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29 de agosto de 2017

Por Que A Pressa?


A chamada Síndrome dos Ovários Policísticos volta a ser colocada em baixa (diagnósticos médicos sofrem as mesmas oscilações que as ações da Bolsa, muitas vezes).
Um artigo atual cita o perigo de se fazer um diagnóstico "leviano", principalmente em jovens. Moças até perto dos 30 anos podem estar passando por alterações hormonais transitórias, que simulariam muitas vezes as alterações da SOP (menor funcionamento da insulina, um certo excesso de hormônio masculino e a presença de acne, por exemplo, situações que fazem pensar no diagnóstico, associado ao achado de uma quantidade grande de cistos ovarianos).
Não se deve ter pressa, se os sinais não são absolutamente claros. Como em tudo, mais vale a informação da condição e um acompanhamento no médio prazo, até para não criar ansiedades indevidas na jovem paciente.

25 de agosto de 2017

Me Avise Se Sair do Roteiro (Mas Não em Cada Linha!)


É como numa peça de teatro:
O ator que escorregou no script e comeu umas duas palavras (ou as inverteu, ou sumiu com uma frase) dificilmente vai comprometer o espetáculo, com raras exceções (Shakespeare, por exemplo, perdoa pouco).
Quando se tem um diagnóstico "fácil" esse perigo pode ser maior. Diz o médico: 
"É isso! Ponto! Trata assim. Tchau.".
E se (apesar das aparentes evidências) não é? E se piora? E se piora muito mais do que o esperado?
A brecha foi aberta, propositalmente. Era o telefone. É o whatsapp.
Avisa. Retorna. Não está como programado. Será que?...
Claro! Bom pra mim (se errei nas previsões, tenho chance de consertar) e pra você, claro também!
Mas... Não precisa perguntar se dois pingos no i fazem um trema! Menos! Vira dependência, pouco saudável...

22 de agosto de 2017

Liberado


"Meu filho operou amídalas e adenóides e depois ganhou mais de 5 quilos. Isso é normal?"
É. E mais: é até um bom sinal, em termos de boa indicação da cirurgia.
Porque a criança que teve indicação precisa de operar (principalmente a dificuldade respiratória obstrutiva) costumava estar sendo "roubada" no seu desenvolvimento (menor oxigenação, menor capacidade de se alimentar, infecções virais facilitadas pela respiração bucal, e assim por diante). 

Quando tudo isso se resolve com a cirurgia (muitas vezes, no entanto, essa resolução não acontece, pela presença de outros fatores não suspeitados), a diferença se faz notar. Na evolução corporal, inclusive.

18 de agosto de 2017

Lindinho


Um pequeno bando de mães (não de médicas, não de bioquímicas, e interessante, nada de pais!) de pequenas crianças discute qual o remédio ideal para a gripe dos seus filhos.
"Deveria incluir tudo: pra febre, pra dor..." diz uma.
"Pra nariz entupido", diz outra.
(e para o que mais? penso eu, diferente do que já existe no comércio)
(grilos cantando...)
"Deveria ser gostoso! (ou melhor: "Não pode ser ruim!) " diz outra mamãe-indústria farmacêutica.
(até aí morreu o Neves, penso de novo, não temos coisa do gênero aos montes?)
"Devia ter um copinho!" : outra mãe (ou alguma mesma?)
(quem sabe do gargalo fosse melhor, penso de novo eu com essa mania de pensar)
Então foi resolvido: um novo "antigripal" no comércio! Diferente de tudo (no nome, apenas).
Sabor de... frutas vermelhas! (Ah, esperava porco espinho!...)
Agora sim! Crianças poderão trepar no armário e achar a solução para seus problemas com os vírus! 
E as mamães poderão voltar a discutir sobre problemas mais sérios como a crise norte-coreana ou desvinculação da taxa de juros em relação à política nacional.
Enquanto isso, no resto do mundo...
Medicações do tipo têm sido atualmente consideradas quase criminosas. Talvez estejam errados.

15 de agosto de 2017

Um Olho na Criança, Outro na Caderneta


Mamães preocupadas (coisa rara) vêm com a caderneta na mão perguntando:
"Não era para ele estar falando isso, já?"
"Não era para ela estar passando um objeto de uma mão para outra?"
"Ele não não devia estar de pé sem apoio? Tá escrito aqui!"
Calma!
Marcos do desenvolvimento psicomotor, o que cada idade faz como média em termos de progresso é isso: uma média! Significa: muitos fazem, mas outros ainda não estão fazendo. A maioria, no entanto, vai chegar lá. Cedo ou (um pouco mais) tarde. Costuma ser só esperar.
Somente quando muito além da idade para marcos importantes individuais (como andar, por exemplo) ou algo além da idade para a somatória de alguns marcos é que a atenção deve ser redobrada (ou mesmo algum problema específico deve ser pesquisado - ex.: problemas neurológicos).
Não apresse. Não cobre. Só esteja (um pouco) atento(a). Ou cobre do seu médico(a) para que ele(a) esteja.



