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30 de dezembro de 2014

Vai Doer?


Não sei se é coisa da idade, mas a cada início de ano fico com a sensação de que sou uma criança na fila pra tomar vacina. Vai doer ou são "só algumas picadinhas"? E à medida que a fila avança, à medida que a contagem regressiva vai chegando, jà vou preparando meu guarda chuva ou quem sabe as botas, ou quem sabe até mesmo um bote. Isso pra só falar nas possíveis catástrofes climáticas - a mais comum: abundância de água, principalmente na hora e nos lugares errados, mais característica dessa fase inicial do ano.
Pessimismo?
Deve ser culpa dessas retrospectivas, tão frequentes em todos os lugares onde se põe o olho. Nunca contei, mas acho que pra cada fato bom, cinco devem ser ruins. Fato ruim, tragédia, acidente dá notícia muito mais vistosa. E aí fica essa terrível impressão de que a mesma proporção ocorre em nossas vidas, o que não deve ser verdade, só impressão mesmo.
Como um descrente juramentado, então, a coisa complica. Esses pedidos todos à São Isso, São Aquilo na virada não me animam. Ao contrário: fico pensando na decepção do devoto no decorrer do ano (ainda que devoto que é devoto ponha a culpa do insucesso em tudo, menos no santo).
Restam o desconforto, o "medinho". Que logo passa. 2016 tá logo ali. 


Feliz 2015. Não pensem. E um brinde a todos.

26 de dezembro de 2014

Fechados


O que você veio buscar aqui?
Não estou. Assim como todo o mundo no Brasil não está.
Procure-me (procure-se) em alguma praia, alguma casa de parente, montanha, retiro, algum lugar em que ninguém vá nos achar. É lá que estamos. Como todos, lotando o espaço, lutando pelos itens básicos como água potável (ou água, simplesmente), suco de laranja, faixa de pedestre e espaço na areia.
Nada produtivo. Apenas consumo. Nada a acrescentar ao país, exceto gorduras localizadas.
Pelos próximos bons dias. 
Portanto, não necessite de nós para nada porque mesmo que quiséssemos atendê-lo faltaria lugar limpo, luz, chave, funcionário. Conforme-se. É fim de ano. 
Se você, ao contrário de todos os outros, ainda está aí - ou aí pretende ficar - encolha-se e durma.

23 de dezembro de 2014

Melri Cristmas


Não sei se você notou, mas é Natal. 

Desde meados de novembro, pelas minhas contas.
Vasculhe seu e-mail. Alguém deve ter lhe avisado sobre a data. Talvez uma loja, ou quem sabe duas.
Nas ruas. Um ou outro senhor com uma barba há muito démodé: aquilo é um Papai. Noel. Sempre Noel. Sempre Papai. Cada vez mais mal-disfarçado. O que conta é o símbolo.
No Natal tudo é símbolo. A cara de agrado do vovô com a família reunida, ainda que a família esteja sempre reunida, morando na casa do vovô, nas costas do vovô. A uva-passa da maionese. A pomba branca do cartão Visa. O best-seller que todo mundo ganha mas ninguém lê. A uva-passa da farofa. A mão quebrada do menino Gesus Jesus de jesso gesso. A Coca quente de 2 litros. A toalhinha vermelha. A uva-passa no canto do prato. A rua vazia pra cachorrada na noite de Natal. As bicicletas novas do dia 25. A estrada cheia pra praia. A cara de alívio do vovô. 
Uma Festa. Sempre igual. Sempre com o mesmo batido roteiro, mesmos personagens. Apenas que mais velhos, e um ou outro novato que começa a ser introduzido ao espetáculo.
Ano que vem terá mais. Só esperemos que demooore!

19 de dezembro de 2014

Você (Literalmente) É Aquilo Que Você Come


Nossas bactérias intestinais influenciam o funcionamento do intestino. O funcionamento intestinal envolve a produção e regulação de hormônios e neurotransmissores (serotonina, dopamina, etc.). Esses hormônios e neurotransmissores influenciam diretamente no comportamento humano.
Logo, tudo o que influencia as bactérias do nosso intestino (como o que se come, por exemplo) influencia na mesma medida nosso próprio comportamento.
Seria muito difícil de acreditar, mas há estudos mostrando que floras intestinais transplantadas de animais calmos, relaxados para animais ansiosos modificam seu comportamento (o mesmo ocorrendo na direção contrária). É o relato de especialistas da área (neurogastroenterologia) franceses no programa "Le ventre, notre deuxième cerveaux" ("O ventre, nosso segundo cérebro"), que foi ao ar na rádio France Info (o mesmo tema foi transformado num documentário acessível no Dailymotion).

Muito cedo para implicações práticas em termos terapêuticos (e já estão de olho aí as indústrias com os enganosos pré e probióticos). Mas não há dúvida de que profilaticamente as velhas recomendações do parto normal (por influenciar a flora bacteriana do bebê pela passagem por um canal do parto contaminado, servindo para a criação da sua própria flora), da amamentação (vital na seleção de uma flora bacteriana futura mais saudável) e de uma alimentação mais natural e diversa contribuem na formação de pequenos seres mais equilibrados do ponto de vista emocional.

