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21 de dezembro de 2018

Politicamente Escrachado


Olha, preciso confessar uma coisa que está me sufocando há anos:
É essa coisa indecente do "tudo politicamente correto". Não se pode falar mais nada, não se pode xingar, não se pode vaiar o próprio time em campo, não se pode olhar pros lados ou pra frente, não se pode... Não se pode!
Por isso vou revelar aqui um dos meus maiores preconceitos. É isso, vou dizer, ué? Você não tem coragem, quer ser "certinho"? Azar o seu!
Tenho um enorme, um tremendo nojo (a palavra é essa, nojo!) de inseto!
Não me convide à uma mesa onde moscas estejam sentadas. Vou dar alguma desculpa, e não vou. Pode ser comida da melhor qualidade, não vou!
Mosquito: detesto! Por isso já evito sair de cidades. Passou da praça, é tudo zona rural. Aliás, evito morar em apartamento mais baixo que 12o. andar, já por isso. Aquele "zum zum zum" na orelha, aquelas mordidinhas irritantes, tô fora!
Aranha. Não topo. Não consigo nem ver no documentário do Discovery Channel. Piso mesmo, sem dó.
Mariposa. Quer coisa mais desagradável que aqueles bichos horrendos, voando sempre torto, e você tentando fugir, adivinhando a direção? Pra que Deus fez aquilo, meu Deus? Era borboleta que deu errado?
Formiga. Pulga. Barata. Carrapato.
Se você gosta, ficou irritadinho (a) com a minha falta de sensibilidade, acha que eu sou anti-inseticista ou algo do gênero, vai lá, leva pra você! Pode pegar a minha parte!
Só não me encha!
Falei!

Bom fim de ano pra quem é autêntico!

14 de dezembro de 2018

"A Segurada"


Quem aparece aqui com frequência não aguenta mais ler sobre o assunto "cólica" (o "problema" - somente para os pais, na verdade - do que chamo de "bebê bocudo", aquele bebê que algumas vezes faz os pais desejarem voltar ao passado, significando antes da fecundação desse serzinho querido!).
Mais postagens certamente virão...
Mas hoje quero recomendar um vídeo singelo do Youtube, sobre um pediatra com mais de 30 anos de carreira (como o que vos escreve, apenas que menos em forma do que eu - brincadeira!). Nele (está em inglês sem legendas, mas nem precisa delas), esse pediatra da Califórnia orienta sobre um método chamado por ele de "the hold" ("a segurada"), método que, segundo ele, faz a maioria dos bebês chorões pararem de chorar, quase imediatamente.


Nada de novo. Fazemos isso sempre. Meu " método" (menos regrado que o do colega, possivelmente porque não sou americano!) é por mim apelidado de "asa delta" (porque imagino que a sensação para a criatura segurada seja algo semelhante à um vôo, apenas que mais seguro). 
Tudo vale para mostrar aos pais que não existe a tão propalada "dor" no bebê que chora (antiga e comum noção que sempre faz a alegria da indústria farmacêutica, que hoje inventa "remédios" além de tudo caros na tentativa de se obter um sossego).
Braços à obra! Segurar essa moçada de uma maneira surpreendente pra eles, e que provavelmente os faz esquecerem dos motivos pelos quais estavam chorando.
Nada mais primitivo. Nada mais primata. 

7 de dezembro de 2018

Só no Whats


A Associação Paulista de Medicina publicou uma daquelas "pesquisas inúteis" para saber o que médicos e pacientes pensam do uso da tecnologia (leia-se, essencialmente, Whatsapp) na relação entre eles.
Precisa?
Coisas que vieram para ficar, funcionem bem ou não, agradem ou não.
Poderia, ainda hoje em dia, pedir para pacientes mandarem um fax dos exames que fizeram. Ou mandar uma foto pelo correio de um problema de pele que surgiu agora. Poderia não responder ao questionamento feito no Whatsapp (principalmente se o questionamento for uma "baita consulta", como tem acontecido com alguma frequência - aí o silêncio é melhor resposta do que o "se liga"!).
Mas o "whats" é o que agora há. E diria: "que bom que há!". Porque na maioria dos casos a relação melhorou. É, por exemplo, sempre melhor perguntar para o seu médico sobre um determinado efeito colateral de medicação prescrita por ele mesmo do que para um vizinho, ou mesmo para o balconista da farmácia.
Próxima pesquisa, porque essa não valeu!...

30 de novembro de 2018

A Infelicidade da Saúde


No seu famosíssimo livro "Sapiens", Yuval Noah Harari (ô nomezinho difícil!) fala de uma questão cada vez mais flagrante para nós, médicos:
Colocado um pouco em outros termos: quanto menos ficamos gravemente doentes, mais insuportável se torna a doença.
Pais modernos morrem de medo de um espirro! E se você é um deles(as), já deve estar concordando, irritado(a): "Mas claro! E quem não?".
Seus antepassados, não (como argumenta Yuval)! Havia muita desgraça, por aqui e nos seus vizinhos. Por isso, a pequena desgraça era "fichinha". Mesmo a morte, hoje assunto do qual, podendo, passamos longe, era coisa de quase todo dia. E no espaço de umas duas gerações (muito, muito rápido em termos históricos), nos tornamos extremamente longevos e saudáveis. 
Mas queremos mais! Almejamos a imortalidade. A ausência absoluta da dor, da incapacidade, e mesmo da infelicidade (conquista tão ou mais inalcançável que a própria derrota da morte). E enquanto esses objetivos não vêm, nos atormentamos como nunca!
Imaginemos que eles se realizem, como propõe o escritor. Ainda assim teremos motivos para tormento. E nossos entes que se foram, não podem ressuscitar? Os que não conseguirão lograr a imortalidade, terão ódio (mortal!) dos que conseguirão? Imortais, viveremos pisando em ovos, pois na esquina um veículo desgovernado pode terminar com nossa imortalidade conseguida a tantas duras penas?

