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30 de dezembro de 2014

Vai Doer?


Não sei se é coisa da idade, mas a cada início de ano fico com a sensação de que sou uma criança na fila pra tomar vacina. Vai doer ou são "só algumas picadinhas"? E à medida que a fila avança, à medida que a contagem regressiva vai chegando, jà vou preparando meu guarda chuva ou quem sabe as botas, ou quem sabe até mesmo um bote. Isso pra só falar nas possíveis catástrofes climáticas - a mais comum: abundância de água, principalmente na hora e nos lugares errados, mais característica dessa fase inicial do ano.
Pessimismo?
Deve ser culpa dessas retrospectivas, tão frequentes em todos os lugares onde se põe o olho. Nunca contei, mas acho que pra cada fato bom, cinco devem ser ruins. Fato ruim, tragédia, acidente dá notícia muito mais vistosa. E aí fica essa terrível impressão de que a mesma proporção ocorre em nossas vidas, o que não deve ser verdade, só impressão mesmo.
Como um descrente juramentado, então, a coisa complica. Esses pedidos todos à São Isso, São Aquilo na virada não me animam. Ao contrário: fico pensando na decepção do devoto no decorrer do ano (ainda que devoto que é devoto ponha a culpa do insucesso em tudo, menos no santo).
Restam o desconforto, o "medinho". Que logo passa. 2016 tá logo ali. 


Feliz 2015. Não pensem. E um brinde a todos.

26 de dezembro de 2014

Fechados


O que você veio buscar aqui?
Não estou. Assim como todo o mundo no Brasil não está.
Procure-me (procure-se) em alguma praia, alguma casa de parente, montanha, retiro, algum lugar em que ninguém vá nos achar. É lá que estamos. Como todos, lotando o espaço, lutando pelos itens básicos como água potável (ou água, simplesmente), suco de laranja, faixa de pedestre e espaço na areia.
Nada produtivo. Apenas consumo. Nada a acrescentar ao país, exceto gorduras localizadas.
Pelos próximos bons dias. 
Portanto, não necessite de nós para nada porque mesmo que quiséssemos atendê-lo faltaria lugar limpo, luz, chave, funcionário. Conforme-se. É fim de ano. 
Se você, ao contrário de todos os outros, ainda está aí - ou aí pretende ficar - encolha-se e durma.

23 de dezembro de 2014

Melri Cristmas


Não sei se você notou, mas é Natal. 

Desde meados de novembro, pelas minhas contas.
Vasculhe seu e-mail. Alguém deve ter lhe avisado sobre a data. Talvez uma loja, ou quem sabe duas.
Nas ruas. Um ou outro senhor com uma barba há muito démodé: aquilo é um Papai. Noel. Sempre Noel. Sempre Papai. Cada vez mais mal-disfarçado. O que conta é o símbolo.
No Natal tudo é símbolo. A cara de agrado do vovô com a família reunida, ainda que a família esteja sempre reunida, morando na casa do vovô, nas costas do vovô. A uva-passa da maionese. A pomba branca do cartão Visa. O best-seller que todo mundo ganha mas ninguém lê. A uva-passa da farofa. A mão quebrada do menino Gesus Jesus de jesso gesso. A Coca quente de 2 litros. A toalhinha vermelha. A uva-passa no canto do prato. A rua vazia pra cachorrada na noite de Natal. As bicicletas novas do dia 25. A estrada cheia pra praia. A cara de alívio do vovô. 
Uma Festa. Sempre igual. Sempre com o mesmo batido roteiro, mesmos personagens. Apenas que mais velhos, e um ou outro novato que começa a ser introduzido ao espetáculo.
Ano que vem terá mais. Só esperemos que demooore!

19 de dezembro de 2014

Você (Literalmente) É Aquilo Que Você Come


Nossas bactérias intestinais influenciam o funcionamento do intestino. O funcionamento intestinal envolve a produção e regulação de hormônios e neurotransmissores (serotonina, dopamina, etc.). Esses hormônios e neurotransmissores influenciam diretamente no comportamento humano.
Logo, tudo o que influencia as bactérias do nosso intestino (como o que se come, por exemplo) influencia na mesma medida nosso próprio comportamento.
Seria muito difícil de acreditar, mas há estudos mostrando que floras intestinais transplantadas de animais calmos, relaxados para animais ansiosos modificam seu comportamento (o mesmo ocorrendo na direção contrária). É o relato de especialistas da área (neurogastroenterologia) franceses no programa "Le ventre, notre deuxième cerveaux" ("O ventre, nosso segundo cérebro"), que foi ao ar na rádio France Info (o mesmo tema foi transformado num documentário acessível no Dailymotion).

Muito cedo para implicações práticas em termos terapêuticos (e já estão de olho aí as indústrias com os enganosos pré e probióticos). Mas não há dúvida de que profilaticamente as velhas recomendações do parto normal (por influenciar a flora bacteriana do bebê pela passagem por um canal do parto contaminado, servindo para a criação da sua própria flora), da amamentação (vital na seleção de uma flora bacteriana futura mais saudável) e de uma alimentação mais natural e diversa contribuem na formação de pequenos seres mais equilibrados do ponto de vista emocional.

