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27 de junho de 2014

Acidentadas


Cães mordem porque não conseguem dar soco, e suas bocas levam vantagem sobre suas patas (opção).
Mike Tyson mordeu porque era todo brutalidade, dos pés à cabeça, e seus socos já não faziam mais aquele efeito (frustração).
Hannibal Lecter recorria à mordida como um refinamento da maldade (há pouca coisa mais desumana que o canibalismo).
Luis Suárez mordeu em três ocasiões. Inocente malandragem? Pouco provável, pois suas duas mordidas anteriores já haviam sido amplamente documentadas (um psiquiatra consultado pela BBC no ano passado - quando da penúltima dentada - chegou mesmo a cravar que ele iria repetir a agressão em algum momento!). Péssima opção em dar vazão à sua adrenalina desportiva, é a minha humilde hipótese (cotoveladas são muito melhor aceitas...), ainda que simples burrice não possa ser descartada (sulamericanos são experts em espertezas, é só lembrar de um goleiro chileno que levou gilete dentro da luva e se cortou em jogo eliminatório para a copa de 1990).
Na área pediátrica (muito mais light):
Lactentes quase sempre mordem suas mães. Gostam de ver suas reações, que vão do grito à repreensão carinhosa. E, quando chegam à escolinha, quase sempre mordem seus colegas. Umas mais do que as outras, algumas com grande gosto! Como defesa, como maneira de chamar a atenção, ou também por frustração, principalmente quando não se fazem entender de outra forma. 
Algumas se tornam contumazes. Pequenas "Luisitas Suárez" (como serão chamadas daqui pra frente). Precisam da compreensão de pais, professores e, principalmente, dos pais das "vítimas", porque a fase irá passar.
Há mordidas de amor. Essas aparecem mais tarde, e podem ser uma ótima "arma" também nessa arena. 

24 de junho de 2014

Malas Refeitas


A icterícia (o "amarelão") azeda as relações de todos na maternidade: dos pais com os pediatras, que têm que prorrogar a estadia em alguns bons dias, do recém-nascido com a mãe, porque essa tem se afastar por boa parte do dia do seu carente rebento, dos outros filhos, porque esperam seus pais e o novo irmão em poucos dias, e eles não chegam.*
Daí o compreensivel chororô das mães que, mesmo entendo os riscos (que tem que ser explicados, pois a icterícia é meio misteriosa nas causas e efeitos), muitas vezes insistem em outra solução menos radical que a hospitalização forçada (e tem alguma hospitalização que não seja "forçada"?).
Parece que vamos caminhando pra isso.
Trabalhos recentes mostram que se a exposição solar for "modulada" (com uso de filtros apropriados, controle do tempo de exposição, cuidados com a hidratação, etc.) poderá se fazer um "banho de sol" para tratamento de certos casos.
Além disso, dispositivos como o bili-blanket (um "cobertorzinho de luz" que envolve a criança) poderá estar disponível para aluguel, nos moldes do aluguel dos aparelhos de nebulização, cadeiras de rodas e outros acessórios médicos.
Será bom. Não será para todos (o custo, a responsabilidade dos pais, o acesso são situações que terão que ser levadas em conta), mas todos os envolvidos agradecerão.

*(Estimo que uma em cada dez novas mamães tem que cancelar a feitura das malas no segundo dia de maternidade somente por causa da icterícia) 

20 de junho de 2014

O "Fuminho" da Criança


O inocente autor deste inocente blog teima em imaginar que as mamães e papais não precisariam ser advertidos sobre o quão maléfico para a saúde os tais Chips (definido aqui por qualquer-coisa-de-cheiro-absurdamente-forte-a-base-de-milho-com-pacote-laminado-por-dentro-e-extremamente-colorido-por-fora) são.
Mas precisam. E muito.
Você pode achar que eu estou exagerando - e pode ser mesmo que eu esteja - mas acho que o consumo dos Chips pelas crianças é o equivalente infantil do uso do cigarro pelo adolescente.
Ambos fazem muito mal à saúde (o cigarro mais, e de forma mais propagada atualmente). Ambos são vendidos livremente. Nos dois casos, acha-se o produto em qualquer esquina (canso de ver a própria criança com o dinheiro na mão servindo-se dos pacotinhos em pequenos estabelecimentos comerciais). E também nos dois casos, a ubiquidade do consumo mostra a falência social (e parental) /ignorância no controle das "substâncias".
Eu, como pediatra, tenho me tornado um chato de galocha (chato de sapatênis, vai!) no aconselhamento aos pais para que banam de forma definitiva do cardápio dos seus filhos essa meleca colorida. 
Mas pensam que eles (vocês, qualquer um) me ouvem?

