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30 de dezembro de 2013

Para Mim e Para Os Seus


Um ano que se inicia é uma oportunidade única.
Única pra que?
Pra reunir gente?
Pra vestir branco?
Pra comer uva?
Pra desejar tudo de bom para uns e para outros - e, principalmente, para nós mesmos?
Pra renovar esperanças?
Pra beber champagne?
Pra soltar fogos?
Pra comer tender?
Do que disso tudo depende uma data específica? Há algo que fazemos nesta mudança de um segundo para outro que não possamos fazer em qualquer outro momento?
A exceção é a convenção da data (chineses e fusos horários descontados, o que já borra um pouco a simbologia). 
De resto, podemos vestir branco, reunir gente, comer uva (cuidado com o vice-versa!) a qualquer momento, bem como desejar tudo de bom para uns e outros e para nós mesmos.
Escolha uma data. Eu peguei... 27 de maio. Nesse próximo ano, que o que eu quero é variar...
Então não me estranhe assim, cheio de bobo otimismo, disposto pra festa, vestido de branco a desejar tudo de bom pra você e para mim quase na metade do ano. Principalmente se o seu ano novo já estiver aquele miserê!

27 de dezembro de 2013

Cows de Nova Deli

 
Eu não sei aí onde você está, mas aqui, no sul do hemisfério sul, bem no sulzinho mesmo, parece que todo mundo agora toma consciência de que tem um corpo. E que esse corpo merece ser cuidado. Não mais à base das pizzas do ano inteiro, calabresas e catupiris com bordas, não. Agora é hora de dar ao corpo aquilo que ele merece (lingua e estômago à parte): malhação!
É um tal de gente na rua correndo, andando, suando... Gente que ficou tão bronzeada da noite pro dia que parece que não trabalharam o ano inteiro, que nunca entraram num escritório, que estiveram espichados numa espreguiçadeira na beira da piscina 40 horas por semana, pelo menos nos últimos meses.
Passado o Natal, onde o que víamos nas ruas eram carros, pais estressados abarrotados de pacotes, confusão, empurra-empurra, agora ao dirigirmos temos que tomar cuidado é com a turma corredora, malhadora, bronzeada, arfante, competindo com o trânsito como as vacas de Nova Deli.
E tudo isso prum breve momento de glória, a roupa branca e justa do Ano Novo. 
Já é um motivo válido, que poderia se estender por mais do que as areias das praias de janeiro.
Mas fevereiro volta à vida. E às pizzas. E à confusão do trânsito urbano. 
Portanto, saiam das ruas. "Sumam para o lugar de onde vieram!" (das piscinas?).

24 de dezembro de 2013

Cedo


Quando viu o pai chegar carregando o enorme embrulho, Matheus já foi reclamando:
- De novo, pai? Não consegue aguentar? Hoje é só dia 21! Tá cada vez pior! Cada vez mais cedo!
O pai, fazendo bico, se defendeu:
- Só dessa vez, filho! Dessa vez vale a pena! Toma, veja!
- Não senhor! Vai ter que esperar! A noite de véspera é só daqui há 3 dias. Passa rápido...
- Ah, filho! Pega, vai! Abre, antes que a tua mãe chegue! 
Matheus irredutível, olhos fechados, balançando a cabeça:
- Não!
- Tá bom, eu digo que fui eu!
- Não, não, não!
- Olha que eu levo pra criança pobre, hein?!
De novo, olhos fechados, beiçudo:
- Póleva!
Desacreditado, o pai ameaça chorar:
- Poxa, Matheus, é tão bonito, a gente podia começar a brincar agora mesmo...
- Não!
Como é que pode, um menino de 6 anos com uma força de vontade dessas? Uma formalidade: a missa, a reza em família, colocar embaixo da àrvore... Ele provavelmente nem acredita que aquele cara magrelo que sobra na roupa vermelha seja mesmo um Papai Noel e... Vão ter que esperar?
Isso não se faz! Já tem vizinho na rua com bicicleta reluzente de nova. E esse ruído que vem da esquina, parece que é de um Ékisbócs, nos Bertoli. Só eles vão dormir na tristeza, mais três longas noites de tédio.
- Não vou aguentar! Não vou aguentar!


Mas Matheus já está se recolhendo, que amanhã a louça do café é dele.

20 de dezembro de 2013

Maldade


Às vezes certas condutas médicas surgem do nada. Outras vezes, parecem surgir de um aparente bom senso. Até os resultados provarem o contrário.
Uma dessas condutas que estão se tornando comuns:
Um bebê com ganho de peso inicial acima ou muito acima da média, mamando somente no peito.
O que fazer?
Nada, claro. Mesmo que o "sujeitinho" em questão seja um tremendo guloso.
Daí a conduta inventada: 
Pedir para a mãe do fominha dar menos mamadas. Ou interromper antes da saciedade. Ou alongar os prazos.
Nada disso é baseado em estudo científico que a embase. 
E pior, o tiro sai pela culatra.
Por que?
Porque mecanismos hormonais boicotam e compensam um menor aporte energético (como nas dietas dos adultos).
Porque o "desespero", a avidez da criança só faz aumentar, e não diminuir (bem como o próprio peso no longo prazo!).
Porque nenhuma mãe consegue ver seu pequeno glutão pedindo mais e recusar!


