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28 de setembro de 2012

Escorregando na Pomada


 
Dentre os medicamentos para crianças que se compra “por conta” em farmácias, os campeões dos erros, de longe, são as pomadas e cremes.
E as “campeãs de audiência” são as pomadas com combinação de várias substâncias numa pomada só.
São, na maioria das vezes, uma combinação de dois remédios para fungos + antibiótico de ação local + corticóide (na maioria muito mais potente do que o recomendado para a pele das crianças).
É aquela coisa do “não sabemos o que é, tentemos de tudo, que algo há (se Jesus Cristinho e meu padinho padre Cícero quiserem) de funcionar”.
A solução dos problemas de pele começa – como demais todos os outros problemas médicos – com um bom diagnóstico. A partir daí, quase sempre um único medicamento é o suficiente.
Mais remédios, mais chances de efeitos colaterais.
E, no caso de pomadas e cremes comprados por conta, é o estágio anterior ao rendimento à necessidade de agendar uma consulta “para ver bem o que é esse negócio”. 
 

25 de setembro de 2012

Corpori Sano In Boca Sana


Já se sabe de algum tempo que uma boca sadia, composta basicamente de “germes do bem” (flora bacteriana) é fundamental para a saúde cardiovascular.
E isso com cara de “uma coisa nada a ver com outra”, por mecanismos ainda não totalmente esclarecidos – germes da boca invadiriam a corrente circulatória causando danos diretos aos vasos sanguíneos e indiretos, através de moléculas que deflagram a inflamação.
Agora descobriram mais um ótimo motivo para você não ir para a cama sem escovar os dentes: níveis elevados de anticorpos contra uma bactéria própria de bocas “mal cuidadas”, a Porphyromonas gingivalis, duplicariam a chance de você ter um câncer de pâncreas, um dos tumores mais rapidamente letais.
Um fator de risco aparentemente tão importante quanto o fumo, que também duplica as chances.
Isso talvez abra a perspectiva de tratamento antibiótico para a dita bactéria, nos moldes do que se faz com a Helicobacter pylori, que eliminada do organismo diminui a chance do câncer de estômago.
Mas por enquanto o que faz mesmo é nos tornar mais amigos dos nossos dentistas.
 

21 de setembro de 2012

Multimeleca


 
Que a multimistura não é solução decente para aplacar a fome dá pra ver justamente olhando para ela.
Aquela coisa com cara de alpiste moído não pode fazer mesmo bem – e está aí a posição da CFN para me dar razão.
Agora o que mais me revolta é ver crianças absolutamente saudáveis do ponto de vista nutricional (apenas magrinhas ou pouco chegadas ao prato cheio) terem a recomendação - médica ou de quem quer que seja - de engolirem aquela meleca!
Profissionais de saúde que lidam com crianças deveriam ter a obrigação de saber diferenciar a real desnutrição (onde nem assim, repito, a multimistura deveria ser idolatrada) da magreza ou do pequeno tamanho familiar.
Mas claro que é mais fácil recomendar a gosminha do que investigar história familiar, verificar a presença de patologia nutricional ou – por parte de instituições religiosas ou governamentais – dar vara, anzol e minhoca e ensinar a pescar.
 

18 de setembro de 2012

iPapel


Não há pai e mãe (e titia, e vovó...) que não fique maravilhado com as habilidades tecnológicas dos seus pequenos.
É claro, estão antenados com o seu tempo! Além disso, quando comparados com seus papais, titias e, principalmente, vovós, se mostram verdadeiros professores (com o detalhe curioso de que aprendem porque são intrépidos, não têm medo de mexer com os botões e aparelhinhos, azar que estrague!).
O problema é que toda essa habilidade pode estar fazendo outra capacidade ir por água abaixo: a escrita.
E, como mostrou uma interessante pesquisa americana, crianças que mostram maiores habilidades de escrita (ou qualquer chamada habilidade motora fina, como o desenho ou o bom uso da tesoura, por exemplo) costumam ter desempenhos acadêmicos superiores posteriormente.
A dica? Se você tem uma criança de 2, 3 ou 4 anos dedique pelo menos 15 minutos ao dia para brincar de desenhar, ensine letras e, sobretudo, compre e deixe acessível lápis, canetas e revistas – mais do que celulares e iPads. 

14 de setembro de 2012

A Celeuma da Empada


Você, por um motivo ou outro, decidiu solicitar dosagem de colesterol no seu filhote.
Ao abrir o envelope do exame está lá: alto (não está, claro, assim no exame, está o valor que você, que sabe ler intervalos entre números, viu que está alto)!
O que fazer agora?
Perguntar para o médico o que fazer, dirá você.
Mas... o pobre do médico (pediatra – pobre do médico e médico pobre) sabe o que fazer?
Pululam nos jornais médicos (que é de onde deveríamos retirar informações) guidelines (normas, mas são chamadas assim, guidelines) sobre o que fazer com o colesterol elevado em crianças.
Nenhuma delas muito crível!
Vejamos por que:
Quase toda essa turma responsável pelas guidelines são gente vinculada à indústria farmacêutica. E aí, adivinha qual a solução para o colesterol elevado?
Uma empadinha para quem disse: remédio.
Não temos – como história de humanidade – idade suficiente para saber de que adianta tomar remédio para baixar colesterol desde a infância. Será melhor? Será pior quando se atingir a idade adulta? Morrer-se-á menos do coração ou de derrame? Ou para riscos do coração é melhor e para riscos de derrame é pior? E os rins (ai, o que é que tem os rins, meu Deus?).
Veja que encrenca!
Outra: e a moçada que foi criança até o século passado? Não tinham muitos deles colesterol elevado desde a infância e viviam na “santa ignorância”?
Isso fez mais mal para a saúde – ou o contrário (eu imagino a resposta, mas não vou falar pra você, enxerido!).
Sabe do que?
É um daqueles problemas que até hoje – final do ano 2012 – a melhor resposta que podemos dar é:
Sei lá!
 

