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29 de dezembro de 2017

Ado


Todo final de ano me ponho aqui a fazer contas. São agora 13 aninhos de existência desse querido blog, quase um record nacional!
E como todo papai embevecido, fico admirando o que juntos fizemos...
Uma adolescência. No seu auge!
E como todo adolescente, esse blog também:
Fala muita bobagem.
"Se acha", às vezes.
Morre de preguiça de aparecer em determinadas épocas.
Pode ser totalmente incoerente.
É reclamão.
Exagera, só pra aparecer.
Segue modinhas, ainda que as critique.
Quer ser liberal, mas no fundo é um tremendo conservador.
Faz as coisas quase sempre pela metade.
Pode, inclusive, levar à prisão o seu "pai" por ter feito algo errado!

Mas, como sempre, não adianta, é cria minha, tenho que levar adiante... Mesmo que atrapalhe os outros por aí.


Feliz 2018!


26 de dezembro de 2017

Feliz


Esse blog fechou as portas no Natal para que Papai Noel entendesse que deveria entrar pela chaminé.

Feliz Natal a todos que aqui comparecem!

22 de dezembro de 2017

Num Falei Que Dava?


"Não mexe ali que dá choque!"
Bzzzz!
"Viu? Num falei que dava?"
 
Nessa época de finalzinho de ano, com tantas prisões e solturas, a gente se põe a pensar:
Nossos políticos, empreiteiros, empresários, assessores e etc. nunca ouviram falar que ia dar choque. Sempre puseram os dois dedinhos no buraco, sem medo. E escarafuncharam nele. Por toda uma vida, rindo de quem pensasse nos perigos ou evitasse chegar perto.
E agora estão aí. Dedinhos meio queimados. Ou pelo menos olhando a tomada com um certo temor. Alguns chegaram a tomar 220! 
Os recém-nascidos da nossa época não esquecerão. Haverá pelo menos uma geração respeitosa, temente. Que, claro, também não resistirá à atração. Mas estarão devidamente admoestados, não poderão dizer que "nunca ouviram falar", que "não podia, é?".
O choque é muito mais educativo que cem palavras. E agora os descuidados têm as duas coisas a educá-los. 

Só chegarão perto ou os loucos ou os que sabem muito bem onde mexer.

19 de dezembro de 2017

Roc! Tup!


Uma árvore respiratória saudável trabalha sozinha.
Secreções que se formam são reabsorvidas e eliminadas o tempo todo, sem que nem nos demos conta.
Por isso o ato de escarrar, em situações comuns, não é muito necessária (e até considerada falta de educação, principalmente se você estiver num batismo ou dentro de um ônibus, por exemplo).
Ainda assim, na presença de grande quantidade de secreção brônquica, é interessante uma forcinha a mais, pelo menos para acelerar a melhora do desconforto (mas também para avaliar o aspecto da secreção para a tomada de decisões, como a necessidade do uso de antibióticos).
Ainda hoje o exame do escarro é feito em laboratórios para se diagnosticar a tuberculose.
Nas crianças pequenas, nem adianta pedir. Não vão escarrar. Não sabem como funciona a coisa (é como assobiar, precisa alguma maturidade).
E, curiosamente, nas crianças maiores é muito mais fácil contar com a colaboração dos meninos. As meninas costumam ser mais enojadinhas...

15 de dezembro de 2017

Prisioneiros da América


Dói, dói muito, dói na carne assistir a cenas como as que a "torcida do Flamengo" mais uma vez protagonizou na noite desta quarta-feira.
Quando se fala "torcida do Flamengo" está se falando "povo brasileiro", igualzinho a qualquer outro, vestido com cores de alguma torcida. Mas em nada diferente da torcida do Vasco, do Botafogo, do Fluminense ou mesmo de qualquer outro time brasileiro (que time não tem histórias dessas pra contar?).
Insisto em torcer para um time (que nem vem ao caso informar), mas é um resquício da infância, um consolo para momentos de tédio, de tristeza, e até muito mais do que deveria ser. Isso é comum ao homem (mais do que às mulheres), e o é principalmente para o sulamericano, povo que se acostumou - essencialmente devido à pobreza material e (muito mais) de espírito - a superdimensionar a paixão por um clube como algo muito maior do que a sensatez mandaria fazer.
A total selvageria de pessoas que supostamente saíram de casa para assistir a um espetáculo esportivo (que deveria incluir, ironicamente, o espetáculo da própria torcida!) mostra para quem quer enxergar a podridão de uma sociedade no seu conjunto. Não é "um contra o outro", o "vermelho contra o azul", isso é só uma desculpa (inconsciente às vezes, mas muito consciente em outras muitas situações) para o desafogo dos graves problemas sociais, para uma manifestação com tons políticos, para a demonstração explícita do que o ser humano tem de pior.
Teríamos que ter a coragem de repudiar o torcer dessa forma, o encarar isso como "da outra torcida", o aceitar que se criminalize "uma facção" apenas.