Somente a partir da introdução dos outros alimentos (6o. mês em diante) é que podemos fazer escolhas mais cuidadosas (como evitar alimentos muito calóricos ou industrializados, por exemplo), ainda assim respeitando o baita apetite! 

17 de dezembro de 2013

Vingança?


Existem motivos válidos para se tratar uma criança febril que chega ao Pronto Atendimento com injeção de antitérmico?
Quase que não vejo nenhum.
Talvez o motivo mais alegado seja aliviar mais prontamente a febre, permitindo que os pais voltem para casa mais tranquilos.
Mas vale a agressão da injeção (num ambiente já muito agressivo para criança)?
De novo, me parece que não.
E mais: se as condutas fossem racionais, o antitérmico já teria sido dado em casa.
Mas aí, dizem os pacientes (com razão): são mandados embora, pois crianças que já estão sem febre (e muitas vezes pulando, sorridentes) não configurarão emergência.
Veja que quem paga o pato é o lado mais frágil: a emergência muitas vezes já passou (ou não existiu, em muitos casos), o médico de plantão opta pela resolução do problema mais óbvio (a febre) na forma injetável (algumas vezes de forma um pouco "vingativa"!). 
Poupam-se os bumbuns dos pais e dos médicos. Apenas.

(Já tinha usado esta foto antes aqui. Voltei a usá-la porque acho uma obra-prima da fotografia. A conhecida expressão de pânico da "vítima" é interessante, mas a dor empática do menino de trás é melhor ainda!)

13 de dezembro de 2013

Horripilante


Por que belos jovens (irritantemente belos, invejavelmente jovens) assumem hoje tantos comportamentos de risco?
Escrevi "hoje" como uma provocação. Não fomos santos. Jovens nunca serão, é a fase de experimentar, de testar limites.
Jovens não morrem, jovens não adoecem nem se acidentam gravemente. Assim pensam eles, claro. E a balança "comportamento do grupo" versus "consciência/aceitação dos riscos" pende muito, enormemente, para o lado da primeira.
E se os jovens são imortais e não deixarão de fazer algo perigoso por eles mesmos, talvez façam pela preocupação/consideração com os outros, principalmente pelo carinho/respeito/preocupação com/dos seus pais ou responsáveis, até uma certa medida (sempre até  uma certa medida!).
Pais desequilibrados, "desmiolados", imaturos, frios, desatentos, são pais que geram filhos predispostos aos comportamentos de risco (mas nem sempre).


E dois problemas muito atuais são: imaturidade, desatenção, desequilíbrio dos pais. O outro problema: nunca os jovens tiveram tantas armas (químicas - ex.: drogas; mecânicas - ex.: carros velozes) tão mortais, tão facilmente disponíveis. 

10 de dezembro de 2013

Nome Aos Bois


Croácia, Mexico e Camarões. 
Ufa! Dá pra encarar!
O que tem a ver o sorteio dos adversários do Brasil na Copa do Mundo com a saúde (afinal isso aqui não é um blog que fala de saúde)?
Quando se sabe que a seleção brasileira de futebol pode enfrentar qualquer adversário na Copa, o nível de ansiedade (ou preocupação) é um. Quando se "dá nome aos bois", mesmo que sejam bois fortes (touros, então) a ansiedade costuma diminuir.
Basta que se saiba quais são os "inimigos" a se enfrentar.
E na saúde não é o mesmo?
Não é por isso que ficamos às vezes "procurando" um problema ou outro?
Porque quando qualquer coisa pode aparecer de qualquer lado ficamos naquele estado de "aiaiai"!... Como o cara que se levanta da poltrona no dia da festa pra ver quem é que está por chegar primeiro (estará devidamente preparado? e se for alguém com quem "não tenha papo"?).
E é surpreendente que mesmo enfrentando adversários (doenças) fortes, aí é que certos jogadores (pacientes), por quem não se dava grande coisa, mostram seu real valor.