11 de setembro de 2012

Múltiplas Escolhas




Não se assuste, não é uma prova, apenas uma pequena questão de múltipla escolha.
Associe as colunas abaixo: 

1) carne, leite e derivados, ovos
2) pão, arroz, macarrão, frutas, legumes, biscoitos, sucos
3) chantilly, bacon, nozes 

a) carboidratos
b) gorduras
c) proteínas 

Fácil? Difícil? Ridiculamente fácil? Ou... não faço a mínima idéia?
Para o pessoal da área da saúde e da nutrição é... dã!
Mas o que nos causa espanto (especialmente ao pediatra, no meu caso) é o número de pais que consideram a questão pelo menos um pouco difícil. Ou que, realmente, não têm a menor noção.
É a história da informação acessível a todos, mas pouco consultada, talvez justamente porque acessível – o paradoxo da overinformation.
E por que mais essa informação é importante?
Por que é o be-a-bá na hora de escolher alimentos, de tentar ter refeições mais saudáveis, de combinar esses próprios nutrientes a cada refeição – sua e dos filhotes.
Não é (como já dissemos aqui) “a solução para todos os seus problemas”, mas é um fundamento. E no cuidado com um filho, é como saber o que vestir ou a idade certa para sair das fraldas.
 

7 de setembro de 2012

Virando O Jogo


 
O pediatra pede ao menino que escreva seu nome.
E, então, mostra à mãe.
- Tá vendo só? Olha esse “r”. E esse “t”! Parece que tem medo de cruzar o “t”. Tão fraquinho... E esse acento circunflexo? Tudo bem que hoje em dia não se usa mais chapéu, mas... Esse nome dele, tá em hieróglifo? Falar nisso, menino, o que é um hieróglifo?
O menino baixa os olhos, envergonhado.
- História, nessa escola, nem pensar, né?
E continua:
- Quanto é a raiz quadrada de 114?
Nada. Não se sabe se por ignorância, estupefação ou intimidação.
- Então. Viu o que eu falo? Acho melhor a senhora voltar à escola e pedir pra essa professora ver melhor isso. Não pode, um menino assim tão grande e tão...
Ia falar talvez analfabeto, mas calou-se.
- Pede pra ela dar caligrafia. E aproveita e recomenda o corte do recreio. Hoje em dia essa moçada só pensa em recreio. Outra: pede pra ela ver se a carteira não tá quebrada.  Uma letrinha assim fraquinha pode ser trauma de cair da carteira. Um marceneiro, talvez... 

Parece absurdo um pediatra interferindo com o trabalho da professora?
Mas... e o inverso, pode?
Cada vez mais as mães vêm “recomendadas” com problemas de saúde nos seus filhos diagnosticados pelos professores.
Anemia, TDAH, problema de visão, dores de cabeça que podem ser... sei lá!...
Professores tradicionalmente contribuem para a avaliação de problemas nas crianças, inclusive problemas médicos. A questão é o exagero. É a criação de preocupações a mais na cabeça dos pais já tão sobrecarregados. É, além disso, o expertise em assuntos que não são da sua pertinência – mas o Google está aí para transformar todo mundo em expert, não é mesmo?
Nada contra as professoras. Amo-las (o que é, também não posso errar?), até. E lembro-me de muitas com saudade (a maioria vivas, graças a Deus). Bom, deu pra entender...
Ou não?
 

4 de setembro de 2012

Evite


Veja como, com todas as informações disponíveis que temos, ainda deixamos as decisões sobre a nossa saúde apenas nas mãos do médico (e são/somos todos confiáveis – são/somos mais confiáveis que, por exemplo, advogados ou agentes imobiliários?):
Na polêmica questão do contraceptivo: a mulher vai ao consultório solicitando algum método e “ganha” uma receita com determinada pílula. Ponto. Na maioria das vezes.
As chamadas pílulas de terceira e quarta geração (basicamente mais “moderninhas”) têm provocado escândalo na imprensa de alguns países pelo maior risco de eventos tromboembólicos, que não são problemas de pouca seriedade.
As mais “antiguinhas” (à base de norgestrel e levonorgestrel) continuam sendo mais seguras, mas por serem démodé e basicamente por não ganharem patrocínio em consultórios ginecológicos, vão dando lugar às modernas moléculas desogestrel, gestodene, drospirenone, etc.
Soma-se ao problema o uso cada vez mais precoce de contraceptivo, o maior risco tromboembólico de jovens com resistência insulínica (típica da geração que quase só come bobagens), IMCs elevados, consumo de cigarro e bebidas, etc.
A “dona do corpo” deve se informar. Deve questionar seu médico sobre riscos de cada método. Deve, inclusive, desconfiar da inflexibilidade nas prescrições de um ou outro profissional.