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30 de dezembro de 2011

Vira Aí

Proximidade da virada. Essa é a fase do ano em que só as coisas essencialíssimas são permitidas.
Soltar fogos, por exemplo. Assar tênderes. Ou assistir preguiçosamente a TV - ainda que na tela nessa época só se vejam programas pré-gravados de gente soltando fogos ou dando receitas de como assar um tênder.
Ninguém pensaria em ler um blog, por exemplo ( ei, o que você está fazendo aí?).
Ou escrever num (ei, o que eu estou fazendo aqui?).
Ano após ano acalento a fantasia de escrever enormes bobagens, bobagens nojentas, repugnantes, escatológicas mesmo, só pra testar se tem alguém se dispondo a ler o blog no fim de ano.
Ei, dirá um engraçadinho, mas já não é o que você faz o ano inteiro?

Feliz 2012

27 de dezembro de 2011

Manifesto Anti-Roupas

Enquanto novos papais e novas mamães não tiverem a coragem e o bom senso de romperem com os jugos maternos - mas principalmente "vóternos" - continuaremos a ver pequenas crianças suadas, cobertas de brotoejas, quase desidratando na expectativa duma pequena rajada de vento à sua espreita na dobrada de uma esquina qualquer desse Brasil tropicalíssimo (mas, atenção, ventoso!).
Quantas mais gerações teremos de esperar para que as crianças menos pobres também tenham o direito de andar seminuas, desprovidas de embaraçosos panos, alegremente semi-peladas?

22 de dezembro de 2011

Puxada no Saco

Tenha a coragem, retire o comércio do Natal e veja o que sobra:

- Agora que oramos ao pé da árvore, gostaríamos de mostrar o quanto nos amamos com um abraço um no outro. Pronto. Boa noite!

- Olha, o velhinho veio nos visitar. Crianças, foram boazinhas o ano inteiro? Podem então dar uma puxada na barba branca (ou, alternativamente, no saco).

- O meu amigo secreto é uma amiga, a Fernanda. Fernanda, um beijo, viu? Quem mais?

É, tá meio difícil.
Assim como tá difícil ligar a TV no mês de dezembro.
Ou andar no comércio. Ou entrar num shopping.
O que era pra ser o mês da folga, da vida em família, do lazer, virou o mês da tortura, da loucura nas lojas e no cartão de crédito. Virou o "mês da obrigação". Todos têm que se amar, têm que gastar, têm que viajar para lugares esquecidos o ano inteiro.
Virou o mês do desafio. O desafio da sanidade familiar e comunitária em meio ao caos do comércio e das rodovias.
O desafio - paradoxal, pelo motivo original das festas - de sermos humanos.

20 de dezembro de 2011

Maquete

Úteros maternos não são como casas de conjuntos habitacionais.
Cada “habitação” tem suas peculiaridades em termos de saúde da dona, de sua dieta, sua idade, seu nível de atividade física, seus hábitos e/ou vícios.
Quando nascem os bebês, na maioria das vezes não temos como diferenciar crianças já fisiologicamente alteradas pelo ambiente uterino. Suas pequenas e imaturas células são aparentemente iguais, em tamanho e função.
É com o passar do tempo que as diferenciações provocadas por um meio pouco saudável vão “dando as caras”.
É muitas vezes por isso que você vê adultos com o mesmo nível de cuidados – ou de descuidos – com a saúde terem resultados (como infartos, derrames, diabete, etc.) tão diferentes (claro, que descontados os óbvios fatores genéticos).
Como bem disse um pesquisador inglês cujo nome me escapa: “Mostre-me a mãe e a placenta e eu direi a você se a criança é saudável – sem precisar vê-la”.

16 de dezembro de 2011

Ão, Ão, Ão!...

Não se trata de demonizar os carboidratos, mas a gente (com gente quero dizer essencialmente os pediatras e nutricionistas – também são gente, ué!) tem a maior dificuldade de fazer caber na cacholinha de uma certa faixa da população a importância de equilibrar os nutrientes a cada refeição.
-Equilibrar?
-Nutrientes?
(percebe a dificuldade? não é tanto nutricional quanto é educacional!)
Tem gente (muita gente) que pensa que comer é se entupir de carboidrato. É pão, é bolo, é bolacha, é suco, é refri, é “chips”... E tudo em boa quantidade!
Comer se esquecendo de que existe uma coisa chamada proteína (basicamente: leite e derivados, ovos, carnes) e outra chamada vitamina (mas vitamina de qualidade! - em frutas, legumes e verduras) ou apenas se lembrando de vez em quando (em algumas refeições) combinado com a populares “preguicite” de se mexer ou com a “desculpite” do dia-a-dia tem feito uma boa parcela da população (notadamente a mais deseducada – quase sempre a menos favorecida economicamente, mas nem sempre) se tornar vítima fácil de doenças que são (claro) então evitáveis, que custam caro para as vítimas mas também para a sociedade como um todo, pois comem também uma grossa fatia dos recursos destinados à saúde do país.
“Abaixo os carbs em excesso, abaixo a bunda constantemente no sofá!”

13 de dezembro de 2011

Nos Olhos de Quem Vê

Se você tem um nariz muito feio, é – digamos assim – um problema de todos, e você tem direito adquirido de operá-lo.
Mas se o seu nariz não incomoda ninguém – somente a você – o problema deve ser mesmo seu e de mais ninguém.
Foi o que mostrou uma pesquisa recente realizada na universidade belga de Leuven.
De 226 pacientes submetidos à rinoplastia (plástica do nariz) por motivos puramente estéticos, 33% apresentava indícios do chamado transtorno dismórfico corporal que (trocando em miúdos) pode ser melhor definido como insatisfação consigo mesmo mais do que a com imagem que os outros vêem.
Dois fatores reforçavam a chance de se ter o transtorno: querer reoperar e sintomas psiquiátricos anteriores.

9 de dezembro de 2011

Seres Raros

Há algum tempo a gestação está deixando de ser a “caixinha de surpresa” (expressão ridícula roubada da crônica esportiva, mas facilmente compreensível) que já foi.
Dentre outras informações que exames pré-natais fornecem está a novíssima possibilidade de se saber no primeiro trimestre se a criança vai ter Síndrome de Down.
E aí, a polêmica:
Vai ser bom? Vai ser ruim?
Pode à primeira vista parecer ridícula a questão. Pode ser bom optar por ter uma criança com a síndrome, sendo que a interrupção da gravidez em fase tão precoce é muito mais viável (questões religiosas à parte)?
Pergunte então a um pai ou mãe de criança afetada pela síndrome. Há pouca unanimidade tão grande na medicina: são filhos que literalmente transformam a vida dos pais.
Com muito trabalho, muita ida a médico, muitas preocupações quanto ao futuro.
Mas também com um ganho enorme em termos de visão do mundo, de afetividade, de perceber o que realmente importa nas relações humanas.
E não são declarações da “boca pra fora”. A maioria dos pais diz com sinceridade que não voltariam atrás – se pudessem – na geração do filho Down.
O que a nova tecnologia está ameaçando fazer de pior é transformar adultos e crianças com a síndrome em “seres raros” no sentido literal, destruindo todo um trabalho de inclusão que as duas últimas décadas construiu (a síndrome de Down é de longe a síndrome genética mais freqüente).
É a perigosa discussão da eugenia que sempre vem à tona novamente.
É aí que não devemos chegar. Não vamos conseguir o ser perfeito. Porque ele simplesmente não existe. Porque a definição é esdrúxula.