6 de dezembro de 2013

Dr. Recusão versus Mãe Pidona


"Dr., quero um exame pro meu filho porque ele é muito magrinho...".
Não.
Já pra (real, significativa) perda de peso não justificada, sim.
"Dr., quero um exame de sangue pro meu filho porque ele é branquinho".
Não. 
Senão não procuraríamos anemia em ninguém do continente africano, percebe?
Já para crianças em determinadas faixas etárias ou com anemia clínica (evidenciável no exame físico), sim.
"Dr., quero um exame de tireóide para meu filho, que está tão gordinho!...".
Não.
Ainda que teremos que ver um exame de tireóide normal alguma vez para convencer que os gordinhos na maioria das vezes são gordinhos "de família" ou realmente comem demais/ se mexem de menos (ou ambos). Crescimento normal ou acelerado, no entanto, já fala muito contra problema de tireóide.
"Dr. (eu, de novo!), quero um exame pro meu filho que tem dor de cabeça. Uma tomografia, quem sabe..."
Não, se as dores de cabeça têm características de benignidade, que representam a grande maioria dos casos (felizmente). Guarde, porém, esse pedido, se em algum momento as características da dor do seu filho se modificarem (muita intensidade, associação com outros sintomas neurológicos, etc.).
"Dr. (eeeu!...), ouvi falar que tem um exame novo que..."
Não!
O exame pode ser novo, mas seu filho é o mesmo (mas não exatamente "velho"). O mesmo menino que eu vejo sempre saudável por aqui (exceto por uma gripezinha ou outra e uma dor na barriga de vez em quando), e eu não vou alimentar essa Dona Neura com um exame, nem novo, nem velho.
(Não sei por que essa mãe ainda me olha na cara!...) 

3 de dezembro de 2013

Missão Tosse Comprida


A maioria dos pais de crianças atuais - ao contrário dos avós - só ouviu falar da tal "tosse comprida".
E hoje a maioria pensa que tosses de origem asmática, principalmente as prolongadas, são "tosse comprida".
Esse "apelido", tosse comprida, se relaciona a uma doença que estava caminhando para a extinção por causa da vacinação, a coqueluche, uma doença temida porque às vezes matava, principalmente crianças pequenas (às vezes de exaustão de tanto tossir!).
O problema é que a coqueluche está começando a dar as caras novamente. E um dos motivos (aparentemente) é a generalização da vacina tetra bacteriana (antiga tríplice) acelular, vacina que substitui a célula completa da bactéria que causa a coqueluche (morta, para criar imunidade) por apenas partes dela.
A vacina acelular apareceu como uma tentativa de causar menos reações adversas (entre as frequentes e leves, como dor local e febre e as raras e temidas convulsões, paralisias e apnéias - mas por incrível que pareça os pais têm se decidido pela acelular pelo incômodo com as leves!).
Deu certo para as reações, mas tem falhado para fazer a doença desaparecer. Um estudo do mês passado (feito em animais de laboratório) confirmou essa falha na capacidade de bloquear a transmissão.

29 de novembro de 2013

Atitude de Mosca


Em círculos concêntricos, a mosca passeia ao redor da cabeça do sapo, sentado na vitória-régia. 
Inicialmente preocupada, atenta à qualquer possibilidade de movimento, mas principalmente no olhar do bichano-anfíbio. Que faz que não é com ele, pacientemente estático, como um sapo de louça, enfeite de jardim. 
E vai a mosca se aproximando da órbita, testando, tateando, se distraindo, sorridente até - sorriso de mosca, desdentado, desbocado, até que...
"Vlupt"! Mais uma na goela do monstro verde, que imita ele agora um sorriso, esperteza e satisfação.
Uma das causas mais comuns de acidentes na criança pequena é essa inocente atitude de mosca por parte dos pais que, quando chegam ao atendimento médico de urgência costumam explicar:
"Mas ele nunca tinha feito isso antes!".
Como se para fazer alguma besteira a criança tivesse antes que treinar!
O erro - que pode ser fatal - é duplo: "porque nunca fez não vai fazer" ou achar que - mesmo nos muito pequenos e totalmente irresponsáveis - a responsabilidade chegou cedo, e "já provou que conhece os perigos".

26 de novembro de 2013

O Certo Pelo Errado


Dia desses a mãe de uma criança comentou, desanimada:
"Cuido tanto para que o meu filho (de menos de 1 ano) coma tudo certinho. Não dou doce, não salgo a comida. Comida industrializada, não deixo nem chegar perto. O problema é que quando estou na frente dos outros (principalmente de outras mães) fico me sentindo mal, porque parece que eu é que estou errada, e as mães que vivem dando bobagens estão certas..."
É assim. Até porque quem faz o errado pode ter a consciência pesada e desejar levar os outros "para o mal caminho".
Pega o exemplo do jovem que, incluído num grupo de bebedores habituais, deseja se manter abstêmio. Vira ele o errado, mesmo que no íntimo todos saibam que ele é o certo - pelo menos nos efeitos da bebida no longo prazo.
Assim com os fumantes. Ou usuários de ecstasy. Ou...
O que importa são as convicções de cada um. E a força de permanecer diferente, "forte" ou mesmo "careta", "bizarro", mas em paz com suas convicções.
Da nossa parte, enquanto médicos, temos que dar força para comportamentos adequados, claro (ainda que as posturas acusatórias e os sermões não sirvam pra nada ou até piorem os comportamentos).

