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29 de julho de 2011

Caminho das Pedras não é Caminho sem Pedras - Filhos Mimados

Por qual personagem da política atual você se interessaria mais? Barack Obama ou pelo novo casal real britânico?
Ou, tentando fazer valer o ponto de vista, quem você acha que tem mais a ensinar sobre a vida, valores ou sobre o próprio mundo (fofocas não valem)?
Penso que a resposta é obvia, mas o que se percebe com os atuais pais da classe média é uma necessidade, uma obrigação até, de transformar seus lindos filhotes em “príncipes reais”, em crianças e adolescentes que terão pela vida afora seus caminhos prontos, em que todas as necessidades, materiais ou afetivas, devam ser prontamente satisfeitas, senão... eu choro! (ou bato o pé, ou puxo os cabelos, ou, sei lá!).
As últimas décadas têm tentado uniformizar o desconhecimento da privação, da conquista, da necessidade, do trabalho árduo, da frustração para as gerações vindouras.
Pais sentem-se obrigados a dar “tudo de bom” para seus filhos, “tudo o que eles não puderam ter”, achando que com isso seus filhos sofrerão menos, terão mais facilidades e serão, então, mais “felizes”.
E está demorando para perceberem que os tiros estão saindo pela culatra, que indivíduos “mimados” estão assumindo o status de transtornos psiquiátricos, uma verdadeira legião de “se não for assim, não brinco” nas relações sociais, no trabalho, na vida, enfim.
Está mais do que na hora da sociedade atuar de forma responsável a esse respeito, de reassumir a bandeira dos valores, de refrear o consumismo do “porque todo mundo tem”, de não ter vergonha de ser original de verdade.
De educar.

26 de julho de 2011

Tempus Fugit - Pacientes Mais Informados


Pacientes desinformados abundam (e serão quase sempre com certeza a maioria).
Pacientes bem informados estão aumentando em número (e isso é ótimo, para eles mesmos e para seus médicos).
Pacientes aparentemente bem informados é que se tornaram um novo problema.
Com tanta informação disponível, não há mais tempo hábil para a mediação entre o que paciente quer saber (ou confirmar, ou aprender, ou discutir) e o que o médico deve ou precisa informar.
Por isso, imagino que no futuro vá ter que se “inventar” uma nova modalidade de consulta, a consulta meramente informativa com os especialistas, separadas da consulta propriamente dita (com as tradicionais histórias, exames físicos e orientações terapêuticas).

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(Rede) Anti-Social

I don’t like my Face in any book
Não Kurto Orkut
My Space is only My Space
Uma “M” esse “N”
No entanto, blogo…
Logo, devo existir!

22 de julho de 2011

O Astro - Crianças que não Comem

Se você é uma das (milhares) de mães preocupadas com seus filhos que “não comem nada”, especialmente nesses momentos de férias – nos quais você tem maior tempo de contato para perceber que o coisinha não come mesmo – faça a seguinte experiência:
Quando o pimpolho voltar das férias peça para um dos professores dele filmá-lo enquanto come, na hora da merenda.
Certamente vai pensar:
“Ei! Esse é mesmo meu filho?”.
Pois ele provavelmente vai estar comendo como um pequeno leão.
E por que?
Por dois motivos principais:
1) Na escola ele está sem a pressão da “mami”. A grande maioria dos pré-escolares e escolares que comem pouco em casa o fazem por revolta com a pressão da mami.
2) Quando ele vê outras crianças se defendendo (atacando a comida) ele pensa que ali é hora de fazer o mesmo (afinal, a mami não está olhando – nem botando pressão)!

Ei! Onde é que você vai com essa câmera? Era somente para ilustrar a história, não leve ao pé da letra. O pessoal da escola tem mais o que fazer do que ficar filmando o seu ator principal!

19 de julho de 2011

Use com Moderação - Uso de Broncodilatadores na Criança

Existem praticamente dois tipos de remédio para tratar bronquite e asma: broncodilatadores e corticóides (o resto – com algumas poucas exceções - é fantasia!).
Em relação aos broncodilatadores, o que o tempo tem ensinado é que quanto menos se utiliza deles, melhor.
Porque os broncodilatadores funcionam na hora H da falta de ar importante, nos momentos de maior risco.
Mas para quem se utiliza deles a torto e a direita vai se perdendo efeito, com riscos maiores de toxicidade (até o momento em que os riscos sobrepujam os benefícios).
Tem muito remédio que é assim. Mas é particularmente verdade nesse caso.
(Obs.: o que não quer dizer que não se deve usá-los!)