6 de dezembro de 2011

Bandeira em Lata

Relatório da agência americana sobre abuso de substâncias realizado em serviços de emergência médica constatou algo que só precisamos ter olhos para ver:
A associação das chamadas “bebidas energéticas” com o abuso do álcool, de drogas e de medicamentos tem crescido a cada ano.
Não que uma coisa leve necessariamente à outra.
Mas, pais, parem pra pensar:
Se você é um cara equilibrado, ajustado socialmente, tem performances sociais, sexuais e/ou esportivas adequadas, (o que não é a definição do ser adolescente, convenhamos) você precisa de “bebidas energéticas” exatamente para quê?

(Existe o outro lado da moeda: “é melhor que o meu filhote imite comportamentos apenas em relação aos enérgicos!”. Mas é bom lembrar que o “Maria-vai-com-as-outrismo” é um bom sinalizador de um ego mais frágil, que pode não resistir muito às outras tentações, mais perigosas que um “pote de cafeína” encimado por um logo).

2 de dezembro de 2011

Do Leitinho do Bebê à Cervejinha do Papai

O mundo está ficando com medo do bisfenol (e eu acho que você deve começar a ficar também).
(o bisfenol, símbolo BPA, é um composto usado para a fabricação de plásticos)
O bisfenol começou a ser vilanizado nas inocentes mamadeiras dos inocentes bebês, que começaram a mostrar que havia algo errado em seus sistemas hormonais. O componente foi banido de alguns países (o Canadá liderou a briga).
Acontece que o bisfenol está presente em outros utensílios de plástico (a lista é longa: CDs, DVDs, cartões de crédito, vidros dos carros, aparelhos de som, etc.). Mas ninguém come essas coisas.
Está presente também na camada interna de certas embalagens, em contato direto com nossos líquidos do dia a dia (sucos e refrigerantes – corra pra geladeira e vá ler a lata da Coca ou similar, está lá: “al”, de alumínio, por fora, lógico, mas cadê a referência ao BPA que está por dentro?).
Está presente ainda nos alimentos enlatados, o que facilita a sua preservação.
(Obs.: nos leites e sucos longa vida o revestimento interno é de polietileno, até o momento sem grandes preocupações).
O bisfenol tem sido “incriminado” em alterações da tireóide, alterações estrogênicas (mamas e desenvolvimento precoce dos adolescentes), alterações neurológicas e câncer de próstata. Não é, claro, a causa de todos os males, mas há muitos estudos recentes evidenciando preocupações.
-E as embalagens PET?
Embalagens com código (mostrado na parte de baixo) 1,2,4, 5 e 6 (a grande maioria) têm pouca probabilidade de liberar BPA. Embalagens com número 3 e 7 (decore!) são as perigosas.

Recomendações:
Evite a todo custo comida enlatada (sopas, carnes, feijão, sardinha). Minimize o consumo de bebidas em lata (refri, cerveja), principalmente se você é gestante. Prefira em vidro.
Evite as mamadeiras feitas com o material “policarbonato” (libera bisfenol), principalmente por períodos longos.
Chupetas também podem liberar BPA.
Longa vida são seguros, mas é bom lembrar que todo plástico tem potencial de interferir com a ação hormonal no longo prazo. Evite os excessos.
Se informe.
E cobre (ou force as) mudanças.

29 de novembro de 2011

O Nariz Torcido do Balconista

A consulta médica anda muito cara?
Poderia estar mais barata, mas parte do preço (cerca de 12,33%, nos convênios arredondado para 14%)* se deve à taxa i-balconista.
O que é a taxa i-balconista?
Muitas e muitas vezes o médico explica para seu paciente:
“Olha, você usa essa medicação assim e assim, retira da caixa, cuida pra não pôr água quente demais no pó, põe na geladeira, vira pra Meca, salta três vezes com o pé direito e... qualquer dúvida, me liga – ou retorna, ou etc.”.
Sai o paciente satisfeito – ou não inteiramente, como sói acontecer – e, ao chegar ao balcão da farmácia, tem a sua receita inspecionada com olhar de perito pelo balconista (que tem PhB – “B” de balcão) e ouve:
“Iiiih!... Cê vai dá isso aqui pro seu filho, é?”
Pronto! Desfez todo o processo terapêutico!
O médico pode realmente ter errado na escolha da medicação (é humano), pode ter errado até na dosagem (o que é mais grave, e merece um questionamento de seja lá quem for, deve ter a humildade de reconhecer e corrigir).
O problema é o balconista querer estar acima, tentando inverter papéis ou assumir um papel que não é seu.
Cria – ou amplia – o medo da medicação, faz o paciente desconfiar do ignorante do seu médico, quebra o tencionado encanto do tratamento.

* Só pra esclarecer, a referida taxa é ficcional. O balconista, no entanto, não o é!

25 de novembro de 2011

Super Bonder

Atualmente, quando se fala de alterações comportamentais, em muitos casos há como se provar por A + B o que acontece.
Em interessante trabalho de investigação, o psiquiatra infantil norte-americano James Swain mostra que as alterações do organismo materno após o nascimento dos filhos não são somente hormonais. São de funcionamento cerebral e, mais do que isso, de estrutura do próprio cérebro (demonstrados por ressonância magnética funcional, exame que “enxerga” o cérebro funcionando).
Novas mamães têm tendência a desenvolver sintomas de ansiedade e, em alguns casos, algo parecido com transtornos obsessivo-compulsivos (aquela coisa de checar vinte mil vezes se o bebê está bem agasalhado ou mesmo respirando), com melhora a partir de alguns meses de vida do pimpolho.
Curiosamente, mães “veteranas” (a partir do segundo filho) não chegam a mostrar tais alterações de forma importante e, mais do que isso, demonstram ativação em áreas de recompensa cerebral (como se o cérebro dissesse: “agora que você já sabe o caminho das pedras, relaxe e goze!”).
-E os pais?
Pais também mudam. E mudam mais quanto mais tempo passam com seus filhos (também demonstrado pelas imagens).

22 de novembro de 2011

O Perigo Mora Aqui

Comportamentos humanos são considerados bizarros até a gente perceber que as bizarrices são mais comuns do que a gente imaginava.
Parece que é o caso com (tire as crianças da sala!) o hábito de se (digamos) “ingerir” objetos pela porta da saída.
Tô muito metafórico, né? Mas acho que você já entendeu...
Quase todo mundo já ouviu falar de história parecida – que viram verdadeiros dramas - na sua região, cidade ou até mesmo na família!
Três cirurgiões americanos resolveram faturar com o lado tragicômico dos seus pacientes e compilaram 100 chapas de raio X com os mais diversos objetos inseridos (acidental ou – muito mais freqüente – propositalmente) no seus desprezados canais anais.
Aí (ou lá) vemos o quanto a imaginação das pessoas não conhece limites. A lista inclui iPod, cabide, caneca, o pobre astronauta do Toy Story, pás de batedeira, faca (!), garfo (!), óculos, cinta, mouse, pinça (!), revólver (!), fita cassete e os mais populares saleiro, embalagem de desodorante, lâmpada e a popularíssima garrafa.
Quase todos adentrados acidentalmente no ato de sentar, o que faz imaginarmos que este seja o ato mais perigoso perpetrado pelo homem em toda sua história (e eu que imaginava que era o bungee jumping!).

