Procure por assunto (ex.: vacinas, febre, etc.) no ícone da "lupinha" no canto superior esquerdo

24 de fevereiro de 2017

O Tamanho das Tetas


Não sei o que você que está me lendo acha, mas me parece fundamentalmente errada a prática atual dos "processos dos leitinhos" (processos que as mães movem contra as prefeituras para que elas forneçam o leite para seus filhos lactentes).
É do próprio Estado boa parte da culpa nessa história, pois na sua prática paternalista (nesse caso mais "maternalista") sempre posou de fornecedor das tetas, onde quem mais mamou foram os próprios governantes, com óbvios benefícios eleitoreiros junto à população carente (sem falar nos frequentes desvios de recursos).
Acontece que em tempos de vacas magérrimas, Ele não pode mais pagar essa conta. Sobrou para as mães, que achavam que iam se beneficiar para sempre desse tipo de prática. 
Então é hora de sermos todos mais honestos:
Não, o governo não está aqui para criar o seu filho do berço à universidade, ainda que esprema sua família até a última gota com impostos. Parte do ônus terá que ser seu. Ou então, corra! Ainda dá tempo de aprender a evitar de ter filhos (e nisso o governo ainda dá a sua mão).
Não, você não deve correr para o leitinho industrializado na maioria dos casos. Retire a blusa. Olhe para baixo. Esses belos apêndices que você possui no tórax são a melhor fonte de alimento para seu filho enquanto ele precisa de leite. Depois, é comida! E não, o governo também não deveria fornecer à sua família a comida que seu filho irá precisar (a não ser, talvez, na forma de subsídios para tornar os alimentos mais baratos).

De alguma forma subliminar as práticas médicas relacionadas à promoção do aleitamento materno (e consequentemente ao desestímulo ao leite "da vaca", industrializado) têm se modificado novamente. Ocorreu nos anos 60, quando éramos mais inocentes, e as latas recém-chegadas começaram a parecer mais bonitas do que os seios. Volta a acontecer agora, com a proliferação de leites que prometem todo tipo de milagre (e mães - e, infelizmente médicos - "caem!").

21 de fevereiro de 2017

Dieta dos Metais Pesados


Dietas.
Hoje todo mundo tem a sua.
Com as mais variadas finalidades, mas que podem ser resumidas em: tentar ficar mais "fit" (magro, musculoso, forte, veloz), evitar doenças, e atrasar os problemas associados à velhice (mas tem muita gente que faz dieta até mesmo acreditando que irá driblar a dona Morte!).
Um grande problema é que quando a gente faz dieta, sempre precisa trocar algo por alguma coisa. E essa alguma coisa que consumimos no lugar do algo pode (e costuma) trazer mais efeitos indesejados do que se "ficássemos quietos".
Difícil é convencer o sujeito na sua adorada crença. É assim na religião. É assim na comida.
Um exemplo fresquinho?
O novo estudo mostrando que pessoas que se submetem (a maioria sem necessidade) à uma dieta sem glúten costumam ter níveis mais elevados de arsênico e mercúrio nos seus organismos (possivelmente devido à contaminação ambiental dos produtos derivados do arroz, cereal substituto de outros proibidos na dieta dos pacientes celíacos).
Pra quem precisa, vá lá. Um preocupante efeito colateral. Pra quem acha que precisa... mais uma advertência.


(O sujeito exótico da foto é o personagem mais exótico do exótico livro Guiness de recordes. Michel Lotito foi um cara que supostamente comeu grandes objetos metálicos pela vida inteira, incluindo um pequeno avião e algumas bicicletas! O maior "não tente fazer isso em casa" do mundo!)

17 de fevereiro de 2017

Os Banheiros da Broadway Já Não Servem Mais


O jornalista "Guga" Chacra da Globonews comentou que os banheiros dos teatros da Broadway - a mais famosa zona teatral do mundo, localizada em Nova Iorque - estão obsoletos, e terão que ser reformados: é muita gente querendo fazer pipi para pouco tempo de intervalo e espaço.
O motivo, citou o jornalista, é o fato de as pessoas estarem ingerindo mais líquidos hoje em dia (visto que o número de pessoas que cabem dentro de um teatro não se modificou desde a década de 1950). "Um fato positivo", observou.
Será?
Até pode ser (e deve ser verdade) que crianças e adultos tomem mais líquidos hoje do que em décadas passadas. Mas não pelos motivos "certos".
Você sabe o que é um soluto? É mais ou menos tudo que se dissolve em um solvente. Nesse caso, a água. E, consequentemente, o sangue. 
Atualmente costumamos nos empanturrar de solutos. Vão do açúcar nas doses galácticas de refrigerantes, nos ketchups, nas mostardas, nos doces aos sais presentes na comida, nos baldes de pipocas, nos fast foods. E aí, haja sede. E aí, haja líquidos (muitos deles com mais solutos novamente, como nos refris). 
Tudo isso devidamente diluído sai por onde? Um ingresso para o Rei Leão para quem respondeu: pi-pi!
Além disso, públicos do passado eram mais moderados em tudo: na comida, na bebida, e até mesmo na necessidade de fazer pipi. Aguentavam para quando chegassem em casa. Hoje não se pode esperar. 

Consequência? reforma. Banheiros maiores, menos lobby, menos coxia. Só não diminuam o espaço das comidas e das bebidas. Porque o espetáculo não pode parar.