15 de julho de 2011

Consulta com o Dr. Dunóting - Pais Exagerados com Doenças

Liga a mãe para o consultório do Dr. Dunóting (consulta telefônica é aquela que rende muito – para a companhia telefônica):
Paciente:
- Doutor, meu filho está bem. A única coisa que está incomodando é uma coriza, que já dura três dias. Dificulta muito para dormir.
Dunóting:
- Olha, não dê remédio. No máximo, use um soro fisiológico no nariz para melhorar a obstrução nasal, principalmente à noite.
Paciente:
- Nem um descongestionante?
Dunóting:
- Não. Descongestionante não resolve nada. E ainda por cima pode ser perigoso, com reações adversas.
Paciente:
- E a tosse?
Dunóting:
- Que tosse?
Paciente:
- A tosse do meu filho.
Dunóting:
- Tinha tosse?
Paciente:
- Tem tosse. O que é que eu faço?
Dunóting:
- Se é pouca tosse, há pouco tempo, faz nada, não.
Paciente:
- Deixa tossir?
Dunóting:
- É. Deixa tossir.
Paciente:
- Não tem que dar xarope?
Dunóting:
- Quem disse? Quem disse que toda tosse tem que dar xarope?
Paciente:
- Ãhh... Não tem?
Dunóting:
- Não. Até certo ponto, a tosse é benéfica. Significa defesa, limpeza de secreção...
Paciente:
- Então não dou nada?
Dunóting:
- É. Quer dizer, nada, não. Um analgésico simples. Um soro fisiológico nasal, se necessário.
Paciente:
- E a febre?
Dunóting:
- Espera. Mas tem febre?
Paciente:
- Não. Mas, se tiver?
Dunóting:
- O mesmo analgésico.
Paciente:
- Nada de antiinflamatório? Antibiótico?
Dunóting:
- Não! Não era só coriza e um pouco de tosse?
Paciente:
- É, mas...
Dunóting:
- Então. Relaxa!
Paciente:
- Tá. E se der dor de cabeça, espirro, dor no ouvido? Coceira, catarro amarelo, conjuntivite? Pontada, grosseirão, anemia? Calombo, falta de ar, amarelo? Bicho de pé, zumbido, micose?...

12 de julho de 2011

(Sinto Muito) Seu Filho Não é Nenhum Gênio - Filhos Superdotados

Até muito, mas muito pouco tempo atrás, escolas ainda estufavam o peito para propagar seus “laboratórios de informática”.
Pais embevecidos mostravam-se orgulhosos (e ainda se mostram) com a capacidade dos seus bem pequenos filhos lidarem com gadgets.
E aí (já) hoje percebemos o quanto essas atitudes foram ridículas em termos de educação.
Aparelhos como computadores, celulares, I-qualquer coisa, foram feitos para uso fácil, intuitivo. Saber lidar com eles é cada vez menos uma coisa “espantosa”, “inacreditável”, mesmo para crianças de 2 ou 3 anos de idade (afinal, elas – diferentemente de muitos adultos ou idosos – tentam, sem medo de errar).
O que é e sempre foi difícil é fazer uma formação completa, com capacidades bem desenvolvidas de leitura, compreensão e raciocínio lógico.
Mas esse tipo de coisa não acende luzinha, não toca musiquinha e, por incrível que pareça é, na totalidade, algo bem mais caro.

