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29 de março de 2011

De Véspera


Dia desses vi num determinado site as características de determinado problema:

déficits qualitativos na interação social. Meu caso. Eu, se puder, falto no meu próprio velório. Não gosto de ajuntamentos. E dois pra mim já é um ajuntamento.

déficits na comunicação. Sempre tive. Até os dezoito anos não atendia telefone com receio do que vinha depois do “Alô”. Na padaria mostrava “quatro” com os dedos pra não falar “quatro pães”.

padrões de comportamento repetitivos e estereotipados. Eu. O chão da minha casa tem trilha. Faço sempre o mesmo caminho, da hora da chegada à hora de ir embora. Tampo a garrafa do refri a cada servida e por aí vai.

repertório restrito de interesses e atividades. Eu, de novo. Quartas e domingos, futebol na televisão. Nos outros dias, comentários, bate-bolas, mesas-redondas...

Tava lá. Com todas as letras o meu diagnóstico: Autismo.

Talvez o primeiro médico autista do mundo, não sei.

Mas talvez tenha sido apenas mais uma das confusões de quem acessa sites médicos para obter informações a seu respeito ou a respeito dos outros.

Extremamente comum, acontece a toda hora. Nesse exato momento milhares de pessoas estão se dando diagnósticos, fazendo previsões (muitas delas sombrias) sobre sua saúde futura, escolhendo medicamentos supostamente mais adequados para seus problemas.

A Internet trouxe este tremendo efeito colateral no seu bojo. Antes, quase que só acontecia conosco, médicos e estudantes de medicina, que a cada nova leitura nos considerávamos mais doentes.

Portanto, da próxima vez em que pensar em alguma doença, deixe – pelo menos em parte – seu médico diagnosticá-lo. Ele é pago pra se preocupar com você.


25 de março de 2011

Joguemos a Fita Fora?


O assunto metabólico da semana:
Um grande estudo realizado com mais de 220.000 pessoas acompanhadas por um período de 10 anos, mostrou que tanto faz se você é pêra (acúmulo de gordura nas coxas) ou maçã (acúmulo de gordura abdominal) : ser simplesmente obeso (medido pelo IMC, índice de massa corpórea) já mostra que você é de risco.
Além disso, outros parâmetros como hipertensão arterial, nível de triglicerídeos e colesterol, tabagismo e história de diabetes na família é que vão definir de forma adequada seus riscos de infarto do miocárdio ou derrame.
Mas...
Isso realmente importa? Ou já importou em algum momento? Precisamos ser reposicionados sobre riscos da obesidade, seja ela estilo pêra, maçã, abacate ou manga?
O que há de realmente novo?
Serve para alguma coisa?
Talvez sirva. Os realizadores do estudo são – para variar – empregados de laboratórios farmacêuticos que produzem remédios para abaixar colesterol (ressaltado como fator importante – e realmente é? há sérias dúvidas também a esse respeito) e kits laboratoriais para exames de sangue usados no mundo todo.
Nenhum fabricante de fita métrica...

(curiosamente, a figura acima pode ajudar no entendimento da ausência de diferença: as pêras estão cada vez mais maçãs, e vice-versa, todos muito gordos e pouco ativos – e a atividade física ficou fora dessa!)

22 de março de 2011

Falar O Que?

Se você é um dos quase um milhão que já viu, deixe pra lá.
Sucesso de público no You Tube como nos e-mails mundo afora, esse comercial australiano obedece ao velho preceito “uma imagem vale mais que mil palavras”:

Comentários?

18 de março de 2011

Que Bom!


Se fosse pra apostar, apostaria que faz um bem danado pra saúde – palavra de pediatra!
Agora...
Que é estranho, é.
E tudo que é estranho causa mesmo inicialmente essa... estranheza!
Tô falando de uma novidade londrina, o sorvete de leite humano.
Isso mesmo que você leu: sorvete de leite humano!
A proprietária dos peitos (até agora somente dois peitos da mesma proprietária se habilitaram à produção) diz que, de tão saboroso, as novas mamães vão se convencer ainda mais das vantagens de amamentar seus filhos.
Vale!
Vale uma lambida, vencida a estranheza (mas, espera, não é mais estranho tomarmos sorvetes de tetas que não são da nossa própria espécie?).
Só não vale tentar lamber as tetas do fornecedor!

(Sempre desconfiei que o leite materno, de tão poderoso nas suas propriedades, ainda iria ser pesquisado para o tratamento de doenças em adultos. Ainda não chegamos lá. Mas continuo acreditando...)

15 de março de 2011

Por Que Os Gordinhos São Mais Maduros

O estrogênio é o hormônio “amadurecedor” por natureza.
Faz as moças crescerem mais cedo que os moços, tanto fisica quanto mentalmente.
Rapazes com sobrepeso têm na sua gordura corporal uma enzima que converte parte da sua testosterona (hormônio essencialmente masculino, mas presente em pequena quantidade nas moças) em estrogênio (hormônio essencialmente feminino, mas também igualmente presente no sexo oposto).
Não são “menos masculinos”, mas amadurecem no crescimento (e na “cabeça”) mais cedo que os mais magros. Crescem mais cedo, e podem terminar com uma altura pouco menor do que a sua genética faria supor.
Outro motivo é a sinalização cerebral para o resto do corpo de que há substrato (alimento) em abundância, “autorizando” o organismo a crescer – e por conseqüência amadurecer – mais rapidamente.