16 de dezembro de 2014

Bandeira Vermelha


Pais de crianças asmáticas (ou com "bronquite"):
Vou transplantar em vocês a (minha particular) dúvida que vem à mente quando leio recomendações sobre a previsão das crises de asma em crianças.
Dizem as pesquisas (e propostas de conduta, a mais recente deste mesmo mês):
Há meios - laboratoriais e espirométricos (a medida objetiva da ventilação, nem sempre fácil de ser feita) - de se prever a crise. Baseado nestes métodos (ou em outros que ainda vão surgir), pais devem iniciar ou aumentar doses de medicações antiasmáticas, como broncodilatadores e corticosteróides.
A dúvida:
Se eu tenho que ir à laboratórios, ou mesmo tenho que estar constantemente munido de espirômetros (os tais aparelhinhos para medir a capacidade respiratória), não é mais fácil (menos trabalhoso, menos custoso, mais intuitivo) eu prestar atenção aos sintomas respiratórios (crises de tosse noturnas ou aos esforços, esforço respiratório, "chio" no peito, cansaço, e os mais indicadores de gravidade tiragem e inclusive palidez e cianose) para fazer o mesmo?
A única explicação viável contrária à conduta acima seria: esperar sintomas pode ser tarde demais! (a velha advertência "urubulínica").
É até verdade (em alguns poucos casos, não na maioria), mas aí vem outra perguntinha:
Pais estarão dispostos a medicarem seus filhos (com medicações às quais já mostram razoável resistência) nos sinais laboratoriais apenas premonitórios (lembrando que exames laboratoriais também erram - e no caso da asma possivelmente errem mais do que a avaliação dos sintomas)?
E, de novo, a postura "agir o quanto antes" não atende aos interesses da indústria farmacêutica?
Fica a dúvida...

12 de dezembro de 2014

O Mistério do Sorriso Enigmático de Mona Lisa


O sorriso de uma mãe.
Seria esse o grande segredo da obra mais famosa da pintura mundial*, a Mona Lisa.
Mona Lisa que, aliás, segundo o documentário exibido pelo canal franco-alemão Arte ("La Joconde Dévoilée", "A Gioconda Desvendada"), teria entrado de gaiata na história tão cheia de mistério do quadro de Leonardo da Vinci.
A verdadeira Mona Lisa (ou apenas Lisa, dado que "Mona" não é um nome, significa "Dona" em italiano, "Monna", com dois "n") a terceira esposa de um comerciante de seda da cidade italiana de Florença, originou o nome pelo qual é conhecida a obra. Mas não seria ela a verdadeira retratada - até porque um "mero" comerciante não teria estofo (grana) para encomendar um quadro do já famoso (e caro demais) pintor. A confusão foi gerada pelo historiador oficial da época Giorgio Vasari, que nunca viu o retrato mas supôs se tratar da moça.
O documentário explica que não há qualquer registro de negociação da suposta compra por parte do comerciante, marido da Mona Lisa, nem testamento legando o quadro à ninguém, fato improvável pelo valor da obra-prima de Leonardo.
Quem seria, então, essa Gioconda (nome também errôneo, visto que Giocondo, ou melhor, Francesco di Bartolomeu di Zanobi del Giocondo é o marido da "não retratada")?
Giuliano de Medici (irmão de Lorenzo de Medici, governante de Florença na época) era um "boyzinho", bonitão, amante das artes, de família muito rica e influente (tão rica e influente que seu túmulo tem uma esculturinha de outro grande mestre, Michelangelo), e... "pegador".
Numa das suas aventuras, uma moça de uma noite só, Giuliano deixou um filho como recordação. A mãe da criança pediu à parteira que matasse a criança logo após o parto, pela desonra que significaria criar o filho na época (lembremos que não havia o teste de DNA, que talvez tivesse mudado o rumo da história da arte mundial...).
Não foi o filho, e sim a mãe quem veio a morrer, de causas ligadas ao parto.
A parteira, com dó da criancinha, levou-a à porta do castelo dos Medici, indicando ao pai quem era aquela pessoa.
Giuliano se enterneceu. Gostou tanto do goeludo no seu colo que encomendou ao pintor (esse sim, tinha cacife!) um retrato de uma mãe (não a verdadeira mãe, já morta, mas uma mãe idealizada, bonita, para que a partir do seu retrato - da Vinci não era um retratista qualquer! - o menino crescesse com o consolo da sua imagem). 
Leonardo teria então evocado a imagem da sua própria mãe, pois também ele havia sido um filho bastardo. Uma mulher retratada com vestes negras, significando o luto da mãe do menino (e talvez o seu próprio), mas com um sorriso enigmático, um sorriso discreto da mãe ao olhar para seu filho querido.
Sempre genial. E comovente (mesmo que no futuro outras histórias contradigam esta).

* para se ter uma idéia do seu "poder", experimente Googar (dar um Google imagens) na palavra Mona Lisa ou La Gioconda: dá até pena de ver o quanta bobagem se faz com a sua imagem - a partir da primeira, "oficial", dificílimo achar uma original!