22 de novembro de 2013

Expertise de Balcão


Se você vai de vez em quando à farmácia, sabe (ou, pelo menos, desconfia).
Se você já trabalhou ou trabalha como balconista, tem certeza.
Muitos dos produtos "top de venda" dão bônus (polpudos bônus, às vezes) para quem os vende. Principalmente se os produtos em questão não valem nada, que é quando há necessidade de um estímulo para que saiam das prateleiras para seu saquinho plástico.
No quesito "mães-ansiosas-com-seus-filhos-doentes" (ou "que-não-comem-direito"), os balconistas (devidamente trajados com aventais brancos, pois para endossar roupa branca não se necessita de diploma universitário) deitam e rolam com recomendações para estimular o apetite, melhorar a imunidade, evitar ou curar gripes, etc.
Chegamos ao ponto em que uma consulta pediátrica por convênio em algumas cidades está valendo menos que um "leva esse, que esse é bão" bonificado!


Eu, fosse médico cubano, pediria emprego é numa farmácia... 

19 de novembro de 2013

Quase Tudo


Eu acho às vezes que o minimizar informação é "a jogada" nos dias que correm.
Porque se tem muito. E quando se tem muito é difícil irmos longe em cada uma delas.
Vou dar o exemplo da dieta e do engordar:

Carboidrato é ótimo. Ótimo de gosto e ótimo numa dieta equilibrada.
Ocorre que facilmente desequilibramos com carboidratos.
E carboidrato sobrou, o organismo estoca ("burramente", pode-se dizer).
Estoca de que forma? Transformando em gordura (ninguém que come muito pega nas pregas do abdome e diz: "Olha meus carboidratinhos!" - mas foram eles, os carboidratos, que criaram as "gordurinhas", normalmente!).
E o que são, afinal, os carboidratos?
O que não é carne, leite e ovos (proteínas) e o que não é gordura!
É, então, quase tudo: pão, biscoito, arroz, macarrão, fruta, legume, bolo, refrigerante, suco...

(E aí, foi demais?)

15 de novembro de 2013

Check-List da Saúde


O mundo é dos que...
Acordam cedo, mas dormem bem
Não comem demais - e comem com qualidade
Se exercitam (mas não demais)
Se utilizam do banheiro com o ritmo dos calendários
Quase não bebem
Não fumam nada
Jogam? Só bola...
Fazem sexo com regularidade, de preferência com um(a) só parceiro(a)
Quase não usam medicamento
Se relacionam socialmente
São informados
Até têm sentimentos negativos, mas não os nutrem
Rezam. Ou, pelo menos, têm esperança
Dirigem com prudência, carros e negócios
Ganham o suficiente, pelo menos mais do que gastam
Correm poucos riscos, mas correm alguns
Passeiam, viajam
Não brigam
Não cospem (nem no chão, nem nos outros, nem no prato que comeram)
Não são radicais, nem de opinião frouxa
Choram um pouco, mas sobretudo
Dão muitas risadas


Conheci, entretanto, um ou dois que morreram cedo cumprindo rigorosamente a lista acima (um deles no próprio ato da checagem!)


Conheci, além disso, três ou quatro que viveram centenários zerando essa ridícula lista...

12 de novembro de 2013

Coisa de Pobre



Serve pouco e não deve levar nenhum grande crédito a observação pessoal de um único pediatra (o que vos escreve), mas...
... tenho falado para os pais que (na nossa região, em situações normais de atendimento, em consultório - não em emergências - mas pode muito bem ser que também em emergências) há cerca de seis anos quase que paramos de nos preocupar com diarréias nas crianças pequenas!
E o que houve de diferente (mesmo!) nestes últimos anos?
A vacina do rotavírus.
Outros vírus ainda têm causado diarréia, principalmente em creches e escolas. Mas geralmente com evolução muito, mas muito mais benigna do que se via há apenas uma década!
A tal ponto que se ver criança desidratada virou raridade (sempre lembrando: escrevo por essas privilegiadas bandas)! O mesmo vale para o despropósito (agora) de se usar soro de reidratação oral para simplesmente "cocôs moles" (até porque pode, em alguns casos, piorar o "cocô mole").
Os outros méritos (aleitamento, saneamento, maior vigilância, pastorais, disponibilidade dos sais de reidratação) permanecem, e eu desconfio (de novo, apenas desconfio) que nossa pujança econômica coincidente da mesma época também deva ter uma grande importância (pois, se sabe, criança pequena morrer de diarréia "é coisa de pobre"... - país pobre!).

(De novo nesta postagem usei a figura do personagem Starvin' Marvin, totalmente politicamente incorreto, motivo pelo qual deixei de assistir ao South Park...)

8 de novembro de 2013

To Ruin Or Not To Ruin?...