18 de novembro de 2011

Lixo Tóxico

Nada contra a Laika ou o Totó, mas se você não tem cachorro em casa, sabe do que eu estou falando.
Quando a gente entra na casa de alguém que tem cachorro, sente o cheiro que os donos da casa com freqüência não sentem – ou não sentem muito.
Da mesma forma com o cigarro.
Quem fuma não se dá conta, mas o ato de fumar dentro de casa deixa “marcas” que permanecem em sofás, tapetes, paredes, cobertores, etc.
São resíduos químicos liberados pela fumaça, que contém inicialmente os conhecidos nicotina e alcatrão, mas que combinados às partículas presentes no ar, criam uma mistura “explosiva” (não literalmente, felizmente) que permanece no ambiente por horas ou até dias, com potenciais danos para a saúde.
A lista inclui:
 Cianureto de hidrogênio: usado para fabricação de armas químicas, gás utilizado também para matar formigas (“Ôpa, vantagem para mim, não vou ter formigas em casa!” – já devem estar dizendo os fumantes...)
 Butano: gás utilizado na fabricação de isqueiros e refrigeradores
 Tolueno: usado na fabricação de solventes
 Chumbo
 Arsênico: usado em herbicidas e pesticidas
 Monóxido de Carbono e até
 Polônio-210: agente carcinógeno (causador de câncer) altamente radiativo.
É o que está sendo chamado de fumo de “terceira mão” (third-hand smoke), por falta de termo melhor. Seria a terceira via pela qual os cigarros fariam mal: o fumo “direto”, a fumaça inalada no ambiente dos fumantes (second-hand smoke, fumo de “segunda mão” ou fumo passivo) e esta nova forma, recentemente descoberta.

(obs.: já tínhamos alertado aqui sobre dois riscos pouco conhecidos em ambientes de fumantes: a diabete e as infecções graves. Resta aos pais fumantes renitentes apenas uma coisa: a famosa política do avestruz)

15 de novembro de 2011

Violência Gera Audiência

Estreou com estardalhaço nesta semana na Rede Globo (cada vez menos global, graças a Deus) um “esporte” fascinante.
Um esporte cujo objetivo – até onde sei – é pegar pesado, é bater duro no adversário até tirar sangue. Ou provocar uma grave concussão.
Esporte pra macho. (Macheza, como você sabe, tem duas medidas de direção oposta: número de fibras musculares ou número de neurônios. Não sabe o que são neurônios? não pergunte pro macho!).
Chama-se UFC. Que quer dizer: Ultimeiti Fáitim Xampionchip (o que quer dizer? de novo, não pergunte pro macho). Nem se preocuparam em traduzir...
É deprimente. Pelo que vamos percebendo, vamos tendo que engolir. É muito dinheiro. É muita propaganda – e é só o começo. Não leva um ano, terá se infiltrado nos lares brasileiros, como já vem fazendo em boa parte do mundo.
- Ah, mas passa tarde da noite, as crianças estão dormindo!...
Tá bom. Então desligue a internet. Não veja mais qualquer noticiário. Faustão, nem pensar. Programa de entrevistas também não.
O que me deixa mais (vamos usar palavras leves pra não cair no mesmo nível) “zangado” é ver apresentadores de jornal, comentaristas do que se costumava chamar de esportes, entrevistadores, atores de novelas, ou seja, todos que recebem um holerite da emissora de televisão fazerem cara de quem se interessa por narizes quebrados e lonas sujas de sangue.

11 de novembro de 2011

Benzadeus

Benzetacil.
Pra muita gente, essa palavra dá frio na espinha.
Dia desses uma avó me contou que determinado médico prescreveu a injeção pro seu neto. Teria sido melhor a sugestão de uma cirurgia craniana. Correu risco de vida (o médico, não a criança).
E aí fiquei pensando...
Além da evidente dor, por que tão demonizada a medicação que já salvou muita gente boa (e ainda continua salvando)?
Porque tem medicação mais facilmente administrada, ok.
Porque não precisamos judiar dos bumbuns das criancinhas, vá lá.
Mas a penicilina, ainda que tenha sido o primeiro antibiótico descoberto (e isso não faz tanto tempo, é curioso), age sobre germes que outros antibióticos modernosos não agem (ou não agem tão bem), não cria resistência bacteriana de forma importante (como muitos dos modernosos), e, na forma benzatina (a Benzetacil, que dói porque se transforma em depósito muscular com liberação gradual da droga num período de cerca de 15 dias) livra parentes de brigarem com seus filhotes rebeldes para tomarem medicações pela boca.
Agora, nada disso é mais assustador que o mito.
O mito de que vai dar alergia. De que vai ter que fazer teste. De que se tem que fazer teste deve dar problema. De que tem gente que morreu tomando penicilina (ou injeções, de uma forma geral).
Pobre Benzetacil.
Também, que laboratório farmacêutico ainda vai querer promover um remédio que nas boas casas do ramo não custa mais que $ dérreal?

8 de novembro de 2011

iPad= "Almofadinha Virtual"?

Mesmo com toda sua genialidade, dessem a ele cem anos de prazo, Steve Jobs não teria inventado nenhum substituto minimamente à altura do soninho.
Soninho é insubstituível na reposição de energias, na manutenção do equilíbrio mental, na prevenção de doenças, no backup da memória e etc. - para não nos estendermos muito.
E aí, todas essas coisinhas fascinantes que caras como o Steve (íntimo, eu) pôs nas nossas mãos nos últimos anos, têm nos roubado o precioso tempo que até pouquíssimo tempo atrás - exceção feita aos que não mais escovam os dentes ou os cabelos - dedicávamos ao ... soninho.
Falta pouco para identificarmos nas ruas (para os que saem às ruas) os aficcionados das novas tecnologias: olheiras imensas, palidez webcaniana, um mau humor constante de quem foi desgrudado das suas maquininhas.
Aparência de superioridade doentia dos que pensam que aprenderam a dominar o sono.

4 de novembro de 2011

Biodesagradável

A grelina, você já deve saber, é o hormônio produzido pelo estômago que avisa ao organismo que é hora de buscar comida, que a pança está querendo ficar vazia (mais grelina, mais fome).
Pesquisas recentes mostram que pacientes (pacientes ratos nesse caso, mas pacientes ainda assim) em que se eliminou o H. pylori (a bactéria sentada no banco dos réus na maioria dos casos de gastrite e úlceras do estômago) com o uso de antibióticos mantêm seus níveis de grelina sempre mais elevados, com ou sem comida na pança (ou seja, os ratinhos ficam quase que perpetuamente com fome). A tal bactéria teria, então, alguma função importante na regulação dos níveis de hormônio produzidos pelo estômago.
Ainda não se sabe ao certo, mas pacientes humanos que se utilizam de antibióticos com mais freqüência podem também ter seus níveis de “avisadores de fome” desregulados – talvez para sempre – o que implicaria de certa forma numa causa “infecciosa” (ou, mais propriamente “desinfecciosa”) para os níveis atuais de obesidade.
De forma simplista, podemos entender o fenômeno da seguinte forma: nossas bactérias comensais também se nutrem das nossas calorias - pois comensais. Quando as eliminamos, nutrimo-nos (ou supernutrimo-nos) nós!
De novo, o “perigo” da coisa: a comercialização (sem nenhuma prova de que funcione) das bactérias “probióticas” para explorar ainda mais os fofos e fofas.

