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28 de abril de 2017

Olha o Moro!


Você sabe aqueles "pulinhos" que o bebê dá de vez em quando, principalmente quando está adormecendo?
Então, isso tem um nome:
É o chamado "reflexo de Moro" ou "reflexo do susto", próprio dos primeiros meses de vida, que é provocado por alguns neurônios que vão na contra-corrente dos outros: quando a maioria está "desligado" ou "se desligando" no adormecer, alguns mandam estímulos para "ligar".
É um fenômeno normal. Mais do que isso, mostra integridade do sistema nervoso nessa fase.
Curiosamente há um outro reflexo de Moro (também "do susto") na praça: a dos políticos quando houvem o nome do juiz curitibano.

Mas esse não me diz respeito.

25 de abril de 2017

Bebê-Cavalo


Duvido que alguém me bata no quesito "sonho bizarro".
O da noite passada foi de caráter profissional:
Enquanto examinava um recém-nascido, coloquei-o de pé e ele imediatamente se sustentou e... saiu andando, com seu corpo pesado e nu, até a porta da sala em que eu estava, onde fez um pipi de cachoeira.
Freud deve explicar.
O que me fez pensar que, se fôssemos como cavalos, já nascêssemos praticamente andando - sem passar pela incapacidade do primeiro ano - talvez perderíamos o que nos faz diferente mesmo em relação a muitos outros animais: o aconchego no colo, o cuddling do inglês, o coccolare do italiano, ou mesmo o schmusen do alemão...


Seríamos mais aptos, como o bebê do sonho. Talvez até menos dependentes uns dos outros. Mas muito menos amorosos, o que no nível que está a humanidade, seria uma catástrofe incalculável.

21 de abril de 2017

Um Mundo no Umbigo


Você também já deve ter feito a experiência. Para não passar vergonha, diga que foi na infância: a de colocar o dedo lá dentro do umbigo, e depois, por falta de coisa melhor pra fazer, cheirá-lo (o dedo, não o umbigo). 
Se não fez, tranque-se no banheiro, não tenha medo. Nenhuma grande mudança de personalidade deverá ocorrer. 
Se já fez, sabe que o odor já deve mostrar que é uma área densamente habitada. Por bactérias.
Pesquisadores recentemente aliviaram a minha curiosidade (curiosidade só, não uma obsessão) de anos. Quem "mora" no recôndito dos nossos umbigos? Saíram coletando amostras de swab (swab é praticamente um "esfregão" de alguma parte do corpo, normalmente realizada com algo como um cotonete, buscando captar germes da região) de voluntários, para definir as variedades de germe ali contidos. Interessante, não? (Eu acho! - se não for doentio da minha parte...).
O que encontraram?
Primeiramente, uma variedade enorme de germes, dos mais variados tipos.
Em alguns dos participantes, germes absolutamente exóticos (num deles, por exemplo, uma bactéria somente existente no solo japonês, sendo que ele nunca passou nem perto da Ásia). Mas na maioria, o "grosso" da flora (fauna?) germes comuns a todos os umbigos. Curiosamente, muitas das bactérias são bactérias praticamente exclusivas desse "cantinho" do corpo, de nenhum lugar mais.
Outra curiosidade, mais interessante ainda, é que algumas espécies de bactérias são quase uma "assinatura" de determinada pessoa. Ou seja, quase que só ela possui, quase ninguém mais!
E que significado tem isso (além da aparente bizarrice)? 
Os pesquisadores ainda não têm muita certeza, mas acham que os dados podem dar dicas importantes do funcionamento do sistema imunológico de cada um de nós.



Agora vai lavar a mão!