Humanos. Sapiens. E sempre atormentados...

23 de novembro de 2018

O Colesterol e a Dor no Peito


Dor no peito em crianças e adolescentes é um fato relativamente comum (como, de resto, várias outras dores como dores de barriga, dores de cabeça, etc.).
E na maioria dos casos num "simples" exame físico e - principalmente - com alguma conversa, se descobre a causa (ou, mais importante, a "não causa"!) dessas dores, muitas delas de origem absolutamente benignas.
Acontece que pais e familiares hoje estão "contaminados" pelas informações sobre dores no peito em adultos (ou mesmo em idosos), e aí acham que os mesmos fenômenos que ocorrem nessas faixas de idade se "transferem" para as crianças.
Crianças são crianças, é bom sempre lembrar desse fato.
Um colesterol elevado (e outros exames mais ou menos alterados, que costumam vir já "na pasta" das crianças com estas queixas) não causa dor torácica, mas a confusão é grande. Não causa nem mesmo no adulto, a não ser na hora de abrir o envelope do exame e constatá-lo alterado (até porque se sabe que alterações "doídas" no estilo de vida serão recomendadas)!
Dor torácica provocada pelas temidas doenças cardiológicas costumam ser "floridas" na apresentação clínica, mas são mais próprias de cardiopatas adultos, pelos fenômenos de isquemia (baixa irrigação sanguínea do músculo cardíaco) ou das fases iniciais do infarto. Exames de laboratório nas crianças só aumentam a confusão (afinal, se eu peço um determinado exame é porque penso que a causa do problema deva ser respondida por esse exame - ou eu não entendi direito?).
Uma boa conversa, confiança no médico, e a possibilidade de que se reveja o paciente em caso de não apresentar melhora costuma ser tudo o que é necessário.

16 de novembro de 2018

Ladrão Nato


Toda criança é um ladrãzinho nato. 
Basta observar o que elas fazem quando vêem um brinquedo que não as pertence. Vão rapidinho abrindo as bolsas da mãe (ou seus próprios bolsos) e colocando o fruto do seu furto dentro (algumas com o cuidado de levar apenas uma pequena parte pra não dar na vista).
É uma cena que se repete com grande frequência em consultórios pediátricos. 
O ser humano é somente alguns galhos mais acima na escala dos outros primatas. Um macaco, seja de que idade for, não terá escrúpulos de levar o seu almoço se você olhar pro outro lado. Imagino que no seu íntimo diga algo como "Yes! Trouxa! Me dei bem!" ao saborear seu sanduíche de pasta de amendoim em cima de uma árvore.
E por que será que não devemos roubar, mesmo? O que há de errado de levar seu notebook para passear (quem sabe até um dia eu traga ele de volta)? Se você tem muito, não é certo dividir um pouco comigo?
São questões que não nascem com a gente. Temos que aprender. Do exemplo, mas das explicações, também. 
Tem gente que nunca teve pais que se deram ao trabalho. Alguns estão atrás das grades. Outros tiveram destino ainda pior. Outros viraram deputados.

8 de novembro de 2018

Corpo de Quem?


Uma reportagem da tv suíça mostrou recentemente que - pelo menos nos países desenvolvidos, mas acho que por aqui é ainda pior - as mulheres andam de "saquinho cheio" (expressão machista sem equivalente feminino, até onde sei) com seus ginecologistas.
Por que?
Porque ginecologistas sempre tiveram - como a maioria das especialidades, aliás - uma postura de "eu, mando, você obedece" (muito do tempo do "Eu, Tarzan, você, Jane", silvícola que meio que mandava a Jane calar a boca, ainda que a civilizada fosse ela). 
Isso também está para acabar, parece. O exemplo dado na reportagem é o de um pequeno grupo de jovens mulheres que criou (lá) o site: "Adote um ginecologista". Nesse site, pacientes descrevem a maneira como determinado médico as tratou, se abriu a discussão sobre os métodos anticoncepcionais (na verdade, é sobre isso que a reportagem trata), se isso ou aquilo. Tudo com a intenção de ajudar outras mulheres que se sentem desconfortáveis (para algumas, "para dizer o mínimo"!) frente a uma mesa de exames ou na conversa franca com o profissional.
É a famosa "uberização", que vai se estendendo para tudo. Com muitos dos perigos do "cliente tem sempre razão" - principalmente na área médica - mas meio que inevitável.

1 de novembro de 2018

Não É Hora?