Isso somos todos nós: povo profundamente deseducado, que vê suas esperanças irem pelo ralo, mas que adora por a culpa dos problemas nos outros.

12 de dezembro de 2017

Parto Sem Dizer o Porquê


Já trabalhei com uma cinquentena de obstetras em sala de parto, dos mais variados estilos. Tem o carinhoso, tem o gentil, tem o grosso, tem o calado, tem o que fala demais, tem o que não dá a menor bola para o pediatra, tem o que quer que o pediatra ajude, tem o que comemora meras contrações uterinas, tem desequilibrado que chuta a lâmpada cirúrgica (!), tem o cômico, tem o sério demais, tem o dinheirista, tem o responsável... Como em quase toda profissão.
(E só como um adendo, imagino que para o lado obstétrico, então, deva ocorrer a mesma coisa: vêem de tudo em termos de pediatra).
E, no meio, mães, bebês e suas famílias.
Digo isso para exemplificar as combinações de estilos que as mulheres podem encontrar pela frente ao planejarem ter seus filhos.
Estilos pessoais e profissionais e, principalmente, tipo de parto - vaginal (ou "normal") ou cesariana.
Se você, como paciente, ou nós, como pediatras, tentamos negociar nossas vontades (tipo de parto, mas mesmo outras condutas como momento da interrupção da gravidez, tempo de ligadura do cordão umbilical, etc.) teremos, em situações habituais, muito pouca voz. É o obstetra quem "manda" no ambiente da maternidade.
Um documentário recente do canal franco-alemão Arte denuncia a conduta dos obstetras brasileiros (campeoníssimos mundiais em incidência de cesarianas) no que tange à escolha do parto. Relata a pesquisadora entrevistada que os obstetras "fazem a cabeça" das mães durante todo o período da gravidez, muitas vezes "criando" impedimentos ao parto normal, ao mesmo tempo em que realimentam o natural medo do ato natural. 
As mulheres, até certo ponto (porque podem se educar) inocentes a respeito, se deixam levar pela "conversa", seja por parte dos profissionais, seja por parte das amigas que vivenciaram uma ou outra situação (ou as duas).

Claro que a cesariana é muito bem vinda em muitas situações que poriam em risco mulheres e/ou seus filhos. Mas é um ato que indubitavelmente aumenta certos riscos para mães e, principalmente, para os filhos (o aumento em quase 50% na incidência de diabetes tipo I nos recém-natos é só mais um argumento contra recentemente identificado, citado na reportagem). Não deve e está longe de ser uma unanimidade. Deve ser discutida com clareza e franqueza durante a gravidez, expondo riscos e vantagens.

8 de dezembro de 2017

Triste, Pois Completo

Algumas vezes lemos textos tão a ver com o que pensamos que ao invés de tentar modificá-lo, interpretá-lo (estragá-lo, enfim), o melhor mesmo é colocarmos de cabo a rabo na folha (que é, aliás, de onde vem esse texto, da Folha de São Paulo, da coluna do psicanalista Contardo Calligaris):



"As crianças têm dois deveres. Um, salutar, é o dever de crescer e parar de ser crianças. O outro, mais complicado, é o de ser felizes, ou melhor, de encenar a felicidade para os adultos.
Esses dois deveres são um pouco contraditórios, pois, crescendo e saindo da infância, a gente descobre, por exemplo, que os picolés não são de graça. Portanto, torna-se mais difícil saltitar sorrindo pelos parques à espera de que a máquina fotográfica do papai imortalize o momento. Em suma, se obedeço ao dever de crescer, desobedeço ao dever de ser feliz.
A descoberta dessa contradição pode levar uma criança a desistir de crescer. E pode fazer a tristeza (às vezes o desespero) de outra criança, incomodada pela tarefa de ser, para a família inteira, a representante da felicidade que os adultos perderam (por serem adultos, porque a vida é dura, porque doem as costas, porque o casamento é tenso, porque não sabemos direito o que desejamos).
A ideia da infância como um tempo específico, bem distinto da vida adulta, sem as atrapalhações dos desejos sexuais, sem os apertos da necessidade de ganhar a vida, é recente. Tem pouco mais de 200 anos. Idealizar a infância como tempo feliz é uma peça central do sentimento e da ideologia da modernidade.
É crucial lembrar-se disso na hora em que somos convidados a espreitar índices e sinais de depressão nas nossas crianças.
O convite é irresistível, pois a criança deprimida contraria nossa vontade de vê-la feliz. Um menino ou uma menina tristes nos privam de um espetáculo ao qual achamos que temos direito: o espetáculo da felicidade à qual aspiramos, da qual somos frustrados e que sobra para as crianças como uma tarefa. "Meu filho, minha filha, seja feliz por mim."
É só escutar os adultos falando de suas crianças tristes para constatar que a vida da criança é sistematicamente desconhecida por aqueles que parecem se preocupar com a felicidade do rebento. "Como pode, com tudo que fazemos e fizemos por ela?" ou "Como pode, ele que não tem preocupação nenhuma, ele que é criança?". A criança triste é uma espécie de desertor; abandonou seu lugar na peça da vida dos adultos, tirou sua fantasia de palhaço.
Conselho aos adultos (pais, terapeutas etc.): quando uma criança parece estar deprimida, o mais urgente não é reconhecer os "sinais" de uma doença e inventar jeitos de lhe devolver uma caricatura de sorriso. O mais urgente, para seu bem, é reconhecer que uma criança tem o DIREITO de estar triste, porque ela não é apenas um boneco cuja euforia deve nos consolar das perdas e danos de nossa existência; ela tem vida própria.
Mais uma observação para evitar a precipitação. Aparentemente, nas últimas décadas, a depressão se tornou uma doença muito comum. Será que somos mais tristes que nossos pais e antepassados próximos? Acredito que não. As más línguas dizem que a depressão foi promovida como doença pelas indústrias farmacêuticas, quando encontraram um remédio que podiam comercializar para "curá-la". Mas isso seria o de menos. É mais importante notar que a depressão se tornou uma doença tão relevante (pelo número de doentes e pela gravidade do sofrimento) porque ela é um pecado contra o espírito do tempo. Quem se deprime não pega peixes e ainda menos sobe no bonde andando.
Será que vamos conseguir transformar também a tristeza infantil num pecado?