9 de dezembro de 2014

Tilt


ser humano é, interessante, uma máquina de vida útil muito, mas muito curta.
Boa parte desse tempo, essa máquina utiliza apenas para "esquentar": para analisar dados, para experimentar, para expandir seus relativamente pequenos horizontes.
Funcione bem ou funcione mal (ou mal funcione), logo já apresentará sinais de desgaste: boa parte dos seus dados já estarão perdidos (ou com difícil acesso, ou incorretos), sua manutenção estará mais cara do que os reais benefícios que poderá gerar, estará "travando" para realizar tarefas que as máquinas novas realizarão com mais facilidade.
O meio tempo é que dirá se foi eficiente, se foi uma máquina que cumpriu o que prometia (ou até mesmo se surpreendeu, pelo pouco que prometia) e se a sua manutenção posterior justifica um passado de alguma utilidade (compreendendo inclusive a tarefa útil e inglória de ter sido "apenas parte de uma grande engrenagem").
Tenta-se a todo custo extender sua vida útil, com o triste resultado do prolongamento do período de aquecimento e mais ainda do período de manutenção, com pouco ganho de produtividade global, sem se falar no grande gasto energético, na utilização do espaço, etc.
Máquinas imperfeitas, malfuncionantes, poluidoras e relativamente pouco produtivas. Mas que pertencem à nossa categoria. Por elas é que temos que brigar. São elas que devemos defender.
As outras que meio que se lixem, perfeitas ou não.
Unamo-nos.

(Escrevo isso na semana em que o físico Stephen Hawking advertiu o mundo sobre o real perigo da dominação do ser humano pelas máquinas. Ele sabe o que fala)

5 de dezembro de 2014

O Prepúcio, Esse Incompreendido


Você sabe o que é um prepúcio?
Assim, de nome, muito pouca gente conhece. Pessoalmente, no entanto, é até bem conhecido - ainda que viva meio isolado, na maioria das vezes escondido.
O prepúcio é a pele que recobre a glande (a "cabeça do pênis").
Nas crianças pequenas o prepúcio é um sujeito fechado, formando a chamada fimose (que tanta confusão dá, mas que com o tempo se abre como um botão de rosa - botão de rosa macho, tá pensando o que? - na grande maioria das crianças).
Na criança mais velha e nos adultos uma "sobra de pele" (que no entanto permite a exposição da glande para higiene e para o ato sexual) pode existir: é o chamado prepúcio redundante (redundante: em excesso). Veja como esse prepúcio é importante, pode ter até sobrenome!...
Não precisa ser operado, mas a (pequena) dificuldade de higiene e a (estatística) maior incidência de doenças vinculadas ao ato sexual (como o herpes, o condiloma e a própria AIDS) tem levado a recomendações de "prepúcio zero", a retirada cirúrgica do prepúcio, como um meio profilático das doenças citadas (ainda que, claro, não seja uma profilaxia 100% efetiva, longe disso).
A maioria dos homens não quer nem ouvir falar disso ("deixem meu prepúcio quieto", é o que parecem sugerir).
Além disso, a tal campanha é muito influenciada pela classe médica americana, uma sociedade "desprepuciada" desde cedo, como ritual religioso do povo preponderantemente judaico (a postectomia compulsória da infância também é alvo de condenação por muitos, que acham que à criança não é dado o direito de escolher se quer seu "pênis íntegro" ou não).
Meio que assim: "Para quem não é dono de terra é fàcil pregar a reforma agrária", não é mesmo?

2 de dezembro de 2014

Anti-o-que-mesmo?


Quando uma criança gripada toma um "antigripal" ela cura da gripe?
Não.
Quando uma criança gripada toma um "antigripal" ela melhora dos sintomas da gripe?
Não.
Quando uma criança gripada toma um "antigripal" ela diminui o tempo dos sintomas da gripe?
Não!
Então pra que €£¥#*$& ela toma esse "antigripal"?
Muito provavelmente pelo raciocínio induzido pelo nome "antigripal" (uma infeliz combinação de substâncias com razoável chance de efeitos colaterais). 
"Antigripal" (sempre com aspas, pois ele é um bom de um "anti-nada", a não ser antitérmico/analgésico associado a baboseiras como antihistamínico - de efeito controverso na gripe - e "descongestionante" que descongestiona muito, muito pouco na ação sistêmica) é desnecessário, relativamente perigoso e, além disso, acrescenta no incômodo da criança, obrigada a tomar mais uma meleca na tentativa de curá-la de um processo que na maioria das vezes é autolimitado (cura sozinho, e não com remédio).
O único real efeito (além do analgésico) é o efeito placebo que, ainda que não negligenciável, não faz a balança pender para justificar o seu uso.
Então por que ainda se vende esse €£¥#*$& de "antigripal"?
Pelo simples motivo de que você (assim como muita gente boa) ainda compra...

