanitária os responsáveis pelo desembarque da bactéria.
E aí hostilizam - xingam, expulsam e até matam - quem tenta dar a mão.
É triste, mas faz-se o quê? Põe-se na escola, deixa-se pra lá, trata-se toda uma população na marra, veias e goelas abaixo?
Todo profissional de saúde já passou por isso. Não há nada mais frustrante que povo, que paciente deseducado. Aquele que teima que a causa dos seus problemas está em qualquer um. Menos nele.

26 de novembro de 2010

Sem Ar


O bombardeio à pretensa regulamentação publicitária do Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária – auto-regulamentação significa “eu infrinjo, eu me puno”, interessante, não?) é diária, sabemos.
E a cada dia pérolas são lançadas, como esta da querida dupla dos que têm perto de 30 anos de idade:



Dizer que é ótimo para a sua saúde sem nada que comprove (exceto a crença ingênua e difundida de que “se é vitamina, é bom, quanto mais, melhor”) já é errado.
Mas o fim da picada é a porção feminina da dupla dizer: “Ôpa, então me dá logo essa meleca que eu também quero!” (não foi dito assim, é claro).
Gente, vitamina pode não parecer, mas também é medicamento. E um alfabeto inteiro vitaminoso terá certamente seus efeitos colaterais, tomados sem indicação.
Exagero?
Deixemos como está e um dia veremos:
“Esse Gardenal me deixa muito cool. Êba! Também quero!”

Comentários?

23 de novembro de 2010

Bolinhas das Galinhas


A história prometida: da galinha da figura da postagem anterior.
Curiosamente, o apelido da varicela no inglês (assim como a nossa catapora) é “chickenpox”.
“Chicken” de galinha, mesmo, e “pox” de “marca na pele” (assim como a da acne, por exemplo).
Agora...
Por que “marca da galinha”, hein?
Galinha tem varicela?
-Não!!
Galinha passa varicela?
-Não!!
Galinha tem lesão de pele que se assemelha à varicela?
-Não!! (que eu saiba).
Aí é que está: ninguém parece saber ao certo.
Uma das teorias é a de que o termo “chickenpox” se parece com “chickpeas” (grão-de-bico). Ah, tá!... Então as lesões de pele da varicela se assemelham ao grão-de-bico! (conta outra vai!).
Bom, não interessa! É “chickenpox” (marca de pele de galinácea, mesmo!).
Quem quiser que escolha a sua teoria...

-E catapora, hein?
Como muita coisa nossa, vem do tupi, claro: “tatapora” inicialmente (“tatá” significa “fogo”, “pora” algo como “que nos habita”).
E aí, pergunta o outro, como é que as índias reclamavam que estavam sentindo um “fogo por dentro”, catapora também?

19 de novembro de 2010

Bolinhas Meia-Bomba


Diz lá nos livros-texto sobre a varicela:
"A re-exposição ao vírus da varicela em contatos posteriores (após a infecção neste caso, e não no caso da vacina) parece exercer um papel fundamental na manutenção da imunidade contra o vírus da varicela e na prevenção do herpes zoster".
O que isso quer dizer? (Traduza, por favor!)
Quer dizer que se - a partir de certo momento - todo mundo for vacinado e/ou imunizado contra a varicela, não vão mais existir vírus circulantes (por aí, na comunidade). Não existindo mais vírus, não haverá chance de um novo contato do organismo com os vírus, claro (a não ser com os da própria vacina).
Sem novo contato, sem manutenção da imunidade (as células de defesa vão "se esquecendo" de como lutar contra o vírus.
E daí?
Daí que (como já tem acontecido em algumas áreas onde a vacinação é extensamente realizada) quando surge algum foco de vírus (algum doente), pronto: todo mundo (vacinado ou imunizado pela doença no passado) vai estar novamente susceptível de ter a doença e suas complicações.
Qual a opção?
Revacinações (com novos custos) a cada período (ainda não definido, talvez a cada 10 anos, por exemplo) ou a erradicação total (como no caso da varíola), com o mundo inteiro se vacinando.
O problema é que isso é decisão mundial e no caso da varíola a situação era muito mais urgente (bem como no caso do "quase erradicado" sarampo).
A varicela...
É por enquanto só uma varicela!
Por isso acho que vamos continuar nessa situação meia-bomba.

(na próxima postagem eu conto o porquê da galinha da figura acima)

16 de novembro de 2010

Não Confie em Mais Nada


Uma das fontes nas quais pediatras do mundo inteiro mais bebem é o jornal da Sociedade Americana de Pediatria (o Pediatrics).
E nos últimos tempos (tempos em que só o que manda é o dinheiro) vêm à tona estudos tão rabos-presos (além de extemporâneo) como este:
Estudo pra verificar a melhora ou não de sintomas de crianças resfriadas com o uso de Vicky Vaporub!
Desculpem-me, mas:
Ó céus!
Quando não há estudos decentes para serem feitos, não façam(assim como quando não há remédios decentes para serem usados não se use nada)!
O dito artigo cita, claro, a melhora dos sintomas,“apesar dos leves efeitos irritantes” (irritante é... bom, deixa pra lá!) na avaliação feita pelos próprios pais.
Artigo – precisava ser dito? – totalmente patrocinado pela poderosa indústria (holding é o termo mais correto) Procter & Gamble, que tem uma renda anual equivalente ao PIB do Uruguai, detentora da marca Vicky, assim como outros produtinhos muito úteis à nossa saúde.
Metodologias à parte (pois quem é que vai realmente se preocupar com isso?) o que interessa, o que brilha nas manchetes internéticas é a conclusão, que se lê em menos de 10 segundos.
Pois é. Sigo dando murro em pontas de facas...