Claro que sim. Aliás, amanhã, quando seu filho voltar da escola, além de verificar se ele não está com frieiras, veja também se ele não pegou uma deprê. E, se for o caso, dê um castigo, pois, afinal, como é que ele ousa fazer cara feia quando acabamos de lhe comprar um gameboy? Ora! E, se o castigo não bastar, pílulas e terapia nele. Qualquer coisa para evitar de admitir que a infância não é nenhum paraíso."

5 de dezembro de 2017

É Largar ou Largar


Não entendo nada de Previdência.
Mas o que vai ser oferecido aos nossos jovens em termos de trabalho fará terem saudades dos tempos dos faraós.
A proposta é mais ou menos a seguinte:
Trabalhem duro por quarenta anos - ou seja, quase eternamente - sem nenhuma estabilidade. Ao chegarem ao fim do caminho - para os que chegam - terão, se as regras do país não mudarem, garantida uma aposentadoria de pelo menos 20% menos do que ganham no período da "ralação". E isso idosos, não mais saudáveis (a doença mental, por exemplo, bem como o alcoolismo, grassará) com um país que tem tudo para não dar certo na quarentena que virá (apenas que com uma intolerância enorme a qualquer coisa que possa ser chamada "incorreta" nas condutas trabalhistas).
Ficarão quarenta anos a pensar:

"Quais são nossas opções?"

1 de dezembro de 2017

Pérolas... (II)


O argumento que pode ser usado contra a leitura é:
"Se fosse mesmo bom não precisaria estar sendo defendida"
A leitura é mais ou menos comparável ao alimento saudável: aquele que você aprende a comer porque sabe que - se você não o acha muito apetitoso - pelo menos deverá fazer um grande benefício para a sua saúde. E com o tempo aprende a gostar. E rejeitar os alimentos ruins, tornando-se um gourmet, em alguns casos. 
Nada disso se aprende comendo junk food. Por mais gostosa que essa comida possa parecer.
Smarts, "joguinhos", redes sociais são o junk food do cérebro. Nada disso nos põe em contato com a essencialidade da boa comunicação, da elevação de conceitos, da elaboração de conteúdo, da abstração. São hiper-intuitivos e pobres, viciantes e destruidores do cérebro pensante.

28 de novembro de 2017

Segmentos


Ceveja a questão da busca do próprio paciente pelo especialista como funciona:
Tempos atrás a mãe de um paciente tossiu (e tossiu "meio feio") durante uma consulta do filho.
E disse:
"Essa sinusite minha, não melhora nunca!"
Olhei meio assim pra ela e perguntei:
"Sinusite? Essa sua tosse é por causa de uma sinusite?"
"É" respondeu ela, "Já tomei vários antibióticos e não muda nada!".
Não era consulta dela, mas disse:
"Olha, pelo padrão de tosse que você tem, está claro pra mim que isso que você tem não é uma sinusite."
Ela me olha (também meio assim):
"Ah, não? É o que, então?"
"Asma! Só pelo padrão de tosse. Você é fumante?"
"Não!"
"Ainda assim. Essa sua tosse soa como se raspasse seu brônquio. Pelo menos tente uma medicação própria pra isso, inalada"
Dois dias (e muitos antibióticos e raios X depois) mandou um zap. Aliviada, finalmente.