14 de fevereiro de 2017

Fase


A gente tenta explicar o tempo todo:
Quanto mais nova a criança, menor a chance de que os sintomas de vias aéreas (tanto superiores - nasal - quanto inferiores - brônquios) seja de causa alérgica.
Quase sempre o vilão chama-se vírus. Dos mais variados tipos.
Coriza, obstrução nasal, tosse, "chio no peito"... Nada disso se beneficia de medicações antialérgicas. Também não adiantam medidas ambientais, como remoção de carpetes e tapetes, bichos de pelúcia, etc.
O outro detalhe - muito importante - que vale a pena lembrar é que as próprias adenóides e amídalas crescem pelo constante "bombardeio" viral (e consequente inflamação) da criança pequena, não significando na maioria das vezes um problema a parte, mas uma contingência normal da vida. Significa: deixem os otorrinos  (especialistas de ouvido, nariz e garganta) descansarem (se é que eles querem)! Com o avançar da idade, essas infecções virais diminuem muito em frequência, e as coisas se resolvem por elas mesmas (com a exceção dos casos evidentes de apnéia noturna prolongada).



10 de fevereiro de 2017

Faz Mar Cia.


Preciso confessar que eu meio que odeio farmácia. Principalmente as farmácias atuais.
Primeiro preciso explicar que a visão que o médico tem de farmácia é sempre algo diferente do leigo.
Mais ou menos como um padre enxerga uma igreja. Ou mais propriamente um cemitério. 
Mais: mesmo como médico, tenho uma visão muito mais crítica - ou menos neutra - do que muitos colegas.
O que me irrita é o absoluto e descarado mercantilismo. É a coisa do entrar na farmácia como quem entra num shopping center. É a imagem sacra do vendedor (que, aliás, hoje se encontra mesmo em lojas de colchões, e até mesmo em algumas lojas de sapato; aparentemente cara de médico, roupa de médico, vende). É a ideia de que ali se tem a solução para todos os tipos de problemas. 
Onde moro sou circundado de farmácias. Vejo a disputa palmo a palmo pelo cliente. No grito, literalmente, com seus microfones e aparelhos de som na calçada. Balões na porta, cores berrantes. "Venham, doentes!". "Aqui sua diabete vai se sentir em casa!". "Hipertenso, renal, somos seus melhores amigos!". 
As farmácias são, no Brasil, a face feliz do pobre paciente desassistido, daquele que busca a solução rápida, o curto-circuito entre a doença e o remédio, sem precisar passar pelo médico. Prospera na falha do estado, e se associa com este, na geração de impostos, na maracutaia do remédio popular. Parece cumprir a função não só do médico, mas do psicólogo, do educador físico, e até mesmo do professor.

Saudade do tempo das bibliotecas...

7 de fevereiro de 2017

Olho Vivo


Turning point. Um termo em inglês que significa a "virada", a mudança, seja de percepção ou de atitude.
Sempre fico me perguntando qual é o turning point da criança obesa. Me explico: a partir de que momento pais e avós começam a achar que determinada criança "não está tão bem assim" do jeito que está?
Algumas vezes é claramente tardio, o momento. Quando todo mundo já sabe ou percebeu. Com consequências ruins, com dificuldades para o outro turning point, o das ações corretivas, com muito mais sofrimento para a criança, visto que a obesidade tem um componente cíclico vicioso. Mais gordo, mais sofrimento, menos autoestima, mais comilança...
Outros pais, no entanto, têm o faro certo para os comportamentos alimentares inadequados, para a subida rápida na curva de peso ou mesmo para a inatividade crescente.
Tem cabido ao pediatra estar atento a este último grupo e, sem exageros, discutir com os pais (e avós, sempre com avós!) as possibilidades de ação preventiva ou corretiva para aquela determinada criança. Esses costumam dar pouco trabalho.
Já com os do grupo anterior, o buraco é mais embaixo, como se costuma dizer. Vão necessitar de ações continuadas e de longo prazo, quase sempre com resultados frustrantes. São pacientes que, desde tenra idade desanimam, caem em negação, buscam soluções mágicas, se fazem de vítimas (no que têm apoio de pelo menos um dos familiares). Precisariam de trabalho multiprofissional (apoio médico, psicológico, nutricional), o que só faz acrescentar as dificuldades logísticas, financeiras, bem como a culpa, o desânimo, a frustração.

Entretanto, é bom lembrar que em certos casos, mesmo com a percepção precoce do problema, os resultados são muito ruins. E em outros, tardiamente percebidos, corrige-se com alguma facilidade. Tanto num lado quanto no outro, a genética costuma ser o determinante.

3 de fevereiro de 2017

Camuflagem


Você já parou pra pensar que a ansiedade, sendo um problema tão comum na humanidade - e possivelmente mais comum hoje - não tem assim, um tratameeento?
Sim, porque nada funciona grande coisa, a não ser, talvez, o aprendizado e a mudança na maneira de reagir às coisas, à própria vida, mas... isso lá é fácil?
Nas crianças, então, pior ainda!
Vai fazer o que? Ensiná-las a meditar? (até dá, mas...) Dar benzodiazepínico? (bem que muitos pais gostariam, mas pera lá!) Tratamento psicoterápico? Em criança?
Olha, um verdadeiro problema! Daquelas coisas que você explica, mostra que deve realmente estar acontecendo, mas que pouco resolve. Pelo menos tomar ciência do fenômeno, no entanto, já é um primeiro passo.
E aí, como a ansiedade vem sempre com uma pequena constelação de sintomas, os pais ouvem, entendem, mas... cadê o exame?
Como diria aquele personagem cômico: "Raio X da ansiedade, têm?", "Tomografia de crânio, mostrando um cérebro ansioso, têm?", "Exame de sangue, mostrando as células do sangue correndo para lá e para cá, trombando umas nas outras, com registro em cartório, têm?". "Não? Então, doutor, não me venha com xurumelas!".