Quando a gente passeia por alguns dos lugares mais visitados do mundo, sempre se põe a pensar (deveria ser um dos motivos de se passear por alguns dos lugares mais visitados do mundo, além de se tirar muitas selfies):
"Imagino que o momento de se fazer coisas excessivamente grandiosas às custas do sofrimento e do dinheirinho do povo (pelo menos de forma direta) já se foi, não é possível que nos dias atuais..."
Claro que é um raciocínio errado - e ingênuo!
Ainda há - e vai sempre continuar a haver - "líderes" com a mania de grandeza tão grande quanto a sua cara de pau! Sempre teremos lugares novos para nossas selfies (mais ou menos inéditas)!
E aí é aquela coisa de sempre dos protestos, das ameaças, da chiadeira geral de povos carentes, que um dia (logo, esperam tais "líderes") morrerão, enquanto que seus monumentos, edifícios, obras inúteis (esperam muito mais) sobreviverão, bem como (e aí, é o que sem dúvida mais esperam!) seus nomes na História, mesmo que seja numa plaquinha, mas (o que mesmo, mesmo, verdadeiramente esperam!) quem sabe num novo, maior monumento com seus próprios corpos erigidos no alto de alguma montanha.
Escrevo isso lendo (entre maravilhado e abestalhado) sobre a inauguração da "maior estátua do mundo", do senhor (deixa eu colar aqui) Sardar Vallabhbhai Patel (o "Sardão" ou "Patelão", já vamos logo colocando nosso apelido, tão brasileiro, na estátua do homem, um dos - imagina se fosse o único! - unificadores da atual Índia, que aliás, não está tão unida assim!).
Deixou o Cristo Redentor lá no chinelinho! Estátua da Liberdade, idem. Era essa a ideia. Mas dura pouco. Logo outro país pobre, com crianças desnutridas nos colos das mães pelas ruas cria outra, muito mais alta. 
Assim caminha a humanidade. De maluco em maluco como referência histórica.

26 de outubro de 2018

Então, é "Tchau"!


Já sei o que você vai dizer: "Ah, não! Vai falar de política também aqui, então é tchau!".
Mas nesse momento, tem como falar de outra coisa?
O Olho Pimpolho (essa entidade meio esquizofrênica) está chegando à sua quarta presidencial (vivo!), e realmente não sei até onde vai durar.
Uma vez, anos atrás, escrevi (e joguei fora) que a solução da maioria dos problemas passa pelo homem, de forma muito simplista.
A questão da aposentadoria, por exemplo (foi sobre isso que escrevi, e não tive coragem de publicar). Não há outra solução melhor: é o famoso "Pá!". Espera o feliz velhinho ir atravessando a rua - com seu bolso gordo, de aposentado - e "Pá!". Elimina um gasto com aposentadoria (não importa o que significa essa terrível onomatopeia, decida por você!)! Dói? É cruel? Mas resolve!
Outra questão importantíssima - esta, inclusive, planetária:
Quem a maior matriz de carbono (poluidor pela própria natureza) do planeta? Homem! Não adianta botar a culpa no pobre boi, como maldosos ambientalistas teimam em fazer. É o homem! Até porque além de tudo é ele quem decide quanto de boi nós vamos suportar. Corta na raiz. Homem!
Educação: Menos gente, mais gente mais bem educada. Tão óbvio!
Saúde: meio que idem.
O que mais? Segurança? Quem, estatisticamente, mata mais homem (falo proporcionalmente, porque vírus e bactérias são, na maioria, "do bem")? Você sabe a resposta...
Felizmente, nos últimos tempos, políticos e candidatos estão se dando conta dessas obviedades todas. E já começam a apresentar propostas nesse nível, mais pé no chão, menos elaboradas, esquecendo estudos sociológicos, econômicos, geopolíticos (aliás, esquecendo estudos de qualquer ordem!). 

Já não era sem tempo. É ir esperando os resultados.

23 de outubro de 2018

Tira os Olhos!


Não sei se você (como eu) quando você (como eu) tira os olhos do seu smart, tem se perguntado o que mais as pessoas da parte dita "civilizada" do planeta vão fazer (ou seguir fazendo) com os olhos no seu smartphone.
De uns poucos anos para cá, perdeu-se a noção.
É comer (em casa ou no restaurante), é andar de ônibus, trem ou avião (e mesmo dirigindo um carro ou numa bicicleta!), é assistir um (até onde se pode ver) belo filme, é ler livro, é no banheiro, é na sala de aula (professores desistiram há muito de impedir), é na missa (é confessar, fiel de um lado, padre de outro), é transar (há gente que esquece do parceiro, mas não de carregar a bateria), é consultar, é operar, é dar a notícia de que um ente querido está por falecer, é recebê-la, em meio à lágrimas, enxugando a tela do smart.
Você acha que exagero?
A lista das atividades interrompidas (partilhadas) pelo uso do smart era pequena até esses dias, e quem lesse o que agora escrevo iria ridicularizar a relação. Hoje você lê (sem tirar o olho do seu smart), e meio que acha "normal". 
Se previu. Houve gente que se preocupou. Conselhos. Proibições. Pedidos. 
Passou. É!
Há algo incrivelmente poderoso acontecendo nessas telas. Mesmo que ninguém saiba discernir exatamente o que. E você, se ainda tiver a capacidade de desgrudar um pouco os olhos, irá pensar: escravidão feliz deve ser assim. Quando nem sabemos que somos escravos!