Que especialidade ela consultava? Um otorrino. Alguém que algumas vezes ignora o que acontece da laringe pra baixo.

24 de novembro de 2017

Garotos Propaganda


Eu meio que concordo com a afirmação do autor do trabalho sobre o qual o New York Times fez um artigo:
"Não deveríamos consultar um médico que recebe representantes de laboratórios farmacêuticos!".
A relação de boa parte dos médicos com laboratórios é escandalosamente anti-ética, principalmente nas especialidades lucrativas para os últimos.
Aprendi a conviver com representantes na faculdade, assim como aprendi a ter uma relação muito prudente com eles (pois não é certamente uma relação desinteressada das partes), aí já não sei com quem exatamente. Mas é um motivo basicamente ético.
Ainda os recebo no consultório. Não de boa vontade. Não porque goste. Certamente não porque receba algum grande benefício disso (exceto uma ou outra amostra que no mais das vezes morre no fundo do armário, me criando problemas para o posterior descarte seguro - amostras essas que podem gerar uma má impressão nos pacientes por acharem que estou realmente beneficiando uma ou outra marca, o que não é absolutamente o caso, mas seguramente é o caso de muitos). 
Os recebo porque sei que são pessoas que dependem desse emprego, e "ralam". Só. É quase um motivo, digamos, humanitário. Péssimo, mas é. 

21 de novembro de 2017

A Causa


Não é que a ciência esteja se debatendo pra achar A CAUSA da diabete tipo 2.
A questão é que onde se remexe, se acham mais causas.
A diabete tipo 2 tem muito a ver com o estilo de vida. Mas tem que muita "gente boa" que se descuida e não desenvolve a doença. Assim como tem muita gente (também boa) que mesmo se cuidando muito, a desenvolve.
Aí entram os fatores genéticos. Que não são simples. Nem únicos. 
São vários. Os chamados polimorfismos são áreas do código genético alterados que na maioria dos casos não causam nada, mas que em algumas regiões dos genes predispõem à diabete (assim como à outras doenças, como o câncer).
Seria muito mais fácil se fosse unifatorial (um só "defeito"). Talvez até para a busca de uma cura genética. Mas o que a gente tem que lembrar é que heranças precisam se combinar com estilo de vida para se mostrarem, na maioria das vezes.

Então, com herança ou não, não custa pensar em porções menores de comida, em incluir um "remelexo" diário como investimento em saúde, em cuidar do que mais se põe pra dentro do corpinho, como medicamentos e álcool.

17 de novembro de 2017

O Tamanho dos Pais


Conta-se na riquíssima biografia de Winston Churchill que:
Se sentindo desprezado pelo pai (em parte porque já era havia algum tempo afetado pela neurossífilis, uma doença na época sem a menor possibilidade de tratamento), Churchill sempre fez de tudo para conseguir elogios da parte dele, sem resultado.
Anos após o pai ter falecido, e já tendo uma história de vida riquíssima, o filho disse ter tido uma "visita", uma espécie de visão. Nela seu pai perguntava:
"Filho, conte-me o que eu perdi da história do mundo nesse tempo todo desde a minha morte".
Churchill então contou sobre as duas guerras mundiais, sobre o declínio do império britânico, das derrotas sofridas nas colônias e tudo mais.
O pai-visão, já no seu habitual tom crítico em relação à ele, perguntou:
"E você, meu filho, não teve participação nenhuma em nada disso?"
No momento em que Churchill, um dos homens mais influentes na história do século XX, ia responder... Puft! A visão foi-se embora, para nunca mais voltar.
Triste. Muito triste. 
O próprio Churchill aliás disse outra das frases célebres que nos faz pensar:

"Só quem passou por uma infância turbulenta será alguém de grande notoriedade".

14 de novembro de 2017

Clones


Já é muito conhecido atualmente o efeito deletério para a saúde das substâncias criadas pela indústria química agrupadas sob o nome de perturbadores endócrinos (PE).
Elas são várias. E muitas delas têm como característica interferir diretamente no funcionamento da glândula tireóide, afetando inclusive o desenvolvimento cerebral de fetos pela contaminação do sangue materno.
A maneira pela qual isso acontece em muitos casos é o "engano" dos órgãos que interpretam uma molécula muito semelhante ao hormônio da tireóide como sendo o próprio hormônio (veja como, por exemplo, os bisfenóis são molecularmente semelhantes ao hormônio tireoidiano, mesmo para o leigo em endocrinologia ou em bioquímica). 
A principal consequência nesse caso é a redução da produção do hormônio verdadeiro, causando diminuição do QI dos afetados (o hormônio da tireóide é fundamental no desenvolvimento cerebral, notadamente no início da vida).