28 de novembro de 2014

Presente de Grego


Não adianta:
As batalhas contra a indústria já começam perdidas. Quando você pensa que o inimigo está batendo em retirada com um tacape, lá vem ele com um tremendo canhão.
É o caso dos derivados lácteos. Brigamos, brigamos (brigamos significa: brigo eu e mais uns poucos abnegados antipáticos!) contra essa praga na alimentação da criança chamada Danoninho e, quando começamos a ter alguma esperança, o que acontece?
Claro! As indústrias inventaram um "Danonão", um Danoninho para adultos - mas que as mamães já correram dar para os pequenos, claro: o tal iogurte grego (chique, não?).
O iogurte grego caiu no gosto da galera (no mundo inteiro), pois é mais consistente, mais "rico em proteínas" (grande coisa!) e "mais saboroso".
O não dito: cheio de gordura saturada (num processo de fabricação muito parecido com o do Danoninho, resultando numa quantidade de gordura total e saturada inclusive maior que a do Danoninho), adoçado de montão e, consequentemente, hipercalórico e relativamente pouco saudável, principalmente para crianças pequenas ou para crianças obesas ou com propensão à obesidade.
Na comparação com o "velho" leite?
O triplo da quantidade de carboidratos. O dobro da quantidade de calorias por porção.

Não é que essas novidades devam ser proibidas. Ninguém explode comendo um iogurte grego (pelo menos não no curto prazo)! A questão é a incorporação dessas coisas no dia a dia (em alguns casos no hora a hora). Não será nada bom.

25 de novembro de 2014

Encruzilhada


Remédio tem dessas coisas:
Se a gente alerta o paciente "um tantinho a mais" sobre reações adversas (perigos) de um determinado medicamento - mesmo que seja algo que aconteça, por exemplo, em menos de 5% dos pacientes tratados - já vai percebendo no olhar do paciente (no nosso caso, dos pais) aquele "Ih, então acho que não vou usar!...).
Calássemos (uma postura ao meu ver desonesta), possivelmente não haveria problemas (a não ser, claro, se a reação adversa não mencionada aparecesse, o que, convenhamos, é muito pior para ambos, médico e paciente).
Tem, além disso, o uso inapropriado (muito comum) do medicamento prescrito (para aquela situação ou para uma situação anterior, ou mesmo para uma outra pessoa, como um vizinho ou conhecido), Ainda assim, busca-se quase sempre um "culpado" para a reação adversa, quando ela ocorre. Principais "suspeitos": médico (mesmo que há muito tempo prescrito, e mesmo que "para outra coisa"), o medicamento (transforma-se logo num medicamento "que faz mal") ou, muito mais raramente, o vizinho ou conhecido (lógico, quem mandou confiar nele(a)?).
Assim, muita medicação boa foi pegando má fama (até porque remédio que é remédio tem, por definição, efeitos colaterais, diferente das medicações inócuas ou de efeito apenas placebo).
Aprendi (só) há pouco tempo (como médico, mas também como potencial paciente) como lidar com os medicamentos.
Devemos, a cada encrenca - grande ou pequena - nos perguntar:
O que é que temos disponível até o momento para tratar isso?
E aí:
É esta a melhor opção para mim?
Vale a pena (custo, efeitos colaterais, etc)?
Se a resposta for "sim", pague-se o preço (em termos de custo, efeitos colaterais, etc.).

Mas se a resposta for "não", também sabemos que pode haver um preço pela nossa escolha.

21 de novembro de 2014

Eternos Nunca Mais


Num dado momento, achamos que o mundo não teria fim.
Também até algum tempo, achamos que a expectativa de vida só faria subir, e seríamos, quem sabe, eternos.
No abuso do planeta só vamos pensando em nos mexer quando a água bate no joelho - ou quando a falta dela nos deixa de joelhos.
No nosso estilo de vida atual, talvez só iremos perceber que muito do que fazemos (ou deixamos de fazer) irá impactar na idade do fim quando seja tarde para possibilitar a reversão.
O fato é que, embora tenhamos na média muito mais lenha pra queimar que nossos bisavós, não parece provável que só caminharemos para frente no quesito longevidade.
Doenças metabólicas que nos põem ansiosos com o único resultado de nos fazer comer mais e pior, transtornos psicológicos de todo tipo e o consequente abuso de medicamentos que criam um ciclo vicioso doença-tratamento-mais doença, desagregação familiar ampliada pelo exagero tecnológico, poluição, violência gerada pela desigualdade, pelo consumismo, pela pressão midiática do sucesso medido pela possessão, sedentarismo forçado por fatores até recentemente inexistentes como o medo da violência e do trânsito, substâncias de abuso de efeitos nefastos e vício quase imediato afetando faixas etárias com um pé na inocência e a própria escassez de muitos dos recursos planetários serão alguns dos grandes obstáculos que as novas gerações terão que enfrentar (e logo!) se não quiserem desaprender o que significa um "velho gagá".