19 de outubro de 2018

O Acúmulo do Acúmulo


Vão se acumulando os dados de que os "inocentes" impactos acumulados das cabeçadas dadas à bola nos "inocentes" jogos de futebol potencialmente geram lesões neuronais importantes, ao ponto de quem sabe um dia necessitarmos a proibição total do ato (excluindo esse lance plástico do jogo nos mesmos moldes em que se exclui a "mãozada": com marcação de falta ou - dependendo - até com a expulsão do jogo!).
Particularmente fico meio triste com essas informações, pois sempre levei vantagem pela minha avantajada estatura. Para os baixinhos, a ideia parecerá boa, no entanto (até porque já costumam ser mais hábeis com a bola onde deve - agora mais do que nunca - estar: nos pés!).

(um outro detalhe curioso - e ao mesmo tempo um pouco assustador - nesses impactos é que a bola cabeceada "de casquinha" - mais lateralizada - ainda que gere impacto aparentemente menor, facilita lesões por uma forma de escorregamento de camadas celulares localizadas entre a substância branca e a substância cinzenta...)

16 de outubro de 2018

Todas as Cores


Não sou infectologista, mas acho que os dados sobre a febre amarela falam muito sobre a saúde pública no Brasil (que não é péssima, mas é muitas vezes confusa).
Sem entrar em detalhes cansativos, basicamente três estados têm registrado casos de febre amarela. É onde tem calor quase o ano todo, e onde é rico em matas. Isso não é no Brasil todo.
Um terço dos pacientes afetados têm morrido.
Boa parte da população exposta não toma a vacina.
Uma enorme parte da população que não é quase nunca exposta (que não pertence aos três estados) tomou a vacina. Então às vezes falta vacina. E tem fila. E tem briga. E às vezes sobra vacina (mesmo onde precisa) e boa parte é jogada fora.
É ou não é confuso?
Tipo: o Brasil é um só.
Não é. Falta informar.

28 de setembro de 2018

Dois Pra Lá


Vou falar mais uma vez de um daqueles assuntos que têm contribuído para me tornar um cara extremamente chato. Azar!
A substituição do leite materno por outro (mas mesmo a sua complementação por outro, o que na prática em poucos dias ou semanas pode significar a mesma coisa, pois o desmame acaba vindo fácil!) deveria ser uma medida de exceção!
Não é o que temos visto.
São vários os fatores. Dentre eles, um dos mais importantes é a carência do profissional pediatra (pais estão tendo que "se virar" com médicos "de adultos" nas unidades de saúde, infelizmente).
Criança chora muito? Não ganha peso? Mãe ansiosa? Avó pitaquenta? Tudo é motivo para irmos desistindo dessa fórmula milagrosa que é o leite materno, privilegiando a outra, aquela que enriquece duas gigantescas fábricas de países ricos, empobrecendo a saúde das nossas crianças.
E agora, para culminar no absurdo, "cientistas desinteressados" do mundo inteiro falam sem parar dos benefícios de germes ditos probióticos...
Muito bem! Queimamos a mata nativa e falamos em plantar árvores! 
Somos uns gênios da humanidade!

Às vezes - como você já viu várias vezes - tenho vontade de férias definitivas! Grr!

25 de setembro de 2018

Assembleia Geral da Nononu



(o crachá da jovem representante neozelandesa)

Não posso, como pediatra, dizer que "sou contra" a presença de crianças (mas especialmente de bebês) em qualquer lugar.
Mas estou começando a achar que estamos indo um pouquinho longe demais com certas práticas, sei lá.
Mais presidentas (e primeiras-ministras) estão sendo eleitas, mais mulheres jovens (em idade reprodutiva, portanto) estão assumindo cargos importantes e de chefia (até mesmo de nações inteiras), então é de se imaginar que veremos muito mais dessa cena num futuro próximo (a pequena Neve, de três meses de idade, filha da primeira-ministra da Nova Zelândia, participando da sua primeira assembleia mundial na ONU):



E aí, com a evolução da coisa, faremos aquela cara de "hein?" que se faz nas maternidades cheias quando se quer ouvir alguns dos discursos da ONU, proferidos por mulheres impecavelmente vestidas em seus tailleurs babados ou vomitados, entremeados por súbitos "Nãããão! Aí não!! Dá choque!" ou coisas do tipo, para uma plateia atenta... a qualquer movimento que aquelas gracinhas façam em meio ao evento, como pregar a cara na câmera de televisão, por exemplo.

Lindinho! 