1 de novembro de 2011

Arditos ®

Intestino preso.
Não é meu problema. Meu intestino é mais solto que telhado de barraco.
Mas confesso que vivi uma experiência que me fez entender porque boa parte das crianças atualmente são constipadas.
Culpa dessa dieta moderna repleta de coisinhas à base de milho.
Numa noite de plantão tive um ataque de fome de Doritos no meio da madrugada (atenção: isso não é um merchandising, é mais um anti-merchandising!).
Mais de 36 horas depois, quando as coisas foram inevitavelmente acumulando à montante, você pode imaginar (não vou ficar aqui descrevendo meu suplício!).
Então.
No mundo inteiro – mas principalmente nos países subdesenvolvidos – crianças se entopem de Doritos, Cheetos, Baconzitos (originais e, principalmente, genéricos). Fonte barata de caloria, com quase zero de fibra.
Haja fiofó!

28 de outubro de 2011

Agnosticismo ou Agnosia? Limites da Atuação Médica


Você já parou pra pensar:

Por que a Medicina leva os créditos de curar o que é curável e é absolvida de não conseguir curar o que é incurável?

E pensando bem, não é assim com quase tudo (na religião, por exemplo)?

Então:

Já não era hora de se pôr menos fé – mas principalmente menos dinheiro - na atuação médica? (da religião nem falo!).

Não deve chegar um momento em que devemos nos conformar com fatores como (sei lá!) sorte, azar, ou como queiramos chamar (você pode chamar de fé, ou como quiser)?
(Não se trata da ingênua negação do avanço da ciência, nem da apologia ao entreguismo à doença. Falo da nossa pretensa indestrutibilidade moderna, do achar que tudo podemos prevenir ou tratar).

A quem interessa isso, senão a quem nos vende (literalmente) essas idéias?

“Há certos momentos em que não há mais nada a dizer. Em momentos assim, tussa!” (tussis excusis)

25 de outubro de 2011

Techno - Excessos da Tecnologia

Lembra de quando existiam árvores?
Não, quando existiam não, pois elas ainda existem.
Falo de quando nas nossas viagens olhávamos para elas.
Sem nossas internets, sem nossos Facebooks a nos distrair, nos subtrair as paisagens.
À época dos MP3 nos restavam os olhos. Que foram sendo afastados para as telas dos GPS (por que tanta sigla, meu Deus?).
Aí vieram as telinhas de DVD (olha elas, as siglas, aí de novo!). Mas éramos um pouco imunes, já tínhamos visto e revisto filmes e shows (até aí sem muita novidade).
Ainda preferíamos as árvores, no mais das vezes.
Carros auto-guiados, que luxo! Câmera de ré. Sensores. Até que chega essa coisa na frente do motorista. Um motorista do motorista. Que assim se intitula somente porque se senta no banco esquerdo da frente (Lembrei de marcha. Lembra?).
Então.
Agora, conectados, plugados, assistimos ao mundo em movimento. Não o da nossa frente, o de trás ou o dos lados. O mundo real, o mundo virtual de outrora.
Chegamos onde nunca havíamos pensado. Como se nunca tivéssemos saído do lugar.
Mas, espera...
Já chegamos?

Aqui em casa, estamos tão lotados de gadgets tecnológicos que – fôssemos uma família de língua inglesa – estaria chamando minha esposa de “my wi-fi”, e ela, “my husbanda larga” (modéstia à parte!).

21 de outubro de 2011

O Preço da "Passagem" - Cólicas do Recém-Nascido

Qualquer um afortunado o suficiente para portar um cartão de crédito já viveu a experiência de passar do ponto (em tempo, não no cartão!) dentro de um shopping.
Horas de ambientes excessivamente iluminados, com apelos visuais, auditivos e até olfativos são uma sobrecarga garantida pros órgãos do sentido.
E, para a maioria de nós – principalmente os mais “ligados” – o fim do dia chega mais cedo. Pacotes na mão ou não, pança mais ou menos cheia, cansados, muitas vezes irritados (não sabemos muito bem com o que) estamos prontos para ir pra cama.
O bebê nos seus primeiros meses vive num shopping: é luz, cor, barulho, vozes, gente o tempo todo pra cima dele.
Há os que não se incomodam, até porque são mais desligados, calmos.
Mas há aqueles para os quais essa travessia do silencioso (ou pelo menos monocórdico) mundo intra-uterino para nossa bagunça paga um esganiçado preço: botam a boca no mundo.
E, como vamos aprendendo, não sem razão.

18 de outubro de 2011

Desvendando o "Acaso"- Catch-Up Growth

Quando começa a diabete tipo 2, a hipertensão, a tendência à obesidade?
Segundo o novo entendimento do desenvolvimento humano, muito mais cedo do que antes se imaginava.
O sujeito que se descobre hipertenso não começou a se tornar sensível ao sal da dieta ou ao estresse na vida adulta, normalmente.
Foi (em situações normais) uma criança aparentemente como o seu colega ao lado, mas que “por dentro” engendrava a patologia, e não só pela genética.
O fenômeno do “catch-up growth” (a recuperação do crescimento antes deficiente) é um exemplo típico.
Crianças que foram muito pequenas ao nascimento foram normalmente “projetadas” para tal (seja pela prematuridade, pela insuficiência placentária, pela má nutrição materna ou qualquer outro fator), e quando ganham peso rapidamente (por excesso de oferta de nutrientes ou por uso de polivitamínicos) “bagunçam” seus metabolismos, induzindo a respostas hormonais que com o tempo as transformam em obesas, hipertensas, ou propensas à diabete.
São conhecimentos ainda muito novos, mas que vão revolucionar a maneira de se tratar a vida fetal e os primeiros anos de vida.
Estamos ainda engatinhando na medicina preventiva nesta época tão definidora da saúde para os indivíduos e para a comunidade.

14 de outubro de 2011

Mesas Redondas - Falsa Propaganda em Alimentos

Eu imagino que a indústria alimentícia, nas suas reuniões de staff, de vez em quando faça de propósito. Testam os limites dos consumidores no estilo “vamos ver até onde podemos ir?” (ou “até onde eles engolem”?).
Lançam bobagens e mais bobagens para todos os gostos, todas as personalidades, todos os bolsos e todas as faixas etárias.
E não é que na maioria das vezes suas apostas se pagam?
É leite para lactente achocolatado, é vitamina na forma de geléia, é iogurte para intestino preso, é “ausência de gordura trans” na porção irreal, é fruta desidratada, é batata frita feita sem batata, e por aí vai.
Então não compareça ao supermercado sem seu diploma de Nutricionista, sem sua máquina calculadora, sem seus “óculos para perto” (se você já está nos “enta”), e, principalmente sem tempo e sem sua suposta (pela indústria) credulidade.
Ou, então, se você quiser sair relativamente ileso da empreitada, sugiro fortemente a regrinha sugerida pelo jornalista Michael Pollan nos seus best-sellers culinários:
“Não coma (quase) nada que seus avós não conheciam”.
Ou ainda esta outra:
“Evite comer qualquer coisa que propague a sua saúde”.