18 de novembro de 2014

Poop Art*


Fazer cocô é uma arte (ou quase).
Precisa ambiente, concentração, esforço. 
Para alguns, naturalmente dotados, a obra sai sem grande esforço.
Mas para a maioria, é a dedicação diária o que leva à perfeição.
Na criança pequena constipada (com intestino preso), os pais devem perceber que situações favorecem essa "obra": se é sozinha, acompanhada, longe de todos, sem barulho, com barulho, musiquinha, embaixo da mesa da sala, no jardim, etc. (estranho? já vimos estas duas situações ocorrerem...). Principalmente se já estiverem há algum tempo com o problema ou traumatizadas com evacuações difíceis.
Depois de corrigido o problema - o que pode levar meses ou até mais de ano, e na maioria das vezes com o auxílio de algum medicamento - é que se negociam situações mais "normais" ou "sociais" de evacuação.
Cuidado, no entanto, para não exagerar. Há "criançonas" que de forma meio inconsciente não resolvem a constipação, para continuarem tendo as mordomias citadas acima, além de outros mimos.



* Existe de tudo nesse mundo de meu Deus. Quando pensei no título da postagem, me veio "Arte de Cocô" (Poop Art, em inglês, um chiste à "Pop Art", arte popular). E não é que já havia? Figuras como esta acima são exemplos (acabados, pode se dizer assim) da mais pura Poop Art. Nada mais "popular" que um belo cocô...

14 de novembro de 2014

O Clube do Prato Limpo


Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Cornell mostrou que pelo mundo inteiro aquilo que você põe no prato é quase exatamente igual àquilo que você irá comer, ou seja, o estômago costuma ter mesmo o tamanho dos olhos, exceto - e aí o motivo para chamar a    atenção dos papais ansiosos - na faixa etária pediátrica (seja porque não sabem medir o volume necessário para a saciedade, seja porque não têm certeza se gostarão do que puseram no prato, seja por simplesmente não terem aprendido a "limpar o prato" ou se recusarem a fazê-lo por "birra").
Em épocas de vacas (e crianças) gordas devemos valorizar - e ensinar - a perceber dois avisos fundamentais:
Fome: muito se come "por falta de coisa melhor para fazer", principalmente em crianças engaioladas dentro de casa (ou com poucos amigos, ou longe dos pais por boa parte do dia). Na presença da fartura calórica, até mesmo adultos têm dificuldade de saber se irão comer por fome (como diz o guru da boa alimentação Michael Pollan: "Se você achar que está com fome, pergunte-se se é fome suficiente para comer... uma maçã! Se a resposta é negativa, possivelmente não é fome de verdade. E no caso da resposta ser positiva, coma... uma maçã!").
Saciedade: talvez mais difícil ainda de perceber, é o aviso do organismo de que "chega", você já comeu o bastante. Como há um pequeno "delay" (demora) entre o preenchimento das necessidades e o aviso (parte do reconhecimento se dá não ao nível do estômago, e sim a nível intestinal e mesmo cerebral após alguma absorção dos nutrientes), o melhor mesmo é ter uma noção pelas experiências anteriores ("costumo comer X, então X será a quantidade colocada no prato").

11 de novembro de 2014

O Que os Olhos Não Vêem


Há muito tempo que se sabe (ou se suspeita) que o olhar do bebê "entrega" certas características que irão se mostrar inteiramente na vida adulta.
É a base do trabalho de muitos dos fundadores da psicanálise.
Outros trabalhos têm sido feito.
O mais recente é o de pesquisadores ingleses que mostraram que a pouca atração pelo olhar materno por parte da criança prediz um comportamento anti-social e de pouca afetividade (o que poderia "desembocar" tanto em psicopatias quanto em transtornos como o TDAH ou o autismo).
Curiosamente, no entanto, a criança autista num primeiro momento (primeiros meses) se mostra interessada e, a partir dos 2 aos 6 meses, vai perdendo o interesse pela mãe e pelas outras pessoas.
A atitude da mãe muda esse "destino"?
Não há muita dúvida de que sim, deve mudar, mas também curiosamente muito mais nas meninas (positivamente) do que nos meninos. Em alguns casos nos meninos a resposta parece ser inclusive contrária (mais atenção materna, menos resposta positiva, contrariando a teoria vigente por muito tempo que "culpava" as mães de darem atenção inadequada aos filhos autistas)!

Muita pesquisa ainda vem por aí...

7 de novembro de 2014

Tirinhos

 
É sempre difícil compreender o que se passa na cabeça de um povo diferente da gente, quanto mais julgá-los.
O povo russo tem uma história grandiosa, história recente (foi o único país que implementou o socialismo de fato e doeu, doeu muito, mas algumas das cicatrizes embelezaram mais do que enfeiaram, cultura e patrimônio) e história antiga (os tzares russos, nos seus mandatos ainda mais repressivos que os governos "revolucionários", criaram uma nação triste mas fascinante, e que aprendeu a tomar porrada e ficar de pé). 
Por isso não julgo o comportamento dos pais que em Moscou levam seus plácidos filhos pequenos nos parques para brincarem em inocentes carrinhos de combate:
 
 
Os mesmos filhinhos, um pouco maiores, tiram fotos vestidos de combatentes (endossando metralhadora, grandes capacetes e vistosos pentes de balas nas áreas chiques do comércio) do tempo da Segunda Guerra, para orgulho dos pais e aprovação dos passantes:
 
