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31 de outubro de 2017

Perdeu!


A reportagem (no excelente blog "Well", do New York Times) é sobre a preocupação com uma possível volta do sarampo.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a foto acima.
Voltei ao passado e me vi nessa foto. 
Não era fisicamente muito diferente desse menino. E o ano da foto - 1973 - é apenas um ano anterior à epidemia de meningite do Brasil que gerou a nossa vacinação em massa com essa coisinha linda, essa "arma", chamada de "pistola" aqui.
Acho que foi o último ano em que a pistola foi usada. Foi, graças a Deus, aposentada.
Hoje se sabe que era além de (muito) assustadora para as crianças, problemática em termos de recontaminação. 
A técnica correta de aplicação era (como muita coisa há algumas décadas) negligenciada. Era (como diz essa reportagem): "Pum!" "Próóóximo!!", causando a mistura de sangue dos vacinados anteriores nos próximos, aumentando em muito o risco de outras doenças contagiosas, além daquela contra as quais a população estava sendo vacinada.
Décadas se passaram. Tudo evolui. Aguardamos agora o desaparecimento definitivo das agulhas.

27 de outubro de 2017

Sims ou Não?


Já dura quase dez anos uma tremenda polêmica em Nova Iorque:
Retira ou deixa quieta a estátua do médico J. Marion Sims (localizada na Quinta Avenida com a rua 103, ao se atravessar a rua do belo edifício da Academia de Medicina de Nova Iorque, numa das entradas do Central Park)?
O dr. Sims foi um médico ginecologista do século 18, considerado o "pai da ginecologia moderna" pelo fato de ter feito avanços em técnicas cirúrgicas (e, além disso, ter criado um hospital de mulheres). Por isso "só" já mereceria a estátua muito mais do que muita gente considerada "boa".
Quais as acusações contra ele (para "derrubar" a estátua, modinha dos novos tempos iconoclásticos em que vivemos - por falta de coisa melhor pra fazer)?
Fez muita cirurgia sem anestesia. Gente, era médico do século 18! 18! 1700 e coisinha! Não tinha anestesista na ponta da linha para agendar centro cirúrgico (não havia anestesistas, nem linha telefônica, nem telefone, e a noção de dor excruciante nos pacientes cirúrgicos era o que se tinha na época!).
Desrespeitava notadamente pacientes negras, escravas (operando algumas para platéia de médicos assistentes). Então: péssimo! Pro cidadão do mundo atual! Que bom que em algumas coisas tentamos melhorar (ainda que a história da humanidade nos prove que as melhoras sempre são cíclicas).
Baseados nestes dois principais argumentos, derrubemos quase todas as estátuas do mundo, então.
Ei! Espera! Onde você vai, com esse martelinho na mão?
Eu, como talvez a maioria, quero um mundo com estátuas. Muitas são lindas, maravilhosas. Mesmo que os retratados não mereçam muita reverência (quase sempre o caso, no final das contas, pois seres humanos). No máximo, vá à noite, olhe bem pra todos os lados e dê uma cuspidinha nela, acho que como protesto está de bom tamanho. 
Não precisa jogar fora o trabalho de todas as gerações anteriores porque "você (o importante) não está de acordo".

24 de outubro de 2017

Resistência II


Da postagem anterior, sobre infecções fora de controle, não se deve confundir as duas situações:
1) Infecções por supergermes ("superbugs"), que aparecem tanto somente no indivíduo quanto nas comunidades, gerados por abuso de antibióticos (também tanto individualmente quanto na comunidade, ou mesmo no nível global) e
2) Infecções graves geradas por queda importante da imunidade: nesse caso apenas no nível individual, quando por exemplo um paciente muito idoso ou muito jovem (bebês prematuros) não dão conta de lidar com germes banais para quem tem a saúde em dia.
Outras situações desse tipo são tratamentos com medicamentos que baixam a imunidade (corticóides em prazos prolongados, quimioterápicos, drogas anti-rejeição de transplantes, etc.) e doenças que causam interferência na imunidade como diabete descompensado, SIDA, etc.

Esse segundo caso é, então, muito mais comum como causa de infecções que põem em risco a vida do paciente. Lembrando que as duas causas podem coexistir.

20 de outubro de 2017

Resistência


Quase o mundo inteiro (leigo) confunde:
Quando se discute os motivos de não se abusar dos antibióticos, normalmente se diz:
"Porque cria resistência, né?"
E ponto.
Mas quando se vai um pouco além - resistência do que a quem - a coisa pega.
"A pessoa, pega resistência".
Nananinanão.

Não é a pessoa (usuário do antibiótico) quem "pega" resistência. São as bactérias, que possuímos como flora residente (coisa pouca, da ordem de trilhões!) ou como colonização temporária (adquirida, mas sem estar causando doença no momento) quem vão tendendo a construir essa tal resistência. A ponto de em alguns (raros, até hoje) pacientes não poderem ser tratados eficazmente com nenhum dos antibióticos conhecidos (dando surgimento aos temidos superbugs, "super-germes").

16 de outubro de 2017

Crianças Pra Fora


Visitando (hoje) um país nórdico (Dinamarca) aprendi sobre um dos diferentes hábitos no se tratar crianças. 
Elas ficam muitas vezes pra fora dos ambientes adultos (literalmente!).
É assim: pais estão jantando dentro de um restaurante por uma ou duas horas (quando, aparentemente, deveriam estar em casa com os filhos) e (na rua) um carrinho com uma pequen(íssima) criança, aguardando tranquilamente o fim da noite (na maioria das vezes já dormindo). Sem que ninguém ache absurdo (a não ser a gente, que fica calado observando, pois estranhos aos costumes).
Imagino a mesma situação no Brasil. Conselho Tutelar! No mínimo! Manchetes nos jornais! Mas, principalmente, childless, em não mais que meia hora (dois minutos em algumas cidades). No resto do mundo a coisa choca, na verdade. 

Não se trata de frieza, como aprendi. Segundo o padrão mundial, nórdicos "estragam" seus filhos, com excesso de mimos e vontades. É apenas um costume. Sem dramas. Como as bicicletas competindo com os carros pelas ruas.

10 de outubro de 2017

O Chinês Barato da Nutrição


Sabemos que não estamos vivendo nos tempos áureos da economia (alguma vez estivemos?). Por isso é difícil exigirmos muito da qualidade do que quer que seja que estamos consumindo. 
Pais costumam saber que para a comida vale a mesma coisa. É como um celular com todas as funções do outro. Só que emperra. Só que é lento. Só que quebra. Só que a garantia é podre...
Na questão "carboidratos", pouca coisa tem sido tão negligenciada. 
Uma bela noz pode ter tanto carboidrato como um biscoito recheado, assim como um kiwi pode ter o mesmo valor calórico de um bolo pronto.
Mas um tem vitaminas de alta qualidade, o outro não. Um tem fibras solúveis, o outro não. Um tem digestão mais prolongada gerando mais saciedade, o outro não. Um tem lipídeos "do bem" associados, o outro os tem "do mal". Um constrói moléculas de altíssimo valor biológico, o outro o que faz é aumentar a necessidade de insulina para dar conta do índice glicêmico.
Resumindo: uns constroem organismos saudáveis. Outros promovem as doenças.

Muito complicado repassar essas noções para papais despreparados, apressados e aborrecidos e, principalmente, menos favorecidos economicamente.