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20 de fevereiro de 2015

Bananas Com Pijamas


Quando os bebês à noite não correspondem às expectativas dos seus pais - ou seja, quando não ficam quietos e dormem - muitos dos pais lançam mão de um artifício que sempre foi usado, mas que eu imagino que tem ficado cada vez mais comum: a "dopagem calórica".
Mamazinhos dados à hora de dormir (ou no meio da madrugada), de preferência bem farináceos, para que com a digestão "pesada" - num momento em que também o aparelho digestivo deveria estar de uma certa forma "descansando" - o bebê "apague".
E por que tem ficado comum?
Porque os novos papais estão - não me levem a mal, novos papais! - cada vez mais "bananas"! Não fazem o que era suposto que fizessem: impusessem sua autoridade na hora do berço, sem maiores explicações ("noite foi feita para dormir!"). Fica mais fácil ser bonzinho. Na hora, pois estarão apenas postergando o momento em que terão que ter uma conversa séria com o filhote.
Quem sabe lá pelos 30 e poucos anos...
(Ei, não ria! É sério!)

13 de fevereiro de 2015

Pra Onde Eu Vou?


Por mais que eu tente, não consigo definir para onde vamos num futuro próximo com a "guerra de especialidades" (turf war) quando se trata de atender crianças.
Pelo visto, nem eu nem ninguém (como mostra uma reportagem do site Medscape recente).
E mais: a confusão não envolve somente as crianças, mas os velhos também. Há quase sempre pouca gente disponível para cuidar destas duas grandes (decrescente mas ainda significativa de um lado e significativamente crescente de outro) classes de pacientes.
Parte do (grande) problema está justamente no parênteses anterior: com tanta gente envelhecendo (e não morrendo, claro), as doenças dos velhos vão se multiplicando e se tornando mais complexas, fazendo com que o cuidado dessa faixa etária por si só já ocupe boa parte do tempo do médico de família (que é quem deveria - muito teoricamente - dar conta também dos pimpolhos no âmbito da saúde pública atualmente). Ou seja, não somente "sobra pouco espaço" na agenda deste, como o vai "destreinando" na lida com as crianças.
Outro fato irresolvível é que no mundo inteiro pediatra é como raio: só cai um perto do outro. Áreas carentes da especialidade vão aparentemente continuar sempre na seca, não importa quanto incentivo governamental se proponha para resolver o problema (até porque em países como o nosso políticas mudam como nosso próprio clima).
Enfermeiras treinadas na área pode ser parte da solução, mas terão o entrave da ciumeira dos pediatras, da ganância da classe médica, da desconfiança inicial da população (só para falar em alguns dos obstáculos a se vencer).


Ainda acredito que o interesse pela especialidade pediátrica é (será) algo cíclico, e que estamos vivendo o ciclo de terrível baixa. É uma área de atuação gratificante. Não tanto em termos de dinheiro - é das especialidades mais "pobres" - mas não há outra especialidade onde a gente se "divirta" tanto, onde se recebe tanto legítimo carinho por parte dos pacientes.

10 de fevereiro de 2015

A Seu Tempo


Quando é o momento certo do bebê sair da fralda?
É a maturidade a determinar. E como qualquer marco maturacional, pra uns vem antes, pra outros, depois, claro.
Bota aí: mais ou menos entre os 10 meses de idade até os 3 a 4 anos. Lembrando que quem sai muito cedo tem o direito de regredir (muitas vezes associado a alguma questão emocional, como  o nascimento de um irmão).
Agora, quem está determinando este momento são os "professores" da creche, que muitas vezes querem que a criança (de qualquer idade) já chegue "pronta", sabendo "pedir" xixi e cocô (de preferência assim, "qué xixi, qué cocô!"), para que dêem menos trabalho.
Causam, assim, alguns estragos não negligenciáveis como obstipação (intestino preso, pela pressão do fazer "na hora certa", e não na fralda), infecções urinárias (também pela tendência a reprimir a vontade), sem falar na discriminação (velada) em relação aos que já controlam.


Boicote neles!

6 de fevereiro de 2015

Troco


O corpo é o sustento da alma (anima). É pra isso que vísceras, músculos, células existem: para criar um meio idealmente ideal para que a mente divague, foque, crie, pense - e até mesmo esqueça.
Políticas públicas de saúde focam no bem-estar físico como única necessidade do homem. Trate  o corpo, que a alma dá um jeito. Políticas baseadas na cabeça masculina, que historicamente negligencia a sua própria cabeça e a dos outros - exceção à parte de fora.
Psicólogos são tão pouco valorizados quanto professores (não por acaso, ambos cuidam da mente). Ao aceitar empregos públicos (principalmente em prefeituras) submetem-se a um salário-miséria, que mal paga seu deslocamento ao trabalho. 
E, ao sentar na cadeira (sofá, um luxo; divãs, "cê tá de brincadeira"?), expõem-se a um circo (no sentido trágico da palavra) de mazelas, medos, misérias, conflitos, carências, angústias, urgências, com influência absolutamente direta na (falta de) saúde do corpo. 
Duram pouco. Demitem-se. Ou se fecham, no que se convenciona chamar de "insensibilidade". 
A psicologia é a filha caçula da filosofia. Filosofia que é a base para nos entendermos (com o risco de nos perdermos de vez), para nos humanizarmos, para que aceitemos ou questionemos o que a vida nos traz de bom, mas principalmente de ruim. Psicólogos poderiam ser definidos como "filósofos com atuação clínica" (ainda que a sua formação venha sendo rapidamente vilipendiada pelos baixos salários, pela qualidade da formação, pela vulgarização, e até mesmo pela Internet, estimuladora de "mentes supérfluas").


Mas claro que isso tudo não vale mais do que um troco.




3 de fevereiro de 2015

As Olheiras "Que Já Estavam Lá"


Em tempos de vacas gordas em termos de saúde infantil, uma das preocupações mais frequentes são as olheiras das crianças.
Preocupação válida porque:
Num passado mais ou menos recente, olheira costumava significar coisa muito séria, de desnutrição a tuberculose, de anemia carencial (por deficiência de ferro) a desidratação. Claro, quase sempre associada a outros sintomas (e sintomas sérios!).
Muitas dessas doenças diminuíram significativamente em frequência, algumas quase sumiram. É impressionante como em boa parte do nosso país, no espaço de uma década, a desidratação, por exemplo, virou problema tão raro que vira atração no hospital onde ela aparece (o mesmo vale para a desnutrição).
Ainda há criança que desenvolve olheira como parte de alguma doença - como o tão temido câncer, por exemplo.

Mas é muito (mas muito) mais comum a olheira "que já estava lá" (olheira constitucional, ou seja, como característica física da própria criança) ser notada pelos pais a partir de alguma doença banal (como uma gripe leve) ou quando a criança por algum motivo está comendo menos, por exemplo.