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30 de setembro de 2011

Às Margens do Erro - Excessos em Tratamentos de Saúde

Desde que as possibilidades de controle glicêmico (o “açúcar do sangue”) foram se aperfeiçoando (com medições mais freqüentes, com o uso mais freqüente ou contínuo da insulina, etc.) foi se percebendo que, em processos biológicos, muitas vezes o menos é mais.
A tentativa louca de controlarmos tudo, de cuidarmos dos mínimos detalhes, do não querer deixar margem pro acaso e, principalmente, do desprezo pelas inúmeras adaptações que o próprio organismo faz (ou tenta fazer) resultou numa mortalidade mais elevada, ao invés de diminuída.
Os motivos imputados têm sido vários (e não todos ainda descobertos), como uma menor reserva de glicose para o músculo cardíaco, uma margem menor de erro para a hipoglicemia, o stress orgânico num regime restrito, etc.
O ensinamento é que deve ficar:
Relaxe. Cuide-se, mas nem tanto assim.
Erre (um pouco). Porque herrar é umano.

Obs.: não há dúvida de que um correto controle da glicemia (assim como o controle da pressão arterial ou do hormônio da tireóide) é importante. Os perigos estão no excesso (ainda que a literatura médica muitas vezes defenda o excesso – com um termo mais elegante: controle estrito).

27 de setembro de 2011

Estação de Caça - Excessos no Uso de Antibiótico

“Parem com a matança desordenada das...”
- ...Baleias? Focas? Micos-Leão Dourados?
Não. Das bactérias “do bem”!
É o grito de alerta micro-ecológico do chefe do departamento médico da Universidade de Nova Iorque.
O uso freqüente de antibióticos (que, cita o autor na revista Nature, chega a 10 a 20 utilizações até a idade de 18 anos nos países desenvolvidos*) está contribuindo para uma alteração definitiva da flora bacteriana intestinal, causando dentre outros problemas, um aumento do número de doenças alérgicas como a asma, de problemas digestivos e (quem sabe até) de obesidade, além do evidente aparecimento de germes mais agressivos.
O citado médico advoga um uso muito mais criterioso, a educação dos pacientes para não “porem pressão” nos médicos para que prescrevam antibióticos sem maiores necessidades, e até mesmo a criação de antibióticos de “baixo espectro”, mais “fraquinhos”, contrariando a tendência das últimas décadas (embora eu ache particularmente que esta última medida vá encorajar ainda mais seu uso).
A história não é nova. Mais educação, maior consciência, evitar abusos.
Ainda não funcionou na macro-ecologia. Funcionará na micro-ecologia?
Estou cético-observante...

* Até os 18 anos? Às vezes chegamos a ver esse uso por ano!

23 de setembro de 2011

Três Remédios "Estranhos" - Transpulmin Supositórios, Kaopectate, Piptalake P

De vez em quando a indústria farmacêutica tem umas idéias... de jerico.
Criam alguns remédios baseados em fatos no mínimo contraditórios.
De cabeça agora me vem três (apenas um deles ainda mais ou menos badalado):
1) Piptalake p: ainda comercializado em alguns países (não mais no Brasil) é uma absurda combinação de um antiespasmódico (remédio para dores tipo cólica, não sem boa chance de efeitos colaterais) com o fenobarbital (remédio para convulsões, com propriedades sedativas). Servia para quê? Para as inocentes cólicas dos recém-nascidos! Ou seja, dopava-se o pobre bebê para que ele não chorasse (não incomodasse, em suma)!
2) Kaopectate: uma combinação de ingredientes usado para “tratar” diarréias, mas que não atua na causa. Atua apenas no aspecto das fezes. Por isso, com o tempo foi sendo apelidado de “cosmético de fezes”. Curioso isso: você continua doente, mas não precisa ficar vendo o feio resultado que sai de você...
3) Transpulmin supositório: enquanto não o proíbem por ser “relativamente” inócuo, ele vai fazendo a festa do laboratório farmacêutico que se prevalece da ignorância dos pacientes em matéria de fisiopatologia. Como pode um remédio que você utiliza “por baixo” atingir especificamente o pulmão para “puxar” o catarro de dentro dele? Com a palavra, a alta tecnologia da Achè, que transforma a cânfora, o mentol, o eucaliptol e o guaiacal em moléculas “inteligentes”!

20 de setembro de 2011

Escola pra Macho- Dificuldades Escolares Meninos

Ainda no assunto macho vs. fêmea:
Estou plenamente de acordo com o pedopsiquiatra francês Stéphane Clerget: precisamos “salvar” a moçada do sexo masculino quando se trata de vida acadêmica.
As escolas do mundo todo (exceto o mundo islâmico, onde tudo é diferente) são compostas basicamente de corpo didático feminino.
E não é essa (ou pelo menos não só essa) a referência que os meninos precisam ter quando se trata de aprender.
Machinhos têm cérebros diferentes desde cedo. Costumam ser mais irrequietos, agressivos, mais da ação (e menos da emoção, ou da contenção). Quando enxergam apenas modelos femininos como professores tendem a ter dificuldades (e mesmo se rebelar contra os modelos).
E mais: com a maior incidência de separações, o papel do acompanhamento doméstico da vida escolar recai quase sempre nas mães.
O resultado é o que estamos presenciando: um número proporcionalmente maior de mulheres a cada ano nas universidades, mestrados e doutorados.
É a primeira vez na história da humanidade em que isso acontece. É bom? É ruim? Pelo menos para a equidade de chances, é certamente ruim.