18 de abril de 2017

Xeque-Mate Metabólico


Se você nunca jogou xadrez, vou explicar mal e porcamente o que é um xeque-mate. É aquele momento do jogo em que você não tem mais para onde correr. Qualquer movimento que você pense em fazer com qualquer uma das suas peças, não vai adiantar. Seu jogo está perdido.
O obeso de causa genética é quase um paciente em xeque-mate.
É preciso que se diga isso à ele (ou aos seus familiares, no caso de ser uma criança). Não para que desista de se tratar, ou para desanimá-lo ainda mais (até porque esse tipo de paciente já vem sendo desanimado há muito tempo pelos seus insucessos terapêuticos).
À questão é a verdade. É o não criar (ou permanecer nos) objetivos irrealistas, que não vão fazer mais do que acrescentar novas frustrações e insucessos (frustrações e insucessos que são um ciclo vicioso no caso do obeso genético, muito mais do que no obeso de causa não-genética). 
Para saber se você é ou tem um obeso de causa genética na família, não precisa exatamente passar por testes genéticos. É muito fácil perceber. São basicamente aqueles casos em que boa parte da família (principalmente no ramo materno ou paterno) é também obesa, principalmente se de tenra idade (a exceção que complica a regra é justamente a situação contrária: quando não há quase ninguém muito obeso na família e você é extremamente obeso), principalmente se obesa (a família) e com doenças ligadas à obesidade, como a diabete.
Outro fator que facilita o diagnóstico é o fato de "se estar fazendo tudo certo" (claro que com honestidade!) no balanço ingestão calórica versus atividades físicas e o resultado (no prazo mais alongado, não vale muito para prazos curtos ou no uso de certos medicamentos) e o resultado ser "quase nenhum".
O que se faz, a partir daí?


Assumir que o caso é muito mais sério. Entender que os resultados serão limitados. Na medida do possível (recursos locais ou financeiros) buscar tratamento multidisciplinar (profissionais da área nutricional, psicológica, além da médica, mas principalmente com experiência no tratamento da obesidade). Informar-se à respeito. Pesar os prós e contras dos tratamentos mais "radicais" (como a cirurgia bariátrica, a partir de uma certa idade).

14 de abril de 2017

Pneumonia Não


Basta acender as luzes dos postes para as mariposas darem as caras.
Também no início de algum friozinho de inverno, os diagnósticos de doenças respiratórias vão horripilando os pais. É sim, para alguma preocupação. Mas não pra pânico.
Das doenças respiratórias, uma que está sempre "na boca do povo" é a pneumonia, tão temida.
Ela é temida em boa parte pela evolução fatal que costumava ter na era pré-antibiótico ("esses dias", em termos de história da humanidade, metade do século passado). Hoje em dia, na maioria das vezes, basta um diagnóstico.
E aí é que está. Na pressa de se livrar do mal, pais - e mesmo médicos - já vão chamando tudo de pneumonia (e instituindo tratamentos muitas vezes desnecessários ou excessivos, sem falar no estigma da doença mais grave).
Então, só para lembrar, pneumonia não:
Costuma ser o diagnóstico de quem está brincando (pelo menos boa parte do tempo, ou quando não tem febre)
Dá em quem não tem febre (a não ser em casos da chamada "pneumonia atípica", menos urgente)
É causada por bactéria em muitos dos casos, não necessitando de antibióticos nessas situações 
a toda hora (na maioria das crianças ou nunca vai acontecer, ou no máximo uma vez apenas)
É diagnóstico feito por Raio X (esse é um complemento do diagnóstico clínico)
Precisa ser tratada como doença grave, a não ser quando os sintomas justificam

Conhecendo esses detalhes (só lembrando que medicina não é matemática, podem haver exceções), diminuímos os medos e nos prevenimos de ações diagnósticas ou terapêuticas indevidas.

11 de abril de 2017

Poderosa


Se eu tivesse um discípulo como daquela série televisiva do passado, e ele viesse me perguntar:
"Mestre, sobre qual hormônio devo aprender?"
Diria: "Leia tudo o que puder sobre a insulina, Gafanhoto (era esse o nome do discípulo, se a memória não me trai)!"