Existem muitos outros efeitos imputados aos PE, inclusive alguns tipos de câncer. E é somente pela vigilância da sociedade que indústrias buscarão opções menos danosas à saúde de todos.

10 de novembro de 2017

Alhos, Bugalhos


A salada informativa na qual estamos nos metendo na última década assusta.
Por isso, o melhor que você tem a fazer agora é fechar essa página, desligar esse tablet e, sei lá, ir ver uma novela (desde que ela não contenha muita informação, pois até as novelas resolveram informar ultimamente).
Algum tempo atrás, quando se perguntava a um paciente o que ele sabia sobre sua história médica, era algo como um gibi, resumido.
Hoje, ele te entrega um "Os Miseráveis", se você quiser algo bem resumidinho.
O pior: esse livro troca personagens, confunde o pai de um com a sogra de outro, mata três vezes o personagem que ainda está vivo, e conclui que... não sabe mais de nada!
Estamos quase precisando (e aí vai uma sugestão, podem me colocar como o "pai" dessa profissão, Wiki!) de um profissional burocrata "desembaralhador de história médica", alguém que limpe o que não presta, verifique as veracidades dos diagnósticos dados, resuma o mais importante, traga luz aos fatos principais. Se possível numa única folha. E por favor! Paguem bem, porque é algo sofrido...

7 de novembro de 2017

Série B


Há mais ou menos uma década escrevi aqui que a vacina da meningite B ainda iria demorar a aparecer.
Demorou.
E agora esta aí.
Ao preço de uma TV HD 4K por cabecinha.
Claro que seu filho vale muito mais que uma TV HD 4K. 
Acontece que a TV HD 4K você instala na sua sala e aproveita as maravilhas que a tecnologia digital podem oferecer, diariamente.
Quanto à vacina da meningite B... Bem...
Como mostra excelente artigo deste ano, os riscos do seu filho pegar uma meningite B é muito menor do que, por exemplo, morrer de um acidente com a sua bicicleta.
É uma doença gravíssima, ainda que tratável quando diagnosticada a tempo e muito, muito rara.
E aí é que está a questão:
Doenças mais raras para as quais possam existir vacinas caras criam um dilema para pais e médicos igualmente. Não se deve fazer e pronto? Mas, vai que... Por outro lado, arrebentar com o orçamento familiar contra coisas que poderiam ser bem mais úteis (tá bom! uma TV HD 4K pode não ser a coisa mais útil do mundo, e talvez a comparação choque, mas é apenas para efeito de ilustração) tem sido uma maldade que a publicidade farmacêutica não hesita em fazer (com a história do "como você se sentiria se seu filho adquirisse uma doença grave que você poderia evitar?" Aí não vale, é muita forçação!).
O duro é que sobra pra nós, pediatras, argumentar sobre tudo isso. Com o enorme risco de passarmos por insensíveis.

Alguém viu meu controle remoto por aí?

3 de novembro de 2017

Cinzas


O assunto é sério, mas às vezes não resisto em perder um pouco da razão.
Conselho Federal de Medicina revê índices de massa corpórea para a chamada cirurgia bariátrica. 

(para ser cantado com qualquer ritmo baiano):

Vai abrindo a cinturinha 
Vai entrando na faquinha 

Alô, alô, cirurgião
Chama lá o anestesista
Viver sem pastel e pão
Não há gordo que resista

Hipertenso, barriguinha
Diabete e bundudinha
Vamos todos para a mesa
Não esquece a sobremesa

Veja a nova solução 
Saca só meu intestino
Deixa lá meu coração
Ele ainda é de menino

Vamos todos para a mesa
Para a mesa, cirurgia 
Venha cá cirurgião
Era isso que eu queria!

...

E por aí vai. É esse mais ou menos o clima (carnavalesco) que vamos vendo com tentativas de solução (?) do problema dos obesos, sejam eles verdadeiramente mórbidos - para os quais pode haver mesmo pouca solução - ou para os "gordos da balada", os "gordos da preguiça", os "gordos do Ai, dieta?" e outros (muitas vezes não tão gordos assim). 

Resolve na faca. Até se perceber que aí, mutilado, a festa verdadeiramente acabou. Sem volta. E ainda gordo (nem sempre). E ainda sem força de vontade. E ainda amando uma lasanha, mas já sem poder comer. Qual a próxima "solução"?

31 de outubro de 2017

Perdeu!