 
Não sei as reais consequências destes hábitos (e penso que ainda sejam mais consequência do tal passado do que causa de problemas futuros). Vemos o extremo desse comportamento em boa parte do povo árabe e asiático, e percebemos o quanto é péssimo. 
Mas temos todos incrustados em nossos gens um comportamento algo belicoso. Basta que um produto rareie num supermercado ou shopping center para que vejamos pacatas mães de família se esbofeteando. A inocência, a paz, são frutos de um acaso social, quase nunca duradouro.
Daí minha insistência para que os pais não se incomodem tanto com as - aí sim - inocentes arminhas de plástico, com os jogos de tiros e cacetadas. 
Importa muito mais o contexto onde estas crianças se inserem. E meninos gostam, gostam muito, de dar seus tirinhos. Faz bem. Relaxa, acalma. E ainda desenvolve sua identidade masculina (minha opinião).
Eu gostava. E hoje em dia admiro armas de longe, bem de longe. De preferência fora do alcance das balas.
 

4 de novembro de 2014

Pardos


Não são somente os gatos que ficam pardos à noite.
Também os pensamentos tendem a obscurecer.
E é esse mais um motivo para achar que a febre significa coisa mais grave, que a dor pode ser isso ou aquilo, que "se algo não for feito logo, vai que...".
Com o amanhecer, voltam as emoções mais positivas. E com elas, prognósticos tornam-se mais favoráveis. Fica aquela dúvida: "Ainda preciso marcar consulta?".
Um meio termo é bom. Entre a clareza, o raciocínio límpido da manhã e a previdência, o pessimismo elucidativo do final do dia.

31 de outubro de 2014

Mão na Massa


O trabalho da enfermagem é um trabalho nobre, árduo e relativamente mal pago.
Por isso, muitos bons profissionais se perguntam diariamente se precisam continuar ali, sobrecarregados entre pacientes sofredores (quase todos), parentes exigentes (nem todos) e chefes algozes (boa parte).
São essas pessoas que no fim das contas "põem a mão na massa" quando todos nós, por uma razão ou outra, baixamos ao hospital.
São eles que devem interpretar prescrições, não errar de quarto e de horário, ouvir gemidos e lamúrias que pacientes muitas vezes não têm coragem ou oportunidade de fazer ao médico.
Devemos muito mais à eles sermos bem ou mal atendidos num determinado hospital (ainda que os louros dos tratamentos, interessante, caiam todos na cabeça médica). 
Vendedores, motoristas, comissários, cabelereiros. São algumas das várias profissões que rivalizam - e quase sempre ganham - em salários e mesmo em prestígio. 
Assim, devagar, vão sobrando espíritos altruístas (vários) ou incapazes para outros serviços (alguns perigosos). Rezemos todos para que os primeiros não desistam.

28 de outubro de 2014

Brasilina, Ainda Uma Criança


Brasilina, uma criança com ares de gente grande, talvez já deveria saber andar por conta própria.
Mas não.
No início seus pais a criaram "na porrada", o que ainda faz se sentir no seu comportamento.
Depois, tentaram o método autoritário. Brasilina tinha um só direito: obedecer o que seus pais ditavam. Até que não foi de todo mal. Brasilina fortaleceu caráter, criou disciplina. E cresceu! Mas ninguém cresce equilibrado sem amor.
Aí veio a fase do exagero: seus pais (parece que por amor demais, mas nenhum pai ou mãe age apenas por amor, também eles querem algo de volta) passaram a dar comida na boquinha, carregar no colo, dar presentinho dia sim e outro também.
Péssimo. Brasilina tem estado indolente, "revoltadinha" por quase nada. E achando que a função dos pais é essa mesma: dar tudo, fazer tudo por ela.
Como dissemos, Brasilina ainda é criança. Vai aprender. Ou assim a gente acha. Ou assim a gente espera que aconteça. Seus pais também ainda são um pouco imaturos, e na tentativa de fazer o certo, trocam os pés de Brasilina pelas suas mãos.
Força Brasilina! Não desanima, continua tentando. Mais do que depender tanto dos seus pais, confia mais em você mesmo, no seu potencial, na sua grandeza, "bebezão"! Afinal, ninguém nasce sabendo...

24 de outubro de 2014

Riqueza


Despensa (ou armário) cheia de "bobagens" quando há crianças por perto. 
Pode?
Depende.
Depende essencialmente do comportamento da criança em relação à essas "bobagens".
Se é uma criança comilona, do tipo que precisa enxergar o fundo do pacote, seria muito interessante ter uma despensa absolutamente pobre (pobre dessas coisas, se o filhote quiser se empanturrar de palmito em conserva, por exemplo, deixe que o faça, só não comemore na frente dele!).
Agora, se é um pimpolhinho blasé, do tipo que vê um pacote de Chips como quem assiste uma partida entre o América do Rio Grande do Norte e a Matonense, 0 a 0, pode deixar. Só é recomendável estar atento para uma mudança nesse comportamento no futuro.