Eu "cai" acidentalmente num texto de 2010 para o New York Times do psicólogo de Harvard Steven Pinker sobre essa nossa (minha?) preocupação sobre se o excesso de exposição à mídias (smartphones, twitters, googles, etc.) vai de algum modo nos prejudicar, ou prejudicar a mente dos mais novos, mais aficcionados do que nós a esses gadgets todos, reais ou virtuais.
Sua resposta "desinteressada" (pois um acadêmico sem ações do Google, até onde eu saiba) é "não", podemos ficar tranquilos.
Nosso cérebro, escreve, não é tão moldável quanto às vezes nos fazem acreditar. Obter informações diretas e digeridas de um Power Point não vai nos fazer pensar "powerpointicamente" (minha expressão), bem como acessar o Google não nos impede de sermos profundos quando desejamos.
Nossas experiências cerebrais e sensoriais costumam ser específicas ("Ninguém se torna melhor matemático estudando música") Não? Mas algumas vezes nos ensinaram isso! ("Bem como resolver jogos brain-training não te faz mais esperto"). Não? Ó!... Joguemos fora todas aquelas palavras cruzadas! Aprender essas coisas te faz melhor apenas e tão somente nessas coisas e não em todo o resto que envolva a atividade cerebral.
Inversamente, desaprender a escrever nas infinitas mensagens, postagens (epa!) e tweets não nos torna inevitavelmente burros ou analfabetos (exceto se já estamos fazendo enorme esforço independente para sermos - grosseira observação minha, claro).
Excesso de informações e estímulos (escreve Pinker) podem nos distrair das nossas atividades principais e até serem aditivos, principalmente em pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Como qualquer outra tentação, Pinker sugere que se coloque um limite para o uso dessas coisas, como desligar aparelhos às refeições ou próximo da hora de se deitar, por exemplo.
"O conhecimento e as informações", conclui, "crescem de maneira exponencial. A capacidade cerebral e o número de horas que se pode ficar acordado, não. Por isso devemos abençoar o aparecimento de mecanismos de busca e estocagem de informação, e não demonizá-los. O que vale é o uso correto, o desenvolvimento de senso crítico, a capacidade de análise. Isso tudo tem lugar para se aprender: as universidades. Usar as novas tecnologias não nos fará mais estúpidos, senão mais espertos".

(P.S.: Desnecessário dizer que muita gente "caiu de pau" nessas opiniões. Para se ter uma idéia, basta dar uma olhada no site Edge)

5 de novembro de 2013

Atravessada


Dia desses vi uma jovem senhora, mãe de dois filhinhos muito bonitos, atravessar a rua quase na frente do meu carro com um ar de preocupada (escola? banho? dificuldades econômicas?) e me pus a pensar:
Será que ela sabe que essa é a hora? Que isso que ela está vivenciando agora não é, na realidade, preparação pra nada? 
Claro que não. Quase nunca sabemos. Estamos sempre nos preparando para algo, mais ou menos afobados, afogados.
Esse momento congelado na minha memória, neste texto, ficou congelado pra mim, não pra ela. Sou eu o espectador. Eu é que consigo me afastar, analisar, refletir, tirar lição. Lição pra ela. Lição de mim pra mim deixe que outros tirem, que eu sou incapaz. 
Tão incapaz quanto essa jovem e felizarda senhora que perde tempo com suas angústias maternas, com esse cenho franzido, atravessando a rua com cara de que algo sério ou grave pode estar para acontecer. 
Sério, grave, trágico é que esse momento tão belo (inocentes filhinhos fielmente agarrados à sua protetora mãe) é descaradamente finito.
E não está sendo suficientemente percebido.
(Ou eu vejo demais?)

1 de novembro de 2013

Prefiro Uma Vida Sem Remédios


Claro. É uma afirmação aparentemente óbvia.
Aparentemente.
Quem vai querer usar remédio, se  pode abrir mão dele?
Aparentemente ninguém quer ficar doente. E aqui, de novo, aparentemente. Há muitos ganhos em adoecer. Maior atenção por parte dos familiares (nem sempre), abstenção da escola ou trabalho, "mordomias"...
Na minha área, a Pediatria, é possível (desejável) ter uma política "anti-medicamento", principalmente com a evolução em outras áreas (vacinas, saneamento, nível educacional e acesso à informação, acesso a psicólogo, controle laboratorial, etc). Até com a função educativa: a "muleta" do remédio é usada como substituto frequente de uma vida mais "completa" para muitas pessoas (interação social, resolução de conflitos, prática de esportes, acesso a cultura, etc.).
O perigo é o fanatismo. Alguns pacientes (pais) têm encarado o medicar como tragédia, causando alguns sofrimentos desnecessários para eles ou para seus filhos.
Não tiro a razão da desconfiança. Vivemos numa época em que uma certa paranóia é desejável (basta perceber o número de trabalhos científicos e a quantidade de médicos patrocinados por indústrias farmacêuticas). Mas a internet propicia a "conferência". Será que é isso mesmo? Preciso tomar "essa meleca"? Há alternativas? Quais são os riscos? Conheço alguns pacientes melhor informados do que os médicos a respeito dos seus remédios - ou até da sua doença.
Então não sejamos (pacientes e remédios) inimigos. Nem amigos "de se pôr a mão no fogo"! Amigos "com um pé atrás" parece a melhor postura.