A reportagem (no excelente blog "Well", do New York Times) é sobre a preocupação com uma possível volta do sarampo.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a foto acima.
Voltei ao passado e me vi nessa foto. 
Não era fisicamente muito diferente desse menino. E o ano da foto - 1973 - é apenas um ano anterior à epidemia de meningite do Brasil que gerou a nossa vacinação em massa com essa coisinha linda, essa "arma", chamada de "pistola" aqui.
Acho que foi o último ano em que a pistola foi usada. Foi, graças a Deus, aposentada.
Hoje se sabe que era além de (muito) assustadora para as crianças, problemática em termos de recontaminação. 
A técnica correta de aplicação era (como muita coisa há algumas décadas) negligenciada. Era (como diz essa reportagem): "Pum!" "Próóóximo!!", causando a mistura de sangue dos vacinados anteriores nos próximos, aumentando em muito o risco de outras doenças contagiosas, além daquela contra as quais a população estava sendo vacinada.
Décadas se passaram. Tudo evolui. Aguardamos agora o desaparecimento definitivo das agulhas.

27 de outubro de 2017

Sims ou Não?


Já dura quase dez anos uma tremenda polêmica em Nova Iorque:
Retira ou deixa quieta a estátua do médico J. Marion Sims (localizada na Quinta Avenida com a rua 103, ao se atravessar a rua do belo edifício da Academia de Medicina de Nova Iorque, numa das entradas do Central Park)?
O dr. Sims foi um médico ginecologista do século 18, considerado o "pai da ginecologia moderna" pelo fato de ter feito avanços em técnicas cirúrgicas (e, além disso, ter criado um hospital de mulheres). Por isso "só" já mereceria a estátua muito mais do que muita gente considerada "boa".
Quais as acusações contra ele (para "derrubar" a estátua, modinha dos novos tempos iconoclásticos em que vivemos - por falta de coisa melhor pra fazer)?
Fez muita cirurgia sem anestesia. Gente, era médico do século 18! 18! 1700 e coisinha! Não tinha anestesista na ponta da linha para agendar centro cirúrgico (não havia anestesistas, nem linha telefônica, nem telefone, e a noção de dor excruciante nos pacientes cirúrgicos era o que se tinha na época!).
Desrespeitava notadamente pacientes negras, escravas (operando algumas para platéia de médicos assistentes). Então: péssimo! Pro cidadão do mundo atual! Que bom que em algumas coisas tentamos melhorar (ainda que a história da humanidade nos prove que as melhoras sempre são cíclicas).
Baseados nestes dois principais argumentos, derrubemos quase todas as estátuas do mundo, então.
Ei! Espera! Onde você vai, com esse martelinho na mão?
Eu, como talvez a maioria, quero um mundo com estátuas. Muitas são lindas, maravilhosas. Mesmo que os retratados não mereçam muita reverência (quase sempre o caso, no final das contas, pois seres humanos). No máximo, vá à noite, olhe bem pra todos os lados e dê uma cuspidinha nela, acho que como protesto está de bom tamanho. 
Não precisa jogar fora o trabalho de todas as gerações anteriores porque "você (o importante) não está de acordo".

24 de outubro de 2017

Resistência II


Da postagem anterior, sobre infecções fora de controle, não se deve confundir as duas situações:
1) Infecções por supergermes ("superbugs"), que aparecem tanto somente no indivíduo quanto nas comunidades, gerados por abuso de antibióticos (também tanto individualmente quanto na comunidade, ou mesmo no nível global) e
2) Infecções graves geradas por queda importante da imunidade: nesse caso apenas no nível individual, quando por exemplo um paciente muito idoso ou muito jovem (bebês prematuros) não dão conta de lidar com germes banais para quem tem a saúde em dia.
Outras situações desse tipo são tratamentos com medicamentos que baixam a imunidade (corticóides em prazos prolongados, quimioterápicos, drogas anti-rejeição de transplantes, etc.) e doenças que causam interferência na imunidade como diabete descompensado, SIDA, etc.

Esse segundo caso é, então, muito mais comum como causa de infecções que põem em risco a vida do paciente. Lembrando que as duas causas podem coexistir.

20 de outubro de 2017

Resistência


Quase o mundo inteiro (leigo) confunde:
Quando se discute os motivos de não se abusar dos antibióticos, normalmente se diz:
"Porque cria resistência, né?"
E ponto.
Mas quando se vai um pouco além - resistência do que a quem - a coisa pega.
"A pessoa, pega resistência".
Nananinanão.

Não é a pessoa (usuário do antibiótico) quem "pega" resistência. São as bactérias, que possuímos como flora residente (coisa pouca, da ordem de trilhões!) ou como colonização temporária (adquirida, mas sem estar causando doença no momento) quem vão tendendo a construir essa tal resistência. A ponto de em alguns (raros, até hoje) pacientes não poderem ser tratados eficazmente com nenhum dos antibióticos conhecidos (dando surgimento aos temidos superbugs, "super-germes").