21 de setembro de 2018

Genkan


Esse famoso hábito do oriental (mas também de outras regiões, como na Finlândia) de não entrar nem que a vaca tussa com sapatos para dentro de casa deve ter a grande vantagem de deixar muitos germes perigosos na entrada (a genkan, o "hall de entrada" onde se retiram os sapatos para calçar chinelinhos).
Nunca vi nenhum estudo a respeito, mas a amostragem de bactérias à que os bebês que engatinham se submetem deve ser bem menor.
Acontece que o chão da casa é apenas parte - ainda que importante - da casa. Tem muito mais "bichinhos" escondidos nela, originados de outra fonte. O transporte de germes do banheiro, da cozinha, os celulares, os controles-remoto, as roupas de cama, as esponjas de lavar louça, o animal doméstico, etc. É bactéria por todo lugar! 
Ainda que os orientais cuidem de tudo isso (são, por exemplo, muito mais econômicos nas "inutilidades" espalhadas pela casa e mais atentos aos detalhes), também eles têm sua cota de germe a gerar algum perigo, principalmente para infecções do trato digestivo.
Mas talvez a "germefobia" seja muito mais perigosa, até certa medida.

18 de setembro de 2018

Precocidad



Não é à toa que o nome "Picasso" é conhecido por toda a humanidade.
Desde muito novo mostrou traços de adulto.
Talvez você, como eu, tenha um pouco de dificuldade de lidar com a angústia dos traços cubistas da "última fase" e invenção do artista. Meu cérebro pede coisa mais concreta, mais linear, mas quem sou eu pra dizer alguma coisa sobre arte? (de Pollock falo, não gosto e pronto! não me convide pra uma exposição dele, correndo o risco de ser chamado de ignorante... E o Dadaísmo? "Nadaísmo", pra mim!).
Mas, voltando ao Picasso: mostre a pintura acima para alguém que não saiba, e pergunte que idade tinha o artista que a realizou. Como pode essa perfeição, essa compreensão da vida por parte de quem tinha apenas 16 anos? O que tinha ele pra aprender, e com quem, a partir dali (sem intenção de trocadilho com o outro gênio espanhol)?
E porque falo do "monstro"? 
Porque vejo muita gente ver prodígio em pouca coisa. Picasso sabia da sua importância, do seu talento, praticamente desde que nasceu. Mozart e outros gênios da arte, da mesma forma. E não devemos desanimar os pouco talentosos. Mas meu incômodo é com a "genialidade de quem carrega meu DNA". Não leva à nada. É curiosamente é um fenômeno "latino". (Minto: Picasso era latino!) É um fenômeno latino-americano. É do país da pouca coisa. Do "pouco está bom". 

Temos que nos exigir um pouco mais. Não dá pra ser país de "Catras", seja lá o que esse "artista" tenha feito, que Deus o leve.

14 de setembro de 2018

O Muco, O Leite e O Mito


Traduzi o título assim como escrito no recente editorial do jornal médico britânico Archives of Disease of Childhood (mais sonoro no original).
Resumindo um resumo:
Diz lá que, apesar da disseminação (e da antiguidade) da crença de que o leite pode piorar sintomas respiratórios (ou induzi-los), não há as evidências de que tal coisa aconteça.
Até existe alguma possibilidade - explicada pela bioquímica - de que a secreção respiratória seja influenciada por níveis mais altos de cálcio presente no leite na comparação com líquidos menos espessos, mas ainda assim até hoje não passa de especulação.
O que vemos mais nesse caso?
As supostas "alergias ao leite de vaca" ou as intolerâncias à lactose - e ainda por cima muito confundidas - sentadas no banco dos réus das asmas, "bronquites" e afins.
Sem comprovação, sem estudos que corroborem, muito improváveis no caso das alergias (as mais plausíveis dentre as implausíveis) sem importantes sintomas gastrointestinais associados.

O editorial alerta para os prejuízos da abstenção dessa importante fonte de proteínas e cálcio na infância.

11 de setembro de 2018

Ejo, Ejo!


(o título acima deve ser lido em espanhol: é a onomatopeia da tosse fake)

Escrevi aqui há pouco tempo do vômito "fingido" (ou autoprovocado) em crianças, fato muito comum.
Existe outro sintoma "fake" muito comum, especialmente em crianças ansiosas: é a tosse autoprovocada. 
Há casos de crianças (amiúde na faixa de idade pré-escolar e escolar) que tossem por meses a fio (e muitas vezes com várias tentativas de tratamento ou exames diagnósticos) sem apresentar mais nenhum sintoma. É sugestivo.
Outros sinais sugestivos da "inventada" da tosse são: aparecem mais nos momentos de repouso (a asma, por exemplo, costuma piorar aos esforços físicos), e quase sempre desaparece completamente durante o sono (o inverso da asma também).
Quando a suspeita se confirma, o que deve ser feito é (de novo) uma solene ignorada, por toda a família e arredores. Tende a desaparecer (mas também depende da causa da ansiedade que a gerou).


Sou só eu que já estou confundindo discurso pronto do político com o do jogador de futebol?
Jogador:
"Precisamos reduzir passes errados com o objetivo de encolher o déficit de pontos ao final da temporada, assegurando um enxugamento da máquina..."
Político:

"Com fé em Deus, na próxima eleição faremos de tudo pra conseguir os votos, mas se não conseguir, é bola pra frente, erguer a cabeça e seguir trabalhando, que como diz o professor, daqui há quatro anos tem mais!..."

7 de setembro de 2018

Vale Isso?