11 de outubro de 2011

Otimismo Não Cura- Esperanças de Cura

“Aprenda a oração nas horas fáceis, para ver se ela ainda te serve nas horas difíceis”

Religiões à parte, a crença no “vou ficar bom”, no “não há de ser nada” é, às vezes, absurdamente irreal e até mesmo alienada.
Até certo ponto, todos vivenciamos isso. E no dia a dia até que funciona, pois a maioria das coisas com as quais nos assustamos não é “quase nada”!
Em termos “igoogais” (imemoriais em que não havia o Google), éramos todos muito mais ignorantes, menos informados. E muito provavelmente mais felizes (“Ignorance is bliss”, lembra?), mas agora não há mais volta (“Ah, quero esquecer que sei!...” – não dá né?).
Mas o otimismo – baseado em crenças religiosas ou não, atávico ou aprendido, e mais: genético ou “medicamentoso” – é certamente uma grande ajuda. Senão na “cura” (ah, essa fugaz e evasiva cura!), pelo menos como coadjuvante terapêutico.
- E para os pessimistas (ou os descrentes) sobra o que?
A filosofia, o árduo aprendizado do desapego (mais maduro, na minha modestíssima opinião), talvez porque um descrente (ou um “despreocupado em crer”, sei lá).

7 de outubro de 2011

Em Caso de Reação Adversa, o Governo Deve Ser Notificado - Reações Adversas a Medicamentos

“Consumidor, faça valer o seu direito!”
Não é isso que a gente ouve sempre?
Vou te dar dois números apenas para você pensar:

197.000.
O número de pacientes que a Comissão Européia estima terem sido mortos na Europa por reações adversas a medicamentos no ano de 2008.

2871.
O número total de notificações de reações adversas graves a medicamentos no ano passado (2010) registrados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Então: se num continente de 830 milhões de pessoas, quase 200.000 morreram (o efeito adverso certamente mais grave, mas o menos freqüente) pelo uso de medicações, num país com ¼ dessa população (200 milhões) como o Brasil, quantos devem ter também morrido?
Difícil saber, mas somente pra efeito de raciocínio, imagine a mesma porcentagem: 50.000 pessoas.
Agora, imagine quantas outras reações adversas menos severas que a morte no mesmo período (1 ano):
Chutando (claro), por baixo: uns 2 milhões?...

Relembrando: menos que 3 mil notificações foram feitas!
(e o governo comemora!).

(podemos melhorar muito esses números – que são também um índice de desenvolvimento: acesse o site da ANVISA – independente do médico! - sempre que você apresentar alguma reação medicamentosa mais importante, e divulgue!)

4 de outubro de 2011

Balanço da "Briga" com a Balança - Obesidade na Infância

Tenho estado feliz com os progressos obtidos com a maioria dos pacientes obesos que acompanho. Os resultados têm sido bons.
E o que são resultados bons?
Primeiramente, pais e familiares entenderem que muitas dessas crianças e adolescentes não se tornarão magros. Não é esse o objetivo inicial para a maioria. Ou porque não podem, ou porque é desestimulante não conseguirem ou porque há passos iniciais a serem dados muito mais importantes.
Em segundo lugar, temos conseguido mostrar que cada paciente pediátrico obeso tem a sua história bem particular. Há de tudo: avós indulgentes, doença na família, depressão materna, falta de espaço ou de amigos para brincar, acesso facilitado a “bobagens”, transtorno alimentar na família, ignorância nutricional, doenças metabólicas (mais raras), etc.
Então não dá pra pôr tudo “no mesmo pacote”!
E dentro dessas duas situações, vai se fazendo o que dá, com valorização dos ganhos (melhoras), com a insistência na correção do que se pode melhorar, com o cuidado pra não transformar orientações em “terrorismo”, com a aproximação com a família.
Poderia ser melhor? É a pergunta que nos fazemos e a que os pacientes se fazem o tempo todo.
Quase sempre poderia.
Mas como tudo na vida, é um passo a cada vez. E não nos colocarmos metas absurdas, coisa para a qual a mídia não tem contribuído em nada, infelizmente.

30 de setembro de 2011

Às Margens do Erro - Excessos em Tratamentos de Saúde

Desde que as possibilidades de controle glicêmico (o “açúcar do sangue”) foram se aperfeiçoando (com medições mais freqüentes, com o uso mais freqüente ou contínuo da insulina, etc.) foi se percebendo que, em processos biológicos, muitas vezes o menos é mais.
A tentativa louca de controlarmos tudo, de cuidarmos dos mínimos detalhes, do não querer deixar margem pro acaso e, principalmente, do desprezo pelas inúmeras adaptações que o próprio organismo faz (ou tenta fazer) resultou numa mortalidade mais elevada, ao invés de diminuída.
Os motivos imputados têm sido vários (e não todos ainda descobertos), como uma menor reserva de glicose para o músculo cardíaco, uma margem menor de erro para a hipoglicemia, o stress orgânico num regime restrito, etc.
O ensinamento é que deve ficar:
Relaxe. Cuide-se, mas nem tanto assim.
Erre (um pouco). Porque herrar é umano.

Obs.: não há dúvida de que um correto controle da glicemia (assim como o controle da pressão arterial ou do hormônio da tireóide) é importante. Os perigos estão no excesso (ainda que a literatura médica muitas vezes defenda o excesso – com um termo mais elegante: controle estrito).

27 de setembro de 2011

Estação de Caça - Excessos no Uso de Antibiótico

“Parem com a matança desordenada das...”
- ...Baleias? Focas? Micos-Leão Dourados?
Não. Das bactérias “do bem”!
É o grito de alerta micro-ecológico do chefe do departamento médico da Universidade de Nova Iorque.
O uso freqüente de antibióticos (que, cita o autor na revista Nature, chega a 10 a 20 utilizações até a idade de 18 anos nos países desenvolvidos*) está contribuindo para uma alteração definitiva da flora bacteriana intestinal, causando dentre outros problemas, um aumento do número de doenças alérgicas como a asma, de problemas digestivos e (quem sabe até) de obesidade, além do evidente aparecimento de germes mais agressivos.
O citado médico advoga um uso muito mais criterioso, a educação dos pacientes para não “porem pressão” nos médicos para que prescrevam antibióticos sem maiores necessidades, e até mesmo a criação de antibióticos de “baixo espectro”, mais “fraquinhos”, contrariando a tendência das últimas décadas (embora eu ache particularmente que esta última medida vá encorajar ainda mais seu uso).
A história não é nova. Mais educação, maior consciência, evitar abusos.
Ainda não funcionou na macro-ecologia. Funcionará na micro-ecologia?
Estou cético-observante...

* Até os 18 anos? Às vezes chegamos a ver esse uso por ano!