16 de outubro de 2017

Crianças Pra Fora


Visitando (hoje) um país nórdico (Dinamarca) aprendi sobre um dos diferentes hábitos no se tratar crianças. 
Elas ficam muitas vezes pra fora dos ambientes adultos (literalmente!).
É assim: pais estão jantando dentro de um restaurante por uma ou duas horas (quando, aparentemente, deveriam estar em casa com os filhos) e (na rua) um carrinho com uma pequen(íssima) criança, aguardando tranquilamente o fim da noite (na maioria das vezes já dormindo). Sem que ninguém ache absurdo (a não ser a gente, que fica calado observando, pois estranhos aos costumes).
Imagino a mesma situação no Brasil. Conselho Tutelar! No mínimo! Manchetes nos jornais! Mas, principalmente, childless, em não mais que meia hora (dois minutos em algumas cidades). No resto do mundo a coisa choca, na verdade. 

Não se trata de frieza, como aprendi. Segundo o padrão mundial, nórdicos "estragam" seus filhos, com excesso de mimos e vontades. É apenas um costume. Sem dramas. Como as bicicletas competindo com os carros pelas ruas.

10 de outubro de 2017

O Chinês Barato da Nutrição


Sabemos que não estamos vivendo nos tempos áureos da economia (alguma vez estivemos?). Por isso é difícil exigirmos muito da qualidade do que quer que seja que estamos consumindo. 
Pais costumam saber que para a comida vale a mesma coisa. É como um celular com todas as funções do outro. Só que emperra. Só que é lento. Só que quebra. Só que a garantia é podre...
Na questão "carboidratos", pouca coisa tem sido tão negligenciada. 
Uma bela noz pode ter tanto carboidrato como um biscoito recheado, assim como um kiwi pode ter o mesmo valor calórico de um bolo pronto.
Mas um tem vitaminas de alta qualidade, o outro não. Um tem fibras solúveis, o outro não. Um tem digestão mais prolongada gerando mais saciedade, o outro não. Um tem lipídeos "do bem" associados, o outro os tem "do mal". Um constrói moléculas de altíssimo valor biológico, o outro o que faz é aumentar a necessidade de insulina para dar conta do índice glicêmico.
Resumindo: uns constroem organismos saudáveis. Outros promovem as doenças.

Muito complicado repassar essas noções para papais despreparados, apressados e aborrecidos e, principalmente, menos favorecidos economicamente. 

29 de setembro de 2017

Mando Eu?


Por telefone:
"Doutor, a febre da ... ainda não baixou!"
"Não? Está quanto?"
"37,3"
"Oras, então baixou!"
"Não, quis dizer que não está normal"
"E quanto é o normal?"
"Sei lá! Menos que 37!"
"E quanto estava antes?"
"39"
"Então baixou, só não baixou o tanto que você queria!"
"Sim!"
"Então, conforme-se. O organismo da ... provavelmente ainda precisa de alguma febre para combater o germe que está gerando essa febre"
"Não faço mais nada?"
"Faz. Senta e espera!"

(essa última resposta não foi dada por absoluta falta de falta de educação do médico, ela foi somente pensada)

26 de setembro de 2017

O Povo Alemão e o Morro do Alemão


O alemão é um povo irritantemente coerente.
Entende que mais do mais ou menos pode ser muito melhor que o novo.
Que se a saúde, a moradia, o emprego vão mal é talvez porque poderia estar ainda pior.
Não arrisca. Ou melhor, não arrisca mais. Talvez pela memória do que o risco pode significar.
Sabe que a sua parcela é mais importante que a do governante, na manutenção de um país que funciona.
E vota na Merkel em silêncio, para mais um mandato.
Enquanto isso, no país do Morro do Alemão, brigamos, enraivecidos com tudo e com todos.
Muito provavelmente continuaremos apostando, cada vez mais alto, como se o tombo não pudesse existir. Como se a mágica viesse ainda mais de cima. 
Nada de fazer aos poucos. Nada de seriedade, rigor comedido, de olhar pro lado para ver se conseguimos que todos subamos juntos. É sempre o meu primeiro, é o do favor político, antes que acabe (como se não estivesse quase tudo acabado).
Aprendemos muito nas últimas décadas. A não ficarmos calados, a nos indignar, a reclamar, a quebrar-quebrar. Tão pensando o que? Sabemos que quem não entra no jogo está cada vez mais fora dele pra sempre.
Então é assim. Que venham os debates. A pauleira. Os péssimos atores desse teatro barato. 
Já estamos acostumados a pagar muito caro o ingresso.

22 de setembro de 2017

Dois Em Um


É bunitinho (não bonitinho, bunitinho, mesmo!) essa mania que as mamães fazem hoje em dia com seus filhos:
"Doutor, nós menstruamos!" anuncia feliz a mãe da menina de 11 anos.
E aí sempre penso: "Ela, beleza! Mas você teve ela sem antes menstruar?"
Com tudo essa união de algumas mães com seus filhos:
"Nós ainda estamos fazendo xixi na cama!..." olhando torto pro companheiro de mijada noturna, que às vezes até ironiza: "Você também, mamãe?"
"Amanhã fazemos dois aninhos!"
"Estamos livres das vacinas agora!"
E assim por diante.