Quais estratégias são "permitidas" e quais são "proibidas" na alimentação da criança?
(Claro que não tenho a intenção de esgotar o assunto, que merece um grosso livro...)
É "proibido" forçar. Ninguém nunca deve comer "forçado", sem o apetite para aquele determinado alimento, mesmo que ele seja absolutamente saudável.
Não é exatamente "proibido" fazer "agrados" para que se coma, mas é com certeza contraproducente. Não funciona, e gera a sensação na criança de que o que se está insinuando é de que aquele alimento é ruim, por isso precisa ser "embelezado".
É "proibido" distrair a criança para que coma (ou mame). É quase igual forçar.
É recomendável (não proibido) não fazer muitas brincadeiras na hora da comida. É desejável um certo ritual. Assim aprendemos melhor o valor da comida e sobre nossa fome e saciedade.
É "permitido" criar maiores atrativos aos alimentos oferecidos. Claro, "comemos com os olhos" também, como com todos os outros sentidos (até mesmo com a audição, por que não? Um barulhinho de torrada entre os dentes gera mais fome, por exemplo, se a gente gosta de torrada).
Vale ter TV no ambiente, até porque é quase inevitável há algum tempo. Já o tablet, o celular, o "joguinho" (que são coisas mais interativas, e desviam demais a atenção da comida) relegaria aos "proibidos".
É permitida (já escrevi aqui) a atitude meio hipócrita de comermos (ou bebermos) algo escondido da criança (pequena), se é para tentar dar o exemplo (não é porque você já estragou seu apetite com porcarias que você deve deixar seu filho pequeno fazer o mesmo).

É permitido cometermos certos excessos ou mesmo comermos algumas bobagens, desde que isso seja encarado como algo não rotineiro. Ser sempre saudável pode ser muito chato, mas chato mesmo é descobrirmos problemas de saúde que poderiam ter sido evitados com uma alimentação mais correta.

4 de setembro de 2018

What?


(as perguntas são reais - no "famigerado" Whatsapp, as respostas, somente um meu exercício de imaginação):

"Doutor, apareceu essa bola na perna do Pedrinho"
(foto)
"Faz quantos dias?"
"Uns três, mais ou menos".
"E está crescendo?"
"Sim."
"Dói?"
"Dói um pouco, quando aperta".
"Tem febre?"
"Não, acho que não..."
"Olha, difícil ter certeza somente olhando foto, assim, por Whatsapp, mas acho que isso deve ser um abscesso!"
"E como é que eu faço para tratar isso, doutor?"
"Bom... Pega um bisturi bem afiado, de preferência novo (se não tiver, pode ser uma faquinha  de cozinha, dessas de cortar laranja), dá um pedacinho de pano pra ele morder, segura bem a perna..."

(pode isso?)

31 de agosto de 2018

Intolerante a Tudo


Imagino que com o povão a intolerância à lactose nunca gozou de tanta popularidade.
É até compreensível. Muita "informação". Mas principalmente muito leite!
Independente do fato de se fazer uma confusão danada dos sintomas, da causa, da idade em que costuma aparecer, etc.
Talvez já seja hora da intolerância à lactose mudar de nome. A minha modesta proposta é: "intolerância à esse monte de lactose que você quer pôr pra dentro".
Certas mamães têm dificuldade de compreender que não se trata da capacidade de digerir o açúcar presente no leite e derivados, a lactose (capacidade com frequência diminuída em boa parte de nós, pela pequena quantidade proporcional de lactase - a enzima que digere a lactose - sem que isso seja um grande problema!). Trata-se do volumão de leite e derivados que seus filhos consomem vida afora! 
Pequenas crianças de pouco mais de um ano tomando um litro e meio de leite por dia pede lactase de um bezerro de seis meses! Apenas que o bezerro não faz supermercado, não come carne, não olha para uma banana ou um pedaço de manga e fica fascinado. 
O funcionamento da enzima (sinônimo de capacidade digestiva) depende muito da quantidade de substrato a ela dado. Somos quase todos "intolerantes" a quase tudo que consumimos em exagero (não costuma ser assim com a diabete, uma "intolerância à glicose", açúcar primo da lactose?).

Como diria o filósofo: "Mostre-me algo que alguém come ou bebe muito, que eu lhe mostrarei uma intolerância!".

28 de agosto de 2018

O Que O Papa Fala...


O papa falou que homossexualidade não é doença, mas...
O papa falou que talvez fosse interessante que pais levassem seus filhos ao psiquiatra, caso eles estejam mostrando forte interesse em pessoas do mesmo sexo.
O papa falou para retirar essa última parte das coisas que ele falou.
O papa falou que há coisas muito mais importantes para nos preocuparmos do que a sexualidade dos seus fiéis. Não, na verdade isso o papa não falou, mas certamente deve pensar.
O papa fala muito, é latino, e é próprio de latinos falarem tudo o que pensam, e algumas vezes se arrependem, e até mesmo tentam voltar atrás. 
É humano. E há gente que quase chega a acreditar que (ele, o papa) não seja.
Há uma coisa que faz o gato comer a lingua do papa. E também diz respeito a sexo. Inclusive com pessoas do mesmo sexo, só que pequenininhas. 

Dura essa vida de papa. Ter que falar o tempo todo...