11 de agosto de 2017

Imunomoduladores


Apresentamos: Germinho (®).
Germinho desenvolve a imunidade do seu filho, fazendo com que ele crie anticorpos dos mais variados tipos, protegendo-o contra infecções.
Germinho é muito eficaz, e apresenta poucos efeitos indesejáveis.
Germinho é apresentado em vários sabores: Germinho Alimentos, Germinho Caquinhas, Germinho Terra e Grama, Germinho Babinha e o mais novo Germinho Brinquedos Infantis.
Como preço promocional, Germinho está custando um nada, e está disponível em todos os lugares onde você ponha os olhos (e seu filho ponha suas mãozinhas, boca e nariz), ao contrário de caras formulações presentes em farmácias, que supostamente promovem os mesmos efeitos, com nomes pomposos como "imunomoduladores".
Germinho não vem em caixas, não tem prazo de validade, pode ser deglutido, inalado ou lambuzado seco ou com um tanto de água ou barro.
Estudos demonstram que toda criança, após cerca de 3 anos exposta à Germinho, passa a frequentar 80% menos consultórios médicos e emergências.
Germinho não precisa de receita azul, verde, amarela ou cor de abóbora. 
Germinho veio para ficar, diferente de outros "remédios" que um dia serão desmascarados e virarão piada (amém!).

8 de agosto de 2017

Siachonis


Tem coisa mais chata que o espertalhão que diz pra alguma coisa: "Viu? Viu? Como eu tenho razão?".
Então. Tem dias em que eu compareço aqui só pra fazer isso! E claro que ninguém dá bola (pois a satisfação é muito mais minha, óbvio!).
É o caso de uma postagem que escrevi em 2013. Lá estava comentando sobre os felizes últimos anos, em ver uma doença extremamente chata praticamente desaparecer: a diarréia provocada pelo rotavírus, que tirou o sono de muitos pais do passado (bem como pediatras também). Era (ou ainda é) uma doença que com frequência levava crianças à desidratações muitas vezes graves em questão de poucos minutos ou horas. 
E com a vacina (comemorava eu) esses tormentos acabaram. Naquele ano, calculava eu, havia coisa de 6 anos. 
Qual minha surpresa ao ver um editorial do British Medical Journal (BMJ) essa semana! Meu "colega" britânico escrevendo exatamente a mesma coisa (com a diferença dos mais 4 anos)!


Ponto pra mim! Nada demais. Mas me achei!...

4 de agosto de 2017

Que Gosto Que Tem?


Tempos atrás, ao ter prescrito um determinado medicamento para uma criança, uma mãe me perguntou:
"Que gosto tem esse remédio, doutor?"
Pensei, pensei, e pensei mais um pouco, e mandei uma resposta científica:
"Sei lá!"
"Mas como, não sabe?", me pergunta uma mãe indignada.
"Para pra pensar", argumentei, "são uns quarenta remédios diferentes (mentirinha, exagerei!) prescritos diariamente, cada qual com várias marcas diferentes. Eu deveria experimentar cada um deles para saber o sabor que têm?".
"Sei lá" (foi agora o gesto da mãe, meio que dando de ombros).
Então. O fabricante às vezes explicita o sabor. E mente muito. Tem sabor de cereja que parece mais sabor de mogno. E sabor é algo muito particular a cada um. O meu morango pode ser intragável pra você. E a consistência costuma ser mais definidora na recusa das crianças, principalmente nos antibióticos (e ainda bem que não existem antibióticos deliciosos!).
Já tomei Benzetacil, injeção muito dolorida. Mas será que essa mamãe quer que eu experimente o sabor dos injetáveis também? (de supositório não vou nem falar, deve ser por isso que quase não prescrevo).

1 de agosto de 2017

Ouvidos Moucos


Uma verdadeira tragédia nacional (mais uma).
Assim pode ser resumida a situação do uso indiscriminado de antibióticos na infância.
Sempre me ponho à pensar se isso é fruto de ignorância, de preguiça (justificar o não uso dá um trabalho danado!), de insegurança (prescrevê-lo dá uma sensação de "dever cumprido", e... "próximo!!"), de descaso (com o problema crescente da resistência bacteriana, tanto a individual quanto comunitária), de sensação de poder (o dono da caneta, ou do teclado é quem - aparentemente decide), de um tanto de maldade, ou de tudo isso junto.
Antibióticos (quase) sempre devem ser vistos como uma munição que se leva ao sair para uma caça. Se se desperdiça em tiros a esmo, em troncos de árvore ou em pedras do caminho, não sobrará algum cartucho para a hora de se defrontar com a onça! Esse é apenas um dos problemas. 
Não param de surgir estudos sugerindo sua influência em problemas de saúde ulteriores nos futuros adultos. 
Mas parece que tudo isso cai em ouvidos moucos.