11 de março de 2011

Cláusula do Tacape


Coladinho no dia internacional da mulher, uma decisão nos tribunais europeus causou polêmica:
A proibição de diferenciar custos de seguro de automóveis entre homens e mulheres.
É preconceituoso, diz a medida. É assumir de antemão que haja diferenças.
Mas há!
Se você é um pai de um “adultizando” do sexo feminino e quer dar um carro para ela, sabe que terá (normalmente) que se preocupar com uma ou outra barbeiragem, com uma mensalidade numa mecânica de lanternagem ou num martelinho de ouro, e nada mais.
Mas se você é pai de um “adultizando” do sexo masculino, quais as suas preocupações? Na maioria dos casos, de que ele vá literalmente quebrar a cara no primeiro ou no último poste por causa do excesso de velocidade, do excesso de álcool, do excesso de testosterona, ou dos três.
É até difícil imaginar o contrário.
Aqui no Brasil as diferenças persistem. Vamos ver até quando.

(Já propus – mas ninguém me ouve – se criar a “linha rosa”, vias de trânsito destinado apenas às mulheres, para ver o que acontece. “Linha véio” e “linha chapeludo”, também, mas... tá vendo? Escorreguei no preconceito de novo!)

8 de março de 2011

Na Carne


“Minha sexualidade é assunto meu e ninguém tem nada com isso”.
Nós todos sabemos o quanto isso não é verdade.
Pais são atormentados com os incômodos que surgirão na vida dos seus filhos – e nas suas próprias - quando as coisas fogem um pouco dos trilhos na área sexual.
Foi o que aconteceu com o ex-jogador da Seleção Brasileira Toninho Cerezo – ex-machista de carteirinha - quando seu filho Leandro assumiu a identidade de “Lea” (com cirurgia de mudança de sexo e tudo).
Leva tempo pra cair a ficha duma coisa dessas.
E aí, quando caiu, Cerezo não teve outra opção (se não quisesse cortar relações definitivamente com seu filho(a)), a não ser aceitar publicamente a condição, em carta publicada na revista Lola:
A paternidade é livre de qualquer padrão, de qualquer critério imposto pela sociedade, filho deve ser aceito na sua totalidade, na sua integral condição de vida, independentemente da sua orientação sexual” – declarou, mostrando que, além do coração grande, tem mais cabeça que a grande maioria dos colegas de profissão.
Menino ou menina, Leandro ou Lea, não importa mais, sempre serei seu pai e você, orgulhosamente, um pedaço de mim”, fecha o ex-craque.
E a gente, de novo, se pergunta: Há outra solução?

4 de março de 2011

A Tão Sonhada Pílula da Inteligência


“Aprender é como fazer cocô: cada um precisa do seu ritual para obter sucesso”

Gente, pára ai!
Estamos observando uma nova onda de pais mais informados ou mais “mal-informados” (misinformed é um termo inglês para o qual falta um bom correlato, mas seria mais correto nesse caso) sobre o tal TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade).
Quer a maioria destes pais que as dificuldades escolares de seus filhos (quaisquer que elas sejam) sejam agora “tratadas”.
Dão então aos médicos três opções:
“Ou meu filho não aprende porque é desatento ou porque é um hiperativo – ou, então, o que acho mais provável, a combinação dos dois!”
É realmente bom saber que certos alunos têm nome e sobrenome (e sigla) para suas dificuldades. É bom também que os pais estejam informados sobre isso.
O que pega é jogar tudo na vala comum do TDAH.
Numa época em que por um lado o sistema educacional falha em avaliar a capacidade de progressão dos alunos, e por outro, a sociedade põe uma enorme pressão competitiva nas instituições, pais e, finalmente, nos próprios alunos, culpar algum distúrbio “tratável” pelas falhas dos filhotes nas escolas está virando moda também entre nós (a exemplo da sociedade americana, que já faz isso há algum tempo*).

*A esse respeito, há reportagem de hoje no New York Times mostrando que, entre a moçada que chega à faculdade, até ¾ deles falha feio em leitura, escrita e operações matemáticas básicas.
Aí, fico pensando: “Espera! O que essa turma faz?”
Então, lembro da propaganda da Samsung:
“Segunda: Salvador, festa da Flávia, Terça: Rio, festa do Cris, Quarta: São Paulo, festa...”

1 de março de 2011

Sorriso, Sim. Choro, Não!


Um bebezinho de 15 dias sorri, dormindo.
- É reflexo – explica o pediatra. – Ele já fazia isso dentro do útero materno.
- É mesmo! – exclama a mãe. - Ele sorriu no último ultra-som que nós fizemos.
A vovó, também, abre um sorriso de satisfação e felicidade.

Segue a consulta.

Passado alguns instantes, do nada, o mesmo bebê começa a chorar. Um minuto depois, chora intensamente, recusando-se mesmo a mamar.
- É dor, tá vendo? – diz a mãe, desesperada.
- É cólica! – afirma a vovó-sabe-tudo.
- Não – tenta argumentar o médico – Faz parte do mesmo tipo de evento. Um choro também pode ser reflexo, e não ter nenhuma relação com dor. Como, aliás, costuma acontecer...
- É? – pergunta a mãe, descrente.
- Umpf! – esbafora a vovó, indignada.