8 de julho de 2011

O Primeiro Vício - Uso de Chupeta


A terna relação entre a chupeta e seu usuário fala ao coração de quem presencia as cenas de intimidade.
Principalmente quando o chupeteiro em questão é pequeno e os espectadores são seus pais.
Em muitos casos a chupeta passa a ser como um apêndice, passa a ter quase o valor de um narizinho (ou pelo menos de uma marca na bochecha) daquele que a utiliza, na visão dos que viram a criança desde os primeiros dias com aquela geringonça plástica na boca.
Talvez por isso seja tão difícil tanto para os pais, avós, titios e titias quanto para a criança a abertura do alçapão definitivo para o estragador de dentes, de sorrisos - e até de faces.
Não sou um ACR (um Anti-Chupeta Radical), como muitos dos meus colegas, até porque tento não ser hipócrita. São poucos os pais que suportam toda uma infância de seus filhos sem algum precioso consolo oral. Glória aos que conseguem!
A implicância é com os que nunca se resolvem a dizer adeus.
O progressivo desapego à chupeta é um interessante indicador da maturidade infantil bem como dos cuidados parentais.
Não é a criança quem deve decidir o momento de largar, são seus pais! São eles que devem mostrar à criança a firme decisão, o real propósito de não voltar atrás na primeira choradeira, nos momentos de carência ou de ansiedade.
A proposta é que em crianças um pouco maiores se faça a “festa de jogada fora” da chupeta (coisa pequena, mas emblemática, como um verdadeiro evento, para que a criança se lembre do momento como algo definitivo).

A esse propósito, vemos muito o “não foi ainda o coelhinho da Páscoa que levou, vai ser o Papai Noel”, depois: “ainda não foi o Papai Noel, vai ser o coelhinho...”.
(e porque não pode ser outro o vetor? O gnomo das chupetas – que não tem data certa - por exemplo?)

5 de julho de 2011

Lixinho Calórico - Prevenção de Obesidade pela Amamentação

Você já viu alguma mãe que amamenta olhar para os peitos após a mamada e dizer:
- Não foi o suficiente, filhote. Toma mais aí!
Nem eu.
Com mamadeira a coisa costuma ser muito diferente.
A começar pelo volume no momento do preparo. Quem manda é a mãe. Ou a recomendação da lata, no caso do leite em pó.
A recusa do volume preparado costuma ser encarado com reações que vão do “tudo bem” ao “toma o resto aí!”.
Talvez por isso (ou provavelmente por isso) o estudo recente do jornal Pediatrics (que não se pode dizer isento nos interesses, é bom que se frise) mostre que em crianças amamentadas até mais que 4 meses a incidência de obesidade no terceiro ano de vida é a metade dos não amamentados (ou amamentados por menos que 4 meses).
Além disso, a introdução dos alimentos sólidos antes do 4º. mês (que é um absurdo, já vou logo dizendo!) aumentou em muito a incidência da obesidade nos que já não eram mais amamentados.
Uma explicação plausível é a de que o próprio bebê auto-regule sua necessidade calórica (ou seja, completa as calorias diárias na medida exata da fome, e não do quanto os outros querem que mame).

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Da porta do consultório, a mãe já vem perguntando:
- O doutor trata piolho?
- Depende. Se tiver menos de 13 anos...
(explicação 1: “piolho-criança”. explicação 2: faixa etária do pediatra).
Rá, rá...

1 de julho de 2011

Fera Ferida - Uso Excessivo de Antibióticos

A criação do supergerme (aquele que pode dar um pau inesperado nas nossas defesas) é silenciosa e assintomática.
É onde a feliz expressão “cutucar a onça com vara curta” vem bem a propósito.
Cada utilização de antibiótico, cada infecção tratada (necessaria ou desnecessariamente) é uma potencial cutucada na fera adormecida no âmago da nossa flora bacteriana (roncando perigosamente em nossas gargantas, intestinos e aparelhos urinários).
Por isso o critério da escadinha é tão importante – só progredir na utilização de antibióticos mais potentes se a gravidade da infecção realmente exigir.
Um bom exemplo?
Nossas populares “infecções de garganta”.
Começa que em crianças pequenas na grande maioria das vezes nem precisam de antibióticos, pois são infecções virais, que não necessitam de antibióticos (receitados muitas vezes por ansiedade ou dificuldades no acompanhamento).
Rareando, então, o uso – no indivíduo e/ou na comunidade – a “simples” amoxicilina trata com facilidade infecções desse tipo (de novo, quando são realmente infecções bacterianas, minoria).
O que fazem os desavisados?
Pegam pesado! Partem de cara, por exemplo, para a associação da amoxicilina com clavulanato, que torna a potência antibiótica muito maior (até quando? não sabemos...). Antibiótico que até pouco tempo poderia ser reservado tranquilamente para infecções mais graves como certas pneumonias!
Assim caminha, incauta, a humanidade.
Para um apocalíptico dia em que o chicote e o banquinho farão o bicho cair na gargalhada.

"Antigamente, temendo loucura, vivia calado comigo. Hoje em dia, me sabendo são, não paro de me tagarelar".