A maioria das pessoas tendem a pensar na insulina como um remédio. Um remédio para a diabete. Não é (ou não é só isso).
A insulina é um dos principais hormônios do nosso organismo. Apesar da sua ação mais conhecida de controlar nossos níveis de glicose (juntamente com o glucagon, esse sim, um total desconhecido), ela é direta (e também indiretamente, através da sua interferência com o próprio hormônio do crescimento) responsável pelo desenvolvimento corpóreo humano, do feto à idade adulta. Seus níveis podem ser muito alterados, por exemplo, pela dieta materna na gravidez, afetando todo um potencial de crescimento do futuro adulto, mesmo depois de décadas após este ter se "desligado" do corpo materno!
A insulina afeta (e muito) nosso comportamento alimentar, e é afetada por ele. Uma pessoa que come "montanhas" de comida não somente engorda. Altera a sensibilidade da sua insulina nos diferentes órgãos, criando um círculo vicioso de mais fome, mais produção de gordura, mais insulina (e outras dezenas de substâncias inflamatórias orgânicas), facilitando o aparecimento não somente da diabete, mas de uma dezena de outros problemas médicos, como o infarto, o AVC, a artrite e a asma (quem costuma imaginar que a asma poderia ser melhorada com tratamento "endocrinológico", ou mais propriamente nutricional?).
Uma insulina constantemente elevada (mesmo por situações genéticas) é favorecedora, por exemplo, do surgimento de vários tipos de câncer (claro que não somente ela). Seu "mau funcionamento" está também na base do aparecimento dos chamados ovários policísticos, e mesmo de algumas alterações comportamentais humanas. 
E não vou me estender mais para que você não caia no sono (sono, outra função que altera a ação insulínica, oops!).
Aí você, que chegou até aqui, deve estar pensando:
"A insulina usada como tratamento (como remédio), faz as mesmas coisas?"
Sim, faz, de maneira um pouco diferente, pois insulina da mesma forma. 
"Então não deveria ser utilizada?"

Assim como não "nos livramos" dos efeitos "maléficos" da insulina que nós mesmos produzimos (produzimos pelos outro tantos efeitos benéficos, como a construção de músculos saudáveis e fortes, por exemplo), no caso da insulina exógena (medicamento), também temos "que engolir" seus malefícios. Daí a necessidade dos rigores nas doses, bem como nas medidas dietéticas e de atividade física.

7 de abril de 2017

Pau Mandado


Vou voltar a expressar as minhas angústias.
Hoje em dia a gente é tão pau mandado das indústrias, mas tão pau mandado, que se, por exemplo, eu viesse escrever nesse espaço (ou dar uma enorme palestra) falando mal da companhia Nestlé, eu possivelmente estaria sendo patrocinado por quem? Pela própria Nestlé!
Porque chegou num ponto em que as empresas têm tão estabelecidas suas marcas, seus objetivos para agora e mesmo para um futuro de certa forma longínquo, que elas não estão nem aí! 
Você será dirigido (e talvez até digerido) por elas, não queira se fazer de autônomo, de independente, de livre-pensante ou qualquer coisa do gênero. Não dá mais! São elas que mandam.
Pega a queda do status do médico como mais um exemplo. 
Há algumas décadas, o médico vivia em uma situação de razoável status social. E todos sabiam os motivos disso: árdua carreira universitária, influência direta na vida das pessoas, poder decisório em políticas públicas, e por aí vai. Ou ia.
Hoje o médico sai da universidade ainda com uma falsa impressão de status. Atavismo profissional de alguns séculos. Mas ele já não dá muito pitaco em quase nada.
Os exames dos seus pacientes são pedidos... pelos pacientes. Suas condutas clínicas são ditadas (e julgadas) pelos tais protocolos, subservientes às indústrias farmacêuticas. Na função pública, então, estão na linha de frente do "trabalho escravo", com cargas de responsabilidades inversamente proporcionais ao salário aviltado.
Ou seja, um Dr. Zé Ninguém, ansioso, medroso, acovardado. Bem ao gosto dos seus verdadeiros patrões, que podem fazer dele o que bem entender.



(Esta postagem é patrocinada pela empresa de saúde Viva Bem. Não, não é. Ainda!)

4 de abril de 2017

Quito


Imagino que quando me avista no meio da noite, o mosquito pense: "Olha o tamanho do mamute!". E agradeça ao Deus dos mosquitos a concessão do banquete.
Começa quase sempre pelos pés, planejando talvez o resto para os árduos meses de inverno, quando a carne pode vir a faltar. Ou pelo fato de mais que hematófago, ser mesmo um podófilo, não sei.
Com as pequenas crianças o monólogo é outro: "Fofinho, filé mignon! E mesmo vivo, nem se mexe!". E vai deitando vôo, armando guarda-sombra, toalinha e protetor. Deixando ao levantar acampamento um rastro de múltiplas bolinhas vermelhas, que fazem as mamães duvidarem de que tudo aquilo foi obra de uma única e minúscula criatura. Catapora, alergia da roupa, brotoeja gigante?
Não. Obra do Quito, o mosquito viajante...