16 de dezembro de 2014

Bandeira Vermelha


Pais de crianças asmáticas (ou com "bronquite"):
Vou transplantar em vocês a (minha particular) dúvida que vem à mente quando leio recomendações sobre a previsão das crises de asma em crianças.
Dizem as pesquisas (e propostas de conduta, a mais recente deste mesmo mês):
Há meios - laboratoriais e espirométricos (a medida objetiva da ventilação, nem sempre fácil de ser feita) - de se prever a crise. Baseado nestes métodos (ou em outros que ainda vão surgir), pais devem iniciar ou aumentar doses de medicações antiasmáticas, como broncodilatadores e corticosteróides.
A dúvida:
Se eu tenho que ir à laboratórios, ou mesmo tenho que estar constantemente munido de espirômetros (os tais aparelhinhos para medir a capacidade respiratória), não é mais fácil (menos trabalhoso, menos custoso, mais intuitivo) eu prestar atenção aos sintomas respiratórios (crises de tosse noturnas ou aos esforços, esforço respiratório, "chio" no peito, cansaço, e os mais indicadores de gravidade tiragem e inclusive palidez e cianose) para fazer o mesmo?
A única explicação viável contrária à conduta acima seria: esperar sintomas pode ser tarde demais! (a velha advertência "urubulínica").
É até verdade (em alguns poucos casos, não na maioria), mas aí vem outra perguntinha:
Pais estarão dispostos a medicarem seus filhos (com medicações às quais já mostram razoável resistência) nos sinais laboratoriais apenas premonitórios (lembrando que exames laboratoriais também erram - e no caso da asma possivelmente errem mais do que a avaliação dos sintomas)?
E, de novo, a postura "agir o quanto antes" não atende aos interesses da indústria farmacêutica?
Fica a dúvida...

12 de dezembro de 2014

O Mistério do Sorriso Enigmático de Mona Lisa


O sorriso de uma mãe.
Seria esse o grande segredo da obra mais famosa da pintura mundial*, a Mona Lisa.
Mona Lisa que, aliás, segundo o documentário exibido pelo canal franco-alemão Arte ("La Joconde Dévoilée", "A Gioconda Desvendada"), teria entrado de gaiata na história tão cheia de mistério do quadro de Leonardo da Vinci.
A verdadeira Mona Lisa (ou apenas Lisa, dado que "Mona" não é um nome, significa "Dona" em italiano, "Monna", com dois "n") a terceira esposa de um comerciante de seda da cidade italiana de Florença, originou o nome pelo qual é conhecida a obra. Mas não seria ela a verdadeira retratada - até porque um "mero" comerciante não teria estofo (grana) para encomendar um quadro do já famoso (e caro demais) pintor. A confusão foi gerada pelo historiador oficial da época Giorgio Vasari, que nunca viu o retrato mas supôs se tratar da moça.
O documentário explica que não há qualquer registro de negociação da suposta compra por parte do comerciante, marido da Mona Lisa, nem testamento legando o quadro à ninguém, fato improvável pelo valor da obra-prima de Leonardo.
Quem seria, então, essa Gioconda (nome também errôneo, visto que Giocondo, ou melhor, Francesco di Bartolomeu di Zanobi del Giocondo é o marido da "não retratada")?
Giuliano de Medici (irmão de Lorenzo de Medici, governante de Florença na época) era um "boyzinho", bonitão, amante das artes, de família muito rica e influente (tão rica e influente que seu túmulo tem uma esculturinha de outro grande mestre, Michelangelo), e... "pegador".
Numa das suas aventuras, uma moça de uma noite só, Giuliano deixou um filho como recordação. A mãe da criança pediu à parteira que matasse a criança logo após o parto, pela desonra que significaria criar o filho na época (lembremos que não havia o teste de DNA, que talvez tivesse mudado o rumo da história da arte mundial...).
Não foi o filho, e sim a mãe quem veio a morrer, de causas ligadas ao parto.
A parteira, com dó da criancinha, levou-a à porta do castelo dos Medici, indicando ao pai quem era aquela pessoa.
Giuliano se enterneceu. Gostou tanto do goeludo no seu colo que encomendou ao pintor (esse sim, tinha cacife!) um retrato de uma mãe (não a verdadeira mãe, já morta, mas uma mãe idealizada, bonita, para que a partir do seu retrato - da Vinci não era um retratista qualquer! - o menino crescesse com o consolo da sua imagem). 
Leonardo teria então evocado a imagem da sua própria mãe, pois também ele havia sido um filho bastardo. Uma mulher retratada com vestes negras, significando o luto da mãe do menino (e talvez o seu próprio), mas com um sorriso enigmático, um sorriso discreto da mãe ao olhar para seu filho querido.
Sempre genial. E comovente (mesmo que no futuro outras histórias contradigam esta).