E, Copa...
Sei que é chavão mas, mulheres na Copa são sempre assim:
- Tava vendo um jogo muito bom: Holanda e "Não-Sei-Que-Lá"! (esse "não-sei-que-lá" a Espanha, atual campeã mundial!). 5 a 1 pra... (pra algum dos dois, oras!)
E a pergunta de sempre, durante o jogo:
- Aquele vestido de amarelo e preto ali é quem?
Não é que mulheres não gostem de jogo. Não. É que elas têm 637 prioridades. Não na vida. Na televisão!
Como diria uma conhecida:
- Copa é ótima, tem festa, tem animação... Mas precisava ter futebol?

17 de junho de 2014

Se Beber, Não Engravide


Tudo o que a turma da balada não quer é ser lembrado de riscos - para a saúde de uma maneira geral ou mesmo para a vida - enquanto "enche a cara" das coisas que a anima: bebida, bebida e direção, ecstasy, cigarro, etc.
Em algumas cidades americanas, além do repositório do sexo seguro ofertando camisinhas (que, claro, muita gente ignora!), inventaram agora o armarinho do teste de gravidez gratuito e acessível ao lado do balcão dos bares.
Funciona assim: 
Tá na dúvida quanto a uma possível gravidez? Faça um xixizinho e, se não, sinal verde para a bebida!
A idéia é para minimizar os riscos aos quais as novas - e às vezes desavisadas - mamães expõem seus futuros rebentos quando tomam um porre na night
Funcionará?... 

Escuta, e falando em invenção, e essa maca que inventaram pra Copa no Brasil, não parece algo mais ... funéreo?



- Ei, esquece a tampa, ok?

13 de junho de 2014

Além do Uuuu


Ainda que a presidenta seja aquela anfitriã que nenhum convidado quer que esteja na própria festa, ela insiste em aparecer.
E aí, tome vaia.
O problema é que os protestos estão baixando de nível, como vimos na abertura da Copa.
Neste momento são xingamentos. Paus e pedras ainda não aconteceram, mas preocupa.
Como ressaltaram os comentaristas do canal ESPN, os mesmos que cantam com fervor o hino nacional além da introdução protocolar mandam com a mesma desenvoltura a autoridade máxima da nação àquele lugar ou tomar naquilo, ao lado de criancinhas (seus filhos) e senhoras de idade (suas avós).
Mau exemplo. Nem tanto de cidadania, que está difícil ser bom cidadão com um governo desses. Mas de educação.
Pais, adultos, cidadãos que xingam estabelecem esse comportamento agressivo como um exemplo. E não hão de querer que as próximas gerações sejam, como se diz, educadas na Sorbonne. 
E é por aí, pela educação, pelo conhecimento dos limites entre o protesto e a selvageria, que uma nação decente começa.
Sempre me espanta ver que muitas da pessoas mais agressivas em comentários na Internet têm na capa do Face (que é como todo book, tem capa) suas fotos com seus maiores amores - seus filhos, crianças inocentes - no colo. 