24 de agosto de 2018

Alfabetismo Preguiçoso


Do analfabetismo funcional você provavelmente já ouviu falar. Quase todo brasileiro é analfabeto funcional. Mas é um problema do mundo, atualmente.
Outro problema mais recente - e rapidamente tornando-se mais grave - é o "alfabetismo preguiçoso".
O que é o "alfabetismo preguiçoso"?
É essa coisa que você lê o tempo todo nas mídias sociais: a "comilança" da letra "r" do final dos verbos, a supressão do acento (tônico, agudo), a escolha da consoante mais fácil que vem à mente, a troca de uma palavra por uma letra, etc.
Não deveria ser nada muito grave. E, para variar, estamos copiando isso muito do povo americano, notadamente da linguagem sectária (por exemplo, das "gangsta"). Confesso a ignorância do fenômeno em outros países mais desenvolvidos, mas certamente existe.
O que incomoda como fenômeno é a normatização do erro, num país já tão carente de correção. E se você, como eu, é um chato correto que liga para as normas (porque elas existem em certa medida para não recairmos na linguagem das cavernas, mas principalmente porque riqueza de linguagem é riqueza de raciocínio, algo que vai rareando na mente dos jovens, com propósitos muito bem definidos), vai dando o tempo todo atestado de "chato e correto" para a grande maioria, sem qualquer resultado prático disso.
Chatos, corretos, alfabetizados desse país: resistam! Lutem!

(Esse texto para eles começa mais ou menos assim:

 Do anaufabetismo funcionau, voce ja ouviu fala... Entende-se. Mas somos nós que temos que fazer o "esfosso pra traduzi"!)

21 de agosto de 2018

Votos Para um País... Pior!


Seja qual for o resultado das eleições neste ano (em todos os níveis e para todos os cargos), de uma coisa podemos estar certos: não teremos nada para comemorar.
A enorme divisão entre uma "esquerda" que tomou o país pra ela e o espoliou como uma sanguessuga impaciente que esperou sua vez na fila pelas varicosas veias nas duas últimas décadas e uma "direita" de olhar sarcástico, com sede de vingança, esconde uma batalha mais rasa, a disputa de sempre, que nunca tem nada a ver com interesses dos eleitores, nem propriamemte com a política: é pelo dinheiro, somente pelo dinheiro.
Pobres e desassistidos, remediados, e classe média em processo de extinção têm percebido que estarão eternamente fora do jogo, o que tem provocado essa aparente alienação deprimida, esse "tanto faz", essa raiva cega contra qualquer nome, qualquer sigla que se encontre pela frente.
Os poucos, muito poucos, que ainda têm algo a perder ou a ganhar são os que bradam nomes de candidatos, de partidos inexistentes, de (imagina!) programas de governo ou projetos para a nação.
O Brasil é um doente grave, e doentes graves ou desistem da luta ou brigam muito, mesmo sabendo que o fim deve ser o mesmo dos que desistiram.

Será realmente deprimente sermos obrigados de novo a ouvir aquele barulinho das urnas, a confirmar não nossos votos, mas nossa perene incapacidade de transformações.

(relembrando: esse não é um blog político, mas às vezes não resisto a uma "desafogada"!...)

17 de agosto de 2018

Prazeres à Mesa


Acho que ninguém aqui nesse recinto virtual vai negar que um dos maiores prazeres da vida é comer (e, claro, mais do que prazer, uma necessidade que, dependendo das circunstâncias, vira emergência)!
A grande, a mega dificuldade que se tem no controlar o avanço da obesidade na faixa etária infantil não tem a ver com o desconhecimento de que "bobagens fazem mal" (alguém, de novo, aqui nesse recinto, acha que "bobagem faz bem"?).
Mesmo pais mais simplórios sabem disso. Muitas vezes tentam negar, mas sabem!
Voltando à questão do prazer: se é disso que na maioria das vezes se trata, de um enorme prazer (ou do "afogo" dos desprazeres!), então nós - e bebês, e pequenas crianças, e adolescentes, e todo mundo - comemos (e comemos demais) basicamente por isso: porque gordurinhas são as pegadas do nosso prazer passado!
E de que maneira se poderia combater esse "fenômeno prazeroso"? (veja que falo "poderia" pela dificuldade de se pôr em prática)
Com outros prazeres (óbvios ou menos óbvios), é uma das respostas. Do óbvio todos sabem: trocar um momento de comer (sem tanta fome, claro!) por brincar no parque dá certo pra quase todo mundo (mas cadê parque para crianças carentes? cadê parque para pais super-atarefados?...). E o menos óbvio? Por exemplo, conseguir realizar uma "façanha" - ter feito um belo desenho que agradou a todos, ter vencido uma corrida com amigos, etc. São os prazeres da auto-realização, também negados à muita pequena gente obesa.

Uma segunda maneira de se vencer esse "impulso prazeiroso" é de mais longo prazo (e de mais difícil construção). A autoestima, o se sentir amado, o ser valorizado pelo que se é. E etc. De novo, tudo muito carente no pessoal carente de tudo. Daí a enorme dificuldade de que falava acima. Um pacote de "Chips" afoga momentaneamente essas necessidades. No curto espaço de tempo. Até o próximo pacote.