Não imagino que cause algum mal. Mas é mais uma tentativa de grudar o filho à pessoa da mãe, transformá-los em uma pessoa só. Caberá à vítima dar um basta definitivo em algum momento. Mesmo que seja na igreja, na hora do "Sim!".

19 de setembro de 2017

Ignorância Não Se Discute


Vivemos em um mundo (muito mais aparentemente do que de verdade) livre.
Se você quiser, meio que pode não vacinar seu filho. Claro, vai ter muita aporrinhação se decidir não fazê-lo. No Brasil, especialmente.
Talvez tenha até que recorrer à justiça. Mas a questão não é essa.
Se você estivesse sentado do meu lado em um consultório há cerca de 30 anos atrás (falo 30 porque é até onde vou, poderia ser 40 ou 50, que a coisa só faria piorar ainda mais) veria porque não faz o menor sentido discutir sobre se vacina ou não o seu filho.
Pode até (e aí me associo com você) discutir sobre uma ou outra, e até mesmo pensar em nem fazer uma ou outra (a BCG é o caso clássico de vacina feita em poucos países ditos civilizados). 
Mas pega apenas um exemplo. Pólio. Se você tem menos de 50 anos não pode nem imaginar o pânico que era viver sob a ameaça dessa terrível doença. Gente morria muito jovem. Gente ficava incapacitada já na infância. Mas principalmente as pessoas entravam em desespero em pensar em estar do lado de alguém que pudesse contaminá-los ou à algum membro da sua família (o livro Nêmesis, do escritor Philip Roth retrata muito bem as vidas associadas à essa tragédia).
Nos Estados Unidos (que é de quem importamos muitas modinhas) essa é uma discussão muito acesa. Pais dão os mais variados argumentos para escapar da vacinação. Inclusive o da liberdade. Certo. Você é (aparentemente) livre. Inclusive para fazer renascer certos flagelos que pareciam definitivamente enterrados. Só porque quer. Por nenhum outro motivo válido. 

15 de setembro de 2017

Que Coisa!?


O menino já entra no shopping chorando:
"Eu quero, mãe, eu quero!"
"O que, filho?" 
"Uma coisa!"
"Que coisa?"
"Uma coisa! Uma coisa!"
"Tá filho, mas que coisa você quer?"
"Uma coisa!" 
E desata a chorar cada vez mais forte, com caretas cada vez mais sofridas. A mãe que adivinhe que espécie de coisa esse filho quer.
Como ele não discrimina, a mãe começa a tentar:
"É brinquedo?"
"Não!", chorando cada vez mais violentamente.
"É de comer?"
"Não!"
"Se não é brinquedo e não é de comer, o que pode ser?" pergunta mais a si mesma que a ele, que agora parece estar quase convulsionando, agarrado por um braço, para não permanecer jogado no chão do shopping, bem perto da escada rolante, onde todo mundo passa.
"Uma coisa, mãe, uma coisa!", repete o menino, nada podendo ser mais claro.
"Tá bom", diz a mãe, "vou comprar agora mesmo uma COISA pra você, pra você parar de me encher o saco!", já saindo do código de conduta da mãe moderna que nada pode que traumatize seu filho, pelo menos não em público.
Vai até a primeira banquinha de coisas infantis que acha e compra uma "coisa" para seu filho, que fica só manjando com um olho entreaberto e outro chorando.
Volta e entrega, a coisa. O menino olha, examina, vira pra um lado, pra outro e diz, já calminho:

"Não tinha de outra cor?"

12 de setembro de 2017

Enfilheirados


Falando com um casal sobre companheirismo dos irmãos pela vida afora lembrei de um caso curioso que eu testemunhei quando jovem:
Quatro irmãos (quatro! nem um nem dois!) que sempre saíam do mesmo colégio sempre à mesma hora e que invariavelmente caminhavam até a sua casa (naturalmente a mesma casa) sem se conversarem. 
E o que era mais esquisito: todos com alguma separação de chão entre eles (algo em torno de uma quadra de distância)!
Foram pelo menos uns dois anos nesse curioso ritual (não me lembro mais deles após esse período, talvez porque eu me mudei de colégio a partir dali).
E ficava sempre pensando: falta de amor? Ódio? Completa ausência de interesses comuns (nem mesmo o que teriam no almoço do dia)? Algum jogo (não parecia, pois todos pareciam muito sérios e algo compenetrados nos seus próprios pensamentos), alguma aposta? 
Não tinha familiaridade com as figurinhas, senão certamente teria perguntado o motivo, curioso que sou. 
Lembrando que à época não havia smartphone, o que teria facilitado esse comportamento meio alienado. Não. Iam meio que olhando o caminho.

Para ver como essa história de "meu filho, arrumei um companheirinho pra você!" nem sempre cola.