29 de outubro de 2013

Tranca


"Nariz-sempre-trancado-que-não-melhora-com-nada" nas crianças pequenas.
É um motivo de consulta tão banal quanto frequente.
Banal no sentido de que não leva a nada mais do que noites mal dormidas, alguma dificuldade para se alimentar e sofrimento empático ("companheiro") por parte dos pais, que vêem impotentes aquela figurinha triste.
Não "vira" nada quase nunca - não se transforma em pneumonia, "gripe mal curada" (uma apavorante entidade inexistente) ou qualquer outra coisa.
Gera a toda hora tentativas de medicações infrutíferas - e algumas vezes perigosas - bem como a alegria dos laboratórios farmacêuticos (que lucram mesmo é com pseudo-medicamentos populares de baixo custo de produção).
Nada mais revolucionário até hoje foi inventado do que uso liberal ("corajoso", num volume de cerca de 0,5-1,0 ml em cada narina) de soro fisiológico nasal, conhecimento do problem(inha) e paciência - que essa fase passa, a criança cresce e deixa de ser "ranhenta" (ou entupida)...
... A não ser que... venha a ter rinite alérgica (ou vasomotora) mais pra frente, mas aí, como se dizia no passado, são outros 500.

25 de outubro de 2013

Castelo de Cartas Faríngeo


Você já ouviu falar em colapsibilidade?
Não se avexe, pois quase ninguém ouviu!
Principalmente quando se trata de vias aéreas das crianças (pois o termo inicialmente remete à construção civil).
Então. Colapsibilidade é o termo que se concebeu nos últimos anos para definir as dificuldades que as vias aéreas superiores (principalmente a região faríngea - "garganta" e parte posterior do nariz) têm em deixar o ar que entra em direção à traquéia, independente da adenóide e amídala.
Sei que é complicado. 
Pode ser assim definido:
Quando os "culpados" pela apnéia (ou pelos roncos) da criança à noite não são a as adenóides (carnes esponjosas) nem as amídalas, quem mais pode ser culpado?
Uma faringe meio "mole" (hipotônica), uma mandíbula pequena, uma língua grande para o tamanho da boca, etc.
São detalhes que muitas vezes escapam à percepção dos pais (e também dos próprios médicos!). Principalmente porque não há um marco definitivo na apnéia do sono da criança (apenas roncos? despertar frequente? sonolência excessiva diurna? todas as anteriores?).
Na própria necessidade de tratamento (cirúrgico - retirada ou "corte" nas adenóides, clínico - uso de medicamentos como os corticóides nasais) não há consenso.
Vale a vigilância. Vale o dimensionamento (clínico e radiológico) das amídalas e adenóides (mas, como dissemos, não é parâmetro definitivo). Vale também a percepção por parte dos pais do esforço respiratório da criança (ou mesmo a sua filmagem). A polissonografia pode ajudar (e é considerada o "padrão ouro" para a tomada de decisões) mas nem sempre é necessária (e envolve algumas "complicações" - quer dar boas risadas? acesse este blog para ter uma idéia). Alterações no crescimento, hipertensão arterial, dificuldades escolares, etc. podem estar associados, principalmente nos casos mais severos (e já de mais longa duração).
Só pra variar, é mais um caso que uma resposta simples é difícil de ser dada... 

22 de outubro de 2013

Diferenças na Diferença


Somos preconceituosos, é um fato (ainda que não gostemos de admitir – e ainda que devamos nos esforçar para não sê-lo).
Dentre os preconceitos inevitáveis (e terríveis, contra os quais temos a obrigação de lutar) estão os direcionados às pessoas com anormalidades genéticas. E dentre estas, a síndrome de Down ocupa uma posição de destaque, principalmente pela sua frequência.
Um fato pouco conhecido que agrava a situação dos portadores de Down é o das diferenças “intra-Down”.
São basicamente três os defeitos que podem levar o cromossomo 21 à trissomia. E no caso de um dos três, o mosaicismo (anormalidade genética presente em apenas parte das células, o que “abranda” as características presentes nos outros portadores, gerando um Down “mais leve”), as capacidades aprendidas pelo seu portador faz com que os outros Down sofram preconceitos do estilo: “Se ele consegue, por que você não?”.
Isso é péssimo. Quem já passou pela experiência da comparação por parte de pais, familiares, vizinhos (quase todo mundo já passou) sabe o quanto isso joga para baixo mais do que ajuda. 

Comentários?