10 de junho de 2014

O Álibi da Lombalgia


Como a Copa está aí...
Ribéry, o craque francês que é responsável por quase 3/4 das jogadas que resultam em gol na seleção do seu país, foi cortado em cima da hora para vir ao Brasil.
Motivo?
Lombalgia!
Lombalgia?
Não me vem com essa! 
Metade dos adultos já passaram por alguma crise dolorosa na região lombar e, em alguns casos, ficaram totalmente "travados", sem poder se mexer ou até mesmo sair da cama.
Mas num atleta que está quase literalmente em todas as posições do campo não haveria de ser uma "simples lombalgia" a impedi-lo de participar pelo menos das fases finais do torneio.
Lombalgias "curam" em prazo relativamente curto. Precisam de repouso e doses pesadas de antiinflamatórios. E, às vezes, duram dois ou três dias.
Num cara como Ribéry, é provável que o vejamos encostado a um alambrado torcendo pela sua seleção já na segunda ou terceira rodada, matutando do por que não está ali dentro do campo.
Frescurite médica? Excessiva valorização das tecnologias sofisticadas de diagnóstico?

(Não. Quando estava termindo de escrever isso, descobri os prováveis motivos: Ribéry foi muito mal na Copa passada. Além disso, é considerado um desagregador, um jogador problema. Por que não falam a verdade? Tem que jogar a culpa no mal au dos, assim como fazem muitos trabalhadores pelo mundo para faltar ao trabalho?) 

6 de junho de 2014

Teste da Paciencinha


Tenho falado, esperneado, me debatido, mas, claro, de nada adianta.
Cada deputado-médico-que-não-tem-nada-melhor-a-propor quer o seu.
São os "testes dissinho" e "testes daquilinho"!
A última figura?
O Sr. Onofre (mas esqueçamos o nome, que não vale a pena), que "criou" o teste da linguinha. Isso mesmo, vai contando... Pezinho, olhinho, orelhinha, coraçãozinho e, agora, se não estou esquecendo de nenhum, da... linguinha!
Uma bobagem sem tamanho (ou melhor, tem tamanho, e não é "inho"!) para desmembrar a avaliação global da crianças em partezinhas (essa mania idiota dos diminutivos para ganhar o coraçãozinho e o votinho dos eleitores!), como se os pediatras, obstetras, enfermeiros não olhassem nada disso antes da criação dos tais testes (o "pezinho", por ser exame bioquímico, laboratorial, e o "orelhinha", por ser mais especializado têm sua importância devidamente reconhecida).
Errei na minha aposta de novo. Disse aqui, quando da criação do teste do coraçãozinho que a bola da vez seria o "do cocôzinho". Mas ele ainda vem (e, diga-se de passagem, muito mais útil e menos safado que esse do andar de cima digestivo).
Somados ao Ortolani ("teste da cadeirinha", poderia ser assim chamado), cria-se um check-list aborrecido, burocrático e mal direcionado associados ao exame da criança. E depois não sabem porque ninguém mais tem "porre" de trabalhar nos setores de pediatria hospitalares. 

3 de junho de 2014

Urinário Trato?


As orientações pós-tratamento da infecção urinária em crianças são um bom exemplo de que nada em medicina é apenas uma verdade.
Pais que já passaram com seus filhos pelo exame chamado cistouretrografia miccional (exame em que uma sonda colocada na uretra injeta contraste para "desenhar" o trajeto da urina na micção) não costumam ter boas histórias para contar.
Mas é esse o "padrão ouro" para diagnosticar a presença de um fator que favorece o aparecimento de infecções (o refluxo vesicoureteral, a "volta" da urina em direção aos rins quando a bexiga contrai, podendo causar lesão renal)!
Fosse, então, um exame fácil, barato, sem riscos ou traumas, sem "burocracia", faríamos para quase todos.
E a ultrassonografia? Não é boa opção?
É e não é.
É porque é sem traumas (tem criança que até gosta!).
Não é porque não diagnostica boa parte dos refluxos presentes na cistouretrografia.
E aí, a outra questão: presente o refluxo, o que se faz?
Mais polêmica: trata, não trata, trata apenas casos mais severos, adianta, não adianta, tem mais riscos que benefícios, pode criar resistência bacteriana (o uso de antibióticos em baixa dosagem por prazo longo é o mais recomendado), as cicatrizes renais evoluirão para danos pequenos ou nenhum, etc., são algumas das discussões que têm dado pano pra manga nas últimas décadas.