16 de setembro de 2011

Ação x Emoção - Alterações Comportamento Pais

Na maternidade, peço aos pais que se revoltem contra o tratamento dado pelo pessoal da enfermagem (feminino, na grande maioria).
“Não troquem fraldas!”, digo.
Nada.
“Deixem que as mães façam isso!”.
Ouvidos de mercador.
“Vão querer amamentar também?”.
Olhares ternos de “ahã!” (sim!), nos casos mais sérios.
Pesquisa fresca (disse pesquisa fresca, nenhuma outra intenção) acaba de comprovar por a + b porque isso acontece.
Hormônios masculinos dão uma desabada no evento de nascimento dos filhos. Por isso pais ficam assim tão “femininos” em muitos casos.
Brincadeiras à parte, é bom, claro. Biologicamente falando, pais não precisam estar tão atentos a outras fêmeas quando surgem seus rebentos. Testosterona mais baixa estimula também a sensibilidade nas necessidades domiciliares.
E tudo isso é (felizmente) reversível em alguns meses.
Mas que dá uma preocupada na “galera macha”, dá!

13 de setembro de 2011

Tamanha - Manhas Crianças

Manha.
Com muita freqüência os pais dão como a razão de certos comportamentos dos seus filhos.
Agora, excetuada a birra (que é muitas vezes usada como sinônimo, mas que é aquela que se dá “em crises” de choro, gritos, agressões, etc.), a manha tem sua razão de ser e não precisa ser desprezada, pois é parte do comportamento de todos nós, marmanjos ou crianças.
Quando o pai de família chega em casa e sua esposa faz cara de sofrimento (por estar gripada ou com dor de cabeça, por exemplo), está de certa forma “manhosa”, também. E não é um lamento que deva ser menosprezado (exceto se acontece quase todos os dias, situação na qual pode ser patológica).
O mesmo se dá com o próprio marido. Quando ele chega se queixando de algo (de muito cansaço, de dores, etc.) merece a atenção da esposa, ou um maior cuidado com a bagunça por parte dos filhos.
Manha, então, é um aviso ou um pedido, muitas vezes não verbalizado. Não precisa ser atendido sempre. Mas também não é algo ruim, algo que não deve existir.

8 de setembro de 2011

Glóbulos Olímpicos - Atletas Superdotados

A Ciência acaba de descobrir um fato que minimiza nossa inferioridade por não sermos campeões olímpicos (quando falo nós, falo do cidadão comum, não do brasileiro, que se salva em uma ou outra modalidade):
Há atletas que são naturalmente “dopados”. Possuem um defeito molecular que faz com que seus organismos absorvam melhor o ferro alimentar, permitindo uma maior reserva de oxigênio para os tecidos em momentos de esforço físico.
Não são então só maiores e mais fortes pernas e braços, maior altura ou mesmo determinantes culturais que ganham medalhas.
São níveis de hemoglobina, de hemácias ou de ferro orgânicos naturalmente mais aptos a se sobressaírem.
Já vejo novas categorias olímpicas para o futuro:
“Salto em altura para homens com hemoglobina até 12g/dl”.
Ou: “Arremesso de disco para ferro acima de 200mcg/dl”.
Ou quem sabe, mais direto: “Maior hemácia”. Ouro!

6 de setembro de 2011

Bê-A-Bá - Proibição da Venda de Antibióticos

A reportagem do Jornal Nacional de 02/09 mostrou que ao se proibir a venda de antibióticos sem receita, aumentou paralelamente a venda dos antiinflamatórios.
Isso só pode ser porque o povo, ignorante, muitas vezes confunde as duas classes de medicações (e, portanto, confunde o termo “infecção” com “inflamação”), pondo ambas indistintamente no mesmo saco (ou, nesse caso, na mesma cestinha da farmácia).
É impossível (e mesmo contra-indicado) tratar, por exemplo, uma pneumonia (infecção) com um antiinflamatório.
Assim como seria absurdo tratar uma tendinite (inflamação, sem germe como causador) com um antibiótico.
Os perigos, claro, não param por aí. Antiinflamatórios têm sido insistentemente usados para situações nas quais um analgésico (mais simples, mais barato e com menos efeitos colaterais) resolveria.
E aí parece que já estou ouvindo alguém perguntando:
-E a garganta?
(ai, a garganta!...)
Nas crianças (pela enésima vez), muitas vezes nem um nem outro devem ser usados, já que os vírus são os campeões (principalmente em faixas etárias mais novas) e, ainda que sejam infecções, são infecções virais, sem necessidade de antibiótico.*
Mesmo nos ouvidos a experiência tem mostrado que quanto menos agressivo se é no tratamento, melhor (exceto nos casos com sintomas mais intensos, como febre prolongada e prostração).

*Na prática médica, quando se fala em inflamações causadas por vírus, são apenas inflamações, reservando-se o termo infecção apenas para as infecções bacterianas (que necessitam antibióticos), o que causa muita confusão!

2 de setembro de 2011

Enche-Pança - Farinha na Dieta de Bebês

Pra que serve farinha na alimentação da criança pequena?
A resposta mais honesta deveria ser:
Pra encher o buchinho de maneira barata e pouco criativa.
Acontece que há opções muito mais saudáveis de carboidratos (principalmente em frutas e legumes), que não induzem de forma tão importante a proliferação de células gordurosas, possuem maior quantidade de fibras solúveis, não incitam a ação intensa da insulina em tão tenra idade, não engordam a criança mais do que ela deve engordar, dificultando aquisições motoras fundamentais para o resto da vida.
Mas é incrível notar como ela ainda é usada (e cedo, muito cedo!), seja em mamadeiras (“para dar melhor gosto” – como se precisasse!), em mingaus, uma tradição de tempos imemoriais, e em pães e bolachas.
Somem-se a isso os suquinhos, chazinhos, aguinhas de coco, etc. e está formada a tragédia nutricional do primeiro ano de vida, com conseqüências (ignoradas) para o resto dela.