18 de outubro de 2013

Copo 1% Cheio É Pingo


A doença celíaca tem uma incidência na população de aproximadamente 1%.
São um em cada cem que, diagnosticados, devem ter uma vida inteira de dieta - que exclui basicamente pães, bolos e biscoitos, ou seja, boa parte das delícias da vida - para afastar a possibilidade de complicações várias de saúde, que vão de diarréia crônica com desnutrição até doenças cardíacas ou câncer do aparelho digestivo.
Dito isto - visto que característicamente a doença celíaca é muito heterogênea na apresentação e pode dar as caras tardiamente, quando certos estragos são irreversíveis - se deve triar a população inteira, com um simples exame de sangue?
A pergunta não tem resposta conclusiva.
Não diria que não. Mas alguns pontos a favor da negativa são fortes. Como a dúvida se a evolução será sempre ruim para quem não tem sintomas claros. De novo, o problema é que sintomas podem vir um pouco (ou bastante) tarde demais.
Outra questão séria é ter força de vontade de se privar de coisas deliciosas por uma vida sem ter estado exatamente doente (apenas com a expectativa de vir a estar).
Então a polêmica continuará.
Cabe ao médico - e à própria população, estando ela apropriadamente informada - estar alerta à possibilidade (história familiar de doenças autoimunes como a diabete tipo 1 ou casos de câncer gastrointestinais aumentam as chances, por exemplo, e talvez devam, sim, ser triados).



15 de outubro de 2013

Batalha


Fui filho da classe média.
Filhos da classe média têm muros construídos pelos seus pais ao seu redor.
São cegos a outra realidade, a realidade maior. 
Nunca ouviram falar em falta de água. Água é uma coisa que simplesmente existe, flui. 
Saneamento é somente uma palavra no dicionário, e não uma conquista.
Dinheiro sim, é uma conquista para os filhos da classe média. Para a aquisição de mimos, pois o essencial... O essencial já existe!
Médicos costumavam vir de todas as classes. Mas o que chamamos hoje de "média" conta com luxos impensáveis mesmo para as classes altas do passado. 
Com os custos da formação, a medicina passou a ser algo não da elite intelectual, humanística ou o que quer que seja.
Passou a ser da elite econômica, financeira. Elite classística, acostumada a fechar os olhos, ou mais do que isso - mais grave e incorrigível - a não tê-los desde o nascimento.
Deveriam tratar de seres humanos aflitos, que sofrem, que não compreendem, desprovidos. Não do mimo. Desprovidos do básico.
Não é essa a clientela do médico. Essa é uma clientela que nem chega a ele. 
Aprenderam a ser virar, com balconistas, charlatães, benzedeiras. Ou, no máximo, um arremedo de médico, aquele "que ninguém quer".
Volta e meia, essas duas realidades se entrechocam, nas longas e sofridas esperas de Pronto Socorros. Um não reconhece o outro. Se agridem, se odeiam. Um parece que precisa demais, o outro parece não querer saber que aquele existe ou, o que é mais provável, passa a conhecê-lo ali, e se assusta com o que vê.
Canetas e decretos presidenciais são impotentes frente a esse fenômeno. Mesmo o dinheiro parece não resolvê-lo.
É hora de repensar o médico. Repensar o ser humano.
Ou será que já é tarde? 

11 de outubro de 2013

Olhos nos Olhos


Não sei se você sabe, mas em muitas consultas - pelo menos naquelas em que temos mais tempo de contato - nós, médicos, percebemos no olhar (e nos sorrisos, nos cenhos franzidos, na postura, etc.) quando estamos "abafando" (claro que "abafando" é exagero, ninguém precisa e nem deve "abafar" numa relação médico-paciente) ou, ao contrário, quando não estamos absolutamente agradando (e aí, de novo, não precisamos exatamente "agradar" aos pacientes - não principalmente no sentido fornecedor de serviço-cliente como a "moderna Medicina" quer nos fazer engolir).
E então você pode dizer: e daí?
Daí, nada (seu mal educado!).
Agradando ou não, "abafando" ou não, continuamos atendendo com um sorriso (e uma pequena casca de feijão) nos dentes. É nosso dever.*
Mas que a coisa flui, que é muito mais prazeroso quando percebemos a sintonia, lá isso é.



* Sempre pensei que a Xuxa (alguém que particularmente nunca apreciei, me desculpe a geração anos 80), quando ia todas as manhãs à televisão cantar "Todo mundo está feliz!" e outras cançõezinhas "pra cima" podia estar com sérios problemas pessoais (ou com uma simples dor de dente), mas não podia absolutamente demonstrar. Mas por que a Xuxa? Sei lá!...