* para se ter uma idéia do seu "poder", experimente Googar (dar um Google imagens) na palavra Mona Lisa ou La Gioconda: dá até pena de ver o quanta bobagem se faz com a sua imagem - a partir da primeira, "oficial", dificílimo achar uma original!

9 de dezembro de 2014

Tilt


ser humano é, interessante, uma máquina de vida útil muito, mas muito curta.
Boa parte desse tempo, essa máquina utiliza apenas para "esquentar": para analisar dados, para experimentar, para expandir seus relativamente pequenos horizontes.
Funcione bem ou funcione mal (ou mal funcione), logo já apresentará sinais de desgaste: boa parte dos seus dados já estarão perdidos (ou com difícil acesso, ou incorretos), sua manutenção estará mais cara do que os reais benefícios que poderá gerar, estará "travando" para realizar tarefas que as máquinas novas realizarão com mais facilidade.
O meio tempo é que dirá se foi eficiente, se foi uma máquina que cumpriu o que prometia (ou até mesmo se surpreendeu, pelo pouco que prometia) e se a sua manutenção posterior justifica um passado de alguma utilidade (compreendendo inclusive a tarefa útil e inglória de ter sido "apenas parte de uma grande engrenagem").
Tenta-se a todo custo extender sua vida útil, com o triste resultado do prolongamento do período de aquecimento e mais ainda do período de manutenção, com pouco ganho de produtividade global, sem se falar no grande gasto energético, na utilização do espaço, etc.
Máquinas imperfeitas, malfuncionantes, poluidoras e relativamente pouco produtivas. Mas que pertencem à nossa categoria. Por elas é que temos que brigar. São elas que devemos defender.
As outras que meio que se lixem, perfeitas ou não.
Unamo-nos.

(Escrevo isso na semana em que o físico Stephen Hawking advertiu o mundo sobre o real perigo da dominação do ser humano pelas máquinas. Ele sabe o que fala)

5 de dezembro de 2014

O Prepúcio, Esse Incompreendido


Você sabe o que é um prepúcio?
Assim, de nome, muito pouca gente conhece. Pessoalmente, no entanto, é até bem conhecido - ainda que viva meio isolado, na maioria das vezes escondido.
O prepúcio é a pele que recobre a glande (a "cabeça do pênis").
Nas crianças pequenas o prepúcio é um sujeito fechado, formando a chamada fimose (que tanta confusão dá, mas que com o tempo se abre como um botão de rosa - botão de rosa macho, tá pensando o que? - na grande maioria das crianças).
Na criança mais velha e nos adultos uma "sobra de pele" (que no entanto permite a exposição da glande para higiene e para o ato sexual) pode existir: é o chamado prepúcio redundante (redundante: em excesso). Veja como esse prepúcio é importante, pode ter até sobrenome!...
Não precisa ser operado, mas a (pequena) dificuldade de higiene e a (estatística) maior incidência de doenças vinculadas ao ato sexual (como o herpes, o condiloma e a própria AIDS) tem levado a recomendações de "prepúcio zero", a retirada cirúrgica do prepúcio, como um meio profilático das doenças citadas (ainda que, claro, não seja uma profilaxia 100% efetiva, longe disso).
A maioria dos homens não quer nem ouvir falar disso ("deixem meu prepúcio quieto", é o que parecem sugerir).
Além disso, a tal campanha é muito influenciada pela classe médica americana, uma sociedade "desprepuciada" desde cedo, como ritual religioso do povo preponderantemente judaico (a postectomia compulsória da infância também é alvo de condenação por muitos, que acham que à criança não é dado o direito de escolher se quer seu "pênis íntegro" ou não).
Meio que assim: "Para quem não é dono de terra é fàcil pregar a reforma agrária", não é mesmo?

2 de dezembro de 2014

Anti-o-que-mesmo?


Quando uma criança gripada toma um "antigripal" ela cura da gripe?
Não.
Quando uma criança gripada toma um "antigripal" ela melhora dos sintomas da gripe?
Não.
Quando uma criança gripada toma um "antigripal" ela diminui o tempo dos sintomas da gripe?
Não!
Então pra que €£¥#*$& ela toma esse "antigripal"?
Muito provavelmente pelo raciocínio induzido pelo nome "antigripal" (uma infeliz combinação de substâncias com razoável chance de efeitos colaterais). 
"Antigripal" (sempre com aspas, pois ele é um bom de um "anti-nada", a não ser antitérmico/analgésico associado a baboseiras como antihistamínico - de efeito controverso na gripe - e "descongestionante" que descongestiona muito, muito pouco na ação sistêmica) é desnecessário, relativamente perigoso e, além disso, acrescenta no incômodo da criança, obrigada a tomar mais uma meleca na tentativa de curá-la de um processo que na maioria das vezes é autolimitado (cura sozinho, e não com remédio).
O único real efeito (além do analgésico) é o efeito placebo que, ainda que não negligenciável, não faz a balança pender para justificar o seu uso.
Então por que ainda se vende esse €£¥#*$& de "antigripal"?
Pelo simples motivo de que você (assim como muita gente boa) ainda compra...