14 de agosto de 2018

Cutucando Com Vara Longa



Você conhece alguma utilidade mais "útil" para o cotonete do que limpar orelhas?
Com poucas exceções, imagino que como eu, não!
E você conhece algum médico que oriente a alguém: "pode usar esse cotonete, vai fundo!".
Também imagino que não.
Quase que a gente se pergunta: "mas peraí! de que vive essa indústria então, se é proibido usar cotonete e - supostamente - ninguém usa?".
A resposta deve ser uma só:
Quase ninguém respeita a "proibição"!
Alguns podem argumentar que limpa-se orelhas, o pavilhão auricular, não o que anteriormente era conhecido por ouvido externo (por que se muda toda hora essas definições?) ou o conduto auditivo (o "buraco do ouvido", vai!).
Acho muita inocência acreditar nisso. São poucos os zens e obedientes que ficam ali, na "saída da caverna" pacientemente aguardando a boa vontade da cerinha para sair da sua moradia (mas eles existem!). A grande maioria cavoca, cutuca, espreme até.
Dá problema? Certamente! E só depois de alguns traumas (dores de ouvido, perda de audição, perfuração de membrana timpânica, etc.) é que a maioria vai parar.
É a vida. Somos assim, imperfeitos. E quem nunca sentiu um certo prazerzinho nessa cutucada?

10 de agosto de 2018

Fatos Interessantes Sobre a Fome do Bebê (Parte 4006)


Você que acabou de receber a visita da cegonha em casa (ou que recebeu algumas vezes no passado) talvez já tenha reparado um outro dos fenômenos interessantes da alimentação do bebê (não procure os anteriores 4005 do título, era um pouco de exagero!):
Muitas variáveis regulam a fome do bebê (e mesmo dos "não tão bebês assim"). Só para citarmos algumas: temperatura externa, herança para peso maior ou menor, nível glicêmico da gestante, "ansiedade" (mesmo materna), nível de atividade, padrão hormonal, sexo, idade gestacional ao nascimento...
Nesse último aspecto - que era o que eu queria comentar - bebês que estavam "esquecendo de nascer", ou seja, nascidos com idade gestacional mais avançada, costumam apresentar um padrão alimentar muito mais esfomeado que bebês mais "do tempo certo", próximo às quarenta semanas de gestação.
O motivo disso: a partir de um certo momento, a qualidade do suprimento alimentar fornecido pela mãe via sanguínea (cordão umbilical) começa um pouco a faltar em relação às necessidades crescentes do organismo em evolução. Ou nasce ou desnutre, mais ou menos assim. E mesmo nos que não exatamente desnutrem, mudam seu padrão alimentar de "fome tranquila" (não existe exatamente uma "fome tranquila" no recém-nato) para "fome desesperada" ou "fome a toda hora".

E quando as mães não sabem disso, podem interpretar essa "fome louca" como "algo está errado!".

7 de agosto de 2018

Hugo!


Vômitos em criança são quase sempre situações angustiantes, principalmente quando há uma causa nova, aguda.
Boa parte das causas são de curta duração. E boa parte dessas, nem de medicação precisa.
À respeito de medicação, sempre é bom lembrar que remédios que farão efeito para cessar (ou melhorar) vômitos, deverão fazê-lo também em prazo curto.
A necessidade de uso pouco mais prolongado (mais que duas ou três doses) dessas medicações aumenta de forma considerável o risco de efeitos adversos e deve fazer repensar na própria causa dos vômitos (nem sempre vômitos de duração mais alongada tem diagnóstico "fácil", como por exemplo, em doenças de cunho endocrinológico).

Outro fator que deve ser conhecido é o maior risco dos efeitos indesejados (e algumas vezes perigosos) em idades extremas (idosos ou bebês). Um dos motivos pelos quais não devemos ser apressados para medicalizar a maioria dos refluxos gastroesofágicos dos pequenos.

3 de agosto de 2018

Confio no Senhor


"O que é que ele tem, doutor?"
"Uma gripe, e..."
"Não é pneumonia?"
"Não, não é pneumonia."
"Como é que o senhor sabe?"
"Como é que eu sei? Eu sou um pediatra, e supostamente um pediatra deve saber quando um paciente tem pneumonia."
"Mas ele tem tosse."
"Então. Tem tosse, mas tosse não quer dizer pneumonia."
"O clínico geral disse que podia ser pneumonia."
"Disse? Então imagino que o clínico geral não deva saber reconhecer uma pneumonia."
"Mas o senhor não vai pedir um raio X?"
"Não, não há necessidade de raio X." 
"O filho de uma prima minha levou um tempão pra descobrir que tinha pneumonia, e quase morreu."
"Sinto pelo filho da sua prima."
"Não precisa encaminhar pra um pneumo?"
"Não, só encaminho pra pneumo casos de especialidade."
"Pneumonia não é?"
(!)
"Depende. Casos graves muitas vezes sim."
"O caso dele não é grave?"
"Não, felizmente não é grave. Não é nem mesmo uma pneumonia."
"Certeza?"
"Posso dizer que com certeza."
"Então tá, doutor, se o senhor tá dizendo..."
"Sim."
"... então confio no senhor!"