8 de outubro de 2013

O Magro Coro dos Ultrapassados



Sou um cara totalmente ultrapassado.
Se alguém quiser ouvir a opinião de "uma pessoa totalmente ultrapassada" em algum debate ou congresso, pode me chamar, com tarja embaixo do nome e tudo ("Oscar, médico totalmente...").
Por que essa auto-depreciação toda?
Porque a cada dia aumenta o coro dos "moderninhos" (expressão obviamente ultrapassada!).
E na minha área, assim como na maioria, ser "moderninho" é o que importa, não importam as consequências.
Isso acontece com remédios (algo que vivo com mais frequência), com propostas de exames, com tratamentos, etc.
Mas acontece para todo lugar para onde dirigimos nosso olhar.
Ninguém consegue mais tomar decisões que contrariem o modernismo sem passar por "alienado", "excêntrico" ou... totalmente ultrapassado!
Proibido pensar. Vetado questionar. Inimaginável discordar.
Há algo mais desejável para o "mainstream" (outra expressão moderninha, por isso em inglês, mas já meio carente de significado, pois quase que só há "main" stream hoje em dia)? 
Quer campo mais fértil para a imposição de normas, tratamentos, bens de consumo, políticas públicas (e etc, e etc.) para uma população que "pensa que pensa" ou que "pensa que escolhe", mas que no fundo só quer ser..."moderninha"?



4 de outubro de 2013

Como Estou?


Quando você vê uma criança pequena gripada, já parou pra pensar o que ela deve sentir?
Para além dos sintomas que todos nós - seres aparentemente capazes de compreender o que se passa - também sofremos, como narizes sufocantes, tosses incômodas, dores no corpo e etc., a criança sente a gripe (como demais outra doença qualquer) como algo definitivo, que se apoderou dela para sempre. 
Para entendermos seu mau humor, sua irritação, é mais ou menos como quando nós adultos temos um diagnóstico de uma doença crônica.
O único provável atenuante é que crianças são seres otimistas por natureza - a maioria delas não aprendeu o pessimismo, e nisso alguns adultos são craques.
Elas então, possivelmente, intuem a melhora futura. 
Já adultos doentes muitas vezes deduzem (por terem aprendido) complicações, gastos, incapacidades e, por que não, morte.  E nem sempre estão errados...
O resumo do estado emocional da criança doente poderia ser:
Um inocente (ignorante) sofrimento "crônico" relativamente otimista!

1 de outubro de 2013

Escorregão Evolutivo


Pais do mundo inteiro se perguntam os motivos da maturação sexual mais precoce dos seus filhos (mas principalmente das filhas).
Um aspecto que tem sido estudado recentemente (e pouco levado em conta, ou mesmo admitido) é a questão social.
Meninas que crescem em lares desfeitos ou com muito pouca atenção paterna tendem não só a se sexualizarem mais cedo (vestirem roupas mais curtas, usarem saltos altos, maquiagem, etc.), mas também a apresentar características sexuais secundárias (desenvolvimento de mamas, pêlos genitais e menarca) mais precocemente (descontados fatores genéticos e/ou doenças endócrinas).

Por mais cruel possa parecer, é como se o organismo da moça apressasse a "apresentação" social (ou sexual, em última análise) para a criação de um novo lar (possivelmente mais "estável" que a dela própria - e é aí que a evolução "pisa na casca da banana", muitas vezes, criando ciclos viciosos de lares desajustados).

27 de setembro de 2013

Efeito Hollywood


Bem, parece que boa parte dos pais e parentes - pelo menos os mais informados - vão perdendo o medo das medicações inalatórias em spray (as infelizmente apelidadas "bombinhas") para o tratamento das "bronquites" e asmas das crianças, mesmo as das mais pequenas.
As histórias ("lendas" seria o termo mais apropriado) de que "viciam", "fazem mal para o coração", "secam o pulmão" e outras mais vão caindo por terra a duras penas. É um trabalho informativo e de desmistificação que dá trabalho, mas que vale a pena quando se vêem muitos dos resultados (a maioria dos pais se perguntam por que não aderiram antes!).
Apesar disso, um fato que precisa ser lembrado ao se propor esse tipo de tratamento - notadamente naquelas crianças que não vão usar um espaçador, que "faz o trabalho da respiração pra elas" - é o "efeito Hollywood", principalmente quando o tratamento parece estar inexplicavelmente falhando.
O que é o "efeito Hollywood"?
Nos filmes americanos - mas também em algumas novelas - os asmáticos costumam usar o dispositivo (a "bombinha") de forma totalmente incorreta, muitos deles com afastamento absurdo da boca*. O que nos parece é que os atores têm medo! 
É claro que para eles funciona (na maioria das vezes). São asmáticos-atores! Têm "doença de vias aéreas ficcional" (D.V.A.F., para quem gosta de jargão - ei, isso não existe!).
E aí "desensinam" os verdadeiros asmáticos, os não-atores. 
A inspiração correta, o encaixe da boca, precisam ser ensinados, checados quando o tratamento falha (e até quando está dando aparentemente certo), sob pena de se descartar um tratamento que tem feito diferença na evolução das doenças respiratórias.

* Um dos filmes que me veio à mente foi "A Mão Que Balança o Berço" em que a mãe da criança vítima da babá tresloucada chega a morrer com a "bombinha" na mão por uma "crise asmática-nervosa". Credo (quem mandou não fazer direito?)!