23 de setembro de 2011

Três Remédios "Estranhos" - Transpulmin Supositórios, Kaopectate, Piptalake P

De vez em quando a indústria farmacêutica tem umas idéias... de jerico.
Criam alguns remédios baseados em fatos no mínimo contraditórios.
De cabeça agora me vem três (apenas um deles ainda mais ou menos badalado):
1) Piptalake p: ainda comercializado em alguns países (não mais no Brasil) é uma absurda combinação de um antiespasmódico (remédio para dores tipo cólica, não sem boa chance de efeitos colaterais) com o fenobarbital (remédio para convulsões, com propriedades sedativas). Servia para quê? Para as inocentes cólicas dos recém-nascidos! Ou seja, dopava-se o pobre bebê para que ele não chorasse (não incomodasse, em suma)!
2) Kaopectate: uma combinação de ingredientes usado para “tratar” diarréias, mas que não atua na causa. Atua apenas no aspecto das fezes. Por isso, com o tempo foi sendo apelidado de “cosmético de fezes”. Curioso isso: você continua doente, mas não precisa ficar vendo o feio resultado que sai de você...
3) Transpulmin supositório: enquanto não o proíbem por ser “relativamente” inócuo, ele vai fazendo a festa do laboratório farmacêutico que se prevalece da ignorância dos pacientes em matéria de fisiopatologia. Como pode um remédio que você utiliza “por baixo” atingir especificamente o pulmão para “puxar” o catarro de dentro dele? Com a palavra, a alta tecnologia da Achè, que transforma a cânfora, o mentol, o eucaliptol e o guaiacal em moléculas “inteligentes”!

20 de setembro de 2011

Escola pra Macho- Dificuldades Escolares Meninos

Ainda no assunto macho vs. fêmea:
Estou plenamente de acordo com o pedopsiquiatra francês Stéphane Clerget: precisamos “salvar” a moçada do sexo masculino quando se trata de vida acadêmica.
As escolas do mundo todo (exceto o mundo islâmico, onde tudo é diferente) são compostas basicamente de corpo didático feminino.
E não é essa (ou pelo menos não só essa) a referência que os meninos precisam ter quando se trata de aprender.
Machinhos têm cérebros diferentes desde cedo. Costumam ser mais irrequietos, agressivos, mais da ação (e menos da emoção, ou da contenção). Quando enxergam apenas modelos femininos como professores tendem a ter dificuldades (e mesmo se rebelar contra os modelos).
E mais: com a maior incidência de separações, o papel do acompanhamento doméstico da vida escolar recai quase sempre nas mães.
O resultado é o que estamos presenciando: um número proporcionalmente maior de mulheres a cada ano nas universidades, mestrados e doutorados.
É a primeira vez na história da humanidade em que isso acontece. É bom? É ruim? Pelo menos para a equidade de chances, é certamente ruim.

16 de setembro de 2011

Ação x Emoção - Alterações Comportamento Pais

Na maternidade, peço aos pais que se revoltem contra o tratamento dado pelo pessoal da enfermagem (feminino, na grande maioria).
“Não troquem fraldas!”, digo.
Nada.
“Deixem que as mães façam isso!”.
Ouvidos de mercador.
“Vão querer amamentar também?”.
Olhares ternos de “ahã!” (sim!), nos casos mais sérios.
Pesquisa fresca (disse pesquisa fresca, nenhuma outra intenção) acaba de comprovar por a + b porque isso acontece.
Hormônios masculinos dão uma desabada no evento de nascimento dos filhos. Por isso pais ficam assim tão “femininos” em muitos casos.
Brincadeiras à parte, é bom, claro. Biologicamente falando, pais não precisam estar tão atentos a outras fêmeas quando surgem seus rebentos. Testosterona mais baixa estimula também a sensibilidade nas necessidades domiciliares.
E tudo isso é (felizmente) reversível em alguns meses.
Mas que dá uma preocupada na “galera macha”, dá!

13 de setembro de 2011

Tamanha - Manhas Crianças

Manha.
Com muita freqüência os pais dão como a razão de certos comportamentos dos seus filhos.
Agora, excetuada a birra (que é muitas vezes usada como sinônimo, mas que é aquela que se dá “em crises” de choro, gritos, agressões, etc.), a manha tem sua razão de ser e não precisa ser desprezada, pois é parte do comportamento de todos nós, marmanjos ou crianças.
Quando o pai de família chega em casa e sua esposa faz cara de sofrimento (por estar gripada ou com dor de cabeça, por exemplo), está de certa forma “manhosa”, também. E não é um lamento que deva ser menosprezado (exceto se acontece quase todos os dias, situação na qual pode ser patológica).
O mesmo se dá com o próprio marido. Quando ele chega se queixando de algo (de muito cansaço, de dores, etc.) merece a atenção da esposa, ou um maior cuidado com a bagunça por parte dos filhos.
Manha, então, é um aviso ou um pedido, muitas vezes não verbalizado. Não precisa ser atendido sempre. Mas também não é algo ruim, algo que não deve existir.

8 de setembro de 2011

Glóbulos Olímpicos - Atletas Superdotados

A Ciência acaba de descobrir um fato que minimiza nossa inferioridade por não sermos campeões olímpicos (quando falo nós, falo do cidadão comum, não do brasileiro, que se salva em uma ou outra modalidade):
Há atletas que são naturalmente “dopados”. Possuem um defeito molecular que faz com que seus organismos absorvam melhor o ferro alimentar, permitindo uma maior reserva de oxigênio para os tecidos em momentos de esforço físico.
Não são então só maiores e mais fortes pernas e braços, maior altura ou mesmo determinantes culturais que ganham medalhas.
São níveis de hemoglobina, de hemácias ou de ferro orgânicos naturalmente mais aptos a se sobressaírem.
Já vejo novas categorias olímpicas para o futuro:
“Salto em altura para homens com hemoglobina até 12g/dl”.
Ou: “Arremesso de disco para ferro acima de 200mcg/dl”.
Ou quem sabe, mais direto: “Maior hemácia”. Ouro!

6 de setembro de 2011

Bê-A-Bá - Proibição da Venda de Antibióticos

A reportagem do Jornal Nacional de 02/09 mostrou que ao se proibir a venda de antibióticos sem receita, aumentou paralelamente a venda dos antiinflamatórios.
Isso só pode ser porque o povo, ignorante, muitas vezes confunde as duas classes de medicações (e, portanto, confunde o termo “infecção” com “inflamação”), pondo ambas indistintamente no mesmo saco (ou, nesse caso, na mesma cestinha da farmácia).
É impossível (e mesmo contra-indicado) tratar, por exemplo, uma pneumonia (infecção) com um antiinflamatório.
Assim como seria absurdo tratar uma tendinite (inflamação, sem germe como causador) com um antibiótico.
Os perigos, claro, não param por aí. Antiinflamatórios têm sido insistentemente usados para situações nas quais um analgésico (mais simples, mais barato e com menos efeitos colaterais) resolveria.
E aí parece que já estou ouvindo alguém perguntando:
-E a garganta?
(ai, a garganta!...)
Nas crianças (pela enésima vez), muitas vezes nem um nem outro devem ser usados, já que os vírus são os campeões (principalmente em faixas etárias mais novas) e, ainda que sejam infecções, são infecções virais, sem necessidade de antibiótico.*
Mesmo nos ouvidos a experiência tem mostrado que quanto menos agressivo se é no tratamento, melhor (exceto nos casos com sintomas mais intensos, como febre prolongada e prostração).

*Na prática médica, quando se fala em inflamações causadas por vírus, são apenas inflamações, reservando-se o termo infecção apenas para as infecções bacterianas (que necessitam antibióticos), o que causa muita confusão!