20 de outubro de 2014

Babel


Acho que uma crise sem precedentes na medicina é a falta de comunicação.
Ninguém quer ouvir ninguém. Médicos estão sem bolsa escrotal para ouvir os lamentos dos pacientes (pacientes estes que já não são ouvidos em casa, muitas vezes). Essa função cansa com o tempo, e os da nova geração são individualistas, muito mais focados neles mesmos do que nos outros.
Pacientes, também, estão impacientes para ouvirem os médicos, quando estes têm o que dizer, principalmente porque buscam apenas as informações que lhes interessam.
Quem observa "de fora" algumas consultas médicas atualmente pensa que médico e paciente são de países diferentes, que não falam o mesmo idioma.
E aí, tome remédio, tome exame, tome busca por algo que não substitui as orelhas.

17 de outubro de 2014

Cadê o Queijo?


Uma pergunta que - trabalhando com crianças o dia inteiro - sempre me faço é: qual o percentual dessas crianças foram, no sentido estrito da palavra, realmente planejadas? Significa: quais não foram "acidentes de percurso" na vida do pais (pais que falharam na contracepção ou que não souberam fazê-la), ou ainda, quais foram aparentemente planejadas mas mais por pressão social ou familiar do que por real vontade da maternidade/paternidade (descontado o fato de que em muitos casos pelo menos um dos pais realmente quis ter filhos)?
E por que a preocupação?
Nenhuma real preocupação, visto que no final das contas filhos são e sempre serão filhos e os pais costumam dar conta, mas não há dúvida que um filho desejado e planejado é pelo menos inicialmente recebido com braços mais abertos, costuma haver mais paciência com choros, noites em claro, problemas médicos, etc. (e, certamente, choros, noites em claro, problemas médicos e etc. costumam ser menos frequentes nessa turminha).
Além disso, me parece que "nunca antes na história da humanidade" (como diria Lula, aquela figura, que presidiu o Brasil) pais estiveram tão com a faca e o queijo na mão para decidirem sobre como e quando formarem suas famílias.
Estão tão com a faca e o queijo na mão que às vezes deixam de cortar. Ou quando cortam, ficam com aquela cara de arrependidos (do gosto do queijo).



14 de outubro de 2014

Pastinha


Processo por erro médico, repetição de tratamento (frutífero ou não), efeitos colaterais de curto ou longo prazo, ou simples "coleção".
São vários os motivos pelos quais devemos guardar as receitas de medicamentos prescritos anteriormente às crianças. As mais recentes devem, inclusive, estar anexadas à carteira de vacinação. Nem sempre serão necessárias, mas podem conter informações vitais a um diagnóstico ou tratamento adequado.
Não são poucos os casos em que, ao perguntarmos aos pais sobre tratamentos anteriores ou mesmo medicações de uso contínuo, ouvimos um: "Sei lá!".
Alguns pais sentem-se um pouco envergonhados por portarem receitas "da concorrência" (de outros médicos). Azar! O interesse da criança e da sua saúde devem estar acima dessas questões, e o médico deve ser capaz de absorver o "ciúme"! 

10 de outubro de 2014

Alergia ou "Alertia"?


O pesquisador Ruslan Medzhitov, da universidade de Yale tem uma teoria um pouco diversa sobre a alergia.
Não seriam mecanismos de defesa mal direcionados contra agentes pouco agressivos do ambiente, como se postula na tão propalada "teoria higiênica", aquela que diz que a perda dos inimigos (bactérias, parasitas, fungos) naturais anteriormente presentes na natureza fez nosso sistema imunológico procurar outro alvo: nosso próprio organismo.
Medzhitov explica que todo sintoma alérgico (tosse, espirro, produção de secreção brônquica, lacrimejamento) é uma tentativa de expulsão de algum agressor, como o pólen, o ácaro, o veneno de um inseto. Os nossos agentes agressores novos das últimas décadas são os poluentes atmosféricos e componentes químicos industriais, presentes no que comemos, bebemos, deitamos, passamos no corpo, etc.
Esses novos inimigos ampliam e modificam nossa resposta imunológica, bem como modificam os "antigos" alérgenos (os pólens tornam-se "superpólens" pelo acréscimo dos poluentes, por exemplo).
Os alérgicos, pela teoria de Medzhitov, não seriam tão "doentes" assim. Sua resposta contra poluentes (por exemplo, produzindo abundante secreção nasal e brônquica que impedem poluentes de se fixar definitivamente no aparelho respiratório, evitando um câncer pelos mesmos poluentes mais tarde) seriam um resposta . Além do mais, servem os alérgicos como uma sentinela (sentinela sofrida, é bem verdade) de que o ambiente em que vive ele e seus familiares está pouco saudável (o que serviria para se tentar melhorar suas condições ambientais).