12 de novembro de 2010

Vitamina S

O que é botulismo?
Ainda que seja uma doença rara, pode ser muito grave, e o que é pior, de difícil diagnóstico.
Sabe aquela brincadeira da “vitamina S” (de “sujeira”), de quando dizemos para as mães não se preocuparem quando seus filhos brincam no chão, de que não há perigo?
Não é 100% verdade (ainda que não se deva ser paranóico), dentre outros motivos pelo perigo da presença da bactéria Clostridium, causadora do botulismo, que vive no solo (e é resistente às condições ambientais, pois se encapsula, o que confere essa resistência).
A doença é súbita, com sintomas que vão desde a dificuldade de alimentação e intestino preso (causa rara desses sintomas) até hipotonia (“bebê mole”) e paralisia de músculos respiratórios, com risco de morte.
Não há exames fáceis de serem feitos (a cultura de fezes é um dos exames, mas pouco confiável quando negativo), por isso o diagnóstico se baseia na suspeita clínica.
Outras fontes de Clostridium são o mel (em crianças abaixo de 1 ano, pela menor defesa), xarope de milho (tipo Karo), alimentos preparados em restaurantes como maioneses e tortas e alimentos enlatados.

9 de novembro de 2010

Kid Anti-Furto


Tudo bem que a sua pequena mercadoria, seu pacotinho de açúcar com sua cara impressa na embalagem seja algo de muito precioso.
Mas aí o pessoal já exagera.
Inventaram agora, em algumas maternidades pelo mundo, o chip-segurança, aquela mesma geringonça que serve para detectar os mãos-ligeiras em lojas de departamentos, shoppings e supermercados.
Pregados ao coto umbilical ou à perna dos recém-nascidos, disparam escandalosos alarmes e travam portas de acesso aos meliantes que se atreverem a querer levar seu novo integrante da família, mesmo que a intenção seja um inocente banho de sol.
Ah, é. É realmente muito necessário! Devem ser o que? Uns 200 raptos. Por ano. No mundo inteiro! Principalmente nas maternidades que podem lançar mão de aparatos dessa natureza.
E depois, os novos papais têm muitas coisas para fazer quando estão 24 horas na maternidade, exceto prestar atenção na cria...
Vem cá: trava nos berços ninguém pensou em pôr não, né?

5 de novembro de 2010

Leis Duras Para Pais "Moles"


É só sentar na praça de alimentação de qualquer shopping e observar (eu já fiz isso várias vezes): quem daquelas pequenas criaturas ali presentes aceita comer outra coisa na presença de brinquedinhos associados ao “lanche feliz”?
Dá pra contar nos dedos: um! No máximo, dois! (normalmente filhos educadíssimos de pais super-zelosos não somente com a nutrição dos filhos, mas com toda uma filosofia anti-entreguista às multinacionais).
Mas que não deixam de olhar com olhos de gato de Shrek pras miniaturas de... Shrek, por exemplo, da mesa ao lado.
Uma novíssima lei aprovada em São Francisco (EUA) proíbe a vinculação dos tais brinquedinhos aos lanches pouco saudáveis (a lei cita: mais de 600 calorias, que não contenham frutas ou vegetais ou que incluam bebidas excessivamente açucaradas ou gordurosas – tradução: Mc Lanche!).
Pelo jeito vai ser assim (como na questão dos cigarros): nossos doentes têm nos custado muito caro, por aqui proibimos. O resto do mundo que se vire (afinal, via de regra, multinacional manda mais do que governos)!
A lei entra em vigor em dezembro de 2011.
Até lá, muita gritaria (de pais, inclusive!). E tempo para as grandes lanchonetes pensarem nas próximas cartadas...

2 de novembro de 2010

Tempo Gordo, Corpo Magro


Você sempre ouviu pedidos insistentes da sua mãe para que comesse devagar, para que olhasse para a comida ao invés da televisão, para que descansasse talheres entre as garfadas, não é mesmo?
Estas orientações têm o seu motivo de existirem.
Taí mais um estudo para comprovar os benefícios no controle do peso:
Pessoas que mastigam mais lentamente têm maiores picos sanguíneos dos hormônios intestinais responsáveis pela saciedade (a saciedade é definida como o aviso do aparelho digestivo ao cérebro de : “Êpa, já foi o suficiente!”).
É quase uma equação de 2º. grau, matemática básica: maior o número de mastigações (mais tempo comendo a mesma quantidade de alimento), menor o número de garfadas necessárias para se atingir a saciedade.