2 de setembro de 2011

Enche-Pança - Farinha na Dieta de Bebês

Pra que serve farinha na alimentação da criança pequena?
A resposta mais honesta deveria ser:
Pra encher o buchinho de maneira barata e pouco criativa.
Acontece que há opções muito mais saudáveis de carboidratos (principalmente em frutas e legumes), que não induzem de forma tão importante a proliferação de células gordurosas, possuem maior quantidade de fibras solúveis, não incitam a ação intensa da insulina em tão tenra idade, não engordam a criança mais do que ela deve engordar, dificultando aquisições motoras fundamentais para o resto da vida.
Mas é incrível notar como ela ainda é usada (e cedo, muito cedo!), seja em mamadeiras (“para dar melhor gosto” – como se precisasse!), em mingaus, uma tradição de tempos imemoriais, e em pães e bolachas.
Somem-se a isso os suquinhos, chazinhos, aguinhas de coco, etc. e está formada a tragédia nutricional do primeiro ano de vida, com conseqüências (ignoradas) para o resto dela.

30 de agosto de 2011

Dá Um Beijinho Que Passa - Excesso de Medicamentos para Crianças

“A dor é parte do uniforme do atleta profissional”
(Oscar, o outro, o mais famoso, o Schmidt)

Faz parte da formação do médico o dar remédio. E parece estranho que um paciente se queixe de dores e saia de algum consultório sem receita de pelo menos um analgésico.
E fica ainda mais estranho frente à variedade de analgésicos e antiinflamatórios hoje disponíveis no mercado farmacêutico (que ainda que lide com um bem tão precioso quanto a saúde, é um mercado, é bom que nos lembremos).
Remédios para a dor estão no topo das listas de reações adversas e de efeitos colaterais, alguns deles de longo prazo, mas não há de se querer que quem sofre muito os deixe de lado.
O problema é com “qualquer dorzinha”, a dor que faz parte do dia-a-dia, seja dos atletas como o xará Oscar ou da dona de casa (ou mesmo das crianças, que se machucam muito e somatizam mais ainda, principalmente em dias de famílias “instáveis”).
Para a saúde da família, sugiro sempre que a farmacinha de casa componha-se de 3 ou 4 remedinhos básicos, incluindo o analgésico (mais do que o antiinflamatório) , e pouca coisa além disso.
O “amor pelo remédio” mostra mais defeito da cabeça do que do corpo. Devemos (até certo ponto, claro) aprender a amestrar a dor, a não dar muita bola para ela em muitas situações cotidianas, para que não sejamos nós dominados por ela.

26 de agosto de 2011

A Gripe Que Não Cura Nunca! - Viroses de Repetição na Infância

(leia o título acima com voz cavernosa, e veja que efeito assustador ele dá! Não sei se já foi feito, mas é um ótimo título para um filme de terror - gênero “terror pediátrico”, gênero incipiente, mas muito promissor).

Essa percepção por parte dos pais, a de que a gripe não está curando há muito tempo, é errada. Errada por quê?
Porque sintomas gripais podem durar o que? Sete dias, no máximo.
Quando o prazo é muito maior, o que está se vendo não é uma gripe ou um resfriado, mas mais de um! E não são raros os resfriados que se emendam uns nos outros em certas faixas etárias, notadamente em crianças nos dois primeiros anos de freqüência em escolinha ou creche.
São casos em que os pais se confundem nos prazos. A coriza, a tosse, os roncos no peito estão presentes desde quando? Muitas vezes dá impressão de que há meses eles existem (ainda mais se levando em consideração que os pais alongam a percepção do tempo ao verem seus filhos doentes – 12 horas podem parecer dois ou três dias, por exemplo).
- É, mas espere, e as febres?
As febres costumam sinalizar o início (ou reinício) dos quadros gripais.
Então numa criança com coriza, roncos e tosse que volta a fazer febre, essa febre mostra um novo vírus que se aproveita do terreno propício da virose anterior ou, mais raramente, alguma infecção bacteriana, também se aproveitando do catarro acumulado ou da defesa um pouco “baleada”.

23 de agosto de 2011

Diga-me Com Quem Andas (E Comes, E Dormes...) - Influência da Família nas Doenças das Crianças

Quando um determinado paciente pediátrico (adolescente inclusive) adentra ao consultório, seus pais ou responsáveis vêm normalmente falando dele, obviamente.
E embora seja uma obviedade, o que não parece óbvio para os pais é que o problema (ex.: obesidade, ansiedade, problemas escolares, agressividade, etc.) não é muitas vezes um problema dele, mas de toda a família!
Mães negam, pais muitas vezes nem vêm, avós acham que todos estão errados, inclusive os médicos.
São casos em que o pediatra precisa (mais ou menos sutilmente) interrogar hábitos, inquirir sobre relacionamentos (atuais ou desfeitos), investigar relação de poderes.
E muitas vezes propor mudanças de comportamento ou tratamento mais de membros da família do que da própria criança.

19 de agosto de 2011

Fitando o Inócuo - Fitoterápicos

Prefiro um nada mais ou menos a um fitoterápico ótimo.
E por quê?
Porque na medicação dita fitoterápica, “de plantas”, ocorre o inverso da situação vitamínica.
Na maioria das vitaminas prescritas como “algo a mais” para a dieta, isola-se a substância de interesse do suposto alimento para ser dada à parte. Dessa forma perde-se outros variados nutrientes que se somariam ou potencializariam o efeito vitamínico.
Um exemplo: é muito melhor comer meio kiwi do que tomar 15 dias de vitamina C isolada.
Já nos fitoterápicos, com o pretenso benefício da substância presente na planta, levamos “de carona” muitas sustâncias ruins, e algumas até com potencial nocivo.
Além disso, há a enorme dificuldade na dosagem, que no caso da medicação tradicional é o que é levado em conta. Quanto da substância da planta há em cada remédio fitoterápico? Numa planta mais verdinha há mais ou menos do princípio desejado que numa mais amarelinha? Como se medem essas coisas num fitoterápico?
A pensar. E enquanto se pensa, se realmente necessário, leve um medicamento tradicional, a quem se pode culpar com mais exatidão quando as coisas dão errado.

(O grande apelo da fitoterapia se relaciona com a “suavidade” propagada nos tratamentos, com a volta à natureza, com o colinho da vovó. A abstenção dos medicamentos – nos casos em que deles não se precisa – a natureza e o colinho da vovó podem ter ótimos resultados, sem darmos lucros às farmácias - ou prejuízo pra nós).

16 de agosto de 2011

O Velho Gianecco

Gianecchini está se aproximando dos 40 anos.
E para toda a história da humanidade (com exceção do último século) está se tornando um velho.
Em forma (a mulherada que o diga), mas para os empoeirados livros de patologia, um coroa, um “quase velho”.
E como qualquer outro sujeito de quase quarenta, com as susceptibilidades da quarta década.
Não o estou agourando. Minha ponta de inveja da sua galãzice perde feio para minha admiração pela pessoa e pelo ator que é.
Meu argumento é o da difícil serenidade frente ao adversário.
Qualquer diagnóstico com um “oma” na extremidade assusta, e hoje em dia assusta ainda mais saber que um ou outro “oma” possa ocorrer (ou, o que é pior, possa até levá-lo embora) num sujeito em que se as rugas só se mostram na lente de aumento.
Brigar não é feio. É quase uma obrigação (falo “quase” porque muita gente boa cai com a primeira porrada).
Mas a atitude do avestruz, do “não há de ser nada”, do comigo não, e mais, a crença na invencibilidade, na imortalidade, tem se tornado uma perigosa regra que os tais livros de patologia ainda têm teimado em às vezes ignorar, trate-se ou não, tome-se remédios daqui ou do exterior.