7 de outubro de 2014

Pingo no I


Quando alguém faz um exame de glicemia e este dá resultado normal, pensa: valor abaixo de "cento e pouco" (dependendo do valor de corte recomendado), ok, não tenho diabete.
Já é algo.
A glicemia (ainda que possa ser chamado de "medida do açúcar no sangue", e não está incorreto) não é o único marcador dos problemas de uma dieta rica em açúcar, bem como uma dieta rica em calorias de forma geral.
Quando o pâncreas (ainda) dá conta do recado (e para muitos ele, o pâncreas, sempre vai dar conta) existem outras vias pelas quais este excesso de açúcares (ou calorias) causa "estrago". A mais evidente é o aumento das gorduras (triglicerídeos e colesterol).
Nos tempos atuais, sabe-se que riscos à saúde se somam. Não é um valor anormal que condena , nem um único valor normal que absolve.
Há outros fatores um pouco mais "obscuros" para infarto, problema renal, derrame, além do que os números falam.
Há quem se cuide "pra burro" e ainda assim, infelizmente, tem problemas médicos.
Há quem se descuide (e aí, mais raramente) e não tem quase nunca quase nada.
Herança, abuso de substâncias, uso frequente de alguns medicamentos, inatividade, stress não estão nos números dos exames.
Daí a relatividade deles. Que ainda assim são uma referência. 

3 de outubro de 2014

Comida Saudável? Sem Propaganda!


Dois pesquisadores da Universidade de Chicago realizaram uma pesquisa (discutível até, pela metodologia)  para comprovar o que os pais notam no dia a dia:
Quando você diz a uma criança pequena (faixa dos 3 a 5 anos) para ela comer algo "porque faz crescer", "porque fica inteligente", porque isso, porque aquilo em termos "funcionais" do alimento, o que ela entende é: "Hum, esse alimento não é gostoso..." (então não vou comer!).
Verdade. 
Tanto os pequenos não entendem outra função para o alimento que não o ser gostoso quanto intuem que se há alguma recompensa (ficar mais forte, grande, bonito, etc.) é porque é meio ruinzinho (e será que conosco também não é meio assim?).
Outra conversa que não funciona bem é a da recompensa. Prometer a sobremesa (chocolate, sorvete, etc.) para quem comeu "a comida" é a mesma mensagem que: "Se você limpar o quarto pode assistir à TV". A recompensa (ver TV, ganhar sobremesa) pressupõe algum sacrifício anterior (limpar o quarto e comer a comida saudável). Pronto: transforma-se a comida saudável em algo ruim que vai ter que se fazer para merecer algo bom!
Solução?
Apresentar alimentos saudáveis ou como algo gostoso (fato que a criança pode literalmente "engolir" ou não) ou sem enaltecer qualidade alguma.

Ei! Não enaltecer qualidades não significa mandar comer ou "enfiar goela abaixo", ok?

30 de setembro de 2014

Um Outro Fio da Meada


A notícia médica que está causando sensação nesta semana é a de que o uso de antibióticos "pesados" (de largo espectro) em crianças pequenas (abaixo dos 2 anos) está relacionado a um índice significativamente maior de obesidade, já aos 5 anos.
Causa disso?
A explicação "oficial" seria a influência direta na flora intestinal em formação, a matriz bacteriana para o funcionamento correto de todo um organismo - incluindo aí a modulação dos hormônios ligados ao metabolismo.
Mais um ótimo motivo para se economizar no uso dos antibióticos e, principalmente, iniciar a escolha a partir dos primeiros degraus de potência, visto que resolvem as infecções comuns.
Tenho, no entanto, outra hipótese para explicar essa correlação (não verificada no estudo):
Pais com estilo mais "ansioso" em relação às doenças febris de seus filhos costumam ser mais imediatistas, mais "vamos resolver isso logo". Esse mesmo imediatismo costuma se refletir em outros comportamentos, inclusive no seu comportamento alimentar (e, por extensão, no comportamento alimentar dos seus filhos).
Traduzindo: quanto menos zen, mais glutões.
(Claro que a obesidade é multifatorial, daí as variadas hipóteses, daí a dificuldade em combatê-la)

26 de setembro de 2014

Candidatíase: Política Embolorada


Nessa eleição, vamos inovar:
Juntemos candidatos a governo e candidatos a presidência numa sala e façamos logo um leilão:
"Postos de saúde, quem dá mais, postos de saúde, aquele candidato careca do fundo 650, o de sempre aqui da frente, 700, a do governo 1000, é um, é dois, é..."
"Hospitais, hospitais, 5 do PSTV, 15 ali na candidata, 30 no da oposição, alguém dá 40? 40, alguém dá quarenta?"
"Médicos, 10 mil aqui dessa senhora de cabelo vermelho, 15, 15 mil do candidato da coligação Muda Mais Uma Vez Mas Que Seja a Última, Brasil, 30 mil do candidato da direita que só promete porque sabe que não ganha, 40, 40 mil, sendo que 10 cubanos aqui da magrinha do centro..."
Das duas, uma: ou eles acham que é simples (e idiota) assim, ou nós somos mesmo simples (e idiotas) assim.
Saúde não se mede por números, e isso é uma coisa que eles continuam sabendo que nós continuamos a não saber. 
"Sonho com um dia" (como diriam eles) "em que os eleitores entendessem que na saúde muitas vezes menos é mais, que hospitais, farmácias, laboratórios, postos de saúde entupidos traduz a falta de uma saúde mais ampla, de felicidade, de completude, de cultura. De vida saudável para afastar a doença, não da indústria da doença pra dissimular carências".

Saúde é um tema quase irrisório em países com educação, pujança econômica e qualidade de vida. Claro, quase ninguém tem isso. E pros que não tem, como nós, o leilão permanece aberto.