12 de agosto de 2011

Velho Narciso

Por que será que os filhos, na medida em que crescem, se irritam tanto com certas coisas que seus pais fazem?
Pelo simples fato de perceberem a inexorabilidade das suas próprias características irritantes refletidas nos seus pais.
Na verdade, são os filhos os reflexos dos pais, e não contrário. Pais também se irritam com seus mini-espelhos, mas aprenderam a ser mais tolerantes – até porque viram aqueles atuais porres com olharzinho inocente (“olhar de gato do Shrek”), quando eram menores.

9 de agosto de 2011

Chute Integral - Diagnósticos Pessoas Leigas

Curioso como pessoas leigas costumam dar diagnósticos. Não baseados em doenças ou afecções, mas nos órgãos inteiros:
Dificuldades digestivas:
- É o fígado.
Ganho de peso?
- Tiróide!
(assim mesmo: “Você está com tiróide!” – Que bom! Eu também estou com a minha, logo aqui no meu pescoço!)
Dor nas costas:
- É os rim! (quase sempre com aula de concordância...)
Outro fato curioso é a exclusão de órgãos mais, digamos, inóspitos. Dificilmente você vê alguém dizendo:
- É o pâncreas!
Ou ainda:
- A causa é provavelmente seu baço.
Baço? Alguém já ouviu falar em baço? Pra que serve essa coisa de baço? (não seria braço, não?)
Pensando bem, eu também, quando chego com meu carro na oficina, chuto:
- Acho que é o carburador!...

5 de agosto de 2011

As Leis de Tolstoi - Causas Associadas dos Problemas de Saúde

Tolstoi, no seu “pequeno” e magnífico “Guerra e Paz”, tenta analisar as causas das glórias e fracassos do exército napoleônico.
Escreve:

“Quando uma maçã se torna madura e cai, por que ela cai?
Porque seu peso a atrai à Terra, porque seu pedúnculo se resseca, porque o sol a queima, porque ela se torna muito pesada, porque o vento a balança ou é porque o menino que se situa ao pé da árvore tem vontade de comê-la?
Nada disso constitui a causa. Não há senão uma concordância de condições nas quais se realizam todos os eventos vitais, orgânicos, elementares. E o botânico que dissesse que a maçã caiu pela ação da decomposição dos tecidos celulares ou outras causas análogas teria tanta razão quanto a criança aos pés da macieira que dissesse que ela caiu porque ele teve vontade de comê-la e porque ele pediu ao bom Deus”.

E lá na frente (centenas de páginas depois):

“O conjunto de causas de um fenômeno qualquer é inacessível ao espírito humano. Mas a necessidade de se buscar estas causas é própria da alma humana. E o cérebro, incapaz de penetrar na infinidade e na complexidade dos fenômenos, toma um fenômeno isoladamente para representar uma causa, se agarra à primeira relação de casualidade percebida – a mais acessível – e diz: está aí a causa.”

A lucidez das análises se presta não apenas para situações históricas, mas de resto para qualquer outra matéria.
Na Medicina, por exemplo, podemos tentar uma “tolstoizada” (com o devido respeito):

“Quando um sujeito enfarta (e cai), por que ele enfarta?
Porque seu colesterol era demasiadamente elevado, porque ele exagerou no esforço físico do dia anterior, porque ele andava muito estressado, porque sua coronária anterior mostrava uma obstrução de 80%, porque a situação com a sua patroa andava meio periclitante, ou simplesmente porque seu peso (que não era pouco) foi atraído pela Terra”.

Há médicos (e artigos médicos em publicações “de prestígio”) que querem nos fazer acreditar em uma ou outra causa isoladamente (quase sempre aquela para qual há tratamento medicamentoso ou cirúrgico disponível).
E quase todos nós caímos.
Como a maçã de Tolstoi.

2 de agosto de 2011

Nessun Dorma* - Dificuldades para Crianças Dormirem

Pouco a pouco a humanidade caminha para a exaustão.
-Extinção?
Não, exaustão mesmo!
Já não bastassem os mil motivos para os escolares e adolescentes não dormirem (ou não quererem dormir) como TV 24 horas (às vezes em todos os cômodos da casa), internet, celulares, Ipods e etc., nos últimos tempos estão também os bebês se transformando num grande problema quando se trata de enfiá-los embaixo das cobertas.
Também eles são sensíveis às TV 24 horas, internet, celulares e iPods, apenas que nesse caso, os dos outros (ainda).
Bebês não são imunes à bagunça do ambiente, muito pelo contrário. Estimulam-se com as geringonças eletrônicas, o que dificulta caírem no nosso.
E aí vem mais um problema: a disponibilidade, os mimos e a “falta de coragem” dos atuais pais em deixarem os pequenos na cama.
Isso também mudou, e muito, nas últimas gerações.
Pais que tinham “uma cambada” pra cuidar não tinham ânimo, paciência ou força para aceitar que os filhos permanecessem acordados. Era “cala a boca e durma” mesmo.
Atualmente sentem-se culpados, tiram do berço, aceitam a manha, caem na conversa do ter que dar de mamar.
Haja olheira!

*Nessun dorma (“Ninguém durma”) é, como você sabe, a famosa frase do belíssimo final da ópera Turandot, de Puccini (não que eu manje algo de italiano ou de ópera, mas esse trecho é obrigatório!).

29 de julho de 2011

Caminho das Pedras não é Caminho sem Pedras - Filhos Mimados

Por qual personagem da política atual você se interessaria mais? Barack Obama ou pelo novo casal real britânico?
Ou, tentando fazer valer o ponto de vista, quem você acha que tem mais a ensinar sobre a vida, valores ou sobre o próprio mundo (fofocas não valem)?
Penso que a resposta é obvia, mas o que se percebe com os atuais pais da classe média é uma necessidade, uma obrigação até, de transformar seus lindos filhotes em “príncipes reais”, em crianças e adolescentes que terão pela vida afora seus caminhos prontos, em que todas as necessidades, materiais ou afetivas, devam ser prontamente satisfeitas, senão... eu choro! (ou bato o pé, ou puxo os cabelos, ou, sei lá!).
As últimas décadas têm tentado uniformizar o desconhecimento da privação, da conquista, da necessidade, do trabalho árduo, da frustração para as gerações vindouras.
Pais sentem-se obrigados a dar “tudo de bom” para seus filhos, “tudo o que eles não puderam ter”, achando que com isso seus filhos sofrerão menos, terão mais facilidades e serão, então, mais “felizes”.
E está demorando para perceberem que os tiros estão saindo pela culatra, que indivíduos “mimados” estão assumindo o status de transtornos psiquiátricos, uma verdadeira legião de “se não for assim, não brinco” nas relações sociais, no trabalho, na vida, enfim.
Está mais do que na hora da sociedade atuar de forma responsável a esse respeito, de reassumir a bandeira dos valores, de refrear o consumismo do “porque todo mundo tem”, de não ter vergonha de